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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
A guerra civil na Síria começou à quanto tempo? Dois anos? Mais? É uma guerra estranha que parece que não ata nem desata, vamos sabendo dela ao sabor das vitimas, de resto não é fácil ter uma imagem do que por lá se passa, sabemos que há o exército do governo que controla a capital e algumas cidades e há os rebeldes que controlam outras cidades, pelo meio há avanços e recuos e mortos, muitos mortos.
Por vezes passam-se semanas ou meses em que parece que não se passa nada, deixa de ser noticia, depois volta, com mais mortos. Esta semana voltou, com imagens chocantes de muitos mortos, adultos e crianças, supostamente vitimados por armas químicas.
Por algum motivo que me escapa, os mortos das armas químicas chocam o mundo muito mais que todos os outros, quantos mortos terá havido na Síria desde o inicio da guerra? Quantas crianças terão sido mortas nos bombardeamentos da aviação governamental? Quantas terão morrido nos ataques e contra ataques dos rebeldes? Quantas terão morrido nos ataques suicidas com bombas dos rebeldes?
É claro que saber da morte de algumas dezenas de pessoas vitimas de armas químicas me choca, mas não me choca mais que saber que há anos que morrem pessoas diariamente, muitas pessoas, naquela guerra!
O mundo mostra-se chocado porque morreram pessoas vitimas de armas químicas, os Estados Unidos e a Europa querem uma investigação e ameaçam com intervir no caso de se comprovar que elas foram utilizadas... mas não teria sido muito mais inteligente ter intervido antes e evitado que se chegasse a este ponto?
Uma arma química é uma arma, mata como mata qualquer outra arma, os países ocidentais fabricam e vendem todos os tipos de armas que vendem ao governo e aos rebeldes e que alimentam aquela guerra, mas pelos vistos só os mortos das armas químicas interessam. Para os Estados Unidos, para a França, para a Alemanha, para a União Europeia os sírios podem passar o resto da vida aos tiros e bombardeamentos, podem matar-se até ao último habitante do país .... ninguém quer saber... desde que não utilizem armas químicas é claro... quanta hipocrisia.
Jorge Soares