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Leilão de clientes de electricidade

Imagem do Público 

 

Sim, eu fui um dos que aderiu no site da Deco, um dos 500 mil, aderi porque achei que era uma ideia interessante e porque acreditei que dali ia realmente sair algo de positivo.. Como a muita gente achei que umas centenas de milhares de clientes seria algo apelativo para as empresas eléctricas. 

 

Achei um bocado estranho quando li que a EDP estava a ponderar se participaria ou não no leilão, na altura a coisa já ia em mais de 300 mil inscritos e não estava a ver como é que eles tinham dúvidas... . A DECO é uma associação de defesa do consumidor, é verdade que também é aquela empresa que semana sim semana não, me inunda a mailbox com spam, mas pronto, pareceu-me que esta vez, spam à parte, até poderia sair de ali algo positivo... engano meu.

 

Hoje saiu a público que a DECO, a associação de defesa do consumidor, tinha umas letras pequeninas no leilão, sim, devem ser letras pequeninas , porque quando eu me inscrevi não vi referência a isso em lado nenhum..e sim, se tivesse visto não sei se me inscrevia, letras pequeninas que diziam que a empresa vencedora teria que pagar 15 Euros por cada contrato assinado. Ora, 15 Euros vezes 500 mil contratos são qualquer coisa como... mais de sete milhões de Euros.

 

É claro que ter ideias custa dinheiro.. mas 15 Euros por contrato?... se tivessem pedido 1 euro por contrato eram 500 mil Euros... uma pipa de massa, até era coisa que se aceitasse, mas 15 Euros?

 

É claro que com este valor, os fornecedores eléctricos foram desistindo e no fim restou uma empresa no leilão... ora, para mim um leilão com um único licitante tem outro nome, adjudicação...  e toda esta história do leilão eléctrico passou a anedota.

 

Não sei que preços terá a empresa vencedora, mas aposto que arranjo mais barato na concorrência.. e mesmo que não arranje, eu não gosto de ser tomado por parvo, se alguém quer ganhar dinheiro à minha custa, faz favor de me avisar primeiro, já basta o spam.

 

Update: Hoje anunciaram os valores apresentados pela Endesa, no meu caso e como tenho tarifa bi-horária, teria uma desconto de 1,5 %, ou seja, quase podia dizer que os 15 Euros que a Deco embolsaria se eu assinasse o contrato seriam mais que o que eu iria poupar.. ridículo.

 

 

Jorge Soares

publicado às 22:43

O auto da Barca do Relvas

por Jorge Soares, em 06.01.13

O auto da Barca do relvas

 

O seguinte texto é uma adaptação do «Auto da Barca do Inferno» de Gil Vicente, feita por três alunos do 9º D da Escola EB23 Dra. Maria Alice Gouveia, de Coimbra numa aula de Português. Gonçalo, Filipe e Carolina estão no 9º ano e tiveram direito a uma publicação na biblioteca digital da escola  que merece ser partilhada:

 


Vem Miguel Relvas conduzindo aos zigue zagues o seu Mercedes banhado a ouro e sai do carro com o seu diploma na mão. Chegando ao batel infernal, diz: 

 

RELVAS – Hou da barca!
DIABO – Ó poderoso Doutor Relvas, que forma é essa de conduzir?
RELVAS – Tirei a carta de scooter e deram-me equivalência. Esta barca onde vai hora?
DIABO – Pera um sítio onde não hai contribuintes para roubar!
RELVAS – Pois olha, não sei do que falais… Quantas aulas eu ouvi, nom me hão elas de prestar?
DIABO – Ha Ha Ha. Oh estudioso sandeu, achas-te digno de um diploma comprado nos chineses ao fim de três aulas?
RELVAS – Um senhor de tal marca não há de merecer este diploma?
DIABO – Senhores doutores como tu, tenho eu cá muitos.


Miguel Relvas, indignado com a conversa, dirige-se ao batel divinal.


RELVAS – Oh meu santo salvador, que barca tão bela, porque nom eu dir eu nela?
ANJO – Esta barca pertence ao Céu, nom a irás privatizar!
RELVAS – Tanto eu estudei, que nesta barca eu entrarei.
ANJO – Tu aqui não entrarás, contribuintes cortaste, dinheiro roubaste e um curso mal tiraste.


Relvas, sem alternativa, volta à barca do Diabo.


RELVAS – Pois vejo que não tenho alternativa. Nesta barca eu irei…Tanto roubei, tanto cortei, não cuidei que para o inferno fosse.
DIABO – Bem vindo ao teu lar, muitos da tua laia já cá tenho e muitos mais virão. Entra, entra, ó poderoso senhor doutor magistrado Relvas. Pegarás num remo e remarás com a força e vontade com que roubaste aos que afincadamente trabalharam.

Gonçalo, Filipe e Carolina 
Turma 9º D
Escola EB23 Dra. Maria Alice Gouveia
Coimbra

 

Quem diz que a juventude está perdida? com jovens como estes algo resta de esperança para o futuro deste pais.

 

Jorge Soares

publicado às 21:29

Trabalho é trabalho... sexo é trabalho!

por Jorge Soares, em 19.12.12

Ferida durante o sexo

 

Imagem de aqui 

 

De certeza que na Austrália não conhecem o nosso ditado popular "Trabalho é trabalho conhaque é conhaque". O caso é relativamente simples. Durante uma viagem profissional, uma funcionária pública australiana conheceu um senhor, uma coisa levou à outra e terminaram numa cama de hotel.

 

Durante a relação sexual, que não sabemos se terá sido muito ou pouco atribulada, um candeeiro desprendeu-se da parede e feriu a senhora que para além das marcas físicas, ficou com graves sequelas emocionais que a tem mantido afastada do trabalho.

 

Como a coisa se deu durante uma viagem profissional, a senhora alega que os ferimentos físicos e emocionais são produto de um acidente de trabalho, isto apesar de não constar que a senhora fosse uma trabalhadora sexual. Como tal, todos os custos decorrentes do mesmo, incluindo as faltas ao emprego, deverão ser pagos pelo seguro da entidade empregadora, neste caso o estado Australiano.

 

Levado o assunto ao tribunal, um juiz  acaba de decretar que sim senhor, há lugar aos pagamentos, porque independentemente do lugar e das circunstâncias do lamentável (ou não {#emotions_dlg.lol}) acidente, este se deu durante uma viagem profissional.

 

Pensando bem, imaginemos que o candeeiro lhe tinha caido encima quando ela estava simplesmente a dormir sozinha na cama do hotel.. seria ou não acidente de trabalho?.... ou que ela tinha escorregado ao entrar no hotel e tinha partido uma perna?..  a diferença é ela não estar sozinha na cama?

Trabalho é trabalho,.. neste caso, sexo é trabalho!{#emotions_dlg.amazed}

 

Jorge Soares

publicado às 22:20

Adriana Xavier a miúda da manifestação

Imagem do Blog  Pedro Rolo Duarte

 

A imagem correu mundo, e não é para menos, um polícia apalpado por uma beldade no meio de uma multidão não é algo que se veja todos os dias...

 

Divulgada até à exaustão (mea culpa também) na blogosfera e no facebook, aquela fotografia tirada por José Manuel Ribeiro tornou-se o símbolo da luta contra a austeridade e a TSU. A beldade, Adriana Xavier de seu nome, teve direito aos seus cinco minutos de fama, com direito a entrevistas em tudo o que era meio de comunicação.

 

Na altura a Jonas reparou num detalhe importante e neste post perguntava-se se "o Policia tinha mel", já que circulavam pela net não uma, mas duas miúdas giras a apalpar em momentos diferentes o mesmo  policia no meio da multidão.

 

Curiosamente, na altura não li nem ouvi ninguém a queixar-se ou a burlar-se das entrevistas que a menina Sónia deu aos vários jornais e outros meios de comunicação, mas bastou que aparecesse uma entrevista um bocadinho mais cor de rosa na revista Lux, para que caísse o Carmo e a trindade...e já todo mundo, acha que todo aquele apalpanço ao polícia teve pouco de revolucionário e inocente e muito de falso....

 

Não li a entrevista na revista cor de rosa, não faço ideia se as repostas foram mais para o inteligente ou mais para o estilo Casa dos Segredos, mas juro que não percebo qual é a diferença entre aquelas entrevistas aos vários jornais diários e esta.

 

De resto, com tantas mulheres a quererem apalpar o senhor polícia, o que eu não entendo é porque é que ninguém até agora o quis entrevistar, era giro ouvir o outro lado da história de tanto apalpanço... não?

 

Jorge Soares

 

Update: Já estava nos comentários do Post da Jonas, que eu não tinha lido, aparentemente não foram duas raparigas a abraçar o Polícia, foi a mesma que primeiro posou de cabelo comprido e depois de cabelo apanhado... vá lá a gente perceber porquê. O meu obrigado ao anónimo que nos esclareceu

publicado às 21:24

O Homem das 4 viúvas

 

A notícia é do Correio da manhã e portanto vale o que vale. Hoje à hora do almoço reparei na capa do jornal em cima de uma mesa  "Morto em assalto deixa 4 `viúvas´".. quatro?... e achava a malta que o Otelo com as suas duas famílias é um homem de coragem... afinal, parece que há quem tenha ainda mais coragem


O senhor ali da fotografia era assistente de voo na TAP e foi morto a tiro quando tentava impedir que assaltassem a sua mulher... bom, pelos vistos não era a sua mulher, era só uma das suas mulheres.


O assaltante foi capturado no mesmo dia do assassinato e está a ser julgado no tribunal de Sintra, acontece que na hora de apresentação de familiares ao tribunal, não só apareceu a senhora que foi assaltada, como apareceram, até agora, mais três senhoras que reclamam,supõe-se que com provas, que viviam em união de facto com o senhor.


É claro que o facto de em vida o senhor ser abastado ,de não ter filhos nem mais herdeiros conhecidos e de se prever que o tribunal venha a condenar o assassino ao pagamento de uma indemnização à família, deve ter algo a ver com este súbito aparecimento de viúvas.


Há tanta gente que não consegue conviver em paz com uma... e este senhor dava-se ao luxo de manter pelo menos 4 mulheres, aparentemente felizes, na sua vida.. é obra...e digno de um qualquer super homem.

 

Jorge Soares

 

PS:Sim, eu sei, é um post parvo, mas estou farto da crise, do governo, da TSU... farto.

publicado às 21:12

Hoje serve-se austeridade ao jantar

por Jorge Soares, em 07.09.12

Austeridade e tristeza

Imagem do Facebook

 

 

O primeiro-ministro vai anunciar às 19h15 desta sexta-feira novas medidas de austeridade destinadas a equilibrar as contas públicas


Lá vamos nós ficar com o jantar estragado, porque é que o raio do gajo não anuncía as medidas a meio da tarde ou a meio da manhã à hora da missa? Sempre se poupava uma pipa de massa em medicamentos para a indigestão.

 

Sobre a ideia de apresentar estas coisas em dia de jogo de futebol com o Luxemburgo já nem falo, recuso-me a acreditar que não seja coincidência... recuso-me a acreditar que quem está à frente de um país ao borde do precipício se lembre que existe o futebol...... sim, eu sei, sou um lírico.

 

Jorge Soares

publicado às 16:16

Por vezes os genes não explicam tudo

por Jorge Soares, em 29.06.12

Bebe loiro e de olhos azuis nasce de pais negros

 

Imagem de Terra 

 

Acreditem ou não, a fotografia acima é a de uma família feliz, a bébe do centro, branca e de olhos azuis, chama-se British Nmachi Ihegboro é o rebento mais novo do casal Angela e Benjamin Ihegboro e irmã das duas outras crianças.

 

Apesar de ter pais negros oriundos da Nigéria e sem ascendentes brancos, Nmachi, que significa "beleza de deus", nasceu no Sul de Londres, loira e de olhos azuis. A mãe considera este nascimento um milagre de deus e o pai, que confia plenamente na sua mulher, diz sem margem para dúvidas que a criança é sua filha.

 

Já o  professor Bryan Sykes, director de Genética Humana da Universidade de Oxford, chamou o nascimento de "extraordinário", já que este tipo de situações costuma acontecer nos casos em que os pais tem algum tipo de ascendência genética branca, o que não é o caso destes pais oriundos da Nigéria.

 

Toda esta história fez-me lembrar uma anedota que li há muito tempo atrás, acontecia numa aldeia africana e tinha como protagonistas um padre, o único branco da aldeia, um bebé branco e um rebanho de ovelhas brancas com umas crias negras. Terminava assim:

 

- Está bem padre, eu não falo a ninguém dos seus encontros com a minha mulher e o senhor não fala a ninguém dos meus encontros com as ovelhas.

 

Confesso, tive algumas duvidas na forma de encarar este assunto, não me conseguia decidir se devia valorizar a confiança cega do pai na mãe da criança ou o facto de em casos como estes os genes não explicarem tudo... a menos claro que alguém peça uma análise de ADN.

 

Uma coisa é certa, duvido que neste caso alguém tenha tido alguma duvida sobre se o rebento era mais parecido com o pai ou com a mãe... é que basta olhar para a fotografia para se perceber logo que ela é igualzinha aos irmãos.... ou não!

 

Update: A maioria das pessoas tem o mesmo pensamento que eu tive, a criança é albina, no entanto, em várias das noticias que referem o caso pode ler-se o seguinte: Segundo os especialistas do Hospital Queen Mary, a menina não é albina

 

Jorge Soares


publicado às 22:23

Primeiro Ministro Francês, Jean Marc Jean-Marc Ayrault

Imagem do Público

 

O senhor ali da fotografia chama-se Jean-Marc Ayrault, e é o Primeiro Ministro Francês, a França tem um primeiro ministro?, hoje o senhor foi notícia não pelas qualidades políticas das suas propostas ou por alguma decisão que tenha tomado, mas porque parece que em Árabe a palavra Ayrault significa pénis.

 

Sabendo nós o sensível que os árabes são a estas coisas, principalmente quando elas vem do ocidente, dá para perceber as dores de cabeça que estão a ter neste momento os responsáveis das redacções dos meios de comunicação por esse oriente fora.... cheira-me que o senhor não vai ser notícia muitas vezes . Não é que o Primeiro Ministro Francês seja notícia muitas vezes... mesmo por cá raramente ouvimos falar dele.. chame-se como se chame.

 

Mesmo assim tem mais sorte que Akbar Zeb, diplomata do Paquistão que foi rejeitado em vários países do médio oriente porque em Árabe do médio oriente o seu nome significa “a maior pila”....{#emotions_dlg.amazed}

 

Isto fez-me lembrar uma ex colega da minha meia laranja que é oriunda da Venezuela e é professora na Universidade do Algarve, de vez em quando esquecia que a palavra "Pila" tem significados diferentes em Castelhano e em Português e nas aulas de informática passava a vida a tirar e a colocar coisas na pila, em vez de na pilha....  estão a ver a cara dos alunos? {#emotions_dlg.lol} 

 

Jorge Soares

publicado às 22:50




A resposta brilhante de Bruno nogueira a isto

publicado às 21:26

Conto: Preparativos de uma morte anunciada

por Jorge Soares, em 07.04.12

 Conto: Preparativos de uma morte anunciada

Imagem da internet

 

— Onofre, acabei de pegar teu exame. O médico disse que você vai morrer em uma semana.

— Hein?! O quê?!

— Você morre terça feira que vem. Dia 25. Dia do soldado.

— Mas... que coisa horrível!

— Horrível por quê? Melhor que morrer, sei lá, no dia do Índio. No dia da Secretária. No dia do Ginecologista.

— Meu Deus! Vou morrer em uma semana e você me conta assim, na bucha, sem me preparar?

— Deixa de ser infantil, Onofre. Você não é prato de bacalhau pra eu te preparar.

— Uma semana... Eu estou chocado! Se bem que...

— O quê?

— Quer saber? De certa forma foi bom saber logo. Assim aproveito o tempo que resta. Vou viajar, beber e comer tudo que eu tenho direito.

— Aí é que está, Onofre. Você vai ter que fazer dieta.

— Dieta?!

— Pra emagrecer. O caixão que a gente tem não é seu número. Com essa barriga, você não entra naquele ataúde de jeito nenhum. Só entra de lado. Você quer ser enterrado de lado, Onofre?

— Claro que não! Mas... não dá pra trocar de caixão?

— É da loja do teu primo. Fui do médico direto pra lá, e foi o que ele me deu. Ele só trabalha com modelagem única e a gente não tem dinheiro pra comprar outro.

— Mas não é justo! Tenho que fazer regime na última semana da minha vida?

— E ginástica. E cooper. Talvez até balé — que só regime não vai dar conta dos 15 quilos que você precisa perder. Já te matriculei numa academia.


— Mas...

— Outra coisa. Não esquece de começar a convidar as pessoas pro velório.

— Eu?!

— É, ué. Não é você que vai morrer? Era só o que me faltava... você é que vai morrer e eu é que tenho o trabalho... Aliás, por falar em trabalho, arranja um bico extra essa semana pra conseguir dinheiro — pra pagar a dívida do mercado.

— Peraí... regime, ginástica, e agora... trabalho extra? Eu estou doente, estou cansado!

— Deixa de frescura, Onofre. Daqui a uma semana você vai ter tempo de sobra pra descansar. E se eu não pagar essa dívida, o seu Joaquim disse que me mata.

— Ele disse isso?

— Disse. E pode me matar em menos de uma semana. E aí eu vou ser enterrada no seu caixão. E você fica sem dinheiro pra comprar outro caixão. E aí você não vai ser enterrado. Vai ficar por aí, pelas ruas, em processo de decomposição.

— Meu Deus!

— Mais uma coisa. Você vai ter que visitar a tia Augusta.

— Ah, não! Visitar a tia Augusta não! Estou brigado com ela, você sabe disso.

— Vai na quinta feira. Já marquei.

— Assim não dá! Eu, pensando que ia passar uma semana boa, tranqüila, esperando pra morrer... mas nada. Já vi que vai ser um inferno. E se eu não for na casa da tia Augusta?

— Ela vai se sentir culpada por não ter feito as pazes antes de você morrer. E vai acabar morrendo de desgosto.

— E eu com isso? Não quero saber.

— Não quer saber? Acontece que está provado que uma pessoa leva, em média, uns seis meses pra morrer de desgosto.

— E daí?

— Daí que daqui a seis meses é o casamento da tua filha. E se a tua tia morrer, a gente vai ter que adiar o casamento. E se a gente adiar é capaz do noivo desistir de casar. Se ele desistir, tua filha vai ficar arrasada e pode sair por aí namorando o primeiro que aparecer na frente. E o primeiro que aparecer na frente pode ser um drogado. E tua filha pode virar uma drogada. E daí para o crime e para a prostituição é um passo. E daí ela pod...

— Chega! Eu vou visitar a tia Augusta!

— Ótimo.

— Que mais? O que mais você quer que eu faça nessa semana? Já tá perdida mesmo...

— Mais nada. Só cavar sua cova — pra economizar no coveiro, que coveiro está saindo pela hora da morte.

— Deixa eu anotar, senão esqueço... com tanta coisa... Cavar a cova.

— E não esquece de, no dia da tua morte, ir pro lugar do velório cedo. Pra morrer lá mesmo... pra gente também economizar no transporte do corpo. Vai de ônibus.

— Mas...

— De preferência atrás, agarrado no pára-choque, pra não pagar.

— É uma boa... No pára-choque. Só uma coisa. Uma dúvida.

— Fala.

— E se, por um acaso... eu não morrer?

— Tá maluco, Onofre? Depois desse trabalhão todo? Nem pensa nisso! Esquece essa possibilidade!

— É que de repente...

— De repente uma pinóia! Vê lá, hein, Onofre? Não vai me fazer a gracinha de aparecer no teu velório... vivo!

 

Elisa Palatnik

 

Retirado de Releituras

publicado às 21:06


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