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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Tenho três filhos, dois estão na escola pública, um está numa escola privada porque não "há" lugar para ele na pública. Já tivemos experiências boas e más com a escola pública e com as privadas e posso dizer que sei do que falo.
Há pouco no telejornal um grupo de pessoas ia entregar cartas ao primeiro ministro, cartas a pedir a manutenção dos contratos de associação entre o ministério de educação e as escolas privadas. Entre as pessoas que foram entrevistadas duas ou três diziam que o governo lhes tem que garantir o direito a escolher o tipo de educação que elas querem dar aos filhos.... para ser sincero não percebi onde lhes foi retirado esse direito, mas já lá vamos.
As pessoas não percebem que a questão não é essa, não tem nada a ver com direitos de escolha, tem sim a ver com todos termos direito a uma educação digna, de excelência e igual para todos, e não, não é de certeza este modelo de financiamento que estas pessoas tanto defendem, que garante esse direito.
Há uns dias o meu filho participou num jogo de basket contra o Estoril Baket, esta equipa joga no Pavilhão da Escola Salesiana de Manique. Um pavilhão com todas as condições, bastante melhor que o pavilhão municipal de Setúbal, ao lado do pavilhão havia uma piscina coberta, do outro lado havia um campo de futebol relvado e uma pista de atletismo sintética. O resto das instalações da escola estavam ao mesmo nível.
Acontece que a Escola Salesiana de Manique é uma das escolas com contrato de associação e é uma das escolas a que aqueles pais, que não sabem ou não querem saber mas que na realidade são uns privilegiados, se acham com direito a escolher.
Mas qual é a realidade do resto do país?
A equipa de basket onde joga o meu filho utiliza, por especial favor da câmara municipal, para treinos e jogos o pavilhão de uma das escolas de Setúbal, basicamente são quatro paredes, um telhado e pouco mais.
A minha filha mais velha está no Liceu de Setúbal, no inicio do ano escolar uma parte do telhado pavilhão caiu, como não há dinheiro para a reparação, nos dias de chuva não há educação física, nos dias em que não chove as aulas são ao ar livre, esteja frio ou calor.
É claro que todos os pais que fomos ver o jogo a Manique estávamos de acordo, aquela era a escola ideal para os nossos filhos, o problema é que não há uma escola daquelas com contrato de associação em Setúbal e para quem cá mora já é uma sorte se conseguir escolher a escola pública onde colocar os seus filhos.
Aqueles pais que iam entregar cartas ao primeiro ministro acham que o estado lhes deve garantir o direito a escolher o tipo de educação que querem para os seus filhos, eu concordo, a eles e a todos nós. O problema é que antes de se chegar a esse ponto, há muitas outras coisas para resolver e garantir. Por exemplo, garantir que há dinheiro para reparar o pavilhão do liceu de Setúbal para que os alunos possam ter todas as aulas de educação física a que tem direito.
Em lugar de gastar milhões a financiar escolas privadas de luxo, o estado deve garantir que existam escolas públicas com condições mínimas. Qual é a lógica de se fazerem contratos de associação com escolas privadas em cidades onde há ensino público suficiente?
A maneira do estado garantir uma educação pública eficiente e igual para todos não é financiando escolas privadas de luxo, é usando o dinheiro para melhorar o ensino público.
Já me esquecia, evidentemente todo o mundo tem direito a escolher entre as publicas e as privadas, basta que se disponha a pagar, que foi o que eu fiz quando percebi que na pública neste momento não "há" lugar para o meu filho e que a resposta era nas privadas..
Jorge Soares