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O perfume daquela rosa... again!

por Jorge Soares, em 10.04.08

Rosa


Há coisas na vida que nos marcam, às vezes basta uma palavra, um sorriso, um silêncio, há uns tempos atrás, uma amiga muito querida fez um comentário aqui no blog, que acendeu uma chama, no dia a seguir, o post foi este... .. enviei este post para a RDP,.. foi escolhido para leitura e vai ser publicado .. na revista do publico..... este blog... começa a fazer sentido.

O perfume daquela rosa.


Tínhamos ido ao cinema, deviam ser umas 20 horas quando deixamos o autocarro na avenida e nos dispusemos a subir os trezentos metros da rua até a tua casa. Era uma rua estreita com casas antigas alinhadas de ambos os lados. Em algumas das casas havia um pequeno jardim entre o passeio e a porta de entrada, como tantas vezes, paramos em frente da casa da roseira.

 

O meu instinto apurado fez-me reparar nos dois homens que se dispunham a subir a rua pelo mesmo passeio donde estávamos, estavam longe, quase na avenida de donde vínhamos. Era a ultima vez que estávamos juntos, rapidamente me centrei naquela flor, uma rosa perfeita e com um aroma tão intenso que o podíamos sentir desde o passeio, subi ao muro e dispus-me a cortar a flor. Como de todas as outras vezes disseste que eu estava louco e quiseste deter-me, mas desta vez não te dei ouvidos, era a ultima vez que estávamos juntos e eu queria roubar aquela flor para ti.

 

Desci do muro, tentavas parecer chateada, ....... o brilho dos teus olhos ao receber a flor denunciou-te......de repente lembrei-me, os dois homens, quando me voltei para ver donde estavam,  correram.....e ouvimos aquele grito:

 

-Não se mexam!

 

Pela minha mente passaram muitas coisas, correr, gritar, de certeza que os vigiliantes do predio donde vivias nos ouviam se gritássemos, mas aquela arma apontada para nós foi muito mais forte que tudo isso.

 

-Não se mexam!....e dêem-nos tudo o que tenham!

 

Entreguei o meu relógio - Não tenho mais nada!

 

- A carteira, dá-me a carteira!, -gritou o outro homem.

 

Entreguei a minha carteira e quando ia dizer - Deixem-me os documentos Já eles tinha arrancado a correr em direcção ao bairro.

 

Era o último dia que estávamos juntos e ali estávamos os dois  a olhar para o sítio por donde eles tinham desaparecido, eu com ar de embasbacado e tu com um ar muito assustado e rosa esquecida na mão.

 

Quando finalmente te passou a impressão, desataste a falar, ....que a culpa era daquela rosa, que não devíamos ter parado para roubar a flor, que éramos um par de tontos e por isso aquilo tinha acontecido.........

 

A verdade é que dei por bem empregue o susto e o pouco que eles tinham levado, o brilho dos teus olhos ao receberes aquela flor valeu por tudo isso e muito mais.

 

No Sábado seguinte apanhei aquele avião e não nos voltamos a ver, 20 anos depois não me consigo lembrar de absolutamente nada dos assaltantes, mas consigo ver perfeitamente aquela flor, consigo recordar o seu aroma intenso, e nunca esquecerei o brilho dos teus olhos naquele momento.


 

Amiga, obrigado!

 

Jorge

PS:imagem retirada da internet


Tags:

publicado às 23:10


14 comentários

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De Júlia a 11.04.2008 às 10:37

Olá Jorge.
Escreves de forma tal que consegues preencher a minha alma. Lindo.
Que bom que é recordar os bons momentos da vida.

Bjs.
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De Jorge Soares a 11.04.2008 às 20:27

Olá

.......... o que dizer?

Obrigado.... muito obrigado por tão simpáticas palavras.... fiquei sem jeito :-)

Recordar é viver.

Beijinho
Jorge

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