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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Um destes dias alguém dizia numa reportagem da Antena 1, que com o novo tratamento para a Hepatite C se poderiam salvar perto de 3000 pessoas, será esse porventura o número de afectados com a doença em Portugal.
Maria Manuela Ferreira era uma dessas pessoas, morreu a semana passada vitima da doença, estava há muito na lista de espera para o tratamento que nunca chegou. O governo arrasta há meses e meses o braço de ferro com a empresa farmacêutica, as negociações arrastam-se, o medicamento não está disponível e os doentes vão morrendo.
Entretanto ficou-se a saber que a empresa disponibilizou gratuitamente 100 tratamentos, um desses tratamentos seria para Maria Manuela e essa indicação teria sido dada ao hospital, só que pelos vistos alguém se esqueceu de fazer as diligências necessárias e os medicamentos nunca saíram da empresa, agora Maria Manuela está morta, de quem é a responsabilidade?
O medicamento custa 42000 Euros por doente, mas ao contrário dos outros já existentes no mercado, tem a vantagem de que na grande maioria dos casos cura a doença.
É claro que 42000 euros é muito dinheiro, mas estamos a falar de vidas humanas, será que alguém já fez as contas sobre quanto custa por ano ao estado cada um destes doentes? Em lugar de estar a tratar doentes durante anos e anos com medicamentos que só aliviam os sintomas mas não curam a doença, não será mais económico pagar os 42000 Euros e devolver a saúde a um ser humano? Quanto custa uma vida?
Hoje o ministro da saúde Paulo Macedo foi confrontado no parlamento por um dos doentes que se queixa de que nem oferecendo-se para pagar metade do medicamento, obtém respostas nem dos médicos nem do próprio ministro a quem teria escrito uma carta.
"A mãe do David morreu, não me deixe morrer” foram as palavras de José Carlos Saldanha, doente com hepatite C há 18 anos e que aguarda há um ano pelo polémico medicamento.
Eu entendo que o estado tente negociar com a empresa farmacêutica para que esta desça o preço do medicamento, aliás, há mesmo uma iniciativa da união europeia para que as negociações se façam em conjunto por todos os estados e assim haver mais poder negocial, o que não entendo é que entretanto se deixem morrer pessoas, o estado pode negociar os preços do futuro, mas não pode de forma alguma negar o direito à vida a quem espera há anos por uma cura.
Quanto ao deputado do PSD Miguel Santos que acusou os doentes de estarem a montar um circo para chamar a atenção...bom, que na assembleia há um circo já todos sabíamos, agora ficamos a saber onde costumam estar os palhaços....
As afirmações de Miguel Santos são de uma enorme falta de respeito por quem tem todo o direito a expressar a sua indignação, parece que o senhor se esqueceu que foi eleito para defender os portugueses, não os ministros e os governos que deixam as pessoas morrer... .demita-se senhor deputado, está a mais na assembleia da república.
Vídeo com a reportagem da RTP sobre a interpelação ao ministro por José Carlos Saldanha:
Jorge Soares