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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Confesso, eu estava um pouco céptico sobre o que iria acontecer na Grécia no dia a seguir à eleição do Syriza, é muito difícil fazer omeletas sem ovos e na Grécia os dois programas de ajuda e a insistência na austeridade, deixaram o país e o povo grego numa situação da que dificilmente conseguirão sair sozinhos.
O certo é que Alexis Tsipras parece que tem como lema não deixes para amanhã o que podes fazer já, logo na quarta feira, o dia a seguir a ser empossado como primeiro ministro, foram anunciadas as seguintes medidas:
-Aumento imediato do salário mínimo de 586 para 751 Euros, valor que tinha antes da austeridade
-Repor aos contratos colectivos.
-Devolver o emprego a 3500 funcionários públicos despedidos de forma ilegal
-Voltar a contratar as funcionárias da limpeza dos ministérios que tinham sido despedidas.
-Dar a nacionalidade Grega aos filhos dos imigrantes que nasceram na Grécia
-Fim do pagamento de um Euro por receita médica emitida.
-Fim das taxas moderadoras no acesso à saúde
-Devolver o acesso ao sistema nacional de saúde aos 3 milhões de gregos que tinham ficado de fora e que só tinham acesso às urgências
-Paralisar as diversas privatizações em curso.
Isto tudo foi só no primeiro dia, entretanto nega-se a negociar com a Troika, só aceita negociar com a Europa e já levou a que nos corredores da união Europeia se fale em que a Troika, pelo menos na sua actual configuração, não continuará a existir.
É muito cedo para se tirarem conclusões, mas não há duvida que estes governantes gregos representam mesmo uma mudança na forma de governar e de enfrentar os problemas. Não será certamente fácil, mas parece-me que a primeira batalha está ganha, a Europa, não sei se toda a Europa, mas uma boa parte da Europa que manda e decide, já percebeu que o que se está a passar na Grécia é mesmo a sério e que estes governantes terão que ser levados muito a sério.
É evidente que há muita gente que não gosta do que se está a ver, governantes como Passos Coelho não gostam, primeiro porque tem medo que estes gregos mostrem que afinal e ao contrário do que temos ouvido desde há 4 anos para cá, poderá haver outros caminhos,.. e havendo outros caminhos que funcionem, quem insistiu de uma forma teimosa e cega nestes, irá sempre ficar mal na fotografia...
Também não gostam porque se o Syriza tiver sucesso, vai haver muita gente que irá finalmente acreditar que afinal os políticos não são todos iguais e que pode haver entre quem nunca governou quem seja capaz de fazer melhor.... e isso pode ser um rastilho para que apareçam outros Syrizas noutros países.
O que mudou na Grécia? Não houve tempo para muito, mas parece-me que mudou principalmente a crença de que é possível bater o pé a quem se acha dono da Europa e que o destino dos povos não se traça nos gabinetes de organismos internacionais, traça-se na mesa das negociações e com a participação dos interessados.
Posso estar enganado, mas nada voltará a ser como antes, nem na Grécia nem na Europa, bem haja pelo povo grego que foi capaz de eleger outros
Jorge Soares
Imagem de aqui
Já é definitiva a vitória do Syriza nas eleições Gregas, ainda há algumas duvidas sobre se terá ou não a maioria absoluta, faltam-lhe dois deputados, mas de uma coisa não restam duvidas, há um claro virar de página e um arrumar dos partidos tradicionais que levaram o país ao descalabro económico.
O discurso de vitória de Alexis Tsipras foi muito claro, a Grécia vai deixar a austeridade para trás, mas havia mais promessas de ruptura com o passado recente e com as imposições da Troika, nomeadamente e entre outras coisas: contratar os funcionários públicos que foram despedidos, repor os cortes de salários e pensões, aumentar o valor do subsídio de desemprego e do salário mínimo nacional... para além da renegociação da dívida pública.
Resta saber se e como tudo isto será possível, apesar de que o governo actual garante que a Grécia saiu da crise, a realidade parece estar muito longe disso, com um programa de assistência que termina no fim de Fevereiro e uma dívida publica que apesar de já ter sido renegociada é superior a 150% do PIB, será muito difícil senão impossível que a Grécia por si só e sem a ajuda da Troika, consiga seguir em frente.
A saída do Euro foi deixada cair pelo Syriza durante a campanha eleitoral, ao manter-se dentro da moeda única há metas e medidas que obrigatoriamente tem que ser cumpridas e que de certeza impedirão que seja possível cumprir com a maioria das promessas eleitorais de Tsipras.
O novo governo grego terá sim ou sim que negociar com Bruxelas e os restantes parceiros da Troika, desde o meu ponto de vista o primeiro a negociar são os valores e/ou os prazos de pagamento da enorme dívida pública, não há forma nenhuma de levar em frente o que foi prometido durante a campanha eleitoral e continuar a pagar juros e divida ... e isso vai ter que ser aceite pela Grécia e pela Troika, vão ter que haver cedências sim ou sim de parte a parte.
Existe claro a alternativa de simplesmente deixar de pagar, sair do Euro e tentar seguir em frente, mas como se consegue isso sem dinheiro?
Esta vitória do Syriza criou uma enorme expectativa não só na Grécia mas também nos restantes países do Sul da Europa que vêem ali um exemplo a seguir, os próximos tempos dirão se é mesmo possível mudar o rumo.
Eu espero que sim, para ver se de uma vez por todos poro cá também se passa a creditar que há mais vida para além de PS, PSD e CDS.
Jorge Soares
Imagem do El País
Os senhores ali da fotografia são Alexis Tsipras e Pablo Iglesias, lideres respectivamente do Syriza, que a julgar pelas sondagens deverá ser o partido vencedor nas eleições gregas que se realizam no próximo Domingo e do Podemos, partido espanhol que tem liderado algumas sondagens.
Ambos os partidos se posicionam na extrema esquerda e ambos baseiam as suas propostas no fim da austeridade e numa mudança das relações dos seus países com a Europa, sendo que o Syriza à medida que foi subindo nas intenções de voto foi moderando as suas propostas, a saída da Grécia do Euro foi uma das promessas que caiu.. ainda que haja quem pense que esta hipótese voltará logo que se conheçam os resultados das eleições.
Podemos começou por ser um partido com ligações umbilicais a Chavez e ao comunismo Bolivariano da Venezuela, terá sido da América do sul de onde veio nos últimos anos a maior parte do financiamento, tal como o Syriza, à medida que foram subindo nas intenções de voto, foram mudando a agulha e distanciando-se das ideologias e soluções económicas de Chavez e do seu herdeiro Nicolás Maduro.... neste momento já há quem desde Caracas lhes chame traidores por renegarem quem lhes deu a mão e os fez crescer.
Acho que não restam dúvidas sobre a vitória do Syriza no próximo Domingo, o que acontecerá a seguir e a forma como evoluir a situação na Grécia marcará de certeza o futuro da Europa e acredito que terá muitíssima influência no futuro do Podemos.
As eleições espanholas estão previstas para Novembro, a situação politica e social na Espanha tem pouco que ver com a da Grécia, eu tenho sérias dúvidas que Pablo Iglésias e o seu partido venham a ter nas urnas a expressão que parecem ter nas sondagens,.. a mudança do discurso a nível económico que operaram nos últimos meses. A ligação ao chavismo e a situação actual na Venezuela e até alguns podres dos lideres e do seu entorno que entretanto foram aparecendo, vão de certeza fazer os espanhóis ponderar muito bem na hora de votar. Do meu ponto de vista o futuro do Podemos estará mais perto do do Bloco de esquerda português do que do Syriza Grego... mas a minha opinião vale o que vale.
Uma vitória do Syriza e uma transição pacifica na Grécia seriam de certeza muito bem aproveitadas pelo Podemos, resta saber se essa transição pacífica é possível, se Alexis Tsipras se vai limitar ao que foi prometendo na campanha eleitoral ou se haverá realmente uma agenda secreta que inclui a saída do Euro.....
A vitória destes dois partidos nos seus países traria de certeza uma enorme mudança no panorama político europeu, mas estarão os europeus preparados para mudar assim tanto?
Jorge Soares
Imagem do Público
"Como podemos acreditar em alguém que liderou o Luxemburgo na época em que este serviu de paraíso fiscal para mais de 300 empresas?"
Terá sido mais ou menos esta a pergunta que alguém fez a Jean-Claude Juncker quando este hoje se apresentou quase como o paradigma da justiça europeia contra a fraude fiscal.
Depois de uma semana em silêncio, o agora presidente da união europeia decidiu que o melhor mesmo era a fuga para a frente e veio a publico apresentar uma campanha europeia contra a evasão fiscal e os regimes especiais que permitem às empresas pagar menos impostos.
Do pouco que ouvi concordo com o senhor numa coisa, este tipo de situações só acontece porque não há na Europa uma verdadeira harmonização fiscal, enquanto não houver uma convergência real a este nível, as empresas irão sempre fugir para os países onde a situação lhes seja mais favorável, afinal o objectivo de qualquer empresa é o lucro e a menos impostos, mais lucro.
Mas isto não implica que este mesmo Juncker que agora se apresenta como o lutador contra a fraude, não tenha sido o mesmo que durante anos se aproveitou dessa mesma fraude para ter condições excepcionais e muito dinheiro para governar.
Ele pode dizer o que queira, mas não me parece que ele não soubesse de onde vinha o dinheiro que criava as condições para que o Luxemburgo tivesse um enorme crescimento económico. Há quem diga que o que se fazia no Luxemburgo não era crime, era só uso e abuso de métodos legais, mas a verdade é que com eles as empresas lucraram milhões, milhões esses que deixaram de entrar nos países de origem e que de certeza os prejudicaram na mesma forma em que beneficiavam o Luxemburgo.
A união Europeia abriu um processo de investigação contra o Luxemburgo, processo que dificilmente dará em algo, mas a verdade é que Juncker fica muito mal na fotografia, é que um ex primeiro ministro e agora presidente da união europeia, não só deve ser sério, deve também parecer... e convenhamos que visto desde aqui, não parece lá muito.
Jorge Soares
Imagem retirada da internet
Não, as pessoas lá ao fundo em cima da rede não são espectadores do jogo de golfe, a fotografia foi tirada algures em Melilla, uma das cidades espanholas no norte de África. A rede na que estão sentadas aquelas pessoas é "la Valla", uma cerca de arame protegida com arame farpado e vigiada dia e noite pela guardia civil espanhola do lado Europeu e pela policia marroquina do lado Africano.
Aquela rede está ali para evitar que as milhares de pessoas que provenientes da África sub-saariana se vão acumulando nas cidades marroquinas à espera de uma oportunidade para de alguma forma conseguirem saltar para o outro lado e conseguirem ter sonhos.
De há uns tempos para cá a forma de tentar passar a rede consiste em formar grupos de dezenas e até centenas de pessoa e assaltar a cerca desbordando os policias marroquinos pelo número. Apesar destes e do arame farpado há quem consiga passar, mas há quem como no caso da fotografia, não o consiga fazer antes da chegada da policia espanhola.. e ficam ali, sem querer voltar para trás, mas sem poder seguir em frente sem cair nas mãos da guardia civil que os espera do lado de cá.
Há quem tenha passado quase um dia em cima de um daqueles postes, até que vencido pelo cansaço se deixou cair... se tiver sorte e cair para o lado espanhol, será levado para um dos centros de acolhimento e com alguma sorte, pode até obter o estatuto de refugiado, a sorte de quem cai para o lado marroquino não é fácil de adivinhar, há quem esteja ali no dia a seguir para tentar de novo.. e há quem vá parar a milhares de kms algures numa fronteira a sul.
Mas o que mais me chamou a atenção na fotografia foi a forma desinteressada como os golfistas, aqueles que de certeza nunca tiveram que lutar muito para poder ter uma vida, continuam a jogar apesar do drama que se passa ali a umas poucas dezenas de metros.
De resto, é esta mesma indiferença a que se vive em toda a Europa, apesar das dezenas de vezes em que isto já aconteceu, quantas vezes foi noticia em Portugal?
Há uns tempos morreram centenas de pessoas num naufrágio de um barco carregado de imigrantes em Lampedusa, uma ilha italiana, entretanto a Itália para evitar outras tragédias como esta, colocou em marcha uma operação em que resgata e auxilia estes emigrantes dos frágeis barcos nos que se aventuram na travessia do mediterrâneo. Para espanto de muita gente, o governo inglês acusou o italiano de estar a desperdiçar o dinheiro europeu e a incentivar a vinda de imigrantes... palavras para quê?
Jorge Soares
Imagem do Público
E de repente tudo passa a ser relativo, li e ouvi muitas vezes que na Europa o ébola seria uma doença relativamente fácil de controlar, ao contrário do que acontece em África, o sistema de saúde europeu estaria preparado para conter a doença de uma forma relativamente fácil.
Quando há pouco no telejornal ouvi um senhor espanhol a dizer que uma auxiliar de enfermagem entrou duas vezes no quarto onde esteve um doente com ébola, uma para medir a tensão e outra para buscar equipamento médico após a morte do doente, e isso foi suficiente para ficar contagiada, todas as certezas simplesmente desapareceram.
O primeiro que me veio à cabeça foi: "Se calhar eles não percebem assim tanto sobre as formas de contágio como querem fazer parecer". Se no ambiente controlado de um hospital europeu um profissional de saúde que se supõe estar equipado e preparado para se proteger é contagiado após ter entrado no quarto duas vezes, o que dizer do resto do mundo?
Evidentemente agora baralham-se todas as hipóteses, desde ter sido um erro humano até ao pormenor dos fatos utilizados para proteger o pessoal sanitário não serem os mais adequados.
Quer-me parecer que havia na Europa um excesso de confiança, li ou ouvi algures que após este caso, em Espanha foi convocado de urgência o gabinete de crise, li também que em Portugal vão ser tomadas medidas para tentar conter a entrada da doença no país, aplica-se o velho ditado, "quando vires as barbas do teu vizinho a arder" ...
Quer-me parecer que já vamos tarde, se havia hipótese de controlar a doença era algures há uns meses em África, agora quando começaram a aparecer os primeiros casos na Europa e nos Estados Unidos, não sei se iremos a tempo. E para mais quando me quer parecer que as formas de contágio nem estavam bem explicadas...
Já o disse aqui antes e agora volto a dizer, tudo isto é mesmo assustador e só me faz lembrar que há umas poucas centenas de anos, outra doença que veio de longe dizimou qualquer coisa como um terço da população europeia... sim, eu sei, os tempo são outros, mas isso não está a fazer grande diferença para melhor, bem pelo contrário.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Por acaso estava na Espanha quando a força aérea Espanhola transportou dois cidadão espanhóis suspeitos de estarem infectados com ébola, infelizmente um dos casos confirmou-se e apesar da utilização do soro experimental, o senhor viria a morrer passados poucos dias.
As imagens da chegada dos doentes a Espanha foram impressionantes pelo aparato, a começar pela forma como os doentes eram transportados, metidos dentro de uma bolha plástica, quem o transportava utilizava fatos completos e máscaras, as ruas por onde ia passar a ambulância foram encerradas ao transito e no hospital para onde foram transportados, um andar inteiro foi reservado só para estes dois doentes.
Por fim, após a morte de um dos doentes, no outro caso não se confirmou a doença, o corpo foi imediatamente cremado sem direito a autópsia ou qualquer tipo de cerimónia fúnebre.
No outro dia à hora do almoço alguém dizia que o facto de ainda não haver tratamento só tinha a ver com esta ser uma doença africana, feliz ou infelizmente, as epidemias anteriores ficaram confinadas a algumas aldeias africanas, é verdade que morreram umas centenas de pessoas mas pelos vistos nunca foram as suficientes como para chamar a atenção do mundo para a gravidade de uma doença cuja mortalidade dos infectados anda entre os 40 e os 80 % e para a que não há cura conhecida.
Esta vez já morreram mais de duas mil pessoas e foram infectados cidadãos europeus e americanos, apesar de de vez em quando alguém vir dizer que está controlado, a verdade é que o que parece é que está completamente fora de controlo e no mundo globalizado em que vivemos, com um período de incubação que pode ir até aos 20 dias, quer-me parecer que não tardará muito a expandir-se por todo o continente africano e a chegar à Europa.
É verdade que as condições dos sistemas de saúde europeus são muito mais evoluídas que as dos países africanos, isto em principio deverá fazer com que a doença seja mais fácil de controlar após o diagnóstico, mas com um período de incubação tão longo como se controlará todas as pessoas com quem o doente teve contacto?
Ainda estava em Espanha quando foi noticia a chegada a um dos hospitais de Madrid de uma pessoa com febre alta, como o senhor tinha estado num dos países africanos onde a doença está activa, ele e toda a sua família foram de imediato colocados de quarentena, felizmente o senhor só tinha mesmo gripe e passados dois ou três dias pode seguir a sua vida.
Fiquei a pensar, o que teria acontecido se se confirmasse a doença? Ele veio de avião, teriam ido pelo mundo inteiro à procura de todas as pessoas que viajaram com ele para as colocarem de quarentena?... e todas as que tinham viajado no mesmo avião nos dias a seguir?
Tudo isto é no mínimo assustador e só me faz lembrar que há umas poucas centenas de anos, outra doença que veio de longe dizimou qualquer coisa como um terço da população europeia.
Jorge Soares
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E de repente parece que voltamos 20 anos para trás quando o ódio, a violência e a morte varreram os Balcãs, a antiga Jugoslávia era uma herança da União Soviética, um país construído e mantido de forma artificial apesar das diferenças que existiam entre os habitantes de cada uma das regiões.
Na Ucrânia não há diferenças étnicas ou religiosas, por isso é mais difícil de entender o que nos entra todos os dias pela casa dentro, há dois dias eu dizia que o país estava à beira da Guerra Civil, neste momento o que se vive é uma guerra de facto, dos protestos violentos passou-se a uma guerra aberta com vitórias e derrotas e até com territórios conquistados e perdidos... e com dezenas de mortos.
Enquanto em Kiev dezenas de pessoas de um e de outro lado morrem vitimas da violência, cá fora as opiniões também se radicalizam, a União Europeia decreta sanções ao governo e a Rússia apelida de terroristas aos opositores... se calhar esta dicotomia de opiniões ao mais alto nível ajudem a explicar o que se está a passar, mas de certeza que não ajudam nada quem em Kiev dá a vida por aquilo que acha que é o melhor para o futuro do seu país.
No meio deste jogo de interesses o único certo é que quem sofre e quem morre é o povo.
Vejam o seguinte vídeo:
E de repente percebemos que a guerra voltou á Europa.
Já agora, isto é um blog, o meu blog e eu tenho opinião e não tenho nada que me mostrar ou que ser imparcial.
Jorge Soares
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Na maioria das vezes em que aqui se fala da Suíça é porque aconteceu mais um referendo, primeiro foi o referendo aos minaretes, depois foram os referendos à diminuição de impostos e ao aumento dos dias de férias, ambos derrotados, hoje para não variar temos mais um referendo, referendo à manutenção da livre circulação de pessoas, o que na realidade se traduz, como: referendo à emigração.
Ouvimos muitas vezes o termo democracia directa, isto é a democracia directa, o que aconteceu este fim de semana na Suíça é isso mesmo, democracia directa, metade e mais um bocadinho dos suíços, 50,3 %, decidiu que estava na hora de atirar os acordos com a união europeia às malvas e voltar a fechar as fronteiras à emigração.
A Suíça é desde há muito um dos principais destinos da emigração portuguesa, mas não só, quase um quarto da população do país é constituído por emigrantes.
Acontece que anexado ao acordo de livre circulação havia uma série de outros acordos que hoje estão em causa, a Suíça será, até pela sua situação física no mapa da Europa, o país de fora da união europeia que mais relações tem com a comunidade, agora tudo isso está posto em causa e resta saber até que ponto haverá no seio da comunidade a força suficiente para fazer cumprir as regras à letra.
Assim de repente o que parece é que quem tem mais a perder com tudo isto é a Suíça e os suíços, há por exemplo muitíssima gente que vive em França, na Itália, na Alemanha e que trabalha na Suíça, a implementação de controlos nas fronteiras e o fim dos acordos comerciais iria tornar tudo isto quase impossível.
Há uns meses a Espanha decidiu implementar os controlos normais na fronteira com Gibraltar, que é fora do espaço Schengen, e foi o caos, imaginem-se o que seria implementar estes controlos nas fronteiras Suíças.
Por outro lado, a Europa não depende do mercado Suíço, poderia viver perfeitamente com uma ilha no meio, a Suíça está rodeada pela União Europeia, é até difícil de imaginar como seria a vida deste país de costas voltadas para todos os seus vizinhos se estes levassem as regras à letra e deixassem mesmo cair os tratados.
Há muito quem advogue as vantagens da democracia directa, hoje vemos as desvantagens, nem sempre as pessoas tem a capacidade de ver o filme todo, os referendos servem muitas vezes para avalizar as vontades de governantes sem escrúpulos que fazem do populismo uma forma de governo.
Não há sistemas perfeitos, mas eu confesso que entre a nossa democracia representativa e esta em que tudo se pode questionar e referendar, e em que muitas vezes se vota ao sabor do momento e dos interesses pessoais, eu prefiro o nosso.
Jorge Soares