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Imagem do Facebook 

 

Não conheço Eduardo Beauté de lado nenhum, só sei que existe porque me interesso pelas questões da adopção e sei que ele e a pessoa com quem casou (lamento mas não faço ideia de como se chama) adoptaram duas crianças e que tal como muitos outros casais homossexuais, estão à espera que neste país se termine o preconceito e discriminação mesquinha para que se torne legal aquilo que já existe de facto.

 

Há pouco encontrei este texto no Facebook e não posso deixar de o partilhar, peço que, conhecendo ou não os senhores ali da fotografia, eu confesso que nem sei qual dos dois é Eduardo Beauté, e em consciência pensem no que ali está escrito e no sentido que faz... retirei o título do post do ultimo parágrafo e gostava de perguntar a quem é contra este tipo de adopções, aos deputados e legisladores deste país e a cada uma das pessoas que por aqui passa: Como se diferencia o amor?

 

Jorge Soares

 

Após ver as notícias de hoje, sinto-me completamente triste e indignado pelo que acabo de assistir: ainda se coloca em questão a possibilidade de se legalizar, em plena Assembleia da República, a adopção por parte de casais do mesmo sexo.

 

Em Portugal, e cada vez mais nos tornamos rapidamente numa excepção, uma família só é considerada legal e normal se tiver um Pai e uma Mãe. Existem mentalidades que ainda não conseguem aceitar a ideia de Família e Amor como algo Universal, independente de quantos Pais ou quantas Mães tiver.

 

Pelos vistos na nossa Assembleia todos têm famílias ditas “normais” e são todos amados e amam pessoas do sexo oposto. Ainda vou mais longe… Pelos vistos quem manda nas nossas leis, quem faz com que o nosso País progrida e se desenvolva, não tem o Amor como algo que acontece entre Seres de uma mesma espécie, independente de sexo, cor, escolhas, orientações.

 

Que País é este em que eu vivo e trago os meus filhos para viver? País que ainda o escrevo e descrevo com letra grande, pois ainda acredito estar embrulhado num pesadelo e amanhã será tudo mentira. Que País é este no qual os MEUS filhos não podem ter o meu nome?

 

Que País é este no qual eu não posso ser um PAI? Eu e o Luís temos 2 filhos e vamos a “caminho” do terceiro. É importante contar-vos as suas histórias.

 

O Bernardo tem 4 anos, prestes a fazer 5 aninhos no próximo dia 13 de Maio. Veio para nós com 11 meses. Tem Trissomia 21. Veio de uma família carenciada, a qual não tinha a disponibilidade de oferecer afecto e muito menos proporcionar a vida saudável que o menino precisa e que neste momento tem (escola, tratamentos específicos, actividades). O desenvolvimento do Bernardo tem sido fantástico desde que se juntou a nós.

 

A Lurdes tem 3 anos, acabados de fazer no dia 8 de Janeiro, no mesmo dia em que comemoro o meu aniversário. Veio da Guiné. Era uma criança que tinha UMA refeição por dia, refeição a qual não era nem de perto nem de longe suficiente para sequer alimentá-la naquela meia hora que se passava. Hoje em dia é a criança com maior nível de desenvolvimento da sua Escola.

 

Agora, vem aí o Eduardo que nasceu no passado dia 4 de Novembro. Vai fazer 3 meses. Eduardo nasceu na Instituição na qual fui buscar a Lu. Ligaram-me no dia em que ele nasceu dizendo que tinha nascido uma rapazinho lindo e como forma de me mostrarem o quanto estavam agradecidos pela vida e saúde da Lurdes, iriam baptizá-lo como o meu nome. Fiquei emocionado. Passou-se uma semana ligaram-me novamente: o pequeno Eduardo tinha sido internado com graves problemas de saúde e não sabiam como seria a sua vida dali para a frente. Depois do choque, recompus-me e pedi que me deixassem apadrinhá-lo. Consegui, graças a Deus, cuidar deste bebé de longe e poder de alguma forma contribuir para a sua VIDA. Passaram se 3 semanas e o pequeno Eduardo voltou para a Aldeia (Instituição).

 

O Líder ligou-me novamente e disse-me que o menino estava estável e que esperava agora que ele tivesse a mesma sorte que a Lu, já que iria ficar ali com eles até aparecer alguém que o quisesse, adoptasse, o enchesse de amor. Não hesitei e no mesmo segundo respondi: “ O Eduardo já tem a mesma sorte que a Lu e o Bernardo, porque nós queremos adoptar o Eduardo!”. E assim estamos: à espera de o poder trazer.

 


Três histórias de três crianças que não tinham família, amor, uma casa, refeições diárias, escola, roupa, saúde… E por aqui poderia ficar horas a escrever. Agora multipliquem estas 3 crianças por milhares que estão, infelizmente, espalhadas pelo Mundo em lugares que nós nem sabemos que existem. Agora, imaginem quantas famílias as podem ou querem adoptar. O número não é igual, pelo contrário, é menor a quantidade de famílias em espera para adopção do que as crianças que estão à espera para serem adoptadas. Desse número vamos eliminar os casais homossexuais e os pais solteiros/mães solteiras. Ficamos como? Meu Deus… O que será de tantas crianças?


Gostaria e juro por Deus que faço questão que me expliquem o que a minha família tem a menos do que uma família onde os pais são heterossexuais? Como se diferencia o Amor? Sim, porque não estamos a falar das possibilidades materiais, estamos a discutir AMOR. Enfim… O meu sonho: que os meus 3 filhos sejam felizes e com muita saúde sempre… e que um dia, no meu País que eu tanto amo, possam assinar BORGES FERREIRA.

 

Eduardo Beauté

 

Retirado do Facebook

publicado às 22:02

A adopção como forma de vida

por Jorge Soares, em 04.01.15

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Imagem de aqui 

 

Eu costumo dizer que a adopção é um acto de egoísmo, não adoptamos para ajudar crianças, adoptamos pelo nosso desejo de ser pais, mas como tudo na vida há excepções, há quem vá muito mais além e o faça com o desejo puro de ajudar.

 

Jeane e Paul Briggs são um casal norte-americano e para além dos seus cinco filhos biológicos, já adoptaram mais 31 (????!!!!) crianças um pouco por todo o mundo.

 

Tudo começou em 1985 quando Jeane teve um aborto espontâneo e decidiu que queria ser família de acolhimento, confrontada com as burocracias do processo americano esteve quase a desistir, até que descobriu que num orfanato mexicano havia um menino cego e com várias lesões corporais e cerebrais devido a uma agressão.

 

Depois de ver a fotografia do menino, a família apresentou-se no orfanato disposta a adoptá-lo, e desta forma, Abraham foi a primeira de muitas outras crianças um pouco por todo o mundo que viram a sua vida mudada devido à boa vontade e desejo de amar desta peculiar família.

 

Entre as crianças adoptadas em vários países há algumas com Lábio leporino, escolioses, problemas renais, com cancro, poliomielites ou doenças cardíacas. Tudo crianças que à partida estão postas de parte entre as opções da grande maioria dos candidatos à adopção e é precisamente isso que faz correr Jeanne e Paul, o saber que se não forem eles, dificilmente alguma destas crianças terá alguma vez  algo próximo a uma família.

 

É evidente que uma família deste tamanho custa muito dinheiro a albergar e a manter, mas com a ajuda da empresa em que Paul trabalha  e com muito amor e carinho, tudo é possível, incluindo a adopção de mais crianças, e há dois gémeos do Gana que foram abandonados à nascença que já estão a caminho dos Estados Unidos.

 

Ler as noticias sobre esta família e escrever este post fizeram-me sentir mesmo pequenino, 35 filhos.... e pensar que cá em casa dificilmente damos conta de três....

 

Jorge Soares

publicado às 21:33

adolescente.png

 

 

Imagem do Sol

 

J. tem 15 anos e vive há 16 meses na ala pedopsiquiátrica do Hospital Dona Estefânia. A doença que a levou a ser internada nesta unidade já foi estabilizada e os médicos deram-lhe alta clínica há mais de um ano.

 

Há noticias que são difíceis de digerir, esta é muito difícil, até porque há o que está escrito preto no branco e o que está escrito nas entrelinhas.

 

O que está escrito preto no Branco é que uma jovem de 15 anos está há mais de um ano encerrada numa enfermaria de um hospital, onde partilha os seus dias com  "doentes agudos com perturbações mentais", isto porque a CPCJ considera que a sua família, na noticia falam da mãe, não está em condições de a acolher em segurança e não haverá vagas para ela em nenhuma das mais de cem instituições que há neste país.

 

Para quem não sabe em Portugal há mais, muito mais de cem instituições de acolhimento, e por incrível que pareça não há em nenhuma uma vaga para esta jovem que está assim condenada a viver os seus dias entre médicos, enfermeiros e pessoas doentes.

 

Não sai, raramente tem visitas, não vai à escola e os únicos jovens da sua idade com quem se dá são os tais  "doentes agudos com perturbações mentais"... se eu não mandar os meus filhos para a escola de certeza que me cai em cima a CPCJ e a segurança social de Setúbal e haverá até quem me ameace com os institucionalizar, mas pelos vistos isso não se aplica aos jovens que estão à guarda do estado.

 

O que não está escrito preto no branco e se percebe nas entrelinhas é que o verdadeiro problema não será realmente a falta de vagas nas instituições, o problema será que não há vagas para ela devido aos seus antecedentes de problemas psiquiátricos, se fosse uma jovem normal e sem problemas, de certeza que haveria vagas.... que nesse caso não seriam necessárias, pois não fossem os seus problemas estaria com a família... fantástico não é? 

 

É assim que o estado e a segurança social tratam dos jovens que tem ao seu cargo, não é por isso de estranhar que existam mais de 8000 jovens e crianças institucionalizadas, ora se demoram mais de um ano em arranjar solução para uma jovem que está a perder a sua vida encerrada num hospital...

 

Há mais alguém que  pense que tudo isto não passa de uma forma de maus tratos do estado para alguém que está à sua guarda? Qual é a CPCJ que protege as crianças dos maus tratos do estado?

 

Jorge Soares

publicado às 22:41

Então e o superior interesse das crianças?

por Jorge Soares, em 10.12.14

criança.png

 

Imagem do Sol

 

Acho que já o disse antes em algum post, não gosto da expressão "Superior interesse da criança", não gosto porque na maior parte dos casos ela é usada na conveniência dos adultos e não na verdadeira defesa das crianças... mas hoje lembrei-me dela, talvez porque neste caso ninguém a utilizou.

 

O caso é simples de explicar, há dois ou três dias a GNR mandou parar um carro (não sei em que circunstâncias) e verificou que lá dentro iam uma mãe e 4 filhos, dois deles ainda bebes e os outros dois de 5 e oito anos. Após os devidos testes verificou-se que a senhora ia a conduzir com uma taxa de álcool de 2.27, a seguir parou outro carro onde ia o pai das crianças, após os testes verificou-se que o senhor ia a conduzir  com uma taxa de álcool de 1.4. Como o limite é 0.8, e estavam ambos embriagados, as crianças forma encaminhadas para um centro de acolhimento.

 

Li algures que a família já estaria sinalizada pela comissão de protecção de menores tendo sido aberto um processo de promoção e protecção que foi entregue em Novembro, no Tribunal de Família e Menores da Comarca de Aveiro. Entretanto, após mais este episódio, foi-lhes sugerido que deixassem as crianças institucionalizadas até que eles resolvessem os seus problemas e organizassem a sua vida, coisa que não aceitaram e portanto, após a cura da bebedeira, estas foram-lhes entregues.

 

Vamos supor que não tinha aparecido a GNR e a senhora se tinha estampado contra uma parede com as crianças dentro do carro.... de quem seria a responsabilidade?... E se amanhã a senhora voltar a beber e voltar a conduzir ébria com as crianças dentro do carro e se estampar?... não vamos todos bater em quem lhe devolveu as crianças?

 

Eu sei que são muitos ses, mas será que neste caso o superior interesse daquelas 4 crianças não seria mesmo estarem institucionalizadas?

 

Mas sabem o que mais me irrita, é ler alguns comentários às noticias e ver como há tanta gente que acha que as crianças estão bem mesmo é com os pais... mesmo que estes bebam uns copos de vez em quando... até porque há quem beba muito mais e se aguente em pé.

 

Voltando à frase do titulo do post, qual acham que será mesmo o superior interesse destas 4 crianças? será ficar com pais que ébrios conduzem carros com eles lá dentro ou estar  institucionalizados para sua protecção?

 

Jorge Soares

publicado às 23:27

tocaatodos.png

 

O “Toca a Todos” é um evento de solidariedade. De 3 a 6 de Dezembro de 2014, a Rádio e Televisão de Portugal acompanha uma emissão de 73 horas, uma missão que convoca Portugal a ajudar na luta contra a Pobreza Infantil.

 

Serão 4 dias, a partir do Terreiro do Paço em Lisboa para todo o país, numa emissão radiofónica que vai durar 73 horas.

 

Ao longo desse período, 3 apresentadores ( Ana Galvão, Diogo Beja e Joana Marques) farão a emissão fechados dentro de um estúdio rádio em vidro, onde poderão receber todos os convidados. Mas eles não podem de lá sair. O estúdio é a sua residência. O seu objetivo é angariar dinheiro para a causa. A causa da Luta contra a Pobreza Infantil.

 

Pelo estúdio passarão personalidades, figuras públicas, que se associam ao evento. O público é convidado a acompanhar in-loco. Dentro do estúdio visível no meio da Praça, vão acontecer showcases musicais e muito mais.

 

O Projeto “Toca a Todos” teve a sua ação inicial há 10 anos na Holanda, onde se tornou já o mais nobre e reconhecido projeto de solidariedade e foi entretanto replicado também em países como a Bélgica, Suíça, Suécia, Quénia ou Coreia. Atualmente países como a Eslovénia, Estonia, Hungria, Noruega, Alemanha e Áustria preparam-se para entrar na operação.

 

Em cada país, a sua causa, a sua missão específica.

 

Em Portugal, em associação com a Cáritas Portuguesa, a RTP escolheu para primeira causa, a Pobreza Infantil. É para esta causa que os donativos e contribuições dos portugueses vão convergir durante os primeiros dias de Dezembro. Contribuições individuais, mas contribuições de associações e empresas.

 

Fonte Site do evento

 

Podem ver o programa completo com todos os músicos e eventos que passarão pelo Terreiro do Paço aqui

 

Podem contribuir indo directamente ao terreiro do paço, aproveitam para ver um dos espectáculo, deitam uma olhadela ao estúdio de vidro da Antena 3 e deixam a vossa contribuição,  ligando para o número abaixo, ou por transferência bancária para as contas que também estão abaixo.

 

 

Jorge Soares

publicado às 21:38

escola2.jpg

 

Imagem do DN

 

Tenho seguido com alguma atenção as noticias sobre a a suposta proibição de que se fale português nas escolas do Luxemburgo.

 

Logo da primeira vez que ouvi a noticia na televisão estava com a minha filha R. e a surpresa e curiosidade dela fiquei sem resposta, o único que me lembrei é que e que lhe expliquei foi que  luxemburguês é uma língua em vias de extinção e haveria por parte das autoridades escolares alguma vontade de a proteger... não faz muito sentido.

 

Depois dei por mim a pensar, eu emigrei em criança, tinha 10 anos quando cheguei a Caracas, não falava uma palavra de castelhano, passado um mês entrei para a escola pública e a verdade é que raramente voltei a falar português, na escola, na rua com amigos, incluindo os portugueses, até em casa com o meu irmão, sempre falei castelhano...  se calhar será também muito por isso que sempre fui bom aluno e que sempre me integrei completamente até ao ponto de para quem não me conhecia, passar sempre por venezuelano e nunca por estrangeiro.

 

É evidente que estamos a falar de um país diferente, de uma cultura diferente e de formas de integração completamente diferente e opostas. Na Venezuela todos nos sentíamos venezuelanos e sempre nos sentimos completamente integrados no país e na cultura... o que a julgar pelo que tenho visto e ouvido, nem sempre acontece com quem emigra para o Luxemburgo e outros países da Europa.

 

De tudo o que ouvi, o que mais impressão me fez foi o seguinte:

"Para o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), a proibição pode levar também a um sentimento de desvalorização da língua materna"

 

Língua materna? Será que alguém parou para penar o que será a língua materna para uma criança que viveu a maior parte da sua vida num país estrangeiro? Será que é mesmo o português?

 

De novo posso falar por mim, passados dois ou três anos de viver em Caracas a minha língua materna era o castelhano, era nessa língua que eu tinha que estudar, namorar, viver... é evidente que continuava a ler e a falar português quando era necessário, mas a minha língua não era nem podia ser o português.

 

Quando aos vinte anos voltei para Portugal, a minha língua passou naturalmente a ser o português, passados dois ou três meses até aos "ãos" me tinha habituado .. e a vida seguiu em frente.

 

Sinceramente não entendo toda esta polémica, acho que no Luxemburgo se as crianças não estão numa escola bilingue, se são avaliadas em luxemburguês, faz todo o sentido que falem na língua da escola e percebo perfeitamente que os professores não gostam e/ou não queiram, ter no meio das aulas crianças a falar entre si numa língua que na maior parte dos casos nem eles nem as restantes crianças entendam.

 

É evidente que há aqui excesso de zelo quando se proíbe também no recreio, mas para ser sincero, eu não vejo vantagem nenhuma que as crianças que vivem no centro da Europa não tenham como língua principal outra qualquer que não o português, queiram os pais ou não, a verdade é que na sua grande maioria é lá e não cá que eles vão ter que se desenvencilhar na vida... e para vir cá nas férias, o português que se fala em casa basta e sobra.

 

Jorge Soares

publicado às 22:45

 

Dificilmente um Nobel da paz poderá encontrar mais consenso que o de este ano, numa altura em que uma vez mais o fanatismo religioso ameaça o futuro das mulheres muçulmanos do mundo, Malala é um símbolo da luta pela educação e pela liberdade.

 

Kailash Satyarthi, que partilha o prémio com Malala, é um activista dos direitos das crianças,  ele combate o trabalho infantil e escravo no seu país e no mundo e só o dá por concluído quando consegue cada criança resgatada volta à escola onde é o seu lugar.

 

Este é um Nobel que para além de Malala e Kailash, reconhece o esforço despendido por todos os que todos os dias lutam pelo futuro do mundo, porque só com educação se conseguirá melhorar o futuro da humanidade.

 

Jorge Soares

 PS: Número de dias sem gritar - 7

publicado às 21:34

Eu que grito aos meus filhos, me confesso!

por Jorge Soares, em 05.10.14

Imagem retirada de aqui

 

Eu para além de ter mau feitio, tenho um tom de voz elevado, muitas vezes a meio de uma conversa ou de uma discussão basta subir um bocadinho o tom para as pessoas acharem que eu estou chateado ou a gritar, na maioria das vezes não é o caso, mas já me senti prejudicado mais que uma vez por isso.

 

Ora tendo uma voz alta e três filhos que felizmente não primam pela perfeição, não é raro dar por mim a gritar com eles, e também já dei por mim  mais que uma vez a pensar: "Como é que as pessoas conseguem não gritar?".

 

A primeira resposta é inevitavelmente uma pergunta: porque é que os os meus filhos não são normais? Eu gostava tanto de ter filhos com os que não fosse necessário gritar....

 

Evidentemente o assunto já foi tema de conversa mais de uma vez com a minha meia laranja, que também grita, principalmente quando se trata das desarrumações da R.

 

Por vezes tento conter-me e consigo durante dois ou três dias, mas quando temos um hiperactivo, uma cabeça no ar e uma teimosa, damos muitas vezes por nós a repetir as mesmas repreensões dia trás dia, e há um dia em que perdemos a cabeça e inevitavelmente terminamos aos gritos.

 

Pior mesmo é quando chegamos àquela fase em que eles já pensam e no meio da repreensão nos dizem: "Não é preciso gritar!!"... aí é quando eu me passo mesmo, tomo aquilo como um desafio à autoridade e elevando ainda mais a voz lhes respondo com um : "Eu falo contigo da maneira que entender e tu tens que me ouvir sem reclamar!"

 

Resta-me o consolo de saber que pelo menos cá no prédio não somos os únicos e quem tem filhos da idade dos nossos grita tanto como nós.. o que não quer dizer que seja correcto.

 

Há muitas teorias sobre o efeito dos gritos nas crianças, a mais comum diz que as crianças repetem na escola o comportamento que temos com eles  e filhos de pais que gritam terminam a gritar com colegas e professores... se calhar é verdade... ou não! Comigo gritaram muito quando eu era pequeno, eu não gritava com os meus colegas e professores, mas agora grito com os meus filhos ... vale o que vale. 

 

Este fim de semana no meio de uma enorme crise com os efeitos da hiperactividade do N. na escola, dei por mim a pensar que tenho que mudar, para começar não volto a gritar e se possível e eles me deixarem, quando for necessária alguma repreensão, vou tentar que em lugar de gritos as coisas se resolvam com conversas cordiais, educadas e construtivas.

 

Não faço ideia quanto tempo é que vou conseguir manter o desafio, isto vai ter que ser mesmo dia a dia, cá em casa há matéria prima suficiente para levar à loucura qualquer santo, será portanto um dia e um assunto de cada vez.

 

Ontem e hoje consegui, portanto: Número de dias sem gritar - 2

 

Jorge Soares

 

PS: No outro dia a Joana perguntava aqui como farão os outros pais para se controlarem, eu também me pergunto o mesmo.

publicado às 22:37

As questões da adopção - Doenças crónicas

por Jorge Soares, em 02.10.14

Imagem de aqui

 

Apesar de ter o tema adopção não ser muito comum por cá ultimamente, a verdade é que de vez em quando continuo a receber alguns emails com questões para as que nem sempre tenho resposta, esta semana recebi um que me pareceu pertinente e portanto decidi partilhar, haverá de certeza mais gente com as mesmas preocupações, então é assim:

 

Tenho XXX anos, sou solteiro e desde à uns dois anos que penso na adopção, tenho vindo a adiar esta decisão devido a estar a terminar um projecto de vida ... mas estando no final desta etapa da minha vida, comecei a pesquisar e encontrei uns artigos em blogs seus. Achei bastante interessante os artigos que li, até porque na opinião de alguns amigos próximos, é que é praticamente impossível para um Pai solteiro, no meu caso existe uma agravante, sou portador de .........., mas que até ao dia de hoje não tenho qualquer problema de .......

 

Trata-se de uma assunto sensível que terei de introduzir junto de alguma família próxima, pois por mais amor que tenha para dar não posso desprezar a opinião dos que me amam. Mas gostaria de saber a sua opinião, como doente crónico acha que é algo que me deve tirar a coragem ou nem por isso? Já ouviu falar de alguns casos de sucesso, onde doentes crónicos conseguiram adoptar?

 

Pelo que já tinha lido, verifiquei tal como refere num dos seus artigos que o processo burocrático é bastante simples, o que me assusta é a descriminação que poderei estar sujeito, não por mim porque com isso vivo bem, mas sim por poder me ser retirada a possibilidade de adopção.

 

Eis a minha resposta:

As questões são pertinentes, entre os pais adoptivos que conheço há pelo menos um com uma doença crónica, mas não é adopção singular.

Se a doença lhe deve tirar coragem para adoptar?, Só você pode responder, quanto a mim não é impedimento, se em lugar de adoptar decidisse ser pai biológico a doença seria impedimento para si? Se consegue ter uma vida normal e uma profissão, porque é que não há-de poder ser pai?

Quanto à discriminação, vai haver sempre, primeiro porque é adoptante singular e depois pela doença, os processos são geridos por pessoas e as assistentes sociais não são menos preconceituosas que o resto da sociedade, por vezes são até mais, mas de certeza que  está habituado a lidar com isso no dia a dia, não será de certeza por aí que deverá desistir.

Se não me engano entre a papelada a apresentar na segurança social para a candidatura está um certificado médico, o meu conselho é que fale com o seu médico de família e/ou com o médico que o segue na sua doença e lhe coloque a questão directamente, se lhe passarem o certificado em como está apto a adoptar, avance com o processo, sem medo nem hesitações.

 

Jorge Soares

publicado às 22:06

Trabalho infantil

 

Imagem de aqui

 

Se não podes vencê-los, une-te a eles, deve ter sido este o pensamento de Evo Morales e dos deputados Bolivianos que aprovaram uma lei que permite o trabalho infantil a partir dos 10 anos de idade.

 

O trabalho infantil é uma realidade na Bolívia, há mais de 500 000 crianças que trabalham nos mais variados sectores da economia, desde o a economia informal até ao duro trabalho nas profundezas das minas. A anterior lei que regulava as condições de trabalho no país só permitia o emprego de crianças a partir dos 14 anos, a que acaba de ser aprovada pelo parlamento boliviano e promulgada pelo vice presidente Alvaro García, baixou a idade legal para se trabalhar  para os 10 anos sobe o pretexto que esta lei se adequa mais à realidade do país (??).

 

Ou seja, como não conseguem combater a precariedade e a realidade de haver crianças a trabalhar à vista de todos, a solução não é fazer aplicar a lei, a solução é inventar uma lei que torne o ilegal em legal.

 

A Bolívia é certamente um dos países mais pobres da América Latina, 55% da população é de origem indígena e Evo Morales, que é o primeiro e único presidente da América Latina que não é descendente de Europeus e sim dos aborigenes que viviam no país antes da chegada de Colombo à América, foi eleito principalmente com os votos desta parte da população. Uma das suas primeiras afirmações após tomar posse foi: "Os 500 anos de colonialismo terminaram e a era da autonomia já começou."

 

Para quem tem uma ideia do nível de vida da maior parte da população boliviana, esta afirmação faz algum sentido, mas a julgar por leis como esta que acaba de ser aprovada, ou como aquela ideia de fazer girar os relógios ao contrário de que falei aqui, não sei se Evo e os governantes bolivianos fazem ideia do que é o melhor para os seus concidadãos, alguém me explica de que forma  estas medidas podem contribuir para melhorar o nível de vida da população do país, seja esta nativa ou descendente de europeus?.

 

Um país só se começa a mudar com a educação do seu povo, afastar as crianças da escola para que estas comecem a trabalhar aos 10 anos de idade não me parece que vá contribuir minimamente para dar um melhor futuro nem às crianças nem ao país. 

 

E o mundo olha para o lado e finge que no pasa nada!

 

Para quem percebe Castellano:

 

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:54


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