De Catarina a 20.09.2012 às 01:18
Porque, infelizmente meu caro Jorge, os exemplos que temos de países governados por partidos comunistas não são muito bonitos de se ver, já para não falar da ausência de democracia, também por eles demonstrada... ou vai-me dizer que isso é propaganda americana????!!!!! Não existem regimes perfeitos, eu cá vou preferindo alternar entre 2 partidos, mesmo sabendo que não são perfeitos, do que correr o risco de ver o meu país a ser governado como uma monarquia, em que o poder passa de pais para filhos, para netos, bisnetos... como se vê por aí, nos ditos países... existem outras formas do povo exercer a sua vontade sobre quem nos governa, no passado sábado, teve o melhor exemplo disso mesmo!!!! LIBERDADE acima de tudo!!!!!!!
Catarina
Quer você dizer que mais vale termos um país com 20% de desemprego, com uma classe média a desaparecer para baixo, do que darmos hipótese a quem quer fazer isto de outra forma?
O que lhe faz pensar que um governo de esquerda elegido democraticamente possa ser menos democrático que este governo que nos impõe as suas ideias e faz tudo ao contrário do que prometeu?
Acha mesmo que a manifestação de Sábado passado foi o principio de algo?, a mim comentários como o seu mostram-me que não, que a manifestação não foi mais que uma diversão de quem na realidade não sabia ao que ia.
Jorge Soares
De Catarina a 20.09.2012 às 11:07
Jorge
Todos os governos são eleitos democraticamente, pelo menos, no ínicio... Hitler foi eleito democraticamente, Chavez foi eleito democraticamente, Eduardo dos Santos foi eleito democraticamente... mas uma vez eleitos, não saem mais de lá! Estes são os exemplos que temos! A questão é que todos nós apenas nos preocupamos com o que é de cada um de nós, mesmo que o vizinho do lado passe fome, isso não interessa nada por nós estamos bem, ah e tal, tenho muita pena, mas não posso fazer nada... e não me venham dizer o contrário! O problema deste país é que se deixou que os Partidos fossem tomados por interesses particulares, se todos nós nos filiássemos nos Partidos e tentassemos mudá-los pelo lado de dentro, se calhar a coisa mudava de figura, mas isso dá trabalho, dá chatice e mais vale baixar os braços, votar e esperar que os eleitos façam por nós...
"... mas uma vez eleitos, não saem mais de lá!"
Não sei se tens reparado, mas está a acontecer o mesmo em Portugal e ainda não tivemos um governo comunista...
De Catarina a 20.09.2012 às 11:30
Jorge... estás a brincar comigo :))) Dá lá um exemplo de um governo comunista democrático ;))) Sabe como são eleitos os governos na China? Na Coreia do Norte? Em Cuba? Pois é, o problema é mesmo esse, simplesmente não há eleições!!!!
De Catarina a 20.09.2012 às 11:31
Desculpa, não é Jorge, é António :) Mas já agora lanço o mesmo desafio ao Jorge ;)
A diferença entre Portugal e a China, a Coreia do Norte ou Cuba é que os governos existentes nos últimos são resultado de uma sublevação em que os dirigentes militares vencedores nunca entregaram o poder de volta à sociedade civil. Em Portugal isso também poderia ter acontecido (aliás, esteve mesmo para acontecer), mas o facto é que hoje temos uma democracia representativa sustentada numa constituição que precisa de 2/3 de votos na AR para ser alterada. O perigo de termos alguém que confisque o poder é igual para qualquer partido ou força política. Aliás, é mais fácil cairmos num regime desse tipo por força de um "governo nacional de salvação", que algumas vozes dos partidos do arco do poder nos têm tentado que é necessário do que por um governo saído de eleições.
De qualquer forma, o que eu referi no meu comentário é que há mais de trinta anos que temos no poder as mesmas pessoas, os mesmos interesses privados, e ninguém parece preocupado com isso...
De Catarina a 20.09.2012 às 12:23
Tem toda a razão no que diz, mas há outras formas de se controlarem esses interesses, olhe o modelo americano, em que os lobbies são oficializados, eu ao votar em determinado candidato, já sei à priori quais são os interesses que o sustentam, aqui não, aqui é tudo muito obscuro, muito secreto, muito por "baixo da mesa", só se vem a saber depois do governo estar no poder e, mesmo assim, nunca se sabe tudo, há muita falta de transparência!!! Atenção, que eu até nem simpatizo com os americanos, mas também não vou à bola com os comunistas... acho apenas que todas as ideologias têm coisas boas e coisas más, todas - da esquerda à direita - há é que saber aproveitar da melhor maneira o que de melhor têm para nos oferecer, mas para isso, há que sermos mais intervencionistas, democracia não é só lá ir votar, é participar ativamente na vida política, é ir lá aos Partidos contribuir com ideias, combater o que está errado, lutar pela justiça social... eu acredito numa solução destas, mas como já disse, isso implica trabalho, dedicação, esforço, a maioria prefere que sejam os outros a fazer...
De Ricardo a 20.09.2012 às 23:24
Eles não te respondem, Catarina. No fundo eles sabem que o comunismo não passa de uma ditadura exactamente igual ao fascismo. Não conheces, nem agora nem nunca, nenhum país comunista democrático. E é exactamente por isto que eles nunca ganharam eleições e jamais ganharão. Os comunistas nunca foram democráticos. O comunismo é uma utopia e eles sabem isso. Se querem pregar que vão para Cuba ou para a Coreia do Norte.
Ricardo, então explica-me lá, qual é a tua solução para o país?, manter estes senhores que já levaram o país à ruína três vezes? É isso que queres para o país?
Países com regimes comunistas que não são ditaduras
O Chile de Allende, um regime democrático de esquerda que foi derrubado pela direita ... belo exemplo não é?
A Venezuela é uma democracia desde 1958, a democracia mais antiga da América latina, até 1993 era governado pela AD, o PS lá do sitio e por Copei, o CDS lá do sitio, 5 anos uns, 5 anos outros. Depois apareceu Chavez, um senhor que não tinha partido, era de esquerda mas sem partido, foi eleito e ganhou de forma limpa, todas as eleições desde então
Eu sei, não é um bom exemplo, mas é uma democracia comunista.
Jorge
De Ricardo a 20.09.2012 às 23:39
Jorge, a solução é copiarem o modelo nórdico, tal como ele é. Falo de uma realidade que conheço muitissimo bem, pois sou de descendencia nordica e e mantenho dupla nacionalidade. Vão para lá e copiem. Mudem mentalidades, quando isso acontecer, têm o problema resolvido. Copia-se tanta coisa, por que não copiar um modelo? Mas sabes qual é o problema? As pessoas são comodistas e têm medo de mudar. Esta mentalidade é tipicamente sulista.
Já aqui escrevi sobre o facto de nós não sermos nórdicos, é cultural, assim como eu não consigo convencer ninguém de que pode haver governos democráticos a partir dos partidos mais à esquerda, o Ricardo também não consegue convencer os portugueses a pagar mais impostos em nome do bem comum... aliás, se conseguisse convencer os portugueses a pagar todos os impostos que devem pagar, resolvia metade do problema do país.
Mas fiquei curioso, explique-me lá o que quer dizer, modelo nórdico, para além do que já referi de todo o mundo cumprir as suas obrigações com o estado, qual é a diferença entre a nossa democracia e o modelo nórdico de que fala
Já agora, o post sobre não sermos nórdicos é este:
http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/334849.htmlJorge Soares
De Ricardo a 21.09.2012 às 09:32
Começando pelo fim. Jorge eu não quero convencer ninguém, cada um é livre de optar pelo tipo de sistema que bem entender, mas por favor, não me venha falar em democracia quando todos sabemos que democracia é coisa que nunca existiu em nenhum país de esquerda. Obviamente quando falo em esquerda, não incluo o PS, que, como todos sabemos, é um partido falso, que não é carne nem é peixe. Aliás, é por isso que estiveram no poder nestes últimos 15 anos. Mas voltando ao comunismo, ele rui exactamente por que se percebeu que afinal o comunismo era uma utopia e que a ditadura do proletariado era impraticável, ou seja, tem de haver sempre poder e quem domine sobre as outras classes.
Quanto aos países nórdicos, se não queremos mudar de mentalidades, que copiemos o sistema. Tanta coisa que se copia para aí, por que não se copiar um sistema? Outros países já o fizeram e os resultados estão à vista. Até Espanha, há 15 anos, fez isso mesmo e foi dos países cuja economia mais cresceu em todo o mundo, mas fartos de viver bem, elegeram um Zapatero e os resultados estão à vista.
Por isso, meu amigo, cada povo escolhe o seu sistema e os seus próprios governantes, que devia ser de uma forma livre e responsável. Vamos deixar a democracia funcionar e as pessoas escolherem livremente os seus governantes.
De Catarina a 21.09.2012 às 11:26
"... foi eleito e ganhou de forma limpa, todas as eleições desde então"
Desculpa lá, Jorge, mas eu tenho dúvidas em relação a isto...
Queres mesmo saber porque não voto no BE e no PCP? Porque acho que eles fazem um papel melhor na oposição, dizem extamente aquilo que a malta gosta de ouvir, duvido que quando fossem governo que continuassem com o mesmo discurso, para além do que, fazem boas críticas ao governo, sem dúvida, mas não apresentam alternativas... quais são as alternativas, Jorge, que programas de governo é que têm? Mostrem-me, deixem-me conhecer melhor o que querem fazer, quais são as medidas concretas??? O PS e PSD prometem e não cumprem, o BE e PCP nem sequer prometem... Eu gostava ao menos saber o que pretendem fazer se forem governo, não sei, e acha que vou votar em alguém que não me diz o que pretende, concretamente, para o país????!!!
Outra coisa, soube-se há tempos, que os deputados tinhas sido aumentados nos seus salários em 80€... já sei que os do PS e PSD/CDS são uma cambada de ladrões, mas estranhamente, não ouvi ninguém do BE e PCP a vir desmintir isso, mais, não os ouvi dizer que abdicavam desse aumento... pois é, sinceramente, não me parece que sejam assim tão diferentes dos outros...
De Catarina a 21.09.2012 às 11:28
*desmentir... sorry ;)
"que programas de governo é que têm? Mostrem-me, deixem-me conhecer melhor o que querem fazer, quais são as medidas concretas??? O PS e PSD prometem e não cumprem, o BE e PCP nem sequer prometem... "
Isto não é apenas falso, é uma tremenda injustiça. Infelizmente, é repetido tanta vez por representantes dos "partidos do arco do poder" e comentadores afiliados que é tomado como verdade por muito cidadão português. É assim que se submete um povo, controlando a informação que lhe é transmitida e confiando que a maior parte da sociedade não está verdadeiramente interessada no assunto e não se procura informar. PSD, PS e CDS já várias vezes concorreram a eleições legislativas sem programa de governo, algo que nunca vi acontecer com o PCP ou BE. Estes dois partidos são também, apesar dos seus pequenos grupos parlamentares, os de maior produção legislativa na Assembleia da República. Se os deputados recebessem prémios de produtividade, os representantes desses partidos ficariam ricos num instante (isto se abdicassem das regras impostas por esses partidos que obrigam à partilha do ordenado com o partido). Queres provas? Basta comparar:
Iniciativas legislativas na AR (pode fazer-se a pesquisa por partido): http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/IniciativasLegislativas.aspx
Programa eleitoral do PCP: http://www.cdu.pt/2011/compromisso-eleitoral-do-pcp-por-uma-pol%C3%ADtica-patri%C3%B3tica-e-de-esquerda
Programa eleitoral do BE (PDF): http://www.esquerda.net/sites/default/files/compromisso_eleitoral_0.pdf
De Catarina a 21.09.2012 às 15:15
Ok... dou a mão à palmatória. Confesso que, quando escrevi o que escrevi, lembrei-me que poderia estar a cometer uma injustiça, pois achei que haveria programas de governo do BE e PCP, a questão é não os conhecia, por culpa minha... apresento as minhas desculpas.
Mas... (e há sempre um mas) acho piada e tal como é apanágio dos Partidos que o António defende, atacou aquilo que era mais fácil de atacar... deve ter lido o meu comentário até ao fim, fale-me da questão do aumento de 80€... se os deputados do BE e PCP não desmentiram isso, é porque se abotoaram com o dinheiro, tal e qual como os outros, o que é que me garante a mim que irão respeitar os seus compromissos, tal e qual como os outros?
Não falei sobre o tal aumento de 80€ porque não tenho conhecimento e tento não falar do que não conheço :) Após uma breve pesquisa, o que consegui encontrar foi isto: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=75261 . Não sei se era a isto que te referias, mas se era estavas enganada: não foram os deputados que foram aumentados 81€ mas sim os políticos, em média, resultado do pagamento de subsídios de residência em atraso a meia centena de membros do governo. Se não era isto, podes colocar aqui uma referência?
O que sei sobre vencimentos de deputados e BE/PCP é que os deputados destes partidos contribuem com uma parte do seu ordenado para os respectivos partidos. Penso que o regime no BE é cada deputado receber o vencimento que tinha antes de ser eleito, prescindindo da diferença para o partido, mas não vou afirmar isto como facto porque não tenho confirmação pessoal do mesmo (se estiveres mesmo interessada, podes perguntar-lhes directamente -- os endereços de correio electrónico estão na página do Parlamento: http://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/Deputados.aspx). Não sei como é no PCP, mas deve ser algo semelhante.
Já agora, relembro que o vencimento dos deputados pode não ser a sua principal fonte de rendimento relacionado com a política. Muitos se aproveitam da sua situação de influência para retirar benefícios em actividades privadas. Estranhamente, quando se tenta regular essas actividades e incompatibilidades os partidos têm visões diferentes do assunto: http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=38014 .
De Catarina a 21.09.2012 às 17:01
António, I rest my case :)))) Acaba por referir aquilo que é a minha "bandeira", cada um de nós, enquanto cidadão politicamente ativo, deveria ir lá, aos Partidos, independentemente da cor, e contribuir com ideias, combater o que está errado (combater os interesses instalados, por exemplo) e lutar pela justiça social! Não quero só votar e esperar que aqueles que eu ajudo a eleger façam tudo o que eu defendo, não, tenho que ser eu a defender!!! Não confio no BE e muito menos no PCP, lamento! E do pouco que li dos seus programas de governo, tenho dúvidas quanto à sua exequibilidade. Democracia é também respeitar quem pensa diferente de nós, não te desrespeito e penso que também não me desrespeitas :) Continuo a acreditar que é possível fazer diferente com os mesmos ingredientes ;) E sabes, o que mais me agrada no nosso sistema político é precisamente a liberdade de ter este debate de ideias publicamente, como aqui fazemos (agradecendo também ao Jorge, claro, que me permite usar o seu espaço) e essa liberdade eu tenho garantida, tudo o resto não sei...
Ou seja, confias nas pessoas que te têm dado razões de sobra, durante mais de trinta anos, para não confiares nelas e desconfias, embora lamentando, das outras sem conseguires apontar uma única razão válida. Apenas não confias, porque sim! É essa irracionalidade da maioria do eleitorado português que tem afundado a classe média e os mais desfavorecidos deste país. Foi essa irracionalidade que nos trouxe aqui e não nos deixa encontrar o caminho de saída. Eu respeito toda a gente que me respeita, mas não confundo gente com ideias. Reservo-me o direito de desrespeitar ideias sem sentido.
PS: Em relação aos resultados diferentes com os mesmo ingredientes, lembro-me sempre desta frase de Albert Einstein: "Insanity is doing the same thing, over and over again, but expecting different results.”
Correcção: parece que a citação que atribuo acima a Albert Einstein é, afinal, de autor desconhecido. Continua a ser uma frase bastante lúcida e apropriada a esta situação.
"Loucura é repetir uma acção, vezes e vezes sem conta, esperando resultados diferentes."
De Catarina a 23.09.2012 às 15:19
António, uma razão válida para não confiar nos Partidos de extrema esquerda - Não existe, no mundo, um único exemplo de que um país governado por eles que seja bom! Se me falar de esquerda moderada, em Portugal, só conheço um Partido... isto de nunca ter sido governo, dá uma posição confortável ao BE, por exemplo, permite-lhe usar sempre o mesmo argumento de que nunca estiveram lá, logo nunca falharam e as pessoas precisam de lhes dar uma oportunidade para mostrarem que fazem diferente. É um argumento forte, sim senhor, mas eu lembro-me sempre de que os ditadores só tiveram uma oportunidade...
Quanto à sua citação, eu respondo-lhe com uma bem mais popular: há 1001 maneiras de fazer bacalhau, espero que perceba onde quero chegar!
Bom resto de fim de semana :)
Por essa ordem de ideias -- não experimentar nada novo porque não o conhecemos -- ainda viveríamos de ramo para ramo no cimo das árvores. Quanto às 1001 receitas, são apenas 6: PS; PSD; CDS; PS+PSD; PS+CDS; PSD+CDS; PS+PSD+CDS. Quantas é que falta experimentar?
De Catarina a 23.09.2012 às 19:32
Chama-se livre arbítrio, coisa que os Partidos de extrema esquerda e direita não entendem e nem aceitam, por isso, parece-me escusado tentar explicar-lhe...
Boa sorte para a sua "luta", chame-me/chamem-me o que quiserem, tenho liberdade de pensamento e faço o que a minha consciência ditar e sim, durmo muito bem com isso, deixaria de dormir se o meu país perde-se a liberdade. E com isto acabo, sejam felizes :)))
Continuo sem perceber o que tem a "extrema esquerda" a ver com falta de livre arbítrio, tendo achado as tuas explicações cada vez mais vagas e inconsistentes ao longo da nossa conversa... mas é provavelmente problema meu. Não faz mal, felicidade também para ti e continua a ter fé: pode ser que um milagre aconteça e as coisas mudem sem fazeres nada por isso.
Catarina, é a verdade, se pensares bem, estes senhores estão no governo há quase 40 anos, já levaram o país à ruína 3 vezes e apesar disso, tu dizes que vais continuar a votar neles.
Quanto à comparação com a China e a Coreia do Norte, não percebo a comparação, nem entre eles se pode comparar, se pensares bem, a Coreia Do Norte é um regime que está muito mais próximo do de Salazar que por cá tivemos que com o modelo Chinês.
Cuba é uma ditadura, nós vivemos em democracia e quer-me parecer que os nossos políticos, mesmo os mais radicais são muito mais evoluídos que os cubanos.
Jorge
Pois, se todos nos filiássemos, se todos votássemos, se todos tivéssemos consciência cívica, talvez as coisas não estivessem assim... ou talvez estivessem na mesma, porque o que eu vejo aqui é medo, é preferir votar nos mesmos que arriscar a votar em outros... Pior, quer-me parecer que estaríamos dispostos a entregar o país a quem o quisesse ... desde que não fossem da esquerda mais à esquerda...
Olha, tivemos há bem pouco tempo um bom exemplo do que são as pessoas cheias de boa vontade... Chama-se Fernando Nobre, tanta boa vontade e no fim só queria mesmo era um tacho... Quantos Fernando Nobre não estarão por aí à espera?
Jorge
De DH a 20.09.2012 às 14:54
Olá
Vou "meter aqui a colher".
Não compares regimes de extrema esquerda ou de extrema direita com o que se passa em Portugal. A minha vizinha e colega de trabalho nasceu na antiga União Soviética. Casou com um português, mas logo que puderam vieram viver para cá. Ele é da CDU, não perde um Congresso e é bastante activo no partido. Ela... ela diz-me que o que viveu na ex-União Soviética nunca lhe permitiria votar num partido de esquerda. A total ausência de liberdade, o culto das pessoas que estão no poder, a cegueira incutida no povo, ...marcaram-na de tal forma que ela não quer ouvir falar em comunismo. Não lhe compares Portugal e os regimes democráticos com o que ela viveu!... E é MEDO sim, Jorge, porque ela viu amigos serem presos e mortos por dizerem muito menos do que aquilo que tu dizes aqui neste blogue. Ah! E o marido da minha vizinha goza bem o capitalismo, porque é meu vizinho (tu sabes onde eu vivo) tem carão de crédito e carro da empresa (um bom carro com combustível incluído), e é um dos directores de uma das maiores empresas Portuguesas que começa por um E...
Eu sou de esquerda filosoficamente de esquerda. As melhores pessoas que conheço são de esquerda. Mas estive em Cuba em 1998 e fiquei a perceber aquilo a que o Comunismo pode levar. Tens uma vaca, alimentas a vaca e quando ela começa a dar leite vem o Estado, leva o leite e diz que é para distribuir por todos, e tu és preso se tentares tirar algum leite para ti. Eu vi, ninguém me contou.
Não me revejo nas palavras do líder do BE. Transpira ódio.
O líder da CDU também não me convence.
E agora pergunto-te eu Jorge: em quem votar?
O meu voto é em branco, mesmo sabendo que com isso não ajudo em nada a democracia no meu país.
Haverá um movimento de cidadãos que se una e faça uma proposta que me convença? Eu não tenho nenhuma aspiração política, mas talvez me juntasse por uma boa causa: Portugal.
Um beijo
Dulce
Não percebi: primeiro dizes para não comparar os sistemas de extrema-esquerda e extrema-direita com o que se passa em Portugal e depois fazes isso mesmo. É que não se podem comparar, mesmo, pelas razões que explico noutro comentário a este artigo. E sim, é preciso participar, de várias formas, para que a democracia que nos foi entregue a seguir ao 25 de Abril sirva para alguma coisa. Os "grupos de cidadãos" que há chamam-se partidos e há duas formas que podemos usar para gostarmos das suas propostas e confiarmos nas pessoas que os representam: ou aderir a um e lutar para fazer vingar essas ideias ou fundar outro. É assim que funciona um sistema de democracia representativa parlamentar como o nosso.
PS: gostava que deixassem de chamar aos sistemas políticos da antiga União Soviética, de Cuba, China ou Coreia do Norte como "de esquerda". Alguns deles até podem ter tido essa génese, mas quando foram implementados nunca passaram de oligarquias que substituíram as que existiam anteriormente. Ou seja, precisamente o contrário do que defende qualquer ideologia de esquerda.
Dulce, eu entendo onde queres chegar.. mas tentar comparar regimes como o da união soviética ou outra ditadura qualquer seja ela de esquerda ou de direita é comparar coisas que não tem comparação possível.
Comparar com Cuba também não faz o menos sentido, Cuba é uma ditadura, nós somos uma democracia e não me aprece que para já isso esteja em causa..
Quanto ao teu último parágrafo, para ser sincero, se há algo que me assusta realmente é uma coisa chamada Governo de salvação nacional.... e para mostra basta um exemplo, Fernando Nobre, um senhor cheio de boa vontade que queria primeiro queria ser o salvador dos pobres, depois o salvador da pátria e no fim, vendia a alma ao diabo por um tacho em qualquer lado.
Depois, eu já vi este filme, eu vivia na Venezuela quando aquele país era a democracia mais antiga da América Latina... e um dia apareceu um senhor cheio de boa vontade e levou o povo atrás..e vê lá no que deu.
Pensa lá muito bem... será que entregavas o país ao primeiro que aparecesse de fora da política e viesse cheio de boa vontade?
Jorge
De DH a 21.09.2012 às 12:16
Olá Jorge.
Obrigada pela tua resposta.
Estou de acordo contigo, se calhar sou demasiado ingénua...
O poder, o dinheiro e o prestigio (não necessariamente por esta ordem) corrompem.
O problema das ditaduras são o facto de muitas delas terem nascido de eleições democráticas em que quem foi para o governo foi alguém de extrema esquerda ou direita. Mas isso foi discutido aqui atrás por ti a Catarina, o Ricardo, ... Creio que a origem do tal medo de que falas é essa.
Continuo a simpatizar com o ideal comunista, mas temo que nunca passe de um ideal (quando levado à prática conduz, junto com o poder de alguns, a regimes em que a liberdade desaparece).
Continuo com o dilema: em quem votar?

Beijinho e bom fim-de-semana.
Dulce
Compreendo esse medo, mas os nossos partidos de esquerda nada têm a ver com essas ditaduras que nada têm de esquerda.
Eu por mim tenho medo de não evoluir e tentar melhor do que o que temos. Já por acaso alguns desses partidos demonstrou alguma incompetência? Do que me lembro têm feito muitas intervenções pertinentes.
Tenho é medo desta alternância absurda entre os dois partidos.
Mas lá está, liberdade é algo que nos assiste. O certo é que se existirem novas eleições há que reflectir bem no acto cívico que vamos cumprir
Olá
Sabes, há um ditado na Venezuela que diz:
"mas vale malo conocido que bueno por conocer".. parece que por cá há muito quem o siga... por isso estamos como estamos.. um atraso de vida.
Jorge