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Repensar a educação em Portugal

por Jorge Soares, em 28.10.12

Repensar a educação em Portugal

 

Imagem do Público

 

A notícia é da semana passada, mas é algo de que já falamos cá em casa várias vezes e é um assunto que tinha pensado há bastante tempo cá para o blog.

 

Segundo o tribunal de Contas, cada aluno custa ao estado Português perto de 4500 Euros por ano, já seja no ensino público ou nas parecerias, sim estas também são parecerias, com os colégios privados.

 

Por acaso tinha ideia que nos tempos do Sócrates os números andavam acima dos cinco mil Euros, os cortes no número de professores e horários zero devem ter servido para poupar os 500 euros por aluno.

 

Cá em casa cada vez que ouvimos falar nisto fazemos sempre a mesma pergunta: porque é que o estado não nos pergunta se em vez de mandar os nossos filhos para a escola pública, preferimos receber os 5000 Euros por criança e com esse dinheiro escolhemos a escola privada onde queremos colocar os nossos filhos?

 

O nosso sistema de ensino não é evidentemente dos piores do mundo, mas quem como eu tem filhos na escola,s abe que há muitas coisas a repensar e a melhorar e que a cada ano que passa as coisas em vez de melhorarem vão piorando e a nós pais vão-nos crescendo as preocupações, as dores de cabeça e os cabelos brancos.

 

Não sou dos que acha que o ensino privado tem todas as virtudes e o público todos os defeitos, mas se me dessem a escolher, escolheria de certeza ficar com os 5000 Euros e com eles escolher a escola que me garantisse uma série de coisas que actualmente não tenho por garantidas na escola pública.

 

Porque não um ensino só com escolas privadas e com cheques educação que os país utilizariam na escola que lhes desse as melhores garantias?

 

É um sistema que já existe em alguns países e que está mais que provado que funciona.

 

É claro que haveria alguns problemas a resolver, nomeadamente a forma de garantir que haveria escolas disponíveis em todo o país, não seria fácil convencer os privados a abrir escolas nas aldeias do interior desertificado. Seria também necessário garantir que mesmo os alunos mais problemáticos teriam acesso à escola.. mas de certeza que quem já utiliza este sistema já terá arranjado forma de resolver estes problemas.

 

O estado teria evidentemente que ter um papel fiscalizador de modo a garantir padrões elevados, mas para além de definir as regras, finalizaria aí o seu papel, sendo que mesmo a contratação dos professores seria feita pela escola e caberia aos pais exigir a qualidade, coisa que neste momento é impossível....

 

Para quem acha que os 5000 euros não chegavam para pagar os colégios privados, em Setúbal e se exceptuarmos as elites, dava.. além disso, se todas as escolas fossem privadas, aumentaria de certeza a concorrência e os preços iriam descer.

 

 Jorge Soares

publicado às 22:28


18 comentários

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De sentaqui a 28.10.2012 às 23:19

Ora aqui esstá um assunto com o qual concordo, quando falas que deveriam ser os pais a escolher as escolas para onde queriam que os filhos fossem. Também conheço modelos europeus em que isso funciona, mas sempre tudo muito bem fiscalizado e com um grau de exigência muito grande.
No meu concelho a autarquia tentou pôr em prática um modelo diferente do actual, foi apresentado à então ministra Maria de Lurdes Rodrigues e viemos de lá com um "Não". Com políticos assim, que até se dão ao luxo de ir ver modelos estrangeiros e estou a lembrar-me do Sócrates que foi à Finlândia ver como funcionava o sistema educativo, não chegamos a lado nenhum e a ti e a todos os pais que se interessam pela educação dos filhos, resta-vos continuar a ver nascer cada vez mais cabelos brancos.
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De António Manuel Dias a 28.10.2012 às 23:34

Eu devo ser mesmo muito burro. É que não consigo perceber como um sistema privado, em que para além dos custos do serviço ainda tem que pagar os lucros dos accionistas, consegue ficar mais barato que um sistema público. É que não consigo mesmo perceber...
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De Jorge Soares a 28.10.2012 às 23:41

Não fui eu que fiz as contas António, foi o tribunal de contas.

de todos modos, não é esse o ponto do meu post, a questão é que com os cinco mil Euros eu conseguia colocar os meus filhos na maioria dos colégios privados de Setúbal e ainda me sobrava dinheiro para os livros e a roupa.

Jorge
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De António Manuel Dias a 29.10.2012 às 11:57

O Tribunal de Contas faz sempre uns exercícios contabilísticos interessantes. A sua forma de trabalhar é simples: parte-se da conclusão a que se pretende chegar para efectuar o estudo pretendido. Mas neste caso isso nem é importante (1), a minha dúvida é mesmo geral e está expressa no comentário anterior: como é que eu consigo um preço mais barato se, para além dos custos normais do serviço, iguais aos do estado, ainda tenho que dar lucro?

(1) De facto, deves ter reparado que se chega à conclusão que um aluno no colégio particular fica mais caro ao estado que numa escola pública -- precisamente o resultado que se pretendia, uma vez que se queria cortar o financiamento às escolas com contratos concessionados. O estudo, aliás, efectuou-se porque o PSD, na altura na oposição, estava contra esses cortes, pretendendo um esquema ao estilo do que referes. Saiu-lhes o tiro pela culatra, já que o resultado só chegou quando eles já são governo e estão com o mesmo problema que o PS tinha em mãos na altura, a necessidade de fazer cortes no MEC.
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De Jorge Soares a 29.10.2012 às 22:20

António, como dizia no post, estas contas não são de agora, muito antes da polémica com os colégios, que se falava inclusivamente de um valor mais elevado.

De resto não me importa muito se o valor é de 5000, ou de 4000, eu tenho 3 filhos no ensino, dois no público e mais um que para lá vai, porque não tenho hipóteses de os colocar no privado.

A verdade é que como pai e encarregado de educação, e eu sou dos que vai às reuniões de turma, participo, reclamo dos maus professores, das más práticas, dos maus professores... e o que sinto é que das minhas reclamações resulta zero, e as coisas só pioram de ano para ano.. as escolas estão no limite, não há funcionários, os professores não querem saber, vende-se droga na porta da escola à vista dos vigilantes sem que nada aconteça, arrombam-se cacifos, roubam-se os alunos dentro e fora da escola...

E a verdade é que aprece que ninguém quer saber.

Eu pago os meus impostos todos os meses, acho que está na hora que eles sejam aplicados de outra forma, porque assim não dá.

Se o sistema que proponho é o melhor ou não? não sei?, mas começo a achar que pior que o que temos é difícil.

Jorge
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De aespumadosdias a 29.10.2012 às 11:11

Sou contra escolas de elite, que é o que são muitos dos colégios. Escola para todos sai mais cara.
Dizer que "cada aluno custa ao estado Português perto de 4500 Euros por ano", não passa de 1 média. No interior será mais caro do que nas grandes cidades com quase 30 alunos por turma, a não ser que haja alunos com Necessidades Educativas Especiais, em alguns casos.
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De António Manuel Dias a 29.10.2012 às 12:05

Estás a ver Jorge, parece que alguém já começou a responder à minha pergunta acima. A questão está na forma como se fazem as contas...
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De Marta M a 29.10.2012 às 14:43

Subscrevo os seus comentários, sublinhando que o cheque-ensino é subversivo do sistema de igualdade e acesso à educação. E à exigência desse mesmo sistema.
Colocar a concorrência e a captação de alunos (clientes?) em primeiro plano entra em domínios que não confio.
Nada tenho contra o ensino privado, saúdo a sua existência, mas não sustentado com o dinheiro dos nossos impostos. Menos ainda para gerar lucro.
São âmbitos muito diferentes: o lucro e o serviço público.
Marta M
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De Jorge Soares a 29.10.2012 às 22:31

Marta, não percebi, é subversivo porquê?

se todos os alunos forem financiados pelo mesmo valor e se se garantir que todos os alunos tem direito a um lugar e o estado se encarregue de fiscalizar que não exista descriminação, porque é que não vai funcionar?

Preferimos as condições actuais?

A verdade é que como pai e encarregado de educação, e eu sou dos que vai às reuniões de turma, participo, reclamo dos maus professores, das más práticas, dos maus professores... e o que sinto é que das minhas reclamações resulta zero, e as coisas só pioram de ano para ano.. as escolas estão no limite, não há funcionários, os professores não querem saber, vende-se droga na porta da escola à vista dos vigilantes sem que nada aconteça, arrombam-se cacifos, roubam-se os alunos dentro e fora da escola...

Já para não falar dos professores de inglês que quando não lhes apetece dar aulas deixam os alunos irem buscar filmes para maiores de 16 anos a casa e os passam na aula, e de tudo o resto que já aqui tenho contado.

É este o sistema que preferes Marta? Porque é assim que as coisas estão.

Jorge

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De Jorge Soares a 29.10.2012 às 22:27

A mim o que me parece é que não leram o que eu escrevi, eu não falo em financiar os colégios privados que existem actualmente, falo em que o estado em lugar de gastar balurdios em escolas mal geridas, as entregue a privados e passe a financiar os alunos.

Jorge
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De Jorge Soares a 29.10.2012 às 22:25

Atenção, não é de escolas de élite que eu falo, é de um sistema em que as escolas actuais sejam entregues a privados e o estado em lugar de financiar a escola financie os pais, todos os pais, e depois fiscalize.

Eu não estou a falar do estado estar a financiar os colégios privados, estou a falar de que financie os alunos e nos dê aos pais a hipótese de escolher.

Se funciona noutros países porque não haveria de funcionar aqui?

Eu sei que como professor tens lido o que tenho escrito sobre o que se passa as escolas dos meus filhos e eu nem tenho contado tudo.

A verdade é que como pai e encarregado de educação, e eu sou dos que vai às reuniões de turma, participo, reclamo dos maus professores, das más práticas, dos maus professores... e o que sinto é que das minhas reclamações resulta zero, e as coisas só pioram de ano para ano.. as escolas estão no limite, não há funcionários, os professores não querem saber, vende-se droga na porta da escola à vista dos vigilantes sem que nada aconteça, arrombam-se cacifos, roubam-se os alunos dentro e fora da escola...

E a verdade é que parece que ninguém quer saber.


Jorge
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De aespumadosdias a 29.10.2012 às 23:40

O ensino está tão mal. Nem tu imaginas o que se passa dentro das escolas. Muitas direcções, que não são escolhidas actualmente pelos professores, deixam tanto a desejar. Privados a tomar conta das escolas ainda iria ser pior.A revolta seria enorme.
Os pais iam escolher o quê? E as vagas? E um aluno que mora perto da escola não teria direito a andar nessa escola?

Um abraço
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De Jorge Soares a 30.10.2012 às 21:51

Então e isso não é motivo para pensarmos que este modelo está esgotado e que se calhar está na altura de repensarmos o modelo?

Porque é que um modelo que funciona bem em outros países não poderia funcionar bem cá?

Qual é a vantagem de continuarmos como estamos e no caminho para o desastre completo?

Jorge
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De energia-a-mais a 29.10.2012 às 22:35

Olá Jorge. O título do teu post encerra qualquer dúvida - é realmente preciso repensar a educação em Portugal. Se isso passaria por encontrar escolas privadas que suprissem certas falhas das escolas públicas, já é outra questão. Dar aos pais a possibilidade de escolha, parece-me bem mas claro que este sistema exigiria um método criterioso de fiscalização e padrões de rigor que sinceramente não vejo como o estado português tenha capacidade de efectuar...Além disso, quantificar a educação desta forma, tem tanto de duvidoso como de ofensivo, principalmente depois do ministro Gaspar se ter pronunciado sobre o valor que o país dispendeu com a sua educação....

Teresa
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De Jorge Soares a 30.10.2012 às 21:55

Teresa, não é encontrar escolas privadas que resolvam as falhas, é converter todo o sistema para outro paradigma, as escolas públicas tal como está o ensino não funcionam, as coisas pioram de ano para ano e é cada vez mais difícil enviar as crianças para a escola sem ficarmos a pensar: o que será que vai acontecer hoje?

A verdade é que é preciso fazer as contas, são os nossos impostos que estão a ser enterrados e os nossos filhos que estão a ter uma educação que não assegura futuro nenhum.

Não achas que está na hora de pararmos para pensar e encontrar um sistema alternativo?

Jorge
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De golimix a 30.10.2012 às 19:53

Hummm... não acho essa ideia de concorrência e tornar o ensino todo privado uma boa ideia. Achas mesmo que é por aí o caminho?
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De Jorge Soares a 30.10.2012 às 21:57

Eu não sei se é por aí o caminho, sei é que o caminho actual nos leva a um abismo e que está na hora de repensar tudo isto... o que eu proponho é uma ideia... tão boa como outra qualquer...

Mas se funciona noutros países porque não olhar para ela com atenção?... porque é que a palavra "privado" assusta tanto as pessoas? não é lá que vamos parar quando o nosso médico não nos liga nenhuma? e quando a escola deixa de ser aquilo que esperamos dela?então, porque não pdoe sera solução?

Jorge
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De golimix a 31.10.2012 às 08:38

Jorge vamos parar ao médico privado e isso está mal. Porque se tem a mania que o privado é que é bom. O que te digo é o público é de todos, e esse sim é que DEVIA ser excelente!
Se calhar o que tem que se mudar é a ideia que temos do público, que é uma rebaldaria, que não vale nada,... A minha ideia, que também é uma como outra qualquer, é que se lute por um serviço público, de todos, e de EXCELÊNCIA, sem "gentinha" por trás. Por isso não se esqueça que quando deixamos que o público se torne mau, estamos a destruir algo que é nosso e para o qual descontamos. Se calhar até deveríamos descontar mais! Se víssemos que as instituições funcionavam com qualidade tenho a certeza que daríamos por bem empregue o dinheiro. O problema é que parece que o dinheiro vai para todo o lado menos para onde deve. Criminalize-se às más gestões. Criminalize-se os desvios. Enfim... bem sabes onde quero chegar.
O privado não me assusta, o que me assusta é o que a "busca de poder", consequentemente dinheirinho, possa trazer. Isso sim, assusta-me!

Uns bons dias de descanso ;)

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