por Jorge Soares, em 14.04.08
Frio, sinto frio, um frio cortante que me chega ao mais profundo da alma, apesar de ser verão, apesar do calor, eu sinto um frio enorme que me gela os sentimentos.
Sei que fui eu quem te pediu para partires, que fui eu quem disse basta! Apesar de tudo o que te disse, do teu silêncio e da nossa culpa, sinto o frio da solidão que se entranha na minha alma. Enxugaste as lágrimas, sem palavras, sem reclamações, apesar da tua pena, da tua tristeza e da minha raiva... no fim só restou um enorme silêncio.... e partiste, a penumbra do caminho foi escondendo os teus traços na distância, e à medida que te afastavas, aumentava em mim o frio. ... com cada passo que te afasta, cresce esta solidão dentro de mim e do meu coração.
De seguida andei por aí sem rumo, passei por todos aqueles lugares donde podia recordar o teu sorriso, quase podia escutar as tuas palavras por trás daquelas portas que não abri por temor à solidão, tudo me recordava a tua presença naqueles sítios donde não entrei, para não sentir o vazio da tua falta.
Andei, andei muito tempo, até que cheguei perto daquele banco junto ao rio, donde por primeira vez senti o sabor doce dos teus lábios, donde roubei aquele primeiro beijo que nos marcou. Sentei-me, à volta havia quem sussurrasse segredos por entre beijos e sorrisos, pares de namorados ocupavam os outros bancos, sorriam, beijavam, amavam... como tantas outras vezes tínhamos feito tu e eu.....
- Já não temos idade para isto - dizias.
-Nunca se deixa de ter idade para namorar - dizia eu enquanto te roubava mais um beijo e obtinha mais um sorriso.
-Sim, mas já não temos idade para isto!
Hoje estou só no mesmo banco, eu e o brilho da lua que se reflecte nas águas do rio, nesse banco tantas vezes testemunha dos nossos encontros e do nosso amor que sempre juramos seria eterno. Pergunto-me, por donde andarás agora? Se porventura estarás a observar aquela mesma lua, desejo ardentemente que assim seja e que ela te diga que apesar de tudo, apesar de que fui eu quem disse basta!.... eu amo-te, mais que a mim mesmo. Espero que o seu brilho te leve noticias destas lágrimas que me esforcei para não verter na despedida e que agora finalmente liberto, lágrimas de amor, de saudade, lágrimas tuas que saem de mim.
Acordei... lá fora chove..... Estava a sonhar contigo... ou seria comigo?
Jorge
PS:Imagem retirada da internet