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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Sonhei….
Estava perdido, era um local ermo e desconhecido, eu andava às voltas, gritava o teu nome e algures ouvia a tua voz. Fui andando atrás do som das tuas palavras até que dei de caras com um muro alto, muito alto, que tentei rodear, em breve estava no ponto de partida apesar de sentir que tinha andado em linha recta. Pouco a pouco e com as minhas mãos nuas comecei a derrubar o muro, pedra a pedra. Por momentos conseguia ver os teus olhos negros por entre o vazio que deixava alguma pedra que caia. Sei que falavas, era a tua voz, mas não eram as tuas palavras…
Cada vez que conseguia vislumbrar o brilho do negro dos teus olhos, como por arte de magia o muro voltava à sua posição inicial, eu ouvia a tua voz, sentia a tua presença… mas não eram as tua palavras… e voltava a derrubar o muro, pedra a pedra.
Agora estavas sentada no cimo do muro, eu implorava que descesses, que falasses comigo, tu sorrias, os teus olhos brilhavam, mas não era o teu brilho, eu conseguia sentir a tua presença, mas não eras tu, estavas tão próxima que sentia que se estendesse a mão te conseguia tocar, e ao mesmo tempo tão longe que simplesmente desistia de levantar a mão porque achava que nunca conseguiria lá chegar.
Agora o muro é um fosso escuro e profundo mas estreito o suficiente para te poder ver claramente , estás sentada do outro lado, sorridente e radiante, olhas para mim e finalmente vejo que não és tu, é só uma imagem de aquilo que me queres mostrar, não és tu porque na realidade falta a tua alma que decidiste esconder, longe, muito longe de mim e dos meus sentimentos. E eu não consigo derrubar o muro que esconde o teu coração, e não consigo saltar o fosso que constróis lentamente dia a dia e que me separa do teu olhar, do brilho dos teus olhos negros, da luz do teu sorriso.