Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Andei muito tempo longe dos livros, no natal ofereceram este à R., como ela já o tinha lido na biblioteca da escola, esteve prestes a ser devolvido, eu não deixei... em boa hora.
Nada como a Isabel Allende para nos voltar a prender à leitura e este livro é daqueles que nos prende mesmo, é uma história fluida que nos vai contando as venturas e desventuras de uma jovem protagonista que após ter descido até ao fundo do poço em que se converteu a sua vida, se refugia numa aldeia numa ilha remota do Chile onde é acolhida por um homem que podia ser seu avô. Desde ali, um lugar que para além da distância física, está nas antípodas do que até então foi a sua vida e a sua forma de viver.
Maya é a filha típica da cultura americana, fruto de uma relação fugaz entre uma hospedeira Norueguesa e um piloto Americano de origem Chilena, é deixada à nascença para ser criada pela sua avó paterna. Cresce num ambiente descontraído com um avô professor Universitário que a adora e mima e uma avó hippie que divide a sua atenção entre a criança e as causas sociais que lhe vão aparecendo.
Quando chega à adolescência Maya torna-se numa jovem rebelde e independente, não descansa enquanto não passa por todas as experiências boas ou más da vida e torna a sua vida num caminho quase sem retorno até um abismo de onde dificilmente consegue fugir.
Este é um livro que sem fugir aos livros históricos, de época e quase mágicos a que nos acostumou a escritora, nos fala da sociedade e culturas americanas da actualidade, com tudo o que de pior esta pode ter, ao mesmo tempo que nos mostra um pouco da história ainda recente do Chile da ditadura de Pinochet e das marcas que esta deixou e que ainda subsistem nas pessoas e na cultura chilenas.
Tudo junto resulta num excelente livro que se pudéssemos líamos de um só fôlego.
Sipnose
"Sou Maya Vidal, dezanove anos, sexo feminino, sem namorado por falta de oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo.
Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar no assunto. Em hindi, Maya significa «Feitiço, ilusão, sonho», o que não tem nada a ver com o meu carácter. Átila teria sido mais apropriado, pois onde o ponho o pé a erva não volta a crescer."
Jorge Soares