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Não dou!

por Jorge Soares, em 18.11.08

Não dou

 

Este post da Flor fez-me recordar uma situação que se passou há uns anos atrás. Era eu um pobre estudante deslocado em Lisboa quando um dia em companhia da P. decidimos tirar uma tarde de folga aos estudos e fomos passear até Belém. Lá chegados fomos tomar um café numa das pastelarias. Estávamos na fila para o pré pagamento e à minha frente estava uma senhora de idade, baixinha e magrinha, demorou-se imenso tempo, tinha muitíssimas moedas e algumas notas pequenas que estava a trocar por contos... no fim a quantia era muito perto de 10 contos... muito dinheiro naquela altura. Guardou as notas no bolso, virou-se para mim, estendeu a mão e disse:

 

-Não me dá uma ajudinha?

-Desculpe?

-Não me dá nada?

-.... . Não, claro que não!

 

Ela virou costas, resmungou qualquer coisa  e eu fiquei ali de boca aberta... com o homem da caixa a olhar para mim.

-Grande lata - disse eu!

-E já é a segunda vez que cá vem hoje.... e ainda vai voltar .

 

Naquela altura, a mim estudante que só comia em cantinas, 10 contos dava-me para uma semana pelo menos, e tinha que dar, porque não havia muito mais..... em todo caso, eu é que devia ter estendido a mão a ver se ela me dava algo, está-se mesmo a ver que eu precisava mais que ela.

 

Este episodio marcou-me e deixou-me de pé atrás, mas há mais, aqui há uns anos eu tinha os meus filhos num infantário da igreja católica e pagava quase 30 contos por mês de  cada um, um dia descobri que aquela instituição recebia alimentos do banco alimentar contra a fome... é claro que fiquei indignado. E ainda hoje continuo por perceber como é que isso era possível, porque eu estava a pagar e bem cara a alimentação dos meus filhos....desde então deixei de dar alimentos para o banco alimentar.

 

Não dou nada a pedintes de rua, nem a ceguinhos que cantam no metro, nem entro em peditórios ou campanhas de angariação de fundos. Eu desconto todos os meses 11 por cento para a segurança social e entendo que se as pessoas realmente necessitam é lá que se devem dirigir, é para isso que existe a acção social e também é para isso que servem os meus impostos.

 

Faço duas excepções, os bombeiros voluntários e é claro que pagaria comida a alguém que me pedisse isso, mas nunca daria dinheiro... porque por norma esse dinheiro é aplicado em tudo menos no bem estar das pessoas a quem seria destinado.

 

Bom, tenho dito.

Jorge

 PS:imagem retirada da internet

PS:Pronto.. lá se  foi a minha imagem... mas antes isso que achar que era preciso seis meses sem democracia!

publicado às 21:57


24 comentários

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De DyDa/Flordeliz a 19.11.2008 às 02:26

Na minha terra tenho uma "pedinte" mal-educada e grosseira e a essa não dou!
Sei exactamente para que serve o dinheiro (droga) uma vez que os filhos são criados por outros que não ela.
Quando os miúdos estão acompanhados dificilmente dou dinheiro (oiço mal).
Mas quando o olhar de uma criança cai dentro da minha alma...tenho muita dificuldade em dizer: NÃO!
Fui enganada em Paris por uma pedinte no metro que dizia que perdeu a carteira e queria ligar para casa. Os meus amigos diziam que era mentira mas ela tinha cara de quem precisava...
Pena que no dia seguinte continuava a pedir e era para o mesmo peditório e eu tive de aguentar com todos a rirem à minha custa!
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De Jorge Soares a 20.11.2008 às 22:08

Olá

Pois, há muita gente assim, que usa os esquemas todos para enganar o próximo, por isso é que eu não dou..

Beijinho
Jorge
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De pnf a 19.11.2008 às 11:14

Em parte concordo contigo, mas não totalmente. Dizes que as pessoas com carência devem dirigir-se à Segurança Social. Certo, mas não és ingénuo ao ponto de pensar que ela tudo resolve e, principalmente, que resolve rapidamente todas as situações de carência. É por isso que ajudo o Banco Alimentar, porque eles alimentam instituições que ajudam directamente pessoas. Há erros? Claro que sim, são lamentáveis mas não serão a maioria e, assim, não devemos confundir a árvore com a floresta.
Muito mais haveria a dizer, mas tempo é que não há...
Abraço.
Pedro
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De Jorge Soares a 20.11.2008 às 22:16

Olá

Não, ingénuo não sou, mas acho que deveríamos lutar para que o dinheiro dos nossos impostos fosse utilizado para que as coisas se resolvessem como deve ser.

Quanto ao banco alimentar, eu sei que tens razão, mas custa-me esquecer.... acho que deveria haver uma melhor avaliação sobre a quem se entregam os alimentos.

Abraço
Jorge
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De Mafalda a 19.11.2008 às 11:51

Bem pensado! Eu a pedintes de rua tb nao dou! Os cegos que pedem no metro andam mais bem vestidos que eu! Mas campanhas de pedido de alimentos dou, mas sei que nem sempre sao bem entregues!
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De Jorge Soares a 20.11.2008 às 22:18

Olá

Pois, nem mais, para muita gente pedir torna-se um vicio, e convenhamos que sempre deve ser mais fácil que trabalhar e aturar chefes e colegas... e de certeza que é mais lucrativo.

Por isso, não dou!

Jorge
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De Ana Luisa a 19.11.2008 às 12:32

Eu sou da mesma opinião.Tenho várias histórias destas,desde uma "sra" que quase todos os dia ia bater à n/porta a pedir e depois descobrir que a dita se prostituia e ganhava mais que eu!Se dava para aquilo também dava para trabalhar,o mal é não se sujeitarem...Que me chamem o que quiserem, mas para este peditório não dou mesmo! Beijos
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De Jorge Soares a 23.11.2008 às 23:48

Ora nem mais, há muita gente assim, gente que utiliza qualquer esquema paar viver À custa da bondade dos outros.

Beijinho
Jorge
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De Perfume a 19.11.2008 às 17:32

Eu também me deixei de comover com pedintes. Se querem eu dou comida... e quantas vezes eu já me ofereci para pagar sandes e bilhetes de transporte e não quizeram. Aprendi que quem precisa aceita humildemente o que lhe oferecem.
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De Jorge Soares a 23.11.2008 às 23:51

Olá

Pois, as pessoas querem é dinheiro, dinheiro para os vicios, comida raramente querem.

Dinheiro não dou!

Beijinho
Jorge
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De Luz a 19.11.2008 às 19:13

Dinheiro também não dou, em exceto quando é algum caso especial, mas não a pedinte de rua. Agora se pedem comida, remédio ou alguma coisa que eu possa comprar/arranjar, aí é outra história. Agora moro em prédio e só quando vou à rua mesmo que dou-me com pedintes, mas quando morava em casa, quase sempre batiam lá pedindo coisas. Se eu tinha, arrumava, se não tinha, tentava arrumar, mas uma vez, em especial me tocou. Uma mulher bateu lá pedino um prato de comida. Normal, sempre acontecia isso. Pedi que a doméstica que trabalhava para mim na época fizesse um prato muito bem servido e desse à mulher. Depois de um tempo ela veio me devolver o prato, e quando abri o portão para pegar, olhei para a casa vizinha e lá estava mais 3 crianças e um homem, que era seu esposo. Os 5 dividiram aquele prato de comida. Meus olhos se encheram de lágrimas, peguei todo o almoço daquele dia, fiz minha doméstica servir aos 5 outra vez e refazer nosso almoço. Peguei mais algunas coisas na despensa, como leite, bolachas, coisas para lancharem depois e pedi que sempre que precisassem, voltassem. Ela disse que não voltaria porque estavam alí de passagem, e de fato nunca mais os vi. Me senti pequenininha e abençoada ao mesmo tempo, por ter em abundância o que muitos não tem nem no básico.
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De Jorge Soares a 23.11.2008 às 23:55

Olá LU.

É claro que há casos e casos, e comida não se nega a ninguém.

Beijinho
Jorge
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De Miss Pepper a 19.11.2008 às 21:05

Eu não dou dinheiro a ninguém. tenho dois bons exemplos. O de um velhote de perna engessada que andou os meus 4 anos de faculdade mais os dois de estágio a pedir no metro, sempre com aquele gesso. E outro de um cego que mora aqui ao pé de mim e cujo peditório lhe rendeu a compra de não sei quantas casas a pronto.
supostamente o Banco Alimentar era para alimentar famílias carenciadas e não creches católicas. O mal se calhar estará nessa creche que deve ser ganaciosa, não?

beijus
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De Jorge Soares a 23.11.2008 às 23:57

Olá

Já me fizeste rir.

Pois, esquemas que fazenm com que eles vivam à grande à custa de quem faz sabe-se lá quantos sacrificios para poder dar.

Beijinho
Jorge
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De AngKorVat a 19.11.2008 às 21:21

pois.concordo contigo. mas o mal de todos é que vão sempre existir pessoas que dão. é a velha questão de dar o peixe ou ensinar a pescar. se lhes damos o peixe fresco todos os dias nunca vão ter vontade de aprender a pescar. nunca passarão de mendigos.
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De Jorge Soares a 23.11.2008 às 23:59

Olá

Li algures que a rua é um vicio, as pessoas habituam-se a viver na rua, a pedir e a viver dos outros. .. além de que há muitos casos de pessoas que acumulam verdadeiras fortunas.

Enfim
Beijinho
Jorge
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De marta a 19.11.2008 às 23:20

Concordo em absoluto. Outro dia escrevi sobre isso aqui: http://contudoaqui.wordpress.com/2008/10/29/pro-c/
disse foi uns quantos palavrões a mais.
Por falar em imagem, apeteceu-me também a mim acabar com a pouca que ainda me restava. :D
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De Jorge Soares a 24.11.2008 às 00:03

Olá Marta

Shiii.... sim, uns quantos palavrões.. mas estás cheia de razão!

Beijinho
Jorge
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De Maria Eugénia Pinto a 20.11.2008 às 10:50

Eu, a pedintes de rua, arrumadores, etc - tb não dou. Mas, já paguei vários pequenos almoços, várias sandes, etc. Quando são crianças então, sou incapaz de recusar. Mas, dinheiro é muito raro dar.
Relativamente ao Banco Alimentar e outro tipo de campanhas do género, normalmente contribuo sempre na medida das minhas possibilidades. A minha mãe é voluntária no Banco Alimentar (distribui na sua área de residência) e fazem uma selecção rigorosa das famílias a quem ajudam. Não sei quais são os critérios noutros sítios mas, deveriam ser os mesmos. A minha mãe comentou comigo que nos últimos dois meses, as famílias a solicitarem a ajuda do Banco Alimentar aumentou 50%. É preocupante e, muitas delas, famílias que nós conhecemos desde sempre e que até à bem pouco tempo atrás aparentavam uma vida normal!
Beijos
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De Jorge Soares a 24.11.2008 às 00:07

Olá

É um facto que há muita gente com a corda na garganta, principalmente porque havia muito dinheiro ao alance da maioria..e as pessoas deixaram-se levar.


Não sei qual é o critério para a distribuição dos alimentos pelas instituições, mas de certeza que precisa de ser afinado.

Beijinho e boa semana.
Jorge

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