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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
É daquelas coisas que achamos sempre que só acontece com os filhos dos outros... connosco essas coisas nunca aconteciam... a verdade é que com os dois primeiros não aconteceu muito, a R. não era nada de birras, o N. tinha algumas, mas a verdade ao pé do resto, esse era mesmo o menor dos problemas... de resto, eu sempre achei que existe uma cura mesmo eficaz para as birras... continuo a achar.
Quem me lê desde os tempos dos diários de um pai em licença parental, deve lembrar-se como naquela altura a D. era quase a criança perfeita, amorosa, super meiga, simpática, bem disposta, tão querida e adaptada que durante muito tempo a minha frase preferida era: "Eles já deviam vir todos com dois anos e meio".. pelos vistos, também deveriam ficar para sempre nos dois anos e meio.
De então para cá, a miúda para além de crescer e ficar cada vez mais senhora de si e dona do seu nariz, também tem ganho alguns novos hábitos... sendo que o de fazer birras que levam qualquer ser humano normal ao desespero, é um dos piores.
Felizmente eu não sou um ser humano normal, e esperta como é, já percebeu que comigo ela não leva a melhor, além de que se sujeita a provar a cura 100 % eficaz para as birras... mas já seja com a mãe, com os irmãos ou com as educadoras e auxiliares da escolinha, a coisa está completamente descontrolada.
Um destes dias, ante o terrível relato do que tinha sido o dia na escolinha, dei comigo a pensar em que é que teríamos falhado para fazer com que aquela criança amorosa se tenha convertido num protótipo de rufia que teima em só querer fazer o que lhe apetece... não encontrei a resposta... quer dizer... há coisas que são evidentes.
O facto de ser a mais nova de três explica algumas coisas, a situação piora sempre que estamos a falar ou a prestar atenção aos irmãos, ou seja, ela descobriu que as birras são uma forma perfeita de chamar a atenção..e de uma forma ou outra, funciona sempre.
Por outro lado o facto de durante o ano passado ela ter tido uma educadora que lhe dava toda a atenção que ela queria, todos os dias quando eu a ia buscar ela estava sentada ao colo da senhora e os coleguinhas só tinham direito quando ela se ia embora... talvez também não tenha ajudado muito.
Este ano a educadora é outra e os afectos são mais repartidos... e a coisa não está ser fácil.
Ontem decidi ter uma conversa séria com ela,... começou por ser uma conversa de surdos, porque um dos direitos que ela se atribui é o de não falar de coisas de que não gosta...e definitivamente ela não gosta de falar das birras ou dos comportamentos na escola.... sentei-a numa cadeira no quarto e tentei o diálogo. Em vão, porque ela olhava para mim e simplesmente não me respondia.
Disse-lhe que ela não saía dali sem falar comigo, ficou a olhar para mim e nem pestanejou.. deixei-a no quarto e fui tratar do jantar. Voltei passado um bom bocado, estava sentada no mesmo sitio... mas a vontade de falar era a mesma.
Mais meia hora e voltei... acho que tinha percebido a ideia, porque apesar de não falar muito, acedeu a assentir com a cabeça e a trocar meia dúzia de palavras comigo.
Expliquei-lhe que as coisas não podiam continuar assim, e que as birras não podiam continuar... ela concordou e disse que não, que não gostava de birras e não fazia mais....
Hoje teve um comportamento exemplar na escola, não sei quanto tempo irá durar, mas é um principio... vamos ver.
Jorge Soares