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Todas as cartas de amor são ridículas

por Jorge Soares, em 28.04.13

 

 

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21/10/1935



Todas as cartas do Governo são rídiculas


Jorge Soares

publicado às 22:12


3 comentários

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De naterradosplatanos a 27.04.2013 às 20:36

Jorge, adorei que tivesses transcrito o poema!
É pena que quem da política o aproveitou o usasse de uma maneira jocosa, mas pensando bem valeu a pena porque lembrou o poema a muita gente.
Eu também escrevi cartas ridículas!
Talvez se o computador fosse para mim uma realidade elas se tivessem perdido num qualquer disco rígido em vez de encherem um saco plástico devidamente atado por uma fita!
Sem imagem de perfil

De Oficinas RANHA a 28.04.2013 às 00:07

Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridiculas... gosto tanto que nem comento...
Ana Cristina
Sem imagem de perfil

De Bento Norte a 29.04.2013 às 10:39

As cartas viciadas fora do baralho nem no entulho do ridículo cabem.

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