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Como era Portugal antes do 25 de Abril?

por Jorge Soares, em 25.04.16

 

 

Como era Portugal antes do 25 de Abril?

 

publicado às 10:43

O que significa o cravo vermelho?

por Jorge Soares, em 26.04.15

cavaco.jpg

 

Imagem do Público

 

Reza a história que no dia 25 de Abril de 1974 a revolução estragou o negócio à vendedora de cravos do Rossio, esta vendo que estes iam murchar, decidiu oferecer um a cada militar dos que estavam a fazer a revolução e que por ali passavam... e foi assim que o 25 de Abril ficou conhecido para o mundo como a revolução dos cravos.

 

Na sexta ao almoço chamou-me a atenção ver que Cavaco Silva fazia o seu último discurso como presidente da república nas cerimónias do 25 de Abril sem  um cravo na lapela e comentei o facto com a família.

 

Fiquei mais ou  menos chocado quando a R. que ainda por cima adora história e tira sempre excelentes notas nessa disciplina me perguntou:

 

-O que é que significa o cravo vermelho?

 

Considero o gesto de Cavaco Silva quase uma afronta, não só a quem fez a revolução que nos devolveu a todos a liberdade de pensar e de termos opinião, como a todo o povo português. Mas confesso que me assusta mais a forma como nos últimos 40 anos temos tratado o assunto.

 

É verdade que o facto de a minha filha não saber identificar o símbolo da revolução, também é culpa minha, é em casa que devemos transmitir os princípios, mas este não deveria ser um assunto que se dá na escola? Ela teve história até ao nono ano,  sempre foi uma excelente aluna nessa disciplina e a verdade é que esse capítulo tão importante da nossa história, quase lhe passou ao lado, porque raramente falaram disso nas aulas e quando o fizeram foi sempre ao de leve.

 

A mim o gesto de Cavaco Silva não me estranha, sempre olhei para ele como o menos democrático de todos os políticos que nos governaram nos últimos 40 anos, por ele e por mais alguns como ele, essa parte da nossa história era simplesmente apagada... assim como o tem sido nas aulas de história que foram dadas aos nossos filhos nos últimos 40 anos.

 

O cravo é o símbolo de uma revolução pacífica que devolveu a democracia ao país após muitos anos de fascismo e de falta de liberdade, não deveria ser um símbolo político, devia ser transversal e servir para que no futuro ninguém esqueça porque é que essa revolução foi feita... há quem queira que essa parte da nossa história seja esquecida....  talvez porque um povo ignorante da sua história é mais fácil de subjugar e de enganar.

 

Jorge soares

publicado às 22:41

O Meu 25 de Abril

por Jorge Soares, em 26.04.14

25 de Abril

 

Antes. Para os brasileiros e mesmo para os meus compatriotas mais novos é praticamente impossível fornecer uma ideia clara de como se vivia em Portugal durante o Estado Novo – o regime que vigorou entre 1926 e 1974, sensivelmente com os mesmos valores: Deus, Pátria, Família. Ainda pensei fazer uma lista de situações que contextualizassem a vida de então, mas desisti de o fazer, tão descomunal me parece a tarefa.

 

Então, a 25 de abril de 1974, faz hoje 40 anos, na sequência de uma reivindicação corporativa, os oficiais menos graduados das Forças Armadas, capitães e majores, sobretudo, lideraram uma ação militar que derrubou o regime, ato que foi imediata, entusiástica e maciçamente apoiado pela população. Com tal unanimidade, durante os meses seguintes, nem o céu parecia o limite.

 

25 de abril, quinta-feira, 9 horas. O jovem atravessa o parque Eduardo VII em diagonal. Está dez minutos atrasado para o emprego, como habitualmente. À vista da rua onde trabalha percebe que o trânsito para o bairro está cortado por militares. Inquirido, um deles diz-lhe que não pode passar, sem mais explicações. O jovem volta para casa, conjeturando que tem uma boa desculpa para dar ao patrão, se ele o questionar nesse sentido. 

 

Pelas dez e meia ou onze, o jovem rejubila ao ouvir pela rádio que está em curso um movimento militar que parece querer derrubar o governo. O jovem lia frequentemente jornais que insinuavam, nas entrelinhas, mudanças políticas iminentes – um que vinha dos Açores impresso em papel cor-de-rosa e o Diário de Lisboa –, mas o governo representava para ele, sobretudo, a asfixiante ordem eterna, parada em conceitos desatualizados. Toda a gente dizia mal, numa impotência cómoda, porque havia a certeza de que o regime nunca mudaria. A prová-lo, estava o tosco “golpe das Caldas”, um mês antes. 

 

E da manhã, da tarde e da noite se faz o dia primeiro. Na tarde soalheira do dia 25 de Abril de 74, um casal estrangeiro, de língua inglesa, passeia pelo parque Eduardo VII, misturado com os outros passeantes portugueses que desfrutam o feriado inesperado. Dos lados da Baixa chegam, de quando em quando, sons de alvoroço popular. Não sei se o casal sabe o que se está a passar no país, mas o homem comenta, sorridente, para a mulher: “Deve ser por causa do Benfica!” Como está enganado!

 

No supermercado o jovem repara admirado que as pessoas estão a comprar quantidades anormais de víveres, sobretudo enlatados. Acha aquela atitude desproporcionada. Além de meia dúzia de polícias com cães, cosidos nos portais da António Augusto de Aguiar, com ar furtivo e preocupado, nada parece indicar qualquer ameaça de resposta da “situação”. 

 

À noite, na televisão, o jornalista apresenta a Junta de Salvação Nacional – uma mesa atestada de generais soturnos e mal-encarados.

 

Mas então? Onde estão os capitães de que falam as notícias? Não é que o jovem tenha, desde a tropa, uma grande consideração por capitães do quadro, mas generais? Spínola? Escreveu um livro crítico, e então? É do regime… Para que o poder “não caia na rua”, já vai ao beija-mão? 

E quem são os outros emproados? 

 

Alívio! As dificuldades do regime em conseguir quadros militares suficientes para sustentar a guerra do Ultramar obriga a certos estratagemas. Os oficiais milicianos que não tenham ido ao Ultramar, durante o tempo normal de tropa, podem ser novamente chamados, após alguns anos de dispensa. É-lhes dado um curso de capitães em Mafra e seguem para um dos teatros de guerra no Ultramar: Guiné, Angola ou Moçambique. Alguns preferem oferecer-se para ir a África durante o tempo normal e despacharem a questão, do que ficarem em risco de fazer tropa duas vezes. 

 

O jovem tinha feito três anos e três meses de tropa, mas sempre na Metrópole. Por duas vezes esteve prestes a ser mobilizado para o Ultramar. Sempre as circunstâncias o salvaram. Numa delas, outro se ofereceu para ir em seu lugar. Pelo 25 de abril, faltarão uns dois anos para ser eventualmente chamado de novo. De tempos a tempos, já tem sonhos onde se vê outra vez na tropa, o que não é muito agradável. Quando o discurso dos revoltosos de abril dá indicações de que a política ultramarina se irá alterar, o jovem sente um alívio enorme, enorme. [Vocês não veem, mas, apesar de o texto ser meu, ao relê-lo emociono-me.]

 

Comunistas. Antes do 25 de abril havia certos assuntos que se evitavam naturalmente. Um deles era comunismo. Os funcionários públicos tinham que jurar rejeitar a ideologia comunista. Sabia-se que o poder não gostava do conceito nem dos seus praticantes. A autocensura levou o jovem, certa vez, numa entrevista, a ficar atrapalhado por ter dito que gostava de ser útil à comunidade. Seria que isso poderia ser lido como proximidade de outras palavras com a mesma raiz? 

 

Três ou quatro dias depois do 25 de abril, as capas dos jornais anunciam a chegada de Álvaro Cunhal, líder máximo do Partido Comunista Português, nome que o jovem nunca tinha ouvido. O condicionamento fá-lo ter um momento de apreensão? O quê, os comunistas vêm aí, às claras, confiantes e aceites? Nesse momento, o jovem começa a tomar consciência de que estão a chegar tempos muito diferentes, não pelos comunistas em si, mas pela previsível abertura a múltiplas e variadas realidades até aí interditas. 

 

O primeiro 1º de Maio. O 1º de maio de 1974 é inesquecível. Ou antes, as manifestações. A manifestação de Lisboa começa na Baixa e dirige-se para o estádio do Inatel, já próximo do aeroporto. São muitos os milhares de pessoas a desfilar. Entre os primeiros a chegar e os últimos, talvez medeiem duas horas. Toda a tarde se desfila pela Almirante Reis acima. É um rio de gente a caminhar com um sentimento bom de reencontro, de partilha, de comunhão, de vitória sem raiva. Há um estado de graça nos sorrisos, no convite aos que estão pelos passeios, nas saudações a quem não se conhece. Não há ainda divisões. Estamos felizes. Estamos todos finalmente livres. Simplesmente. [Emoção.]

 

«Uma gaivota voava…» A sensação de liberdade, a convicção de que o destino de cada um passa agora pelas suas mãos, leva a que muitas pessoas quebrem as cadeias sociais ou rotineiras que as prendem. Há que levar a verdade não só ao político como ao social, à vida de cada um. Os divórcios saltam em flecha. A contestação nas empresas leva mais facilmente ao rompimento dos laços contratuais. A fuga de alguns empresários mais comprometidos, associada à convicção de que os patrões não têm função produtiva, logo são parasitas, leva a tentativas de controlo das empresas pelos trabalhadores. Pelo menos, tentar uma cogestão que devolva alguma verdade às relações de produção. O Estado é chamado a intervir em inúmeras situações, quer para legitimar a continuação da produção de empresas cujo proprietário fugira, quer para assegurar a gestão de empresas onde o conflito patrões/empregados ameaça paralisá-las. Desde grandes empresas até padarias, por exemplo. 

 

«… Como ela somos livres de voar.» A contestação, a reclamação de direitos nunca reconhecidos, faz surgir lutas nunca vistas. Uma que surge logo nas primeiras três semanas e que causa celeuma é uma luta das prostitutas, já não sei por que direito. A televisão – dois canais públicos a preto e branco – abre-se ao discurso popular, à queixa debitada pelo homem da rua. As pessoas têm finalmente acesso a divulgar os seus problemas. Os telejornais estão repletos de queixas, de afirmação de direitos, de cobertura das lutas laborais. Um dos programas mais populares trata de desmascarar práticas desonestas de comércio, com produtos fora de prazo, defeituosos, queixas de consumo, em suma. 

 

Tomar café na associação. A luta laboral vai levando a que o trabalho seja melhor pago, quanto mais penalizante seja para o trabalhador. O trabalho noturno pago por valores mais altos, leva a que a vida noturna da capital se altere, pelo menos ao nível das cervejarias e outro pequeno comércio de restauração. Algum deste comércio que fechava por vezes às 2 da manhã, passa a fechar muito mais cedo, devido aos novos valores do trabalho noturno, acho eu. A noite lisboeta fica mais triste, com menos oferta.

 

Os novos conceitos de “endinheirado igual a fascista”, levam a uma fachada contida e à retirada para núcleos mais restritos, uns, ou para os inúmeros núcleos associativos – cooperativas, sindicatos ou partidos –, outros. Aí são agora os novos locais de eleição para os encontros e os namoros. 

 

«O que se passa aqui, que tudo está tão diferente…?» De repente as coisas estão diferentes. Interessa mais o “ser” que o “ter”, há que ser solidário e não competitivo, há que participar ativamente nas tarefas que são de todos, a alfabetizar, a esclarecer, a ajudar em qualquer aspeto da vida coletiva da sociedade, nem que seja só colar cartazes, gerir a pequena associação cultural ou participar nas manifestações. 

 

De repente, o que se tinha aprendido está desatualizado. As relações políticas, sociais, familiares e até pessoais pautam-se por outras normas. Há a sensação de que é preciso desaprender tudo e aprender tudo de novo. Lê-se Engels, Lenine, Marx, Mao, Wilhelm Reich. Livros com títulos como “O que é a consciência de classe?”, “A conquista do pão” ou “A origem da família da propriedade e do Estado”, andam por algumas mesas-de-cabeceira. Aprender, aprender, recuperar o tempo perdido, é preciso. 

 

«A cantiga é uma arma.» Entretanto, os militares, cuja consciência política, na maioria, parece advir das mensagens emocionais contidas nas canções de intervenção, começam a absorver as ideologias dos partidos e a dividir-se. O ano que se segue é um carrocel de factos políticos, com os partidos a tentarem controlar as diversas tendências que os militares vão manifestando, em osmose de ideias políticas.

 

O jovem passa a noite a ler e a ouvir rádio – o horário de trabalho permite –, na esperança de notícias condizentes com as suas aspirações, mas sobretudo a absorver as mensagens e as emoções contidas nas inúmeras canções revolucionárias que vão surgindo em catadupa. Quando a luz do dia enche a rua, descansa finalmente.

 

Há duas tentativas falhadas de controlo do processo pela direita. A seguir, o bloco central pressiona a extrema-esquerda, que está muito aguerrida por ver fugir-lhe espaço de manobra. A 25 de novembro de 1975 é derrotada e o país inicia um processo de estabilização política em moldes tradicionais.

 

Adeus! O jovem sente que a cinza de novembro regressa. Ou pensa que sim. Não fora alfabetizar as populações do interior, não ocupara casas devolutas para famílias carenciadas, não participara em atividades das cooperativas agrícolas ou outras. Quase não “mexera uma palha”. Tivera uma adesão intelectual, pequeno-burguesa e romântica. Ainda assim, está muito abatido. Só lhe apetece emigrar. Mas, falta-lhe coragem.

 

Joaquim Bispo

 

Retirado de Samizdat

publicado às 21:30

O 25 de Abril é nosso, não é dos políticos.

por Jorge Soares, em 10.04.14

25 de Abril

 

Imagem de aqui

 

 

"Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República,

aqui representado hoje,

que este país não é seu,

nem do governo do seu partido"

 

Alexandra Lucas Coelho

 

 

Foi ontem que partilhei as palavras da Alexandra Lucas Coelho, num brilhante discurso em que a escritora colocou por palavras dela o que nos vai na alma a tantos e tantos portugueses.

 

Hoje foi noticia o diferendo entre os membros da associação 25 de Abril, a que pertencem os militares que fizeram  a revolução,  e a presidente da assembleia da república Assunção Esteves, a propósito da presença ou não desta associação nas comemorações do 25 de Abril. Quando se festejam os 40 anos da revolução, os militares sentem-se com direito a falar e pelos vistos quem agora mais goza dos privilégios que se conquistaram naquele dia, não acha que isso possa ser possível.

 

De que será que têm medo os deputados e os partidos? De uma nova revolução não será de certeza, é fácil perceber, a senhora presidente da assembleia da República e os deputados tem medo das palavras, não é difícil perceber por onde iria o discurso de quem fez a revolução e dia a dia vai vendo como cada vez estamos mais longe dos ideais de Abril.

 

Ante a perspectiva de um novo discurso como o da Alexandra Lucas Coelho é mais fácil cortar o mal pela raiz e manter tudo controlado com os mesmos discursos de sempre e as mesmas conversas da treta.

 

É fácil mandar a polícia evacuar as galerias cada vez que o povo protesta por mais uma decisão ou uma lei que o irá prejudicar, mas de certeza que não seria fácil mandar calar um capitão de Abril a meio de um discurso, os deputados terão pensado que para grandes males grandes remédios.

 

Senhores políticos o 25 de Abril não é vosso, o 25 de Abril é de quem o fez e é sobretudo do povo... 

 

Jorge Soares

publicado às 23:12

Salgueiro Maia

Já deixei aqui a minha opinião sobre o facto de Amália estar no panteão nacional e sobre a forma rápida e até atabalhoada se decidiu que Eusébio para lá irá. 

 

Salgueiro Maia foi um dos exemplos que utilizei na resposta a alguns dos comentários do post sobre o Eusébio, como sendo uma das personalidades que eu entendia que juntamente com Saramago ou Fernando Pessoa, teriam lá lugar antes de jogadores de futebol ou cantantes de fado. Ontem quando ouvi Manuel Alegre sugerir que este fosse para lá trasladado fiquei curioso sobre qual seria a reacção do mesmo parlamento que há tão pouco tempo decidiu de forma consensual a entrada de Eusébio.

 

Por muito importantes que fado e futebol tenham sido para o país e para os sonhos e ilusões de muita gente, acho que a democracia é de certeza muito mais importante e quem sabe como a ela teríamos chegado sem a acção forte e decidida de Salgueiro Maia no dia 25 de Abril de 1974.

 

Para mim o consenso gerado no parlamento à volta de Eusébio tem mais a ver com o Benfica e com oportunismo político que com o verdadeiro sentimento dos deputados ou mesmo do país.

 

Curiosamente os mesmos senhores deputados que tão rapidamente decidiram há uns dias, agora já tem dúvidas e até acham que não se pode banalizar a coisa, segundo o líder parlamentário do PSD deve ser criado "um procedimento que não faça desenvolver no país uma tentação de poder agora a cada semana ou a cada mês haver uma proposta para uma trasladação para o panteão nacionall".

 

Será que os senhores deputados não percebem que foram eles que abriram a porta da banalização do Panteão nacional ao aceitarem a entrada de Amália e Eusébio?

 

Para muita gente Amália e Eusébio são símbolos imortais do país, pelos vistos Salgueiro Maia é só mais um português banal. O que podemos pensar de um país que eleva à tribuna de heróis a jogadores de futebol e fadistas, mas deixa morrer no esquecimento a quem se dispôs a dar a vida pela democracia e a liberdade de todos.

 

Concordo plenamente que o Panteão não pode ser um passeio da fama, mas para mim isso aplica-se a Eusébio e Amália, nunca a Salgueiro Maia.

 

Sempre achei que o país foi de uma enorme ingratidão com um homem que teve um papel fulcral no 25 de Abril, ingratidão que começou em vida e que pelos vistos se mantém após a sua morte.

 

De resto faz-me uma enorme confusão que Eusébio gere consenso entre os partidos e Salgueiro Maia não, há de certeza algo de errado na forma como lidamos com a nossa história contemporânea.

 

Jorge Soares

publicado às 22:31

Manifestantes a caminho da Ponte 25 de Abril

 

Imagem do Público

 

A de hoje foi uma greve geral a meio gás que quase terminava em grande. Ao fim da tarde um grupo de manifestantes numa manobra bem pensada e melhor planeada, trocou a esplanada em frente da Assembleia da república pela avenida da ponte. Foi tal a surpresa que nem os repórteres televisivos conseguiram chegar a tempo de dar a noticia em directo, tal como uma boa parte da policia ficaram presos no caos do trânsito e quando lá chegaram já a coisa havia terminado.

 

Eu estava a ouvir as noticias pela rádio e dei por mim a torcer para que a iniciativa tivesse sucesso, lembrei-me de imediato das imagens de dezenas de camiões parados na entrada da praça das portagens, de uma fila a perder de vista de carros parados ao longo da autoestrada do sul e de filas de policias de choque preparados para levarem tudo à frente, sem grande sucesso diga-se de pasagem. Numa altura em que não havia Ponte Vasco da Gama nem Comboio na Ponte, o país esteve literalmente parado durante dois dias. Terá sido esse o momento de viragem e o fim do reinado de Cavaco Silva e do PSD por uns bons anos.

 

É curioso, mas fez precisamente 20 anos na passada segunda feira sobre aqueles dias que de alguma forma mudaram o país, foi a 24 de Junho de 1994 que tudo começou.

 

A julgar pelas fotografias que pude ver por aí, a maioria dos manifestantes que hoje tentaram recriar esse momento, não terá idade para se recordar desses dias, ou para na altura ter tido a noção da importância do que ali se passou, mas é difícil não estabelecer um paralelismo entre o momento político de 1994 e o que vivemos hoje em dia.

 

Hoje, tal como acontecia em 1994, há muita gente que apesar da crise, dos impostos, da insistência por parte do governo da maioria em ir por um caminho que só leva a mais pobreza e desemprego, que continua a encolher os ombros e a olhar para o lado como se não fosse nada com eles, gente que quase de certeza apesar de tudo vai voltar a votar nos mesmos de sempre e contribuir para manter tudo como está..

 

Na altura aqueles acontecimentos serviram para que muita gente percebesse que era necessário mudar de rumo, se calhar é de algo assim que estamos a precisar, de algo que realmente faça as pessoas acordarem... não faço ideia de quem terá estado por trás da tentativa falhada de hoje, mas fiquei realmente com pena que tenha falhado... talvez para a próxima.

 

Já agora, foi sem dúvida nenhuma uma acção muito mais útil e inteligente que o apedrejamento da polícia em que terminou a greve geral de 14 de Novembro.

 

Jorge Soares

publicado às 22:24

Revolta-te

por Jorge Soares, em 04.05.12

Revolta-te

 

 Sabemos que estamos a educar da forma certa quando o post do 25 de Abril da nossa filha de 12 anos tem isto:

 

 

Revolta-te

 

Toda a gente assistindo,

todos vêem a dar cabo de ti,

todos estão à espera de você caindo,

não lhe dês esse desfecho,

independente do que possas dizer,

tu és inigualável acredita no que eu estou a dizer.

 

Este mundo é feito de rótulos,

nunca és suficientemente bonito,

nunca faltas às aulas o suficiente,

sempre és esquisito,

nunca és suficientemente rico,

porque todos fecham os olhos a isto?

 

Sentes-te como não valesses nada,

todas se riem e esperam que comeces a fraquejar,

mas tu és forte para te levantar,

és forte para os teus sonhos realizar,

não acredites no que os outros dizem,

pois tu és perfeito.

 

Nunca estão contente com quem és,

mudam aquilo que te tornam único,

fazem-te infeliz,

nunca mais sorris,

não deixes que te façam sofrer,

não deixes aquilo que te torna único desaparecer,

avança,revolta-te,faz isto acabar,

PORQUE TU TENS DIREITO DE VIVER!

 

Raquel Soares 

 

 

Jorge Soares

publicado às 22:05

25 de Abril
Imagem minha do Momentos e Olhares
Há pouco na RTP um painel de convidados discutia a nossa Democracia, infelizmente não pude ver todo o programa, não deu sequer para ficar com uma ideia de por onde ia a coisa... 
Não sou dos que alinham na ideia de que este sistema está ultrapassado, olho à minha volta, olho para o mundo, olho para a história da nossa sociedade e sinceramente não consigo vislumbrar que exista uma alternativa melhor.  A Democracia, o governo do povo e para o povo é sem dúvida nenhuma a melhor forma de governo, a única que garante um mínimo de liberdade e de justiça, poderá até haver sistemas em que uma parte da população vive melhor, mas qualquer sistema que impeça ou controle a liberdade individual e de opinião dos seus cidadãos, não pode ser a resposta.
É claro que mesmo pensando assim não sou parvo nem cego, há coisas muito erradas na nossa democracia, ora a principal vantagem de uma democracia é que quando as coisas estão mal, cabe ao povo, ou seja a todos nós, fazer com que elas mudem, de preferência para melhor... e é para isso que cada cinco anos há eleições... para que o povo possa avaliar e se necessário mudar as coisas. Mas as coisas não estão mal de agora, nem de há uns meses, as coisas estão mal há muitos anos ... sendo assim, o que está errado?
A propósito da reunião com a directora de turma da minha filha de que falei neste post e de algumas atitudes que no seguimento da mesma foram tomadas pela professora, fui contactado por um dos outros pais que tal como eu ficou indignado com o que ali se passou e decidiu escrever uma carta ao conselho directivo da escola a apresentar a situação e a solicitar uma reunião. Queria saber se eu estaria disposto a apoiar o seu pedido à escola, é claro que eu disse que sim.
Hoje a meio da tarde encontramonos para as assinaturas na carta, estava ele, eu e outra mãe, todos os restantes encarregados de educação que ele contactou acharam muito bem que ele enviasse a carta, e até querem participar na reunião com a escola... mas colocar o seu nome na carta... isso já é outra história.
Ou seja, as pessoas até acharam mal, ninguém quer que a senhora continue como directora de turma, mas fazer algo para que as coisas mudem, isso é que é que não.. não vá a escola vingar-se nos filhos....
Se lermos o post da passada Sexta Feira e os muitos comentários que este gerou, vemos que há muita gente que acha normal que a ZARA e a Unicre procedam dessa forma, afinal, foi um engano e os enganos corrigem-se. Confesso que fico parvo ao ver a despreocupação que tanta gente tem com respeito à segurança e sigilo dos seus dados bancários.Curiosamente entre os Vários exemplos dados de procedimentos similares por parte da mesma e de outras empresas, não há ninguém que diga que lhe foi restituído dinheiro quando o engano foi em prejuizo do cliente.
Ora, voltando ao inicio do post, o que está mal com a nossa Democracia?.. atendendo aos exemplos anteriores, o que está mal somos nós, que comemos e calamos, que não nos queremos chatear, que não nos queremos molhar, que tantas vezes dizemos "mal por mal". Há quem diga que faz falta outro 25 de Abril, sinceramente não consigo entender o significado dessa frase, e duvido muito que quem a profere saiba o seu significado, eu diria que o que faz falta é que se explique às pessoas o significado do 25 de Abril, como foi feito e para que foi feito, talvez assim percebam o seu papel na sociedade
Jorge Soares

publicado às 22:12

A educação pode fazer toda a diferença

por Jorge Soares, em 25.04.11

 

 

O 25 de Abril significou muitas coisas para Portugal e para os portugueses, uma das principais conquistas foi a educação para todos, em 1970 a taxa de analfabetismo era de 33%, um terço dos portugueses não sabia sequer ler e escrever, sendo que a grande maioria dos que tinham instrução ficavam-se pelos 4 anos da educação primária.

 

Felizmente Portugal mudou muito, neste momento a taxa de alfabetismo é de 95%, sendo que a taxa de inscrição no ensino obrigatório ronda os 100% para as crianças em idade escolar.

 

Esta é a realidade actual portuguesa, mas há ainda muitos lugares no mundo em que a realidade é diferente, actualmente, 72 milhões de crianças em todo o mundo não têm a hipótese de ir à escola. Estas crianças poderiam vir a tornar-se os líderes, desportistas, médicos e professores da próxima geração. Mas enfrentam uma vida de luta contra a pobreza.

 

A educação pode representar para muitas destas crianças a diferença entre a vida ou a morte, entre o viver ou o sobreviver. A 1GOAL é uma campanha que aproveita o poder do futebol para assegurar que a educação para todos é o duradouro legado do Mundial de Futebol da FIFA 2010. Ao levantar as nossas vozes por todo o mundo acreditamos que, juntos, podemos fazer da educação uma realidade para milhares de meninos e meninas que continuam fora da escola.

 

Visite o Site da 1 Goal

 

 

Jorge Soares

publicado às 22:01

25 de Abril mais que nunca

por Jorge Soares, em 24.04.11

 

Cravos de Abril, 25 de Abril sempre

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

 

Letra

 

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

 

Zeca Afonso

 

25 de Abril mais que nunca

Jorge Soares

publicado às 21:39


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