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O que se passa com os juízes deste país?

por Jorge Soares, em 08.11.13

Rui Teixeira

Imagem de aqui

 

Algo de estranho se passa neste país, é que tudo isto não pode ser normal, vejamos:

 

"Nos tribunais, pelo menos neste, os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso e a Língua Portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário".  o magistrado obrigou em Abril os serviços do Ministério da Justiça a reescreverem o relatório social de um detido, de forma a expurgá-lo das alterações introduzidas pelo acordo, sob pena de multa.


Juiz Rui Teixeira no tribunal de Torres vedras


“Ó sôtor, tenha lá um bocadinho de respeito pelo tribunal e cale-se”, ouve-se o magistrado dizer a certa altura, que manda mais tarde e por repetidas vezes o advogado Ismael Gaspar outra vez calar-se. “Eu já ando aqui há demasiado tempo, por isso o sôtor não me vai ensinar nada. Tenha lá descaramento e cale-se, isto assim é demais”. Perante os protestos do outro, que insiste em protestar pela forma como está a ser tratado, o juiz perde a paciência e também a compostura: “Dite! Dite para a acta [o protesto] e vá queixar-se ao Totta, pá!”.


Juiz não identificado


“Note-se que, com álcool, o trabalhador pode esquecer as agruras da vida e empenhar-se muito mais a lançar frigoríficos sobre camiões, e por isso, na alegria da imensa diversidade da vida, o público servido até pode achar que aquele trabalhador alegre é muito produtivo e um excelente e rápido removedor de electrodomésticos”


Juízes do tribunal de relação do Porto num acórdão que ordena reintegrar um funcionário despedido porque causou um acidente ao conduzir embriagado um camião de recolha do lixo em Oliveira de Azeméis.

 

Desculpem lá mas isto não é normal, ou será?.. se calhar é, se calhar isto acontece todos os dias e nós é que não sabemos.... 

 

Não sou jurista nem advogado e não faço ideia o que é necessário para se chegar a juiz, mas a alguém me explica como é que a justiça está entregue a pessoas que em pleno tribunal e em exercício das suas funções tem tiradas  como estas?

 

Eu percebo que Rui Teixeira como muita gente neste país seja contra o acordo ortográfico, mas queira ele ou não, a verdade é que o acordo está em vigor e por muito juiz que ele seja, não pode simplesmente contrariar a lei e muito menos obrigar funcionários que não estão sobre a sua alçada a incumprir normas a que estão sujeitos nos seus serviços... já para não falar que Rui Teixeira mostra uma enorme ignorância pois no novo acordo nem cágado nem facto se escrevem da forma em que ele tentou escrever.

 

Depois de todos estes casos começamos a perceber porque é que a justiça em Portugal tem a imagem que tem... mas que bicho terá mordido aos juízes deste país?

 

Jorge Soares

publicado às 21:06


13 comentários

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De energia-a-mais a 08.11.2013 às 21:40

Jorge, achas que o bicho mordeu só nos juízes? ou não revês cenas destas com professores, médicos, políticos and so on...

Bom fim de semana!

Teresa
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De Jorge Soares a 10.11.2013 às 21:43

Pois... assim de repente anda um bicho qualquer por aí....

Boa semana
Jorge
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De maria mendonça a 09.11.2013 às 00:12

Concordo plenamente . Também vi a noticia na televisão, e estranhei que na casa da justiça, os juízes pela posição que ocupam e o cargo que desempenham, tenham tanta falta de educação e respeito pelos outros.
Quanto ao novo acordo ortográfico, goste-se ou não, concorde-se ou não, ele veio para ficar. No meu blog e nos assuntos pessoais eu tenho a liberdade de o usar ou não, mas em documentos oficiais no ensino é obrigatório. E eu, simplesmente, cumpro. Na ministério da justiça deve ser assim, veio uma norma e a partir da data, é obrigatório, e deixa de ser um opção pessoal, para o juiz, assim deveria ter sido.
Reconheço, que foi muito difícil , passar a escrever "ata", letivo , atividades ou diretor e como ensino matemática, ainda foi pior, palavras como, "equação", reta " ou semirreta ", mas com o tempo habituamo-nos.
Aproveito para desejar a si e aos seus, um bom fim de semana.
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De Jorge Soares a 10.11.2013 às 21:46

É mesmo isso, na nossa vida pessoal podemos escrever como quisermos, primeiro porque o ainda comporta as duas formas, segundo, porque mesmo que não comporta-se, cada um é livre de escrever com ou sem erros... muito diferente é quando se trata assuntos oficiais, e aí o Juiz errou completamente, ele até pode escrever na forma sem acordo, mas de forma nenhuma pode obrigar a que outros o façam.

Boa semana

Jorge
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De São Vito a 09.11.2013 às 00:35

Qual é a parte da invectiva anti-Aborto Ortográfico do juiz Rui Teixeira que não percebe? É um magistrado que entendeu escrever em bom português e não de acordo com regras pouco claras e, nalguns casos, a roçar o obtuso.
A atitude de Rui Teixeira é louvável. E não, não é obrigado a respeitar essa nojeira do Aborto Ortográfico - que, para alguns, como o Dr. Ivo Barroso, é inconstitucional. Curto e directo.


Os juízes julgam de acordo com a lei - princípio da legalidade das decisões dos tribunais - e, portanto, a ela estão sujeitos, não podendo "inventar" penas, medidas de segurança ou quaisquer outras decisões a seu bel-prazer. Por muita vontade que um juiz ou juíza de instrução criminal tenha de condenar (por exemplo) alguém que tenha cometido o crime de homicídio qualificado a 3000 anos de cadeia não o pode fazer, simplesmente porque a nossa lei não o permite nem prevê. Percebeu?

O magistrado que se referiu a um advogado de forma brusca (para não dizer outra coisa) foi alvo, segundo a notícia, de processo disciplinar, logo não ficou impune; menos choro. Trata-se de uma situação da ordem do trato social e não da ordem jurídica; ambas são inter-subjectivas, mas só a segunda vincula obrigatoriamente as pessoas a certos comportamentos e condutas.
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De Jorge Soares a 10.11.2013 às 21:51

Quem disse que eu não percebi?, eu percebi perfeitamente, o que ele fez, o que quis fazer e até os erros que cometeu no que disse.

Quanto às regras só são pouco claras para quem não se quer dar ao trabalho de ler e aprender.. é evidente que quem não está disposto a aceitar que o mundo muda e com ele muda tudo, até a língua, não se dá ao trabalho se quer de estudar o assunto.

A Atitude do Juiz é uma falta de respeito para os funcionários que lhe fizeram chegar o relatório, para o tribunal que ele dirige e para a profissão de juiz, porque é de uma prepotência que não se ajusta às suas funções, ele está ali para julgar casos não para ditar normas ou leis, para isso existem outras instituições.

O facto de os magistrados dos que falo terem sido sujeitos a castigos, como acredito que Rui Teixeira será, não faz com que o assunto não tenha existido e que não possa falar dele.

Jorge Soares
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De São Vito a 09.11.2013 às 00:36

"Quanto ao novo acordo ortográfico, goste-se ou não, concorde-se ou não, ele veio para ficar."


Fale por si, que não está obrigada a cumprir ordens inconstitucionais.
Só os que desistem e os colaboracionistas à moda de Portas e companhia é que adoptam essa palhaçada ortográfica. Escreva como aprendeu.
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De Cris a 09.11.2013 às 21:39

"Fale por si, que não está obrigada a cumprir ordens inconstitucionais". Parece-me que não leu o comentário todo que tão veementemente ataca. Diz lá que, como professora, tem que escrever os documentos oficiais de acordo com o novo acordo. De qualquer forma, qualquer língua sofreu alterações ao longo dos tempos, impostas ou não. E mesmo este acordo não é definitivo, porque quem manda na língua são os falantes da mesma...
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De Jorge Soares a 10.11.2013 às 21:55

Explique-me lá uma coisa, é contra este acordo ortográfico, mas antes deste já existiram outros, há pouco mais de 100 anos Farmácia escrevia-se com PH, ansiedade escrevia-se anciedade ou bela escrevia-se bella... também é contra esse acordo ou é só contra este?

E pode ter a certeza que o acordo é definitivo... pelo menos em quanto este país for uma democracia.

Jorge Soares
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De golimix a 09.11.2013 às 17:02



Quero acreditar que são caos pontuais e bem hilariantes, tens que admitir.

Mas que fazia falta ao Sr. Juíz anti-acordo lar mais um cadito sobre o mesmo, lá isso fazia.
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De Jorge Soares a 10.11.2013 às 21:56

Olá

Pois, ler mais um cadito do acordo e dar menos nas vistas... já viste que o homem faz tudo para de tempos a tempos aparecer nas noticias?

Boa semana
Jorge
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De Ssssstress a 10.11.2013 às 11:31

Há um provérbio português que é bem aplicado neste assunto do acordo/desacordo ortográfico:
"o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita".
Eu não o aplico no que escrevo o que para o evoluir do acordo não tem quaisquer influências.
Não sou letrado o bastante para tecer considerações de base científica, quer a favor, quer contra. Para isso estão os estudiosos e entendidos na matéria. No entanto arrogo-me o direito de concordar ou não com esse acordo ortográfico. E não concordo porque me parece que a melhor maneira de uma língua evoluir não é por decretos de "eruditos"-
Cumprimentos.
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De Jorge Soares a 10.11.2013 às 21:59

Olá

Eu nem aplico nem deixo de aplicar, acho sinceramente que a língua tem que evoluir como evolui o resto do mundo, caso contrário mais tarde ou mais cedo termina por morrer no esquecimento... já reparaste que ainda há pouco mais de cem anos se escrevia pharmacia, anciedade ou bella?, será que os nossos avós também se opuseram ao acordo que levou as palavras ao que são hoje?

Boa semana
Jorge

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