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Eu que grito aos meus filhos, me confesso!

por Jorge Soares, em 05.10.14

Imagem retirada de aqui

 

Eu para além de ter mau feitio, tenho um tom de voz elevado, muitas vezes a meio de uma conversa ou de uma discussão basta subir um bocadinho o tom para as pessoas acharem que eu estou chateado ou a gritar, na maioria das vezes não é o caso, mas já me senti prejudicado mais que uma vez por isso.

 

Ora tendo uma voz alta e três filhos que felizmente não primam pela perfeição, não é raro dar por mim a gritar com eles, e também já dei por mim  mais que uma vez a pensar: "Como é que as pessoas conseguem não gritar?".

 

A primeira resposta é inevitavelmente uma pergunta: porque é que os os meus filhos não são normais? Eu gostava tanto de ter filhos com os que não fosse necessário gritar....

 

Evidentemente o assunto já foi tema de conversa mais de uma vez com a minha meia laranja, que também grita, principalmente quando se trata das desarrumações da R.

 

Por vezes tento conter-me e consigo durante dois ou três dias, mas quando temos um hiperactivo, uma cabeça no ar e uma teimosa, damos muitas vezes por nós a repetir as mesmas repreensões dia trás dia, e há um dia em que perdemos a cabeça e inevitavelmente terminamos aos gritos.

 

Pior mesmo é quando chegamos àquela fase em que eles já pensam e no meio da repreensão nos dizem: "Não é preciso gritar!!"... aí é quando eu me passo mesmo, tomo aquilo como um desafio à autoridade e elevando ainda mais a voz lhes respondo com um : "Eu falo contigo da maneira que entender e tu tens que me ouvir sem reclamar!"

 

Resta-me o consolo de saber que pelo menos cá no prédio não somos os únicos e quem tem filhos da idade dos nossos grita tanto como nós.. o que não quer dizer que seja correcto.

 

Há muitas teorias sobre o efeito dos gritos nas crianças, a mais comum diz que as crianças repetem na escola o comportamento que temos com eles  e filhos de pais que gritam terminam a gritar com colegas e professores... se calhar é verdade... ou não! Comigo gritaram muito quando eu era pequeno, eu não gritava com os meus colegas e professores, mas agora grito com os meus filhos ... vale o que vale. 

 

Este fim de semana no meio de uma enorme crise com os efeitos da hiperactividade do N. na escola, dei por mim a pensar que tenho que mudar, para começar não volto a gritar e se possível e eles me deixarem, quando for necessária alguma repreensão, vou tentar que em lugar de gritos as coisas se resolvam com conversas cordiais, educadas e construtivas.

 

Não faço ideia quanto tempo é que vou conseguir manter o desafio, isto vai ter que ser mesmo dia a dia, cá em casa há matéria prima suficiente para levar à loucura qualquer santo, será portanto um dia e um assunto de cada vez.

 

Ontem e hoje consegui, portanto: Número de dias sem gritar - 2

 

Jorge Soares

 

PS: No outro dia a Joana perguntava aqui como farão os outros pais para se controlarem, eu também me pergunto o mesmo.

publicado às 22:37


19 comentários

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De DyDa/Flordeliz a 05.10.2014 às 23:45

Quantos chás de camomila?
Continuação de boas tentativas.
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De golimix a 07.10.2014 às 14:09

Camomila e valeriana misturad a com doses industriais de tília!
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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:28

Pois.. e começo a achar que vai mesmo ser preciso.



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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:27

Até agora não foi preciso... mas começo a sentir que não tarda vai ser ... é que acho que deixou de ser novidade e vai começar o esticar da corda.... no dia anterior à decisão tinha terminado com "chá escocês" para me acalmar do desastre eminente..... vamos lá ver se não tenho que voltar a ele

Jorge
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De Cris a 06.10.2014 às 08:09

Boa sorte. Quer-me parecer que se conseguires superar o desafio, os teus filhos vão achar estranho e desconfiar... :p
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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:29

Eu começo a achar que eles vão é esticar a corda até ver onde está a minha resistência e/ou pciência

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De pc a 06.10.2014 às 08:44

Olá Jorge,

ler este mail fez-me lembrar muitos dos meus pensamentos... Eu assumo, também grito! E às vezes até me parece que não sou boa mãe, não faço parte do grupo de mães perfeitas, mães zen, mães calmas e compreensivas que apenas conversam com os seus filhos. Mas, acho que também não me sinto assim tão mal com isso :)
Eu também ouvi ralhar e não acho que me tenha feito tanto mal assim...
De qualquer maneira, tenho sim, tentado melhorar a forma de comunicar com a minha filha. E na verdade tem resultado. Eu comecei por aqui: http://mumstheboss.blogspot.pt/ e pelo desafio berra-me baixo. Experimenta...

Abraço
lua
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De Olívia a 06.10.2014 às 09:55

Que bom!
Eu também comecei por aí e digo que passados alguns meses grito menos, muito menos... mas tive de encontrar soluções mais práticas para evitar ter o tal colapso e depois gritar por todos os dias em que não o fiz. Comecei por ver porque é que eu gritava com uma e com a outra, e tentei encontrar maneiras de dar a volta, por exemplo gritava com a mais velha porque se esquecia sempre de alguma coisa antes de sair de casa e só se lembrava a chegar à escola. Solução: coloco uns 6 ou 7 post-it com as coisas que ela tem de levar e ela vai tirando os palelinhos à medida que coloca as coisas na mochila, funciona também para as tarefas de casa (fazer a cama, arrumar a roupa, limpar a casa de banho...) deixo-os bem à vista de toda a gente num móvel do hall de entrada! Com a mais pequena foi pior... o problema eram (e ainda são) as birras, então usei a técnica de por cada dia sem birras ela era elogiada e ao fim de vários dias recebia uma medalha para a parede... penso que o mais importante é simplificarmos as nossas vidas, eu grito, mas muito menos...
Olívia
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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:32

É mesmo bom saber que há mais quem se sinta como eu .... é verdade que não é para nos sentirmos assim tão mal, pior era se em lugar de gritar o espancássemos... mas fica sempre aquela dúvida.. "não serei eu que estou a fazer algo errado?"

Até agora tem estado a funcionar, mas o facto de eu ter mudado o meu comportamento não quer dizer que eles mudem o deles... e não sei se a minha paciência vai durar mais que o meu mau feitio
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De Joana Mendonca a 06.10.2014 às 10:36

Jorge, eu também tenho tendência a elevar a voz... A coisa melhor que tenho feito com isto nos ultimos tempos é partilhar a minha frustração e vontade de não gritar com a R., e partilhar também alguma da responsabilidade, para que eu não tenha que dizer SEMPRE tudo mais que 10 vezes... Ela felizmente também é uma criança normal e faz imensos disparates, responde torto, etc., e todos os dias há qualquer coisa que me "tira do sério"... Eu tenho tentado falar muito baixinho quando me apetece brincar. Por vezes tenho que respirar fundo 3 vezes... É um caminho! É bom poder partilhá-lo! (Ainda bem que escreveste sobre isto!)
Joana
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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:34

Eu tenho tentado partilhar, principalmente com o N....mas não sinceramente não sei se a impulsividade dele não é (muito) maior que o esforço que eu ele sabe que eu estou a fazer para levar as coisas de outra maneira. ... começo a achar que não há como vencer esta batalha..e ainda só passaram 4 dias.
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De Joana Mendonca a 08.10.2014 às 10:04

Eu acho que mesmo que dure 1 dia, vale a pena. E mesmo que percas a "batalha", podes levantar-te e voltar à luta! Eu chamo-lhe caminho! Já tentei varias vezes e nunca durei uma semana... esta deve ser a minha 4ª tentativa, e já passaram 4 semanas :) Por vezes levanto a voz, e quando começo assim sei que é altura de me afastar e respirar fundo. A 1ª semana a R. estava sempre a "esticar a corda" para ver se eu cedia, mas depois começou a habituar-se :) Mesmo que sejam poucos dias, para mim tem valido a pena. Bom caminho!
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De Patricia a 06.10.2014 às 17:16

Por enquanto estou a perder, 2-0 cá em casa!
Mas hoje de manhã, não gritei nem uma só vez!
Talvez seja hoje que consigo ganhar o meu 1º ponto.

Mas se conseguirmos vencer esta batalha, todos nós os 5 seremos certamente mais felizes!!

Acho que vou por na porta do frigorifico uma tabela de pontos!!!
Patrícia
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De golimix a 07.10.2014 às 14:40

Aqui em casa também estou a perder....
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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:37

Ou isso ou vamos todos parar ao manicómio ... mas eu não desisto.. vão guardando a camisa de forças
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De golimix a 07.10.2014 às 14:38

Bem... neste estamos de acordo. Não uso a palmada pegógica, mas grito que me farto...

Já jurei que não ia mais fazê-lo, mas, tal como tu, tenho um filho adolescente normal e que me faz passar da carola com as coisas espalhas pela casa, e as tarefas que lhe peço para fazer sempre com a resposta "já vou", ou "depois faço", ou "amanhã prometo", só fazendo com um grito e comigo em estado de histeria!!!! Eu já lhe perguntei se ele gosta de me ouvir gritar. É que parece.

A minha metade, que até anda com mais paciência, já me perguntou de que me serviram tantos ivros de psicologia e estudos na área. Pois... citando um título do psicólogo "xanax" Eduardo Sá, "A vida não se aprende nos livros".

Juro a mim mesmo que "hoje não me vou passar". Eh páh! Mas depois são as satilhas pela sala, roupa por todo o sítio menos onde deve, mochila de levros no chão, mochila da ginástica esquecida no local onde foi estratégicamente colocada, e em que ele tem que passar por cima se quiser passar e é quase impossível não a ver, e mesmo assim fica ali 1...2... até ao máximo de 3 dias sem ir para o sítio que deve, e a roupa suja colocada no respetivo sítio. Só mesmo um perfeito santo não se passa! E eu não sou perfeita nem santa. E alturas há que me salta a tampa e a panela toda!!

Mas ando a tentar, e eu digo tentar com muitaaaaa paciência e deslingando a mente, não gritar. Tentar que ele perceba o meu ponto de vista, pedir desculpa se elevo o tom de voz, que também é da minha tendência fazê-lo, enfim... usar de tudo para que esta casa seja mais normalzita e não o mercado do bolhão....
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De Jorge Soares a 07.10.2014 às 23:41

A vida aprende-se vivendo, disso não tenho dúvidas... acho que tenho cá em casa o par perfeito para o teu adolescente... ele gosta de ler? a ela pouco mais lhe interessa que os livros... mas para ser sincero se todos os problemas fossem a desarrumação.... eu dava de barato que os meus fossem desarrumados ..e os outros até nem são.. o pior é mesmo o resto... enfim, um dia de cada vez.... e eu sou de erteza mais forte que eles... acho!
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De Patricia a 08.10.2014 às 14:17

És mais forte do que eles, tenho a certeza.

Olha já experimentei com os meus alunos o seguinte.
Um elevou-me a voz, estava mesmo irritado! E eu calmamente, disse-lhe:

Zé, tenho a certeza que não era nesse tom de voz que me queria falar, pois não?
Ele ficou tão espantado, que me pediu logo desculpa e continuamos em tom normal.

Acredito que se eu conseguir aplicar a eficiência de comunicação com os meus filhos que consigo com os meus alunos...tudo vai ser mais fácil. E vamos realmente ser mais felizes!!!

E o "chá escocês" pode algumas vezes...ajudar a relaxar....

Patricia
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De Padrinhos Civis a 15.10.2014 às 19:44

Eu (madrinha civil) também grito... O padrinho civil não. Como raios é que ele consegue? E muitas vezes perco a razão por gritar... Acho que gritar... alivia... Mas também acho que não é nada bom para os filhos e gostava de não dar este mau exemplo...
Obrigada por esta iniciativa! Vou iniciar hoje o meu primeiro dia sem gritos. Vai ser um dia de cada vez! :-)

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