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Brasil, um país com dores de crescimento

por Jorge Soares, em 25.06.13

Brasil

 

Imagem do Pontos de vista

 

Até à semana passada o Brasil era o exemplo acabado de uma economia em crescimento acelerado, um exemplo de crescimento sustentado cheio de projectos e desejoso de mostrar ao mundo como é capaz de organizar tudo e mais alguma coisa. 

 

Bastou um aumento de poucos cêntimos nos transportes públicos para que emergisse uma realidade bem diferente, há uma enorme franja da população a quem todo este crescimento e prosperidade tarda a chegar. É verdade que a economia cresce a olhos vistos, mas também é verdade que este crescimento tarda em chegar aos mais pobres, aos trabalhadores, às favelas.

 

O país tem-se esforçado em mostrar ao mundo que consegue ser organizado, esforça-se por dar nas vistas, organiza cimeiras do meio ambiente, este ano é a Copa Federação, em 2014 será o mundial de futebol, em 2016 serão os jogos Olímpicos. No fim tudo isto se traduz em muitos milhares de milhões em investimento e terá de certeza um enorme retorno para a economia do país, mas para os mais pobres é dinheiro que se gasta e que a eles não lhes traz benefícios imediatos.

 

Os enormes e modernos estádios de futebol são construídos com vista previligiada para as enormes favelas onde milhões de pessoas tentam sobreviver no meio de uma enorme violência e insegurança, sem escolas suficientes, sem cuidados básicos de saúde, sem serviços básicos, sem transportes públicos, sem nada.

 

O Brasil é um país em crescimento acelerado, tão acelerado que no fim se traduz numa enorme desigualdade social, em quanto a classe média melhora o seu nível de vida  a olhos vistos, os mais pobres continuam pobres e sem sentir em nada as melhorias que os governantes não se cansam de vender ao mundo.

 

O Brasil é um país com enormes dores de crescimento, após dias e dias de manifestações com transmissão directa para todo o mundo por parte das centenas de jornalistas que estavam no país para cobrir a taça das federações em futebol, o governo tentou salvar a face voltando atrás com os aumentos dos transportes... mas era tarde, porque na realidade não é disso que se trata, trata-se sobretudo de uma luta contra a desigualdade, uma luta por uma distribuição equitativa dos benefícios, por uma utilização mais justa dos recursos, uma luta dos mais pobres para que alguém perceba que eles existem

 

Jorge Soares

publicado às 00:15


5 comentários

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De Equipa SAPO a 25.06.2013 às 09:56

Bom dia,
este post está em destaque na área de Opinião do SAPO.
Cumprimentos,
Ana Barrela - Portal SAPO
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De Marcelo a 25.06.2013 às 12:40

Analise parcial do que acontece no Brasil, com uma certa carga de preconceitos. Histórico sucinto do acontecido com conclusão hermética à avisos contrários. Além do problema social, que não é exclusividade do Brasil (veja-se os eventos recentes na Suécia por exemplo), nada se falou dos problemas políticos que são eles a razão principal, mas não única das manifestações dos últimos dias. Cuidado com os efeitos de "manchete", mas preocupado com os "curtir" de facebook do que com a responsabilidade e uma melhor precisão do escrito.
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De Sérgio Gil a 25.06.2013 às 16:44

Ótima analise.
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De Victor Santos a 25.06.2013 às 14:51

Sou brasileiro e acho essa análise um pouco superficial. O movimento se iniciou pela insatisfação da classe média, que durante os mais de 10 anos de governo PT foi a que mais sofreu. A população pobre recebe o bolsa família e teve mais crédito para comprar portanto, por hora não tem do que reclamar. A antiga classe média que saiu perdendo e está nas ruas mostrando a sua insatisfação.
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De golimix a 28.06.2013 às 10:49

Isto faz-me lembrar os nossos estádios...porque será?

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