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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Chama-se José António Pinto, mas todos o conhecem por Chalana, é assistente social e acaba de lhe ser atribuída a medalha de ouro comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Medalha atribuída pelo júri do Prémio Direitos Humanos constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República.
Numa altura em que cada vez mais as pessoas olham com desconfiança para o mundo que os rodeia, José António faz da proximidade e da ajuda a sua forma de vida e leva a sua função como assistente social ao limite, não hesitando em mover céu e terra para ajudar quem precisa, ou para denunciar as situações.
Amanhã o "Chalana" vai estar na assembleia da República a receber a sua medalha e já tem claro o que vai dizer aos deputados "Troco esta medalha por outro modelo de desenvolvimento económico" E ele sabe do que fala, ao contrário de quem decide a política de austeridade ou lá longe do país real faz as leis, ele lida todos os dias com o desespero de quem pouco ou nada tem.
Do artigo do Público destaco o seguinte:
"Chalana" não é inocente. Sabe que a colaboração que tem mantido com a comunicação social, e que considera fundamental “porque sem denúncia, não há transformação” (algo que aprendeu com, o ex-presidente da República Mário Soares), lhe dá um “capital social” invejável. “As pessoas odeiam-me, amam-me ou têm medo de mim”, diz. Um capital que foi conquistado pelas muitas denúncias que fez, mas também por ter sido condenado por promover, reiteradamente, o aborto, em 2002, no mega processo do aborto, na Maia, e em que foram acusadas 43 pessoas, incluindo 17 mulheres que tinham interrompido a gravidez.
"Chalana" não se dá com posturas politicamente correctas. Os colegas da mesma área, diz, criticam-no abertamente. Porque transporta os utentes no carro pessoal, um velho Peugeot 206. Porque estabelece relações com eles (“os meus colegas têm muito medo do afecto”). Em casa, também não é fácil. Tem duas filhas, de sete e dez anos, e o tempo entre o trabalho, o voluntariado na associação Cor é Vida, no Hospital de S. João, os projectos em que se envolve e o seu lado boémio não lhe deixam muito tempo para a família. “A mãe das minhas filhas às vezes zanga-se.” A única coisa em que não cede, na busca de algum distanciamento, é no telemóvel. Não tem.
Roubei o título do post de um dos comentários à noticia, mas não há duvida que é mesmo isso, este país precisa de muitos José Antónios, de muitas pessoas fortes e boas.
Jorge Soares