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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Estes dias dei por mim a pensar que os meus filhos nunca viram um morango silvestre, na verdade eu também não me lembro de quando vi ou provei o ultimo, mas é um daqueles sabores que nos ficam na memória. Doces e a saber a morango, porque para mim o sabor a morango é aquele, podem-me trazer os melhores morangos de Palmela, ou do Algarve, a mim não me sabem a morango... porque na realidade não sabem a morango.
Acho que é a minha primeira memória de infância, devia ter 4 anos, antes disso não me lembro de nada, sei que era o dia da festa, a Senhora da Piedade, devia ser a manhã de Domingo, eu e o meu pai saímos da casa da minha avó pelas traseiras e fomos calcorreando os terrenos agrícolas das redondezas. Íamos andando e colhendo os morangos dos combros e das bermas dos regos da rega comunitária. O meu pai conhecia todos os recantos e os locais dos melhores morangos. Os morangueiros desenvolvem uns fios compridos que saem da pequena planta e que com o tempo servem para que se desenvolva uma nova planta na outra extremidade. A meio do passeio já eu fazia colares de morangos maduros com os fios, escolhia os mais vermelhos, maduros mas não muito para que não se desfizessem e fazia colares com morangos a fazer de contas.
Demos a volta ao lugar, passamos pela pequena capela enfeitada para a festa, as pessoas cobiçavam os meus colares de morangos doces e maduros, mas eu não dei, aqueles eram para a minha mãe.
Não tenho muitas recordações de coisas que fiz com o meu pai, mas esta perdurou, talvez por ser a primeira.... os morangos eram doces.... a minha relação com o meu pai nunca foi muito doce... até hoje.
Falta muito para a Primavera?..... Está na altura de que os meus filhos conheçam os verdadeiros morangos..e a pequena capela de Nespereira de Cima.
Jorge