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Uma das coisas mais complicadas que pode haver na educação de uma criança é a alimentação, tive uma colega que chegava sempre irritada de manhã ao emprego. tinha uma luta diária com um diabinho de um ano que não se deixava convencer que devia engolir o pequeno almoço.

 

Há crianças que simplesmente não comem, vá lá a gente perceber porquê, mas elas não tem apetite..e isso para os pais é o maior dos dramas, vão por mim, sei do que falo.

 

Quado nos entregaram o N. com um ano de idade, ele era um bebé gorducho e bem alimentado, a vida dele resumia-se a comer e dormir, passava o dia na cama de tal modo que nem tinha cabelo atrás. A informação que nos deram era que era um bebé pachorrento que comia muito bem.... Para nós foi um choque, porque connosco não comia, com um ano não gatinhava, com 14 meses corria....era super mexido e não comia, claro, emagreceu.

 

Uma criança que não come pode ser, e normalmente é, uma fonte de desestabilização familiar, porque há sempre um pai ou uma mãe mais permissivos e o outro que acha que ele deve comer, connosco era eu que achava que ele devia comer e a P. que era permissiva. Para piorar a situação, a nossa experiência era com uma bebe que comia tudo o que lhe aparecia à frente, tudo mesmo.... a R. sempre comeu bem, de tal modo que com seis meses o médico mandou dar chá em vez de leite e papa... apesar de que agora está a ficar esquisita.

 

À medida que ele ia crescendo as coisas pioravam, porque não comia e ia inventando estratégias para não o fazer, desde o clássico passar 4 horas na mesa para almoçar, ir acumulando comida na boca até ficar com umas bochechas que nem um esquilo a guardar nozes, esperar que virássemos costas para despejar a comida para dentro do tacho, ou para o caixote do lixo. Uma das vezes encontramos o almoço dentro de um sapato... e outra nas plantas.

 

Eu sempre achei que era mania, um dia em casa dos meus pais esteve duas horas à mesa sem comer quase nada, de repente alguém falou de ir ao Parque infantil e em menos de dois minutos limpou o prato. É claro que a tensão cá em casa era enorme, acho que nunca na vida estivemos tão perto do divórcio, acreditem, uma criança assim pode dar cabo de qualquer estabilidade.

 

Com o tempo aprendemos a utilizar estratégias, quando descobrimos que ele adorava meloa, passamos a dar uma garfada de meloa e uma de carne, passamos por aquela de "não sais da mesa até terminares" e por aí fora. Uma que deu resultado por uns dias foi guardar o resto da comida para a refeição seguinte, ele sempre comeu bem ao pequeno almoço, se o deixássemos comia dois ou três pratos de papa... até que a carne  que não tinha comido ao jantar lhe começou a aparecer ao pequeno almoço.... primeiro não comeu, mas a fome é sempre boa conselheira.

 

Um dia, depois de muita conversa e muita discussão, lá arranjamos a solução, que passa por não nos chatearmos, ele só come o que quer, mas a refeição acaba ali, ou seja, não queres a carne? não comes, mas não há sobremesa.... o truque é colocar as sobremesas à vista, e de preferência as preferidas dele... quem não tem fome para a carne, não tem para a sobremesa. E o problema resolveu-se.... bom mais ou menos.. que de vez em quando ele resolve armar-se em esquisito...e continua magro!

 

Jorge

PS:Imagem retirada da internet

publicado às 22:33


1 comentário

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De wakeuplittlesusy a 06.12.2008 às 18:30

Eu passo por isso todos os dias, mas com quase 40 crianças no refeitório. Desde ter que insistir com eles para comerem vegetais, pelo menos metade do prato sa sopa, a ensinar-lhes a cortar o peixe. Há uma seman atrás foi dia de esparregado. Claro está que tive uma revolução. Eis que me lembro de lhes falar em record, e de bater palmas a cada um que acabava de comer o preto, ou que pelo menos se esforçava para experimentar, fazendo disso um acto público de coragem. E não é que todos comeram o esparregado e ainda repetiram? E eu disse-lhes " Hoje é um dia histórico na história de Portugal, pela primeira vez um grupo considerável de crianças fez um impensável: repetiram um monte verde chamado esparregado"!:)
Também me lembro de lhes falar de que tal como nós, também as maçâs têm sardas... eles não gostam na mesma, mas no meio da brincadeira lá vão comendo.
Beijinhos
Su

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