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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Passaram 3 anos sobre a adopção da nova lei do aborto, aquela que foi aprovada como consequência dos nossos "Sim" no referendo. A efeméride foi noticia na maior parte dos jornais e telejornais, as abordagens foram diversas, na RTP a noticia era: 3 anos depois continua a existir aborto clandestino
Durante a hora do almoço tinha lido a mesma noticia no DN, não consigo entender, o que poderá levar uma mulher a um vão de escada, para praticar sem segurança nenhuma um acto que pode ser praticado de forma gratuita e com todas as condições de higiene e segurança num hospital?
Segundo esta noticia do Público, durante estes 3 anos foram praticados de forma legal e gratuitamente 54000 abortos, perto de 19000 por ano, um número que assim à primeira vista parece enorme e que mostra que para lá da aprovação da lei, há muito a fazer ao nível da educação e da informação. A percentagem de mulheres que nestes 3 anos praticou mais que um aborto anda pelos 1,5 %, mas o número de mulheres que falta à consulta de planeamento familiar obrigatória após a intervenção anda nos 2/3.
Estes números mostram que continua a faltar muito que fazer ao nível da educação e formação, não basta aprovar uma lei, é necessário muito mais, falta educação sexual nas escolas, faltam campanhas de planeamento familiar, faltam muitas coisas.
3 anos é tempo suficiente para que se avalie e se pondere, avaliar se há aspectos da lei que possam ser melhorados, avaliar se o prazo de 10 semanas é o mais adequado, tentar encontrar maneiras de obrigar a que a lei se cumpra e que as mulheres não faltem às consultas de planeamento familiar..e sobretudo, pensar que 19000 é um número muito grande, enorme..e encontrar estratégias para o fazer descer.
Se 3 anos depois ainda há abortos ilegais em Portugal, se ainda há mulheres que continuam a arriscar a sua vida em "clínicas" de vão de escada, já seja por vergonha, por medo do estigma, ou porque deixaram passar o prazo das 10 semanas, é porque ainda não fizemos tudo o que havia a fazer.. estamos à espera de quê?
Jorge Soares
Li no Ionline que vão recolher assinaturas a favor do referendo nos jogos de futebol, já no JN diz-se que em muitas igrejas, os padres para além de utilizarem o púlpito para arremeterem contra os direitos das pessoas, estão a convidar os fieis a passarem pela sacristia para assinarem a petição a favor do referendo..
Continuo a não perceber o que tem a igreja a ver com tudo isto, que eu saiba é do casamento civil que se trata,... mas pronto.
Acho que já todos sabem a minha opinião sobre o assunto, por isso, hoje deixo a do Ricardo Araújo Pereira para vossa reflexão.

Retirado da Visão
Isto precisa é de um referendo em cada esquina
Confesso que não sei se as pessoas nascem com essa característica ou se optam por adoptar o comportamento desviante que a Bíblia, aliás, condena - mas, na minha opinião, os canhotos não deveriam poder casar. Nem adoptar crianças. Um casal de pessoas, digamos, normais, acaricia a cabeça dos filhos como deve ser, da esquerda para a direita. Os canhotos acariciam da direita para a esquerda, o que pode ter efeitos perversos na estrutura emocional das crianças. Na verdade, sou contra a adopção por casais heterossexuais em geral, sejam ou não canhotos. Atenção: não tenho nada contra os heterossexuais. Tenho muitos amigos heterossexuais e eu próprio sou um. Mas não concordo que possam adoptar crianças. Em primeiro lugar, porque é contranatura. Quando olhamos para a natureza, não vemos casais de pardais ou de coelhos a adoptarem crias de outros. Pelo contrário, esforçam-se por colocar as suas crias fora do ninho ou da toca o mais rapidamente possível. Ou usam as suas próprias crias para produzir novas crias. Mas não adoptam. Provavelmente, porque sabem que é contranatura. Por outro lado, a adopção por casais heterossexuais pode condicionar a sexualidade das crianças. Todos os homossexuais que conheço são filhos de casais heterossexuais. A influência de heterossexuais tem, por isso, aspectos nefastos que merecem estudo cuidadoso. Por fim, há a questão do estigma social. Suponhamos que uma criança adoptada por um casal heterossexual é convidada para ir a casa de um colega adoptado por um casal de homens. Como é que o miúdo que foi adoptado por heterossexuais se vai sentir quando perceber que a casa do colega está muito mais bem decorada do que a dele?
Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais do que ser a favor de um referendo, sou a favor de vários. Creio que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser referendado caso a caso. O Fernando e o Mário querem casar? Pois promova-se uma grande discussão nacional sobre o assunto. A RTP que produza um Prós e Contras com cidadãos de vários quadrantes que se posicionem contra e a favor da união do Fernando e do Mário. Organizem-se debates entre o Mário e os antigos namorados do Fernando, para que o povo português possa ter a certeza de que o Fernando está a fazer a escolha certa. E depois, então sim, que Portugal vá às urnas decidir democraticamente se concede ao Mário a mão do Fernando em casamento. E assim para todos os matrimónios. Se o objectivo é metermo-nos na vida dos outros, façamo-lo com o brio que essa nobre tarefa merece.
Defendo, portanto, uma abordagem especialmente cautelosa desta questão. Sou muito sensível ao argumento segundo o qual, se permitirmos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teremos de legalizar também as uniões dos polígamos. E sou sensível porque, como é evidente, não posso negar que me vou apercebendo da grande movimentação social de reivindicação do direito dos polígamos ao casamento. Parece que já temos entre nós vários muçulmanos, grandes apreciadores da poligamia. E eu não tenho homossexuais na família, nem entre os meus amigos, mas polígamos, muçulmanos ou não, conheço umas boas dezenas. Se toda esta massa poligâmica desata a querer casar, receio que os notários fiquem com as falangetas em carne viva, de tanto redigirem contratos de união civil. Mas, felizmente, confio que os polígamos sejam, também eles, sensíveis à mais elementar lógica: a poligamia é uma relação entre uma pessoa e várias outras de sexo diferente. A reivindicarem a legalização das suas uniões, fá-lo-iam a propósito do casamento entre pessoas de sexo diferente, com o qual têm mais afinidades. A menos que se trate de poligamia entre pessoas do mesmo sexo. Mas, segundo o Presidente do Irão, parece que entre os muçulmanos não há disso.
Ricardo Araújo Pereira
PS:Dizem nesta noticia que os gays não entram no reino dos céus... eu acho que o Ricardo também não.... e pensando bem, nem eu ![]()
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Imagem da Wikipédia
Justiça
Imagem do Público, cartaz do Não

Já fez um ano que sobre casamentos disse, neste post, o seguinte:
"Para mim o facto de viver em sociedade significa que os meus direitos terminam exactamente onde começam os das pessoas que me rodeiam e evidentemente espero que o resto do mundo se comporte assim quando olha para mim. Dito isto, a mim faz-me alguma confusão que a discussão da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo levante tanta poeira. Do meu ponto de vista, a pessoa com quem nos queremos casar é algo do foro pessoal, quando eu me casei com a P. só lhe perguntei a ela se queria casar comigo, porque só ela e a mim nos interessava o assunto, não me passou pela cabeça perguntar a mais ninguém e muito menos que haveria uma lei que permitiria ou não o casamento."
Esta semana dei por mim incrédulo a ler noticias em que alguém sugeria um referendo para decidir sobre este assunto, desculpem?... um referendo???!!!!!... mas estamos parvos ou quê?
Sempre achei todo este assunto uma questão de discriminação, cada vez me faz mais confusão porque é que o facto de duas pessoas se casarem pode incomodar tanta gente? E acho ainda mais ridículo aqueles que dizem que essas pessoas até podem viver juntas e ter direitos, mas não se podem casar... afinal, que diferença faz um papel? O que os incomoda é o facto de as pessoas assinarem um papel? E querem fazer um referendo para ver se eles podem ou não assinar o papel?, mas estão todos parvos ou quê?
Nestes dias nos comentários deste post do Pedro no Vilaforte, alguém falava da perca do conceito de família, repito aqui o que disse lá:
Para mim o conceito de família não tem nada a ver com casamento, sempre existiram famílias muito antes de existirem casamentos, o casamento é só um papel, um contrato assinado entre duas pessoas, que é perfeitamente dispensável para qualquer família. O que define o conceito família não é o papel que as pessoas assinaram, é a partilha e a convivência e para isso não é preciso papel nenhum assinado.
Toda esta discussão à volta dos direitos das pessoas a casarem-se ou não, não passa de conservadorismo triste e de um enorme sinal de que existe neste país muita gente que se escuda em supostos valores para discriminar quem não pensa ou age de acordo como eles. E pensava eu que tudo isso tinha acabado há 35 anos atrás, há coisas que demoram mesmo muito tempo a mudar.
Evidentemente esta sugestão de referendar este assunto é de quem já esgotou os argumentos válidos para poder discutir e se tenta socorrer do suposto conservadorismo do povo para impor os seus pontos de vista.
Aceitam-se sugestões para coisas que não interessam a ninguém para serem referendadas.
Jorge Soares
Sexta é dia de vídeo cá no blog, dia que foi instituído em parte porque à sexta costumo estar cansado demais para pensar num post , como estou de férias, até tinha alguns temas, estive quase a pegar na dica da Dona Aranha e escrever um tratado sobre o orgasmo... mas ia ter que colocar uma bolinha vermelha no blog, também tenho uma receita de frango adiada desde há bastante tempo... enfim, hoje não faltavam temas. Por fim, decidi-me por uma coisa muito mais séria...e que até tem a ver com tudo isto.
Passou um ano sobre a adopção da nova lei do aborto, aquela que foi aprovada como consequência dos nossos "Sim". Hoje no Radio Clube havia um fórum sobre esse tema, e uma convidada (lamento, vinha a conduzir e não tomei nota do nome) que dizia que um ano depois, continua a haver aborto clandestino no nosso pais, e que um ano depois, continuam a haver mulheres neste pais que não sabem que existe uma lei que lhes permite abortar legalmente , e que há mulheres neste pais que quando querem abortar, continuam a dirigir-se aos vãos de escada, porque não sabem que se podem dirigir a um hospital e abortar em segurança.... COMO É POSSÍVEL ?
Dizia a senhora que diariamente há mulheres que ligam para a linha de apoio à mulher e que não sabem absolutamente nada sobre a nova lei do aborto nem donde se devem dirigir.... COMO É POSSÍVEL ?
Eu sempre fui pelo sim ao aborto porque entendia que a situação que vivíamos em Portugal era de uma hipocrisia extrema, porque todos os dias se faziam abortos em condições degradantes para as mulheres, porque morriam muitas mulheres em vãos de escada, porque independentemente da lei, todos os dias se faziam abortos neste pais e eu entendia que o facto de o aborto ser legal ia melhorar a situação.
Por favor, passou um ano, como é possível que existam mulheres que continuam a abortar clandestinamente?, como é possível que existam mulheres que não saibam que a lei entrou em vigor?, COMO É POSSÍVEL ?
É claro que é possível , é possível porque o verdadeiro problema deste pais está na desinformação, na deseducação , está em que os jovens chegam à idade adulta sem que ninguém lhes tenha falado seriamente sobre o assunto, porque sexo e tudo o que está à volta, neste pais é tabu. Eu lembro-me de estar no 3 ano do liceu na Venezuela e ter feito um trabalho sobre anticoncepcionais, de ter que investigar e fazer uma apresentação na aula. Depois cheguei a Portugal e era sempre o mais informado...porque ninguém, tinha ouvido falar do assunto seriamente... e continuamos assim.
Vamos ao Vídeo , há um blog que costumo frequentar que tem esta musica, que eu adoro, é fantástica e esta versão também
Jorge

Passou o fim de semana, parece que o Hugo Chavez ganhou o referendo na Venezuela e vai governar até 2050...segundo ele!
Na venezuela há um ditado popular que diz, "No hay mal que dure cien años , ni cuerpo que lo aguente", há outro que diz "más vale malo conocido que bueno por conocer".
Sinceramente não sei se será bom ou mau para o país, a verdade é que uma vez mais o povo fez-se ouvir, e na Venezuela El pueblo es soberano" ainda que desta vez parece que o povo começou a acordar, se o Sim ganhou foi por muito pouco.
Entre as propostas apresentadas para alteração está uma que termina com a autonomia universitária , parece uma coisa simples, do que conheço do meio universitário Venezuelano, isso vai de certeza absoluta significar o encerramento das faculdades e muita agitação estudantil.
Estive inscrito perto de dois anos na UCV - Universidade Central de Venezuela, de esse ano e muito, mais de seis meses não houve aulas por greves, e lembro-me perfeitamente de um dia estarmos sentados na relva da Faculdade de ciências , de haver distúrbios na avenida ao lado e de uma bala ter passado tão perto de nós que a ouvimos assobiar...........e isto foi antes do Chavez . A autonomia universitária é um cavalo de batalha com muitas décadas e os estudantes venezuelanos não vão abrir mão dela de animo leve.
Amanhã estou de partida para New Jersey, quase três semanas de trabalho...assim, que a partir de amanhã teremos postais americanos
Jorge
PS:Tira da Mafalda retirada da Internet.
Ps2:Feliz natal a todos
Ps3:Não há PS3! ![]()