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Protegemos os nossos filhos de quê?

por Jorge Soares, em 05.01.09

 criança super protegida

 

Na sexta Feira em conversa com a Sónia e com o Miguel, a propósito de um telefonema de um dos filhos da Sónia, a conversa derivou para a forma como actualmente encerramos as nossas crianças em autênticas redomas de vidro para as proteger de um mal que se pensarmos bem, não sabemos bem qual é. Note-se que eu disse protegemos, porque eu faço o mesmo.

 

Tinha eu seis anos quando entrei para a escola, lá na aldeia a escola ficava a 1 quilómetro e meio mais coisa menos coisa, claro que ia-se a pé, pelas bermas da estrada nacional que numa boa parte passava pelo meio dos pinhais e eucaliptais. A minha mãe acompanhou-me no primeiro dia e depois eu ia e vinha, todos os dias fosse inverno primavera ou verão.

 

Os meus filhos tem 8 e 9 anos, a escola é a uns 300 metros de casa, mas é claro que está fora de questão eles irem ou virem sozinhos. Na verdade, eu olho para eles e é claro que não os vejo capazes de irem sozinhos a pé para a escola.... mas a minha mãe, e as mães de todos os meus vizinhos, maiores e mais pequenos, olharam para nós com 6 anos e acharam que éramos crescidos o suficiente para andarmos quilómetros a pé, todos os dias de casa até à escola. O que mudou?

 

Podem dizer que isso era na aldeia e que na cidade não é assim, bom, tinha eu 10 anos quando fui viver para Caracas, uma cidade com uma criminalidade assustadora,.... e eu ia a pé de casa para a escola, e o meu irmão com 7 anos ia e vinha a pé para a escola... primeiro sozinho e depois comigo, o irmão mais velho que tinha 11 anos. 

 

Depois do almoço com a Sónia eu fiquei a pensar, existe mesmo um perigo real para os nosso filhos, ou somos nós que somos uns exagerados? Vivemos numa sociedade assim tão perigosa?, e esse perigo vem de onde? É que puz-me a pensar e não consegui perceber de onde vem esse perigo. E toda essa sobreprotecção que estamos a dar às nossas crianças, esse encerramento numa redoma que os isola do mundo, não será mesmo mais perigosa que os perigos de que os queremos proteger?

 

Olho para os meus filhos e vejo duas crianças espertas, tem uma serie de capacidades que eu adquiri muito mais tarde, dominam o computador melhor que muitos adultos que conheço, mas que não são capazes de ir comprar o pão à padaria da esquina, ou ir a pé para a escola, ou se vão levar o lixo eu não fico descansado enquanto eles não voltam.

 

No ano que vem a R. vai para o ciclo, evidentemente a mãe e eu haveremos de arranjar maneira de a ir deixar e buscar todos os dias. Com 10 anos eu fui para o ciclo, que ficava a 10 Kms, como os horários dos autocarros não davam, à volta eu tinha que apanhar um autocarro alternativo que me deixava a 2 Kms de casa, e depois ir a pé pelo meio dos campos e pinhais sozinho... isto depois de atravessar a estrada nacional numero 1 que era a unica via que unia o Porto a Lisboa.

 

Os pais dos meu tempo eram mais irresponsáveis ou nós somos uns exagerados? E quando crescerem, os nossos filhos super protegidos, que até certo ponto crescem a leste do mundo e das suas realidades, esta geração do panda, do Disney chanel e dos morangos com açúcar, vão saber enfrentar a vida e o mundo real? .....às vezes  tenho sérias dúvidas.

 

Jorge

PS:imagem retirada da internet

publicado às 21:48


31 comentários

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De marta a 06.01.2009 às 09:41

Eu andava 3 Km a pé na ida e outros tantos na vinda da escola primária. Umas vezes sozinha outras acompanhada. Com 10 anos fui para o ciclo e o autocarro era antes das oito da manhã e o de regresso depois das 5 da tarde. Para completar a viagem, a minha casa ficava a 1 Km da paragem... Não morri, fiz muitas asneiras nessas horas livres e aprendi a ser responsavel, mas era duro.
Os tempos mudaram, estão mais perigosos não duvido, mas isso não justifica que se criem inúteis. Poupar mais as crianças sim, sem duvida, mas dar-lhes liberdade, dar-lhes responsabilidades. Mostrar-lhes o mundo, porque se não o fizermos, os perigos só irão aumentar. Um dos maiores perigos está na ignorância que têm sobre o que os rodeia e no facto de acreditarem que estará sempre alguém para lhes fazer tudo. Os poucos casos que conheço em que há um meio termo aplicado, são os miúdos mais interessantes. Pelas conversas "adultas" e visão do mundo real que eu não tinha e pelas asneiras que fazem, que são necessárias ao seu crescimento e em muito parecidas com as que eu fiz à 20 anos.

Parabéns pelo post!
Feliz 2009!

Beijinhos!
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De Jorge Soares a 08.01.2009 às 00:10

Olá Marta

Sabes o que eu penso?...sim, os tempos mudaram, mas as coisas não mudaram assim tanto, acho que o que mudou foram as nossas mentalidades.

A P.diz que antes os pais eram uns irresponsáveis, eu acho que não, os de agora é que são, que criam filhos que vivem noutro mundo e expostos aos perigos de outros mundos... mas eles acham que assim os protegem... a mim não me parece.

Beijinho
Jorge

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