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Não há abstenção

 

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Faltam 3 dias para as eleições, vou votar é claro, mas se me perguntarem, ainda não sei muito bem em quem... Em Portugal as campanhas nunca andam perto daquilo que interessa, mas talvez nunca como esta vez terá andado tão longe de esclarecer e de debater as ideias que realmente interessam.

 

Sou uma pessoa atenta, leio jornais, vejo noticias na televisão, ouvi na Antena 1 uma boa parte dos debates para as principais cidades, mas mesmo assim se alguém me perguntar,  o único que sei sobre propostas para a minha cidade, Setúbal, é que um dos candidatos, não faço ideia qual, prometeu que vai criar o Roaz, uma moeda nossa.... e isso porque hoje no Público a ideia aparecia listada como uma das anedotas da campanha.

 

De resto, de propostas a sério para se melhorar a mobilidade, a educação, a vialidade, os transportes, para se dar vida à baixa da cidade que cada vez mais se torna numa zona fantasma... zero. Atenção, não quer dizer que não tenham sido apresentadas soluções e ideias, se calhar foram, mas do meu ponto de vista algo terá falhado nas formas de comunicação de candidatos e partidos.

 

Só sei quem são alguns dos candidatos à câmara municipal porque vi cartazes e outdoors espalhados pela cidade... mas quem vê rostos não vê propostas... e a dizer verdade, há casos em que nem o nome nem o rosto me dizem o que quer que seja.

 

Sobre os candidatos à junta de freguesia, não faço a menor ideia de quem sejam ou das suas ideias.... o sitio onde moro é na fronteira com outra freguesia e já praticamente na saída da cidade... deve ser por isso que nem os costumeiros folhetos na caixa de correio com nomes e caras me chegaram.

 

Se calhar em Setúbal acontece como em Lisboa em que mais de metade dos candidatos não vota no concelho para o que pretende ser eleito... de aí aqueles rostos não me dizerem nada... porque na realidade não são pessoas que estejam empenhadas na sua cidade... aparecem nesta altura por conveniência dos partidos... depois desaparecem e voltam a aparecer daqui a 4 anos. Então e mudarem a lei para que isto não seja permitido? Só deve poder-se candidatar nas listas de um concelho quem efectivamente lá mora.. boa?

 

Setúbal tem mais de 120 mil habitantes, tem imensos problemas sociais, as escolas funcionam a duras penas, os pais tem que deixar os filhos à porta da escola porque nos arredores da maioria delas há uma enorme insegurança, todos os dias há relatos de estudantes assaltados, com consumo e vendas de droga à vista de todos. A baixa da Cidade está ao abandono e a partir das 7 da tarde é praticamente uma cidade fantasma. 

 

A Arrábida está cada vez mais abandonada e abundam as matilhas de cães selvagens, no verão torna-se um enorme estacionamento que vai do Outão ao Portinho sem que ninguém garanta as mínimas condições para toda esta gente. 

 

Entrar na cidade ao fim do dia é um caos, há uma variante que foi feita com curvas, curvinhas e cruzamentos para não se derribar ou mudar de lugar um pseudo monumento que agora está ao abandono e que um dia destes vai cair para a estrada dos Ciprestes.

 

Há o bairro da Belavista e os seus eternos problemas sociais que ninguém entende que não se combatem com mais polícia mas sim com programas sociais e de integração....

 

Era deste tipo de coisas que eu gostava de ter ouvido falar nestas semanas de campanha eleitoral... dos problemas reais da cidade... não do mesmo que costumo ouvir o resto do tempo e que é importante sim, mas não agora.

 

Não vou deixar de ir votar... é um dever e um direito do que não abdico, mas daqui até Domingo vou pensar muito bem como castigo tamanho vazio de ideias e a completa falha na comunicação por parte dos políticos desta cidade.

 

Jorge Soares

publicado às 21:57


6 comentários

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De Bento Norte a 27.09.2013 às 09:13

SIM, EU QUERO VOTAR E PODER OPTAR POR ABSTENÇÃO

O direito enviesadamente consagrado de intervenção cívica e de participação política dos cidadãos não devia estar sujeito a qualquer tipo de filiação ou obediência a grupos de interesses de caserna, como no exemplarmente indecoroso expoente da promiscuidade e compadrio traduzido na exclusividade da partidocracia cá do sitio.
Como vulgar cidadão eleitor, tenho ao longo do tempo tentado perceber por exemplo se há alguma lógica associada ao modo como é considerada e tratada a "abstenção" tanto no processo como na contabilidade eleitoral no nosso sistema político. Os diversos apelos de esclarecimento que tenho formulado tem sempre caído em saco roto. Para além de comentários em espaços on-line, já me dirigi directamente a órgãos de soberania, partidos políticos e comentadores conceituados. Os apelos ao exercício da cidadania parece não passarem de pura retórica quando nem sequer um pedido de esclarecimento passa na triagem dos poderes instalados e nas adjacências que lhes suportam os tabus , não dando admissão a objectos descartáveis a que em linguagem de corredor devem chamar índios. tal o desprezo que revelam por intrusos no circuito fechado onde se movem.
Continuamos a misturar abstenção com insondáveis razões de ausência nas urnas? Quem tem medo de um campo (X) para esse efeito em cada boletim de voto? Esta intransmissível , pessoal e inconfundível opção merece e deve exigir a dignidade de voto validamente expresso! Já tenho lavrado o meu surdo protesto não indo votar, por me estar vedada a possibilidade de presencialmente me abster querendo. Acham bem que a dignidade de uma civilizada, consciente e ponderada escolha seja obrigada a ficar na rua em corrente avulsa e depositada no cemitério de incertos sem lápide? Porquê tal discriminação em relação aos nossos deputados, que na Assembleia da República, apesar da aviltante disciplina partidária a que se submetem, para se abster tem que marcar presença? Porque um direito pode não ser exercido, então posso ir faltando até que veja por aí alguma explicação para as dúvidas expostas. Ou será que uma abstenção assumida presencialmente ao ganhar o estatuto de voto validamente expresso iria espremer e secar a fórmula e contas que protegem a comunidade de profissionais da política e da habilidosa maquinação orquestrada pela ditadura dos partidos?
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De Equipa SAPO a 27.09.2013 às 09:34

Bom dia,
este post está em destaque na área de Opinião do SAPO.
Cumprimentos,
Ana Barrela - Portal SAPO
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De Paulo Neves a 27.09.2013 às 10:09

Muito bem pensado. eu vou votar de olhos fechados
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De Universo de Paralelos a 27.09.2013 às 15:49

Vi, há uns dias, uma notícia sobre as mensagens que se deixavam nos boletins de voto. Acho que é uma forma válida de mostrar descontentamento.
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De Bento Norte a 27.09.2013 às 18:48

É sim senhor, mas não conta como voto validamente expresso, o que mantém a vigarice da contagem que interessa aos acantonamentos partidários que assim se arvoraram como donos em exclusividade desta amostra de democracia.
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De DyDa/Flordeliz a 28.09.2013 às 11:50

Eu voto. Em quem? Em ninguém!

Pena não haver no boletim um quadrado onde ficasse assinalado:
- O meu voto é contra o compadrio destes grupos organizados que preparam a saída, deixando no poleiro a continuação de quem lhes garanta o tacho.
Por aqui esta eleição é porca, corrupta e vil. Enoja os porcos no espeto, o faz de conta, a perseguição dos que ainda dominam e dos que se deixam dominar por medo e conveniência.

O ser humano (politico) perdeu o respeito. Usa, abusa e manipula.
Estas eleições são uma grande porcaria.

Desculpa o desabafo.



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