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Dizem?

por Jorge Soares, em 17.11.10

Dizem?

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Dizem?

 

Dizem? 
Esquecem. 
Não dizem? 
Disseram. 

Fazem? 
Fatal. 
Não fazem? 
Igual. 

Por quê 
Esperar? 
Tudo é 
Sonhar. 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

 

Desculpem lá, mas hoje não há opiniões... vou ali pensar numas respostas e já volto!

Jorge Soares

publicado às 23:01

Chuva

por Jorge Soares, em 04.11.10

Chove

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Chove? Nenhuma chuva cai... 
Então onde é que eu sinto um dia 
Em que ruído da chuva atrai 
A minha inútil agonia ? 

Onde é que chove, que eu o ouço? 
Onde é que é triste, ó claro céu? 
Eu quero sorrir-te, e não posso, 
Ó céu azul, chamar-te meu... 

E o escuro ruído da chuva 
É constante em meu pensamento. 
Meu ser é a invisível curva 
Traçada pelo som do vento... 

E eis que ante o sol e o azul do dia, 
Como se a hora me estorvasse, 
Eu sofro... E a luz e a sua alegria 
Cai aos meus pés como um disfarce. 

Ah, na minha alma sempre chove. 
Há sempre escuro dentro de mim. 
Se escuro, alguém dentro de mim ouve 
A chuva, como a voz de um fim... 

Os céus da tua face, e os derradeiros 
Tons do poente segredam nas arcadas...

 

Fernando Pessoa

publicado às 23:27

Viver .. era isso, mais nada?

por Jorge Soares, em 20.10.10

Viver .. era isso, mais nada?

 

Imagem minha do Momentos e olhares

 

Viver

 

Mas era apenas isso, 
era isso, mais nada? 
Era só a batida 
numa porta fechada? 

E ninguém respondendo, 
nenhum gesto de abrir: 
era, sem fechadura, 
uma chave perdida? 

Isso, ou menos que isso 
uma noção de porta, 
o projecto de abri-la 
sem haver outro lado? 

O projecto de escuta 
à procura de som? 
O responder que oferta 
o dom de uma recusa? 

Como viver o mundo 
em termos de esperança? 
E que palavra é essa 
que a vida não alcança?

 

Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'

 

A vida são muitas coisas, muitas escolhas, muitos caminhos cruzados, muitas oportunidades perdidas, muitas outras agarradas com ambas as mãos... mas no fim, tudo se resume a Somos o que vivemos.

 

Setúbal, Outubro de 2010

Jorge Soares

publicado às 22:22

Ser Criança

por Jorge Soares, em 10.10.10

Ser criança

 

Ser criança

 

Ser criança

é ter esperança

 

É ter a alegria

de viver o mundo.

 

É ter uma chave

uma chave para o futuro.

É viver no mundo de imaginação.

É encarar o mundo,

é tê-los nas mãos.

 

É olhar o mundo

de maneira diferente.

É sonhar é viver ,

É ser diferente.

 

Raquel Soares

10 anos

Retirado de aqui

 

publicado às 21:44

A Mulher

por Jorge Soares, em 26.08.10

Mulher - Florbela espanca

 

Imagem minha do Momentos e olhares

 

A mulher

 

Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem 
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

 

Florbela Espanca

 

Setúbal

Março de 2010

 

Jorge Soares

publicado às 20:10

A vida é feita de coisas simples ....

por Jorge Soares, em 05.08.10

... nós é que insistimos em a complicar!!!!!!!!

 

 

 

Vive, dizes, no presente,

Vive só no presente.

 

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;

Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.

 

Fernando Pessoa

publicado às 21:31

Laços de Ternura

por Jorge Soares, em 16.01.10

Laços de ternura

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

 

Nascemos para amar; a humanidade

Vai tarde ou cedo aos laços da ternura:

Tu és doce atractivo, ó formusura,

Que encanta, que seduz, que persuade.

 

Enleia-se por gosto a liberdade;

E depois que a paixão n’alma se apura

Alguns então lhe chamam desventura,

Chamam-lhe alguns então felicidade.

 

Qual se abismou nas lôbregas tristezas,

Qual em suaves júbilos descorre,

Com esperanças mil na ideia acesas.

 

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre,

E, segundo as diversas naturezas,

Um porfia, este esquece, aquele morre.

 

(Bocage in "Obra Poética" 1997)

 

Patos Mandarim no Jardim do Bonfim

Setúbal

Dezembro de 2009

Jorge Soares

 

publicado às 22:41

Da minha Aldeia

por Jorge Soares, em 30.08.09

Igreja de Ul e Parque Molinológico

 

Fotografia minha de Momentos e olhares 

 

 

DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo....

Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer

Porque eu sou do tamanho do que vejo

E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena

Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,

Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,

Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,

E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

  

Alberto Caeiro, em "O Guardador de rebanhos"

 

Parque Moilinológico de Ul, Ul, Oliveira de Azemeis, Aveiro

 

Apr 4, 2009, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 100 Exposição: 1/125 seg. Abertura: 11.0 Extensão focal: 26mm

publicado às 15:26

O Gato

por Jorge Soares, em 29.08.09

  O gato

Imagem Minha retirada de Momentos e olhares

 

 

Com um lindo salto 

Lento e seguro 

O gato passa 

Do chão ao muro 

Logo mudando 

De opinião 

Passa de novo 

Do muro ao chão 


E pisa e passa 

Cuidadoso, de mansinho

Pega e corre, silencioso

Atrás de um pobre passarinho 

E logo pára 

Como assombrado 

Depois dispara 

Pula de lado 


Se num novelo

Fica enroscado

Ouriça o pêlo

Mal humorado

Um preguiçoso

É o que ele é

E gosta muito

De cafuné


E quando à noite

Vem a fadiga

Toma seu banho

Passando a língua pela barriga. 

 

Vinicius de morais

 

Um gato na Baixa de Setúbal

 

Jorge Soares

 

Mar 28, 2009, Câmara: SONY DSLR-A350,ISO: 200,Exposição: 1/1600 seg.,Abertura: 5.6,Extensão focal: 200mm, Flash: Não

 

 

publicado às 16:13

Solidão

por Jorge Soares, em 28.08.09

Solidão

 

Fotografia minha de Momentos e olhares 

 

 Solidão

 

Aproximo-me da noite 

o silêncio abre os seus panos escuros 

e as coisas escorrem 

por óleo frio e espesso 

 

Esta deveria ser a hora 

em que me recolheria 

como um poente 

no bater do teu peito 

mas a solidão 

entra pelos meus vidros 

e nas suas enlutadas mãos 

solto o meu delírio 

 

É então que surges 

com teus passos de menina 

os teus sonhos arrumados 

como duas tranças nas tuas costas 

guiando-me por corredores infinitos 

e regressando aos espelhos 

onde a vida te encarou 

 

Mas os ruídos da noite 

trazem a sua esponja silenciosa 

e sem luz e sem tinta 

o meu sonho resigna 

 

Longe 

os homens afundam-se 

com o caju que fermenta 

e a onda da madrugada 

demora-se de encontro 

às rochas do tempo 

 

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

 

 

Nov 9, 2008, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 320, Exposição: 1/320 seg.,Abertura: 5.6,Extensão focal: 200mm

 

Fim de tarde de Novembro na praia do Meco,

 

Sesimbra, Setúbal

Novembro de 2008

publicado às 16:29


Ó pra mim!

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