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Hiperactividade - Sou um PHDA…

por Jorge Soares, em 19.03.15

 

As coisas não andam nada fáceis por estes lares, tudo o que já aconteceu com o N. desde Setembro até agora, dava para muitos posts... dava para um livro sobre a hiperactividade... a escola... os colégios, ... vai de aí e se calhar dá mesmo, quem sabe e não é desta que o blog passa para o papel e o escrevo ... ainda estamos em Março e tenho a certeza que vão haver mais capítulos... espera-se um final feliz.... talvez.

 

Entretanto hoje encontrei o seguinte texto neste blog, um texto que deveria ser de leitura obrigatória para todas as pessoas que de alguma forma lidam com crianças com PHDA... leiam e reflictam.

 

Sou um PHDA…

Se não sabe o que é, continue a ler…

 

PHDA é Perturbação de Hiperactividade e Deficit de Atenção. Sim, sou um daqueles tipos que não consegue ficar quieto nem estar muito tempo a fazer a mesma coisa. Sabem, um daqueles que passou a porra da infância a levar chapadas porque não se portava bem. Não que as chapadas resolvessem fosse o que fosse, era mais para aliviar quem as dava que para ajudar quem as recebia. No meu tempo, ah a velhice começa com estas palavras, não havia Ritalinas e Concertas e quejandos, não, o que havia e de sobra era palmadas, chapadas e promessas de sovas de cinto. A única real diferença é que as Ritalinas e afins têm uma duração maior.

 

Entretanto lá cresci. Agora, dizem, sou um adulto e as chapadas são outras.

 

Entretanto vou lendo por todo o lado que SE os PHDAs SE mantivessem atentos eram os maiores da cantareira… De uma das vezes deu-me para responder assim:

 

“Ela não é má aluna… se estivesse concentrada na escola seria até excelente…”

 

No meu entender, muito pessoal entenda-se, é este a base do problema da maioria dos pais de PHDAs, o SE.

 

Meus caros/as, não há nenhum SE. A única coisa a fazer é ajustar as expectativas. Pois, eu também vivia melhor SE me saísse o EuroMilhões. Como diz a vox populi, SE a minha avó não tivesse morrido ainda hoje estava viva.

 

Vejo este problema continuamente, seja aqui, em conversas no café, nas reuniões com os professores, em todo o lado. Sempre o malfadado SE. Os nossos filhotes não têm culpa das expectativas que colocámos neles. Não têm a obrigação de cumprir os sonhos de ninguém a não ser os deles, não têm de ser melhores que ninguém a não ser eles mesmos. No entanto, avaliamo-los segundo critérios que não são justos para eles. SE estivesse atento era o melhor aluno, SE escrevesse de forma que se lesse copiava tudo do quadro, SE decorasse a tabuada tinha boas notas, SE estivesse quieto não incomodava ninguém. Já todos dissémos e pensámos isto, somos TODOS culpados.

 

O facto é só um, eles não vão ficar mais atentos, eles não vão escrever melhor, não vão decorar e não vão ficar quietos. E não vão porque não querem, apenas porque não podem. É o mesmo que agora alguém vos exigisse que mudassem a cor dos olhos ou a altura das pernas.

 

Ajustem as vossas expectativas ao que os vossos adorados “diabinhos” SÃO, não o que alguém desejaria que ele/a fosse, seja quem for esse alguém.

 

Entendam que eles têm limites, entendam que eles têm capacidades, respeitem ambas.

 

Vamos por os “peixes” a nadar e deixar as árvores para os “macaquinhos”, tá bem?

 

Sempre a mesma treta, sempre a mesma conversa… SE o meu gato fosse um cão, ladrava.

 

Vamos lá a ver se a gente se entende, é muito bonito dizer, ah e tal SE fosses mais alto não eras tão baixo, pois como SE fosse eu que mandasse no crescimento das pernas. É exactamente o mesmo com os PHDA, nós não fazemos como os outros, PORQUE não somos como os outros. Não se trata de educação, não se trata sequer de medicação, os nossos cérebros, excelentes diga-se, trabalham de maneira diferente. Não, não servimos para tarefas repetitivas, não, não somos bons para decorar resmas de papel (se fosse para decorar eram de uso único), não, não somos capazes de estar anos a fazer o mesmo. Mas, dêm-nos uma tarefa criativa, dêm-nos espaço e liberdade para melhorar os processos repetitivos, dêm-nos liberdade de consulta em vez de nos pedirem que decoremos, e vão ver a diferença.

 

Em vez de nos exigirem que sejamos o que nunca seremos, dêm-nos antes espaço para sermos o que somos e adoramos ser.

publicado às 22:03


5 comentários

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De Patricia a 19.03.2015 às 22:58

Sem duvida,

Será que deveríamos imprimir e entregar a todos os professores no inicio do ano??

Patricia
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De energia-a-mais a 19.03.2015 às 23:14

tal como sempre tenho dito - é uma questão de ajustar expectativas!

Teresa
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De Cris a 20.03.2015 às 09:27

Deve ser mesmo complicado ou, talvez, nós é que complicamos...
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De anonimo a 20.03.2015 às 17:37

“Não, não servimos para tarefas repetitivas, não, não somos bons para decorar resmas de papel (se fosse para decorar eram de uso único), não, não somos capazes de estar anos a fazer o mesmo. Mas, dêm-nos uma tarefa criativa, dêm-nos espaço e liberdade para melhorar os processos repetitivos, dêm-nos liberdade de consulta em vez de nos pedirem que decoremos, e vão ver a diferença.”

Claro que o senhor propõe uma certa desordem no meio de tanta ordem ou de tantas ordenações, a verdade é que para as coisas funcionarem precisam de uma certa ordem por muito que custe é assim.

Tem razão em dizer nós não funcionamos na ordem estabelecida temos que "criar a nossa própria ordem", pois bem , há muitos assim que funcionam em tarefas criativas, principalmente no domínio das artes, como pintura escultura literatura etc etc. nos restantes domínios a mudança criativa é mais condicionada pois depende da aceitação e do uso pela sociedade, onde funciona a tal ordem estabelecida repetitiva, mas quando as ideias são boas e práticas nunca vi que fossem recusadas.
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De golimix a 21.03.2015 às 23:00

A mente parece uma rocha que não quer ceder à evidência.

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