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Hepatite C, quanto custa uma vida?

por Jorge Soares, em 04.02.15

hepatiteC.jpg

 Imagem de aqui

 

Um destes dias alguém dizia numa reportagem da Antena 1, que com o novo tratamento para a Hepatite C se poderiam salvar perto de 3000 pessoas, será esse porventura o número de afectados com a doença em Portugal.

 

Maria Manuela Ferreira era uma dessas pessoas, morreu a semana passada vitima da doença, estava há muito na lista de espera para o tratamento que nunca chegou. O governo arrasta há meses e meses o braço de ferro com a empresa farmacêutica, as negociações arrastam-se, o medicamento não está disponível e os doentes vão morrendo.

 

Entretanto ficou-se a saber que a empresa disponibilizou gratuitamente 100 tratamentos, um desses tratamentos seria para Maria Manuela e essa indicação teria sido dada ao hospital, só que pelos vistos alguém se esqueceu de fazer as diligências necessárias e os medicamentos nunca saíram da empresa, agora Maria Manuela está morta, de quem é a responsabilidade?

 

O medicamento custa 42000 Euros por doente, mas ao contrário dos outros já existentes no mercado, tem a vantagem de que na grande maioria dos casos cura a doença.

 

É claro que 42000 euros é muito dinheiro, mas estamos a falar de vidas humanas, será que alguém já fez as contas sobre quanto custa por ano ao estado cada um destes doentes? Em lugar de estar a tratar doentes durante anos e anos com medicamentos que só aliviam os sintomas mas não curam a doença, não será mais económico pagar os 42000 Euros e devolver a saúde a um ser humano? Quanto custa uma vida?

 

Hoje o ministro da saúde Paulo Macedo foi confrontado no parlamento por um dos doentes que se queixa de que nem oferecendo-se para pagar metade do medicamento, obtém respostas nem dos médicos nem do próprio ministro a quem teria escrito uma carta.

 

"A mãe do David morreu, não me deixe morrer” foram as palavras de José Carlos Saldanha, doente com hepatite C há 18 anos e que aguarda há um ano pelo polémico medicamento.

 

Eu entendo que o estado tente negociar com a empresa farmacêutica para que esta desça o preço do medicamento, aliás, há mesmo uma iniciativa da união europeia para que as negociações se façam em conjunto por todos os estados e assim haver mais poder negocial, o que não entendo é que entretanto se deixem morrer pessoas, o estado pode negociar os preços do futuro, mas não pode de forma alguma negar o direito à vida a quem espera há anos por uma cura.

 

Quanto ao deputado do PSD Miguel Santos que acusou os doentes de estarem a montar um circo para chamar a atenção...bom, que na assembleia há um circo já todos sabíamos, agora ficamos a saber onde costumam estar os palhaços....

 

As afirmações de Miguel Santos são de uma enorme falta de respeito por quem tem todo o direito a expressar a sua indignação, parece que o senhor se esqueceu que foi eleito para defender os portugueses, não os ministros e os governos que deixam as pessoas morrer... .demita-se senhor deputado, está a mais na assembleia da república.

 

Vídeo com a reportagem da RTP  sobre a interpelação ao ministro por José Carlos Saldanha:

 

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:26


6 comentários

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De nelson a 05.02.2015 às 09:51

Os maus da fita são as farmaceuticas.
O mesmo medicamento no Egipto custa 48 vezes menos do que em Portugal.
Portugal tem 100.000 doentes. Pagar o que é pedido representa metade do orçamento da saúde.
Os recursos que temos são limitados. Existem outros doentes graves em Portugal. Percebe-se o desespero de quem está doente com Hepatite e vê a cura tão perto. Mas parece-me que cabe ao MNE administrar a situação de forma a evitar abusos desproporcionais.
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De Catarina a 05.02.2015 às 10:49

Ai carambas, alguém com bom senso! Tem sido complicado por estes dias encontrar isso mesmo.
Cada vez mais nos deixamos levar por estas notícias que são dadas todos os dias, que não mais pretendem ser do que maliciosas e manipulativas de opiniao.
Para além dos dados certos que apresentou, é relevante, por exemplo destacar que esta senhora que agora faleceu recusou durante 6 anos o tratamento para a sua hepatite C (embora não sendo curativo, atrasa a evolução da doença). E estes dados até são apresentados pelo hospital em comunicado, mas estes já nao interessa a ninguém ouvir ou falar. E não , o tratamento dested doentes pelo método estabelecido em vigor, não custa nem de longe nem de perto o que nos pedem para pagar por este.
Para além disto, é importante referir que, este tratamento não é curativo da hepatite C, é curativo de uma patologia e complicação que advém da mesma, sendo que estes doentes vão precisar sempre de acompanhamento. Ora pensemos: temos uma paciente que durante 6 anos se recusou a seguir o tratamento implementado, que agora ficaria curada duma complicação da doença que tem, e depois? Iria a paciente cumprir com o que vem a seguir?
Sabiam que para seriar pessoas para transplantes um dos critérios é exatamente a análise dos hábitos de vida do paciente?
Há questões bem mais complexas do que nos parecem à partida, e o pensamento crítico fundamentado é essencial na análise das mesmas!
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De Alexandre Santos a 05.02.2015 às 12:40

Em resposta a Catarina e também como comentário assunto, digo-lhe cara Catarina que talvez com um caso idêntico na sua pessoa ou nos seus mais próximos e não necessáriamente hepatite C a sua visão mudaria de forma radical.
Fala assim porque julga-se imune a qualquer problema de saúde mas lembre-se que só o é até ao dia em que por infortúnio ( Deus queira que não ) lhe acontecer ser portadora duma doença crónica.

Comentando o assunto em si espanta-me que a merda do primeiro ministro e ministra das finanças que temos não tenham a capacidade de ver o que se passa aqui ao lado em Espanha que usa um genérico com resultados iguais e por um preço irrisório comparado com o da americana Gilead.
Afinal esta cambada de merdosos que nos governa servem para quê ?
E os dinheiro dados aos bancos para salvar a pele de meia dúzia de escrápulas que se dizem governantes como o PR que vive da política desde sempre.
E o dinheiro para salvar o amigo do pai disto tudo ( Mário Soares ) o dono disto tudo ( Ricardo Salgado) , sim como é, para tudo isto há dinheiro e para comprar medicamentos para tratar doentes não há.

Quem puser em causa isso ou deve reflectir bem a sua opinião ou então é igual a esses merdosos, até ao dia em que experencie uma doença crónica.
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De Catarina a 05.02.2015 às 12:55

Eu peço imensa desculpa Alexandre Santos, mas não sabe de todo do que fala! Não há genérico nenhum deste novo fármaco inovador, daí ele ser inovador! Se houvesse, a farmacêutica não praticaria os preços que pratica, pois teria concorrência, o que não é o caso!
Aliás, os nossos vizinhos espanhois estão na mesma luta que nós pela baixa do preço do medicamento, assim como outros países da União Europeia! O fármaco ainda não faz parte de nenhum Sistema de Saúde Europeu por TODOS andarem a negociar o preço (podendo embora alguns pacientes já estar a receber o mesmo tratamento por excepção.)
Eu experencio doenças crónicas todos os dias. Lido com elas pois trabalho como profissional de saúde. Para além de pessoas na minha família que as têm também. Ninguém disse que é fácil. Muito pelo contrário! Disse sim que estas situações são bem mais complexas do que parecem à primeira vista!
E prefiro não debater mais o assunto, porque insultos não são de todo a minha forma de estar na vida.
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De Jorge Soares a 05.02.2015 às 13:17

Catarina

É verdade que não há genéricos para este medicamento, até porque ele é recente e ainda está no período coberto pela patente, e é verdade que na Espanha também se discute o assunto como cá, mas há uma diferença, por aquilo que tenho lido e ouvido nos meios de comunicação espanhóis, há comunidades autónomas onde apesar da negociação em curso, o governo autónomo está a comprar o medicamento e a tratar os doentes.

Eu concordo consigo na generalidade, mas não deixo de pensar que para os casos em que o medicamento pode curar a doença, a médio e longo prazo fica mais barato ao estado pagar um valor alto por este medicamento que estar anos a tratar um doente com doenças crónica e complicações.

Jorge Soares
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De Catarina a 05.02.2015 às 14:02

Caro Jorge Soares, obrigada pelo comentário!

Vou-lhe só dizer uma coisa que fica aqui entre nós... Em Portugal o medicamento também foi dado a cerca de 100 pacientes no ano passado. Casos graves, pagos pelos contribuintes, pelo SNS.
Mas isto já não interessa ser falado nos telejornais. Imagine a abertura de um qualquer jornal com "Mulher que não cumpre tratamento para Hepatite C há 6 anos morre no hospital". Acha que havia andiência para tais notícias? Que se vendiam jornais?

Eu não quero de todo parecer insensivel! Num mundo perfeito, onde todos fossemos ricos ou o estado nos fornecesse tudo o que precisavamos e tinhamos direito (coisa que não existe em nenhum país do mundo), todo teríamos acesso a tudo, cumprissemos ou não o que está estipulado. Infelizmente assim não é, e o bom senso impõe regras de atribuição destes fármacos.

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