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A escola pública e o direito a escolher.

por Jorge Soares, em 09.05.16

escolas.jpg

 

Imagem de aqui 

 

Tenho três filhos, dois estão na escola pública, um está numa escola privada porque não "há" lugar para ele na pública. Já tivemos experiências boas e más com a escola pública e com as privadas e posso dizer que sei do que falo.

 

Há pouco no telejornal um grupo de pessoas ia entregar cartas ao primeiro ministro, cartas a pedir a manutenção dos contratos de associação entre o ministério de educação e as escolas privadas. Entre as pessoas que foram entrevistadas duas ou três diziam que o governo lhes tem que garantir o direito a escolher o tipo de educação que elas querem dar aos filhos.... para ser sincero não percebi onde lhes foi retirado esse direito, mas já lá vamos.

 

As pessoas não percebem que a questão não é essa, não tem nada a ver com direitos de escolha, tem sim a ver com todos termos direito a uma educação digna, de excelência e igual para todos, e não,  não é de certeza este modelo de financiamento que estas pessoas tanto defendem, que garante esse direito.

 

Há uns dias o meu filho participou num jogo de basket contra o Estoril Baket, esta equipa joga no Pavilhão da Escola Salesiana de Manique. Um pavilhão com todas as condições, bastante melhor que o pavilhão municipal de Setúbal, ao lado do pavilhão havia uma piscina coberta, do outro lado havia um campo de futebol relvado e uma pista de atletismo sintética. O resto das instalações da escola estavam ao mesmo nível.

 

Acontece que a Escola Salesiana de Manique é uma das escolas com contrato de associação e é uma das escolas a que aqueles pais, que não sabem ou não querem saber mas que na realidade são uns privilegiados, se acham com direito a escolher.

 

Mas qual é a realidade do resto do país?

 

A equipa de basket onde joga o meu filho utiliza, por especial favor da câmara municipal,  para treinos e jogos o pavilhão de uma das escolas de Setúbal, basicamente são quatro paredes, um telhado  e pouco mais.

 

A minha filha mais velha está no Liceu de Setúbal, no inicio do ano escolar uma parte do telhado pavilhão caiu, como não há dinheiro para a reparação,  nos dias de chuva não há educação física, nos dias em que não chove as aulas são ao ar livre, esteja frio ou calor.

 

É claro que todos os pais que fomos ver o jogo a Manique estávamos de acordo, aquela era a escola ideal para os nossos filhos, o problema é que não há uma escola daquelas com contrato de associação em Setúbal e para quem cá mora já é uma sorte se conseguir escolher a escola pública onde colocar os seus filhos.

 

Aqueles pais que iam entregar cartas ao primeiro ministro acham que  o estado lhes deve garantir o direito a escolher o tipo de educação que querem para os seus filhos, eu concordo, a eles e a todos nós. O problema é que antes de se chegar a esse ponto, há muitas outras coisas para resolver e garantir. Por exemplo, garantir que há dinheiro para reparar o pavilhão do liceu de Setúbal para que os alunos possam ter todas as aulas de educação física a que tem direito.

 

Em lugar de gastar milhões a financiar escolas privadas de luxo, o estado deve garantir que existam escolas públicas com condições mínimas. Qual é a lógica de se fazerem contratos de associação com escolas privadas em cidades onde há ensino público suficiente?

 

A maneira do estado garantir uma educação pública eficiente e igual para todos não é financiando escolas privadas de luxo, é usando o dinheiro para melhorar o ensino público.

 

Já me esquecia,  evidentemente todo o mundo tem direito a escolher entre as publicas e as privadas, basta que se disponha a pagar, que foi o que eu fiz quando percebi que na pública neste momento não "há" lugar para o meu filho e que a resposta era nas privadas..

 

Jorge Soares

publicado às 23:29


2 comentários

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De Rui a 10.05.2016 às 16:30

Pegando no mesmo tema, gostaria de referir esta notícia
http://zap.aeiou.pt/cortes-no-ensino-privado-ameacam-metade-dos-colegios-financiados-pelo-estado-111750

e citar o parágrafo
"A confirmar-se esta realidade, a AEEP avisa ainda, que ficarão no desemprego 4.222 pessoas, entre professores e demais funcionários."

É provável que esses números sejam corretos mas gostaria de lembrar que esses trabalhadores são funcionários de empresas totalmente privadas!!!!!!

Os bancos privados tambem foram vendidos a outras empresas e muitos trabalhadores vieram para a rua e nem por isso a CGD os foi contratar.

Há uns anos, este professores que não conseguiam colocação no público e conseguiam no privado tiveram benesses, pois alguém se lembrou de colocar na lei a conversão de tempo de trabalho do privado para o público. Desta forma, bastou que alguns diretores, amigos desses professores indicasse na plataforma que o professor X trabalhou (um exemplo) 1000 dias quando na realidade apenas teria trabalhado metade o que permitiu a subida escandalosa na lista de contratados.

Lamento, a vida é mesmo assim, mas não posso eu estar a colocar os meus filhos no ensino público (também o frequentei na íntegra) e pagar com impostos para os filhos dos outros andarem no privado.
Sem imagem de perfil

De José a 12.05.2016 às 14:35

Olá Rui tema, referiu, muito bem, no seu comentário, a seguinte notícia:
citando o parágrafo:
"A confirmar-se esta realidade, a AEEP avisa ainda, que ficarão no desemprego 4.222 pessoas, entre professores e demais funcionários."
É provável que esses números sejam corretos mas gostaria de lembrar que esses trabalhadores são funcionários de empresas totalmente privadas!!!!!!
Então...concordo totalmente consigo!!!
Estão a falar de desemprego, muito me espanta, só acordaram agora...
Então eu pergunto, o que é feito da indignação das pessoas, quando nos últimos anos, foram despedidos cerca de 25mil professores.
Ou quando o Srº Passos Coelho juntamente com o ministro da educação, despediu cerca de 11mil professores dos Centros de Novas Oportunidades, fora o pessoal administrativo destes centros...
Dos enfermeiros que estavam no sistema nacional de saúde, entre outros.
Então não estavam cá, queres ver que também emigraram por falta de trabalho...
Muita palhaçada e pouca seriedade...

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