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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Das muitas coisas que li e ouvi sobre o facto de Nicolás Maduro ter ficado como presidente interino após a morte de Hugo Chavez, uma das que mais em chamou a atenção foi:
El problema no es tener un chofer de autobus como presidente de la república, el verdadero problema es que tenemos milhares de ingenieros que solo consiguen ser choferes de autobus.
Nicolás Maduro começou a sua carreira como sindicalista, era condutor de autocarros e com a chegada ao poder de Chavez conseguiu ter a esperteza e os contactos suficientes para ascender até à vice-presidência da República. O facto de ter sido nomeado por Chavez como o seu sucessor fez dele o novo presidente da República, mas bastaram duas semana de campanha politica para se perceber que não tem nem o carisma, nem a habilidade politica, nem o sentido de estado para ser presidente da Venezuela.
Maduro começou a campanha eleitoral com 15% de vantagem nas sondagens, à medida que os dias iam passando e ele se ia mostrando, a diferença ia diminuindo à mesma velocidade com que o eleitorado se ia apercebendo da sua verdadeira personalidade. Tivesse a campanha eleitoral durado dois ou três dias mais .....
Mas dizem os resultados oficiais que Maduro ganhou e que pelo menos durante os próximos seis anos será ele a dirigir os destinos da democracia mais antiga da América Latina. Hugo Chavez esteve no poder durante quase 15 anos, um período em que se é verdade que uma boa parte da população teve uma melhoria significativa nas suas condições de vida, também é verdade que cada vez mais a economia depende do Petróleo. De um país industrial e quase auto-suficiente, passou-se para um país em que mais de 90% do que se consome é importado. Um país sem industria, sem agricultura e que apesar de ter uma população muito jovem, é cada vez mais um país sem futuro.
O resultado das eleições e o radicalismo abraçado por cada um dos lados da barricada mostram uma sociedade profundamente dividida. O facto de o governo ter decidido ignorar os apelos de Capriles à recontagem dos votos, a pressa em marcar para hoje mesmo a tomada de posse do novo presidente e os imensos rumores sobre fraudes eleitorais, vão deixar para sempre uma mancha negra sobre a legitimidade de Nicolás Maduro para governar.
Hoje a Venezuela é sobretudo uma sociedade marcada pela corrupção e pela violência extrema, em cada fim de semana há mais de cem mortos devido à criminalidade comum. Se já era uma sociedade dividida, depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias vai ser uma sociedade em que uma boa parte se sente enganada pelo poder politico.
Durante a campanha eleitoral Nicolás Maduro mostrou ser capaz de pouco mais do que invocar o nome de Chavez e repetir o as suas frases qual oração religiosa. Ficou conhecido pelo numero de vezes que repetia o nome de Chavez durante o seu discurso, as maldições que invocava para assustar a quem votasse em Capriles e por falar com os passarinhos...
Espero estar enganado, mas cada vez mais a Venezuela é um país a cair de Maduro... e sinceramente não sei se haverá forma de o amparar numa queda que será de certeza absoluta num buraco muito profundo
Jorge Soares