Uma das questões que me colocam muitas vezes, e que já vi colocada por alguém que já tinha sido aprovado para adopção, é a questão da entrega da criança. A maioria das pessoas acha que um processo de adopção é muito demorado devido às burocracias, na verdade actualmente a maioria dos processos fica concluído dentro do prazo legal de seis meses. Como já disse aqui, o que faz demorar os processos de adopção é o facto de haver muito mais candidatos para adoptar que crianças em condição de ser adoptadas.
Muita gente tem a imagem das crianças que estão num centro de acolhimento, o mito dos coitadinhos sem família, à espera que chegue alguém e os escolha, na realidade isso não acontece, ninguém vai escolher uma criança, as crianças não são mercadorias que estão em exposição.
Quando nos candidatamos colocamos alguns limites: sexo, idade, raça, doenças, quando aparece uma criança que está dentro destes limites, a segurança social fala dessa criança aos candidatos e estes só a conhecem fisicamente após a terem aceite. A forma como é feita a entrega varia de caso para caso, em alguns casos existe um período de alguns dias até que a criança vai viver definitivamente com os pais, noutros nem isso.
No nosso primeiro processo ligaram-nos numa terça feira a dizer que queriam falar connosco, vieram cá a casa, falaram do N., após dizermos que sim que o aceitávamos, mostraram-nos uma fotografia e perguntaram se o podiam ir buscar, sem preparação, sem nada, se quiséssemos ficava já connosco.
Como vêem, não há escolhas, estamos a falar de crianças, não de carros, de roupa ou de algo que esteja em exposição,
Esta semana soube que entregaram uma criança que estava há três anos à espera de uns pais a uma família que estava há quase três anos à espera de um filho, há algo de muito errado nisto tudo, porquê é que a criança teve que esperar 3 anos se aqueles pais já lá estavam? E como aqueles muitos outros. Para que serve uma base de dados nacional? ela existe mesmo?
Jorge
PS:imagem retirada da internet