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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Sheila é uma menina de seis anos que rapta um menino de três, o ata a uma árvore e lhe prende fogo. É praticamente assim que começa o livro, uma criança que comete um acto irracional e que é condenada a ser internada num hospital psiquiátrico, como não há vagas no hospital, é colocada temporariamente numa escola onde há uma turma de crianças especiais.
Nesta turma há uma professora que se interessa realmente pelos seus alunos e que descobre que por detrás de toda a raiva e rebeldia há uma mente brilhante e uma criança como as outras, que simplesmente necessita de carinho e de atenção.
Sheila foi abandonada pela mãe que a atirou de um carro em andamento numa auto-estrada, vive com o pai, um homem alcoólico e toxicodependente mas orgulhoso, num campo miserável e sem condições. Só tem uma muda de roupa que utiliza dia trás dia, mas o pai nega-se a que lhe ofereçam outra, eles não precisam.
Este foi um livro que me tocou, porque fala de abandono, de crianças difíceis e dos desafios que se colocam na educação de crianças que foram abandonadas.
O abandono é algo que marca uma criança para toda a sua vida, e essas marcas vão surgindo nas diversas fases do seu crescimento, eu sei, porque há coisas ali, poucas felizmente, que vi no meu filho.
O livro fala sobre a Sheila, sobre a sua professora, sobre o como ensinar e tratar crianças diferentes, mas fala também sobre o trauma do abandono, sobre as marcas que este deixa nas crianças, sobre as suas fragilidades e sobre como algumas coisas se devem tratar.
Há livros que nos marcam pela história, outros pela forma como estão escritos, outros porque os lemos na altura e circunstancias certas das nossas vidas, este livro marcou-me porque sou pai. Um livro que todos os pais adoptivos ou não deveríamos ler e que todos os professores deveriam ler.
Jorge
PS:imagem retirada da internet