"Se há 10 anos me dissessem que neste país, um país com um povo que se orgulha de ser patriota e, no qual, outrora, viveu um espírito de solidariedade quase inigualável no Mundo, a maioria da população rejubilaria pela detenção de 4 portugueses numa viagem de barco que transportava bens essenciais para entregar num conflito onde, em menos de dois anos, morreram mais de 20 mil crianças, acusando-os de estarem do lado de terroristas, como se crianças fossem algo mais do que simplesmente crianças, eu diria que nem o Herman José teria tal imaginação ao escrever um dos seus melhores sketches.
Mas sim, está a acontecer e com participação ativa de um ministro, de políticos, de diplomatas e da sociedade civil nacional.
É possível não ter simpatia pela deputada, pela atriz, pelo ativista ou pelo estudante detidos de forma ilegal em águas internacionais por Israel.
Mas, num país minimamente civilizado e tão profundamente católico, uma religião cuja mensagem principal é a do amor ao próximo, era suposto haver pelo menos respeito e união no desejo para que todos regressassem sãos e salvos, independentemente de todas as diferenças ideológicas, digo eu.
O que te aconteceu, Portugal?"
Alguém se lembra do Lusitânia Expresso?
Se calhar, quem goza com estes 4 portugueses é novo demais para se lembrar. Na altura, éramos todos timorenses e todos achávamos que a Indonésia oprimia uma parte de nós. A diferença, agora, é que o opressor se chama Israel.
Fizemos uma festa enorme quando Timor se tornou um país livre e se viu livre dos opressores. Agora, há quem tenha feito uma festa enorme porque quem ia no Lusitânia Expresso de 2025 foi preso.
É mesmo... O que te aconteceu, Portugal?
Jorge Soares