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escolher quem vive e quem morre

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Vivemos numa sociedade em que, independentemente das restrições orçamentais, não é possível em termos de cuidados de saúde todos terem acesso a tudo


Será que mais dois meses de vida, independentemente dessa qualidade de vida, justifica uma terapêutica de 50 mil, 100 mil ou 200 mil euros?


As frases acima fazem parte de um parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) que foi elaborado a pedido do Ministério da Saúde e incidiu principalmente sobre três grupos de medicamentos: para o VIH/sida, para os doentes oncológicos e para os doentes com artrite reumatóide.

 

Traduzindo por miúdos, o parecer que recorde-se é de uma comissão Nacional de Ética,  permite que a partir de agora o ministério da Saúde , os hospitais, ou os médicos, possam decidir por exemplo se um doente com cancro em estado terminal vai ou não ter direito a tratamentos que sirvam para lhe prolongar a vida.

 

Na pratica, este parecer dá às autoridades de saúde o direito a decidir quem vai viver e quem vai morrer, quem vai ter direito aos medicamentos mais caros e quem  só tem direito aos mais baratos, quem vai ser tratado atá ao ultimo momento e quem vai ser abandonado quando chegar a um estado em que a doença seja incurável.

 

Onde está a ética em  passar para as mãos dos médicos a decisão de quem tem direito a morrer e quem tem direito a viver?

 

Há algo nisto tudo que me faz imensa confusão, existem neste país leis contra a eutanásia e o suicidio assistido, um doente ou os seus familiares não podem decidir quando parar o seu sofrimento ou o dos seus seres queridos, mas agora acha-se ético que em nome de interesses económicos os médicos e hospitais possam decidir por eles.... e chamam a isto Ética?

 

 

Jorge Soares

publicado às 21:44


16 comentários

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De Aquariana a 27.09.2012 às 23:16

Tema muito sensível este...

Por muito que nos custe é impossível dissociar da SAÚDE os critérios económicos inerentes à administração das unidades hospitalares e todas as entidades que prestam cuidados de saúde em geral.

Quando se ouve falar em cortes na Saúde todos ficamos arrepiados... mas a dura verdade é que o dinheiro não chega para manter o nível que atingimos.
Onde cortar na despesa? O que é essencial e o que é menos essencial na saúde?? Devem ser as decisões mais difíceis de tomar e aí não há boa ou má ética que nos valha...

Dediquei-te o nº4 do "Correio da Blogolândia".
http://intervaloparacafe.blogs.sapo.pt/726289.html

Beijinhos
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De Jorge Soares a 01.10.2012 às 23:31

Olá

Obrigado pelo destaque.

É verdade que o dinheiro não chega e que tem que ser utilizado de forma racional... mas não se pode de forma alguma cortar nas vidas humanas....

Jorge
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De Kok a 28.09.2012 às 00:17

Por força das ideias de quem tem o poder assistimos a uma degradação e inversão dos valores das sociedades.
Situação que não é exclusiva de Portugal, todos sabemos.
Até parece que estes são os bons exemplos que devemos seguir!


1 abraço!
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De Jorge Soares a 01.10.2012 às 23:32

Pois... mas não estou a ver de onde terão tirado este exemplo.

Abraço

Jorge
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De sentaqui a 28.09.2012 às 11:48

Se fizessem um referendo a perguntar quem estava a favor da eutanásia, certamente o "não" vencia, agora passam a praticá-la de maneira camuflada, servindo-se da palavra ética.
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De Jorge Soares a 01.10.2012 às 23:33

Ora nem mais.

A ética parece ser uma palavra que tem muitos significados..depende sobretudo do que interessa no momento.

Jorge
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De André a 28.09.2012 às 12:37

Jorge, acabas o post sem propor uma solução. Achas que a sociedade deve pagar 100 mil euros por mais um mês de vida de um doente terminal de cancro com 85 anos?
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De Cris a 28.09.2012 às 13:04

O problema é que querem pôr um preço em tudo. O erro é quererem pôr um preço na vida. Se fosse um familiar seu, já não faria essa pergunta...
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De Jorge Soares a 28.09.2012 às 14:02

André

A Cris já o disse, mas eu digo de novo, se fosse o teu pai a ter cancro tu aceitavas que alguém escolhesse um tratamento diferente do melhor que existisse para ele?

A questão é que isto vai abrir uma caixa de pandora, como é que se decide quando é que uma pessoa tem direito a mais um mês de vida? e porque é que uma pessoa de 40 anos com cancro deve ter melhor tratamento que uma pessoa com 85 anos com cancro?

Porque é que com 40 anos tens direito a mais uns meses de vida e com 85 anos não?

Jorge
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De André a 28.09.2012 às 20:16

Não sejam assim tão previsíveis nos vossos argumentos.

Claro que já pensei nisto. A minha avó que muito importante foi na minha educação, morreu aos 85 anos com cancro dos rins. E não fazia qualquer sentido gastar-se mais dinheiro dos contribuintes (dinheiro=trabalho) em manter uma doente terminal em dores viva mais tempo.

Há que aceitar a noção de "fim de vida".

Este argumento de que a via humana não tem preço, ignora que esse preço é o trabalho de todos nós.

Devem as pessoas trabalhar mais para que doentes terminais tenham mais tempo de vida. Para mim a resposta é não. Esse dinheiro tem de ir para a prevenção e educação, não para a saúde terminal.
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De Cris a 02.10.2012 às 18:26

Não seja assim tão materialista nos seus comentários!
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De golimix a 28.09.2012 às 15:03

Não consigo é perceber que raio de Comissão de Ética foi aquela! E é aí que está a polémica, numa Comissão de Ética e de Ciências da Vida que acha que há vidas que podem valer mais do que outras em termos económicos. E não me venham com a treta de que pode um estar quase a morrer e outro não, porque a forma como um paciente reage é sempre imprevisível! Isto independentemente da idade da pessoa. Uma vida é uma vida!
É simplesmente asquerosa esta decisão de "racionamento" de medicação!
Eu sei que o dinheiro não dá para tudo, mas enquanto há que todos tenham direito a um tratamento igual.
E a posição dos profissionais de saúde que têm que decidir quem vive mais uns meses e quem não vive?
E vai ser baseada na idade?
Já vi pessoas de 85 anos melhores que pessoas mais jovens, a idade não é um critério, embora tenha o seu peso.

O que sei é que não é ético os interesses económicos se sobreporem à vida, que seja de quem for, tem igual valor!


Bjs e bom fim de semana
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De Jorge Soares a 01.10.2012 às 23:36

Pois, é precisamente o meu ponto, como é que se controla uma situação destas?

Como é que se evitam os interesses, as amizades, as cunhas?, como é que se evita que o pobre morra sempre e o remediado viva mais uns meses?

Isto não tem ponta por onde se lhe pegue.

Jorge

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De Marta Vitorino a 01.10.2012 às 23:31

Isto não faz sentido nenhum...
Eu se estiver paralítica com uma doença incurável que não me permite fazer nada além de falar, com tubos para respirar, para comer, para mijar, para tudo e com o prognostico de poder ficar assim dezenas de anos não me dão sequer a hipótese de acabar com a minha vida se for essa a minha vontade... Independentemente da quantidade de dinheiro que vai ser gasto para me manter viva contra a minha vontade.
E se eu tiver um cancro terminal descoberto à pouco tempo com uma esperança de vida de 2 meses não tenho o direito de lutar para me manter viva o máximo tempo que conseguir para aproveitar a minha família?
Isto faz algum sentido??
Muito revoltante é o que é...
E estas comissões de ética devem ter tirado um curso por correspondência só pode...
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De Jorge Soares a 01.10.2012 às 23:38

Pois Marta... não faz sentido nenhum, mesmo.

Jorge
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De Valdemar Katayama Kjaer a 21.04.2015 às 16:23

Antes de fazer o comentário, gostaria de esclarecer que sou brasileiro e um liberal clássico - ou seja, acredito que o Estado deve ser mínimo, apenas o necessário, e que as pessoas devem ser responsáveis por si mesmas (o preço da verdadeira liberdade é a responsabilidade).
Quando as pessoas delegam a responsabilidade do próprio cuidado a terceiros ou acreditam que existe saúde "gratuita" ou "barata", acabam pagando um preço muito alto, no final: pagam com sofrimento e a própria vida. O sistema de saúde pública do Brasil e, pelo que soube, de Portugal, prometem o que não podem entregar: a melhor saúde do mundo, para pessoas que não produzem recursos financeiros (impostos) suficientes para arcar com o custo do próprio cuidado. Eu prefiro depender de mim mesmo, trabalhar duro sabendo quanto custa meu plano de saúde privado, do que acreditar que o Estado vai ser capaz de fornecer a qualidade que exijo. Minha vida não tem preço, nada faz sentido sem ela, por isso, não vou deixá-la sob a responsabilidade financeira de intermediários, que não têm compromisso com o meu bem estar. Mas, se o povo quiser esse 'atravessador', o governo, (que gasta muito com burocracia e ineficiência), que pague então arque com o preço. Seria muito melhor se todos ao menos pagassem um valor fixo mensal mínimo, destinado especificamente para o Ministério da Saúde, para saberem quanto custa o "plano de saúde do Estado". Aposto que se fosse feito isso, logo todo mundo procuraria um plano privado... Mas, apenas para terminar, o que sinceramente penso ser errado é ter umas poucas pessoas trabalhando duro para sustentar o custo dos que não suam a camisa enquanto podem, mas que exigem ser atendidas quando sofrem. É bem a versão moderna da fábula da cigarra e a formiga. Eu sou uma formiga brasileira, entrego 44% de tudo o que produzo para o Governo, não tenho retorno em saúde, educação e segurança proporcional ao valor que sou obrigado a pagar e ainda tenho de pagar saúde, educação e segurança privada, para ter a qualidade que desejo para a vida de minha família. Desculpe-me pelos erros, estou escrevendo apressadamente.

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