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Co-adopção

 

Hoje discutiu-se na assembleia da República uma aberração da democracia, uma lei que foi discutida, votada e aprovada, foi posta em causa porque a JSD decidiu que a lei era muito à frente para eles e portanto acham os jotinhas laranjas que ela deve ser referendada. Curiosamente a lei tinha sido aprovada com votos a favor de deputados do próprio PSD, ainda há quem vote em consciência, votos que esta vez terão que ser em sentido contrário, porque o partido impôs disciplina de voto, como se isto fosse um problema político e não da consciência de cada um.

 

Em primeiro lugar a mim faz-me confusão como é que num país que tem uma constituição que diz expressamente que ninguém pode ser discriminado com base na raça, em credos, religiões, etc, tenha que existir uma lei para permitir ou não a adopção, afinal somos ou não todos iguais perante a lei?

 

Em segundo lugar, todo o mundo esquece que nesta lei estamos a falar de crianças que na prática já vivem com dois pais ou duas mães, são crianças que já estão inseridas naquelas famílias e que a única coisa que muda é que a relação passa a estar escrita, de resto não muda nada.

 

Mas mesmo que estivéssemos a falar de adopção normal, a questão aqui não tem a ver com adopção nem com a existência ou não de crianças para adoptar, tem a ver com direitos e com sermos todos seres humanos e cidadãos deste país. Se todos temos direito a votar, se todos pagamos os mesmos impostos, se somos iguais para tudo o resto, porque havemos de ser diferentes para a adopção?

Depois irrita-me profundamente quando alguém fala de família tradicional, o que é uma família tradicional? Aquilo que todo o mundo chama casal convencional não passa de uma questão cultural, se formos por aí então para além dos casais do mesmo sexo temos que proibir também a adopção por pessoas singulares ... e já agora retirar os filhos aos pais e mães solteiras ... e a todos os homossexuais, se não são bons pais de crianças adoptadas porque hão de ser de filhos biológicos?

A realidade é que tudo isto não passa de discriminação, dizer que alguém não pode adoptar porque tem gostos sexuais diferentes é a mesma coisa que dizer que não pode adoptar porque usa o cabelo comprido, ou roupas fora de moda, ou por ser do benfica. 

As pessoas devem ser avaliadas pela sua capacidade de amar e de educar, não pelos seus gostos, tudo isto é uma estupidez e não deveria ser precisa lei nenhuma para que alguém pudesse adoptar, porque como cidadãos, desde que cumpramos todos os requisitos, todos deveríamos ter esse direito.

Quanto à questão da escola e da maldade das crianças, é evidente que as crianças são más, mas também o são com quem é gordo, com quem usa óculos, com quem tira boas notas, mas isso não impede os gordos ou quem usa óculos de ir à escola.

Além disso, é tudo uma questão de educação, se educarmos as crianças para a diferença elas saberão aceitar a diferença, se as educarmos para a homofobia, elas serão homófobas.

Eu adoptei duas crianças negras, que tem pais brancos e uma irmã loira, é claro que na escola há quem se meta com eles por isso, eu devia fazer o quê? Devolvê-los porque são gozados na escola? Ou só deveria ter aceite crianças brancas para que não fossem gozadas por serem adoptadas?

Eu confio na minha capacidade de os educar na diferença e de ser capaz de os ajudar a conviver com essa diferença, porque é os homossexuais tem que ser diferentes de mim?

 

Deixo o convite para que todos leiam o post Ao cuidado de quem é contra a Co-adoção - Um desabafo, um lamento e um pedido

 

Update : Os jotinhas sairam-se com a sua

 

Jorge Soares

publicado às 22:25


8 comentários

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De Jorge Soares a 19.01.2014 às 23:33

Hummm... eu por acaso também sou dos que costumo dizer que eles não são todos iguais... mas depois disto só posso concordar contigo, iguais não são de certeza, e dado que isto veio de uma das juventudes partidárias... há os maus, os piores e o que ainda vão ser piores que estes.

Infelizmente neste país o interesse da criança é mesmo o que menos interessa.

Boa semana
Jorge

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