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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Passou um ano desde o ataque ao Charlie Hebdo, naquele dia acordamos por via indirecta e da pior forma para a realidade de uma guerra que até aquele momento estava longe da vista e longe do coração algures Síria e no Iraque.
Durante uns dias e perante o choque de uma dúzia de mortos numa cidade que para muita gente é um símbolo do romantismo, todos fomos Charlie e todos condenamos a barbárie de um ataque cobarde e, aos nossos olhos, sem sentido.
Passado uns tempos a mesma guerra haveria de nos entrar de novo pela casa dentro via televisão e redes sociais na forma de centenas de milhares de pessoas que deixando tudo para trás e muitas vezes arriscando as suas vidas e as dos seus, insistiam em atravessar fronteiras para poderem ter direito a aquilo que a maioria de nós dá por garantido, uma vida.
Nessa altura a maioria esqueceu-se que era Charlie e que aquelas pessoas queriam chegar à Europa, rica, precisamente porque estavam a fugir dos mesmos que (nos) tinham atacado em Paris... ser Charlie é giro desde que eles fiquem na terra deles ou na terra dos que são como eles.
Entretanto a guerra voltou a Paris, esta vez de uma forma mais organizada e talvez por isso as mortes passaram da dezena para mais de uma centena.... e um destes dias voltará em Paris ou noutra cidade europeia qualquer e quem sabe quantos mais morrerão.
Apesar de do Charlie Hebdo, do Bataclan e de todas as vidas que se perderam, a verdade é que na Síria e no Iraque tudo continua igual, nada mudou, a guerra continua e pouco ou nada se fez para que as coisas mudassem, os bons e os maus continuam a ser apoiados e alimentados, porque para além dos milhares que fogem e/ou morrem, por trás de tudo isto há sempre alguém que ganha com a guerra, com esta ou com outra qualquer e por isso não interessa muito que ela acabe.
Continuamos a ser Charlie? Não, claro que não, porque na maior parte dos casos nunca o fomos.
Jorge Soares