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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
racismo
Foi nos Estados Unidos, algures num restaurante em Princeton, que ouvi por primeira vez falar de Obama, um americano negro que a um ano das eleições se começava a perfilar como candidato a substituir Bush. Achei a coisa tão inverosímil que nem me dei ao trabalho de pensar muito no assunto. Não, não tinha passado assim tanto tempo nem tinam acontecido assim tantas coisas como para que isso fosse possível.
Curiosamente um ano depois aconteceu mesmo, um negro chegou à presidência americana, um homem cheio de grandes ideias e de boa vontade. Passaram quase 5 anos, é verdade que o mundo mudou, mas ao contrário de todas as expectativas que eu e meio mundo depositávamos num homem diferente, a verdade é que muito pouco dessas mudanças se devem a Obama ou ao seu governo... e coisas como Guantânamo ou sistema de saúde e de politicas sociais, principais bandeiras da campanha de Obama e de quem o apoiava, pouco ou nada mudaram.
Na verdade os Estados Unidos mudaram muito menos que aquilo que podemos pensar, hoje foi notícia no Público que em pleno século XXI ainda há quem teime em viver como se vivia na década de sessenta do século passado, na época de Marther Luter King e do seu "I Have Dream".
Sabemos que é preciso muito mais que um presidente negro quando lemos que em Crystal Springs, uma cidade do Mississípi negros foram impedidos de casar em igreja frequentada por brancos.
Andrea e Charles eram frequentadores daquela igreja no Mississipi e, quando decidiram casar religiosamente, escolheram-na. O pastor, Stan Weatherford, marcou a cerimónia mas a comunidade baptista, composta por brancos, não gostou. O templo existe desde 1883 e nunca ali houvera um casamento de pessoas negras; queriam que assim continuasse.
Não sei o que me choca mais, se perceber que isto continua a acontecer ou se depois de isto acontecer, não só não acontece nada, como não há ninguém que simplesmente diga a estes senhores que isto não pode acontecer e eles se preparem para o continuarem a fazer.
Depois disto ficamos a perceber como é tão pequeno o poder do homem mais poderoso do mundo, que apesar de conseguir decidir o que vai acontecer em lugares tão distantes como o Iraque e o Afeganistão, não consegue fazer com que não exista descriminação e racismo contra pessoas como ele numa pequena cidade que fica no seu quintal.
Jorge Soares