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Manifestantes a caminho da Ponte 25 de Abril

 

Imagem do Público

 

A de hoje foi uma greve geral a meio gás que quase terminava em grande. Ao fim da tarde um grupo de manifestantes numa manobra bem pensada e melhor planeada, trocou a esplanada em frente da Assembleia da república pela avenida da ponte. Foi tal a surpresa que nem os repórteres televisivos conseguiram chegar a tempo de dar a noticia em directo, tal como uma boa parte da policia ficaram presos no caos do trânsito e quando lá chegaram já a coisa havia terminado.

 

Eu estava a ouvir as noticias pela rádio e dei por mim a torcer para que a iniciativa tivesse sucesso, lembrei-me de imediato das imagens de dezenas de camiões parados na entrada da praça das portagens, de uma fila a perder de vista de carros parados ao longo da autoestrada do sul e de filas de policias de choque preparados para levarem tudo à frente, sem grande sucesso diga-se de pasagem. Numa altura em que não havia Ponte Vasco da Gama nem Comboio na Ponte, o país esteve literalmente parado durante dois dias. Terá sido esse o momento de viragem e o fim do reinado de Cavaco Silva e do PSD por uns bons anos.

 

É curioso, mas fez precisamente 20 anos na passada segunda feira sobre aqueles dias que de alguma forma mudaram o país, foi a 24 de Junho de 1994 que tudo começou.

 

A julgar pelas fotografias que pude ver por aí, a maioria dos manifestantes que hoje tentaram recriar esse momento, não terá idade para se recordar desses dias, ou para na altura ter tido a noção da importância do que ali se passou, mas é difícil não estabelecer um paralelismo entre o momento político de 1994 e o que vivemos hoje em dia.

 

Hoje, tal como acontecia em 1994, há muita gente que apesar da crise, dos impostos, da insistência por parte do governo da maioria em ir por um caminho que só leva a mais pobreza e desemprego, que continua a encolher os ombros e a olhar para o lado como se não fosse nada com eles, gente que quase de certeza apesar de tudo vai voltar a votar nos mesmos de sempre e contribuir para manter tudo como está..

 

Na altura aqueles acontecimentos serviram para que muita gente percebesse que era necessário mudar de rumo, se calhar é de algo assim que estamos a precisar, de algo que realmente faça as pessoas acordarem... não faço ideia de quem terá estado por trás da tentativa falhada de hoje, mas fiquei realmente com pena que tenha falhado... talvez para a próxima.

 

Já agora, foi sem dúvida nenhuma uma acção muito mais útil e inteligente que o apedrejamento da polícia em que terminou a greve geral de 14 de Novembro.

 

Jorge Soares

publicado às 22:24


25 comentários

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De Tomas a 28.06.2013 às 14:25

A grande diferença essas 230 pessoas e que umas foram eleitas e outras nao. Repare, na monarquia e na ditadura o povo nao escolhia. Agora escolhe. Escolhe mal? Talvez. Eu nao concordo com as medidas que estão a ser aprovadas. Acho este governo um perfeito desastre. E concordo com algumas manifestações, pacificas e planeadas. Dava lhe razão neste caso da ponte, se essa manifestação estivesse devidamente programada. Agora nao estava. Quem estava a ir para a ponte continuou a ir para a ponte. E se tantas vezes se critica este governo nao so no conteúdo mas também na forma, então que nao se caia no mesmo erro. Podemos lutar? Sim. Mas com regras e pensando sempre nos outros. Unidos, como disse. Se assim for sou dos primeiros a apoiar. Dou lhe o exemplo da greve geral dos professores. Nao ouve o mínimos de solidariedade entre professores grevistas e professores nao grevistas e alunos. Prejudicou se o governo? Sim, claro. Mas tambem os alunos que tiveram provas adiadas ou antecipadas e os outros professores que nao se associaram a greve e que durante um ano trabalharam para este exame. E depois esta greve ainda tem mais algumas coisas que me fazem confusão.. Se ministros nao podem tirar cursos por equivalência, então presidentes de associações sindicais também nao podem ter avaliação positiva como professores se nao dão aulas. Mas nao me dispersando, e voltando aos 230 eleitos: se sao maus, que nao tenham o nosso voto. Se os que lá estiveram antes sao iguais que também nao tenham o nosso voto. Que se vote em consciência e em quem acreditamos. Porque isto e democracia. E antes 230 eleitos por todos, que 1 nunca eleito.
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De João Araújo a 28.06.2013 às 14:40

Sim Sr. Tomas, devemos votar em consciência e nas pessoas e não no partido que representam, para não acontecer como aconteceu com o Relvas e o Socrates, uma vez que as regras funcionam para alguns mas não para todos. Mas também o voto não deve ser um cheque em branco para gastarem o erário público durante 4 anos sem o mínimo de responsabilidade a ser imputada nessas pessoas. Para tal as pessoas deveriam vir à rua exigir a responsabilidade civil e criminal dessas pessoas pelo abuso de poder e confiança. Quanto às greves, bem podem ser descabidas e podem prejudicar pessoas que não tem culpa, mas também fazer uma greve dos professores agora faz mais mossa que fazer uma greve de professores no inicio do ano ou mesmo em Agosto, porque ai o facto está consumado e não já nada a fazer. Usar os alunos como escudos, sim acho um pouco baixo, mas tão baixo como usar o trabalho precário e aumento de impostos para obrigar as pessoas a trabalhar sem contestar para manter a família e manter os dirigentes deste pais, desde a esquerda até à direita, nas suas vidinhas sem sentir na pele o risco da perca de emprega ou da necessidade de trabalhar em qualquer coisa para manter os seus filhos, que a maior parte deles voltam para casa junto dos pais por não terem condições de terem uma vida. No dia em que vir deputados e ex-deputados na porta do IEFP, ai direi que o Pais está a seguir para um caminho verdadeiramente democrático.
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De João Araújo a 28.06.2013 às 15:08

Sr. Tomas já que fala em não votar nos deputados, que por vezes são eleitos por províncias que nunca lá puseram pés, e por pessoas que nem sequer o conhecem nem conhecem a sua família nem caminho politico e escolar, as pessoas já dizem o que lhes vai na alma, simplesmente engrossando os números da abstenção, mas as pessoas começam cada vez mais a reparar que isso não adianta, porque mesmo com números superiores a 50% de abstenção, esses deputados continuam a ser eleitos pela denominada "maioria de votos", uma vez que quem dita as regras dessa votação são os mesmos. Ora como eles não tem de responder perante ninguém, fazem como diz o velho ditado, "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte".

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