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Catalina Pestana  e a adopção em Portugal

 

"Famílias de adopção, “a maior confusão do mundo”

 

Para a ex-provedora, as famílias de adopção também não são uma boa solução. "São a maior confusão do mundo", afirmou.  E com a frontalidade que a caracteriza, acrescentou: "Enquanto for permitido ir devolver as crianças adoptadas, eu sou contra a adopção". De acordo com Catalina Pestana, há casais, alguns dos quais católicos, que adoptam uma criança e quando ela chega à adolescência e começa a dar problemas, vão devolve-la à instituição. "E isto é permitido legalmente", afirmou, interrogando: Como é que fica interiormente uma criança que foi abandonada duas vezes? Para Catalina Pestana, os casais que têm este tipo de atitude "não adoptam pela criança, adoptam por eles", porque “nunca se tem saudades daquilo que nunca se teve”."

 

In Noticias de Fátima

 

É caso para dizer, Porque no te callas? Catalina Pestana devia saber que a adopção é uma medida definitiva, depois de decretada não há volta atrás, não há devolver crianças nem jovens às instituições. Que estas coisas sejam ditas por alguns jornalistas, eu até já me habituei, mas que sejam ditas por alguém que passou quase toda a sua vida profissional  ligada ao acolhimento infantil é muito grave.

 

É claro que isto não é permitido legalmente, depois de decretada a adopção não há diferença nenhuma entre filhos adoptados e biológicos, e como é evidente, não existe algo que se chame devolução de filhos, a isso chama-se abandono e é penado por lei... não permitido. Existe sim, devolução de crianças no período de pré-adopção, periodo que deverá ter no máximo seis meses. Catalina Pestana deveria explicar de que adopções está ela a falar.

 

Há muitas pessoas que se perguntam porque há tantas crianças institucionalizadas em Portugal, tantas crianças que entram para as instituições e são simplesmente esquecidas, nunca são adoptadas nem devolvidas às famílias biológicas que simplesmente se esquecem que tem filhos, bom, são atitudes como esta que fazem que isso aconteça. Pela amostra Catalina Pestana não faz a menor ideia sobre como funciona a adopção, mas ela é contra, assim como são contra muitos responsáveis de instituições em Portugal, são contra a adopção e as famílias que adoptam,  não sabem do que falam, mas são contra.... haveria que perguntar de que são a favor? das crianças, da sua felicidade e do melhor para elas não é de certeza.

 

Jorge Soares

publicado às 21:17

Adopção em Portugal

 

Imagem da Internet

 

Confesso, eu não gosto da Idália Moniz, é muito difícil para mim gostar de pessoas que só olham para os números que lhes aparecem à frente, para o que está escrito e que se negam a acreditar que exista uma realidade para além das letras e dos números.

 

Tudo começou com a lista nacional de adopção, uma coisa que apareceu com a alteração da lei em 2003 e que hoje, 7 anos depois, continua a ser ignorada pelos centros distritais da segurança social que continuam a falar dos seus candidatos e das suas crianças.. e isto foi reconhecido por mais que um responsável de centros distritais em Outubro passado no Encontro nacional de adopção que se realizou em Lisboa. Durante anos, as assistentes sociais diziam aos candidatos, a mim disseram-me em 2008, que não existia uma lista nacional, ou que esta não é utilizada, e a senhora insistia em que esta existia e era utilizada...

 

Ontem foi entregue na assembleia da república o relatório sobre a situação das crianças em acolhimento, hoje ouvi mais que uma vez as declarações da senhora secretária de estado às televisões e confesso, deixou-me irritado... ela e a imprensa. O relatório falava das crianças em acolhimento, mas para não variar,  os títulos das noticias focavam a adopção... e os candidatos que só querem as crianças perfeitas..e as crianças que ninguém quer..e as crianças que são devolvidas...

 

Curiosamente, não vi ninguém perguntar porque é que há quase 300 crianças sem projecto de vida definidos, crianças estas que vivem no Limbo, porque é que das quase 10000 crianças entregues ao estado só  2776 podem ser adoptados, o que acontecerá às restantes?. Ninguém pergunta quem fiscaliza as instituições?, quem fiscaliza os tribunais?,  quem avalia as equipas de adopção? Porque é que há crianças que entram com meses para as instituições e só seguem para adopção quando já estão numa idade em que  será muito difícil serem adoptadas?

 

Depois temos as 500 crianças que supostamente ninguém quer, porque tem mais de 3 anos, porque não são brancas, porque tem doenças...  Vamos lá ver,  é verdade que há muitíssimos candidatos que só querem crianças brancas e menores de 3 anos, mas também é verdade que nós não colocávamos restrições de raça, queríamos uma criança até à idade escolar e aceitávamos doenças que não fossem impeditivas do desenvolvimento...  estavamos há espera há mais de ano e meio e as ultimas estimativas eram de quase 5 anos de espera.... então, e essas 500 crianças que ninguém quer? não havia nenhuma com menos de 7 anos, que não fosse branca e com algumas doenças?

 

Eu conheço muitíssimos candidatos à adopção, a R. e o P. são uns desses candidatos, eles aceitam irmãos.. a ultima estimativa era que tinham mais de 50 pessoas só no seu distrito à sua frente, que também aceitavam irmãos... mais de 5 anos de espera... então, entre essas 500 crianças não há irmãos?... podia continuar... tenho mais exemplos....

 

Das duas uma, ou esse número é um disparate para deitar a culpa aos candidatos, ou então, a informação sobre a existência dessas crianças à espera não circula e os candidatos de um distrito não são válidos para as crianças dos outros..e cada distrito vai acumulando as suas crianças até que aparece, no mesmo distrito,  um candidato que as leve. Só isso explica que em lugar dos poucos meses de que falou a Senhora secretária de estado, a mim  as assistentes sociais da segurança social de Setúbal, me falassem de anos, quase 5 anos.

 

É verdade que há muita gente que só aceita crianças até 3 anos, e brancas, e perfeitinhas... não concordo, já discuti várias vezes com pessoas destas. A minha opinião é que não se deveria poder escolher a idade, ou a raça... mas respeito quem tem uma opinião diferente... e a verdade, é que quem não coloca estas restrições tem que esperar na mesma... e ninguém resolve a vida das 7000 crianças que nunca irão para adopção.... vá-se lá saber porquê.

 

Noticias sobre este tema:

 

TVI 24: Há mais de 500 crianças que ninguém quer adoptar

 

Público : Oitenta por cento dos candidatos querem um filho adoptivo branco

 

Público: Há cada vez mais adolescentes internados nas instituições

 

Ionline : Há 574 crianças que ninguém quer adoptar

 

Jorge Soares

publicado às 21:21

Adopção em portugal

Imagem retirada da internet

 

"Porque é que alguém que mora em Oeiras, se mora do lado da rua que pertence ao conselho de  Oeiras tem que esperar em média 7 anos para que lhe seja atribuída uma criança, mas se viver do lado da rua que está no concelho de Lisboa tem que esperar só um ou dois anos para uma criança com as mesmas características?"

 

Esta pergunta foi feita já ao final do dia por um dos assistentes sociais que faz parte das equipas de adopção de Lisboa e que na passada Segunda feira estava, tal como eu, a participar no Encontro nacional de Adopção que aconteceu em Lisboa.

 

É uma pergunta pertinente, estou inscrito como candidato à adopção vai fazer um ano e meio, desde então já soube de pelo menos dois casais que se inscreveram depois de mim e que receberam uma criança com as características que nós colocamos, ambos os casos em Lisboa. Como se explica isto?

 

Quem assistiu ao encontro na segunda feira consegue perceber, a verdade é que cada serviço de adopção trabalha para si e nas costas dos restantes. Existe um manual de procedimentos que supostamente é seguido, mas que depois cada um adapta à sua maneira e da forma que entende. E isto é válido para todo o processo, desde a forma como se avalia até à forma como se atribuem as crianças. 

 

É claro que isto cria enormes assimetrias, se em Lisboa há muitas crianças, há distritos onde há muito poucas, e os candidatos desses distritos tem que esperar muitos anos, mesmo quando no distrito ao lado há crianças para as que supostamente não há pais.

 

Evidentemente a pergunta com que inicio o post ficou sem resposta, a verdade é que cada serviço de adopção olha para o seu quintal, as suas crianças,  os seus candidatos e é incapaz de fazer um esforço por olhar para o lado, para ver se no quintal do lado há uns pais para aquela criança que está à espera há anos, ou uma criança para aqueles pais que desesperam há anos.

 

A sensação com que fiquei ao fim do dia na passada segunda feira, é que por muita vontade que se tenha, por muitas ideias, por muitos sonhos, a segurança social é uma montanha enorme, há muita gente, muitos quintais, e por muito que se olhe para os problemas, não há na montanha quem tenha vontade de a mover.

 

Dizem que a fé move montanhas, infelizmente neste caso não me parece que exista fé que faça mudar o que quer que seja.. a segurança social, as muitas equipas de adopção são uma montanha grande demais e nem toda a fé do mundo irá mudar esta montanha.

 

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:42

Adopção em portugal

 

 

Esta semana o grupo nós adoptamos tem estado animado, a conversa tem versado sobre a forma como as assistentes sociais abordam as entrevistas e como os candidatos devem reagir e comportar-se.

 

A dada altura dei por mim a lembrar-me daquele dia em que tive a conversa telefónica com a assistente social, e que me deixou completamente angustiado, como expliquei naquele post em que falava de viver ou  limitar-me a existir. A verdade é que desde esse dia não voltei a ver a assistente social, ainda estou à espera da reunião de esclarecimento que me foi prometida e na única entrevista que tivemos, só esteve a Psicóloga, a senhora com quem falei ao telefone decidiu arranjar algo que fazer para aquela hora, isto apesar de ser a responsável do processo.

 

Esta semana ao ler a série de emails em que a maioria das pessoas fala em não fazer ondas, em não questionar muito, em parecermos todos muito simpáticos e atinadinhos, eu pergunto-me, mas somos candidatos à adopção, pessoas adultas e bem formadas ou um monte de carneirinhos a tentar fugir à degola? Mas porque carga de água é que havemos de levar com a incompetência e o desleixo das senhoras da segurança social e reagir que nem parvinhos? porque é que não havemos de reclamar?, porque é que não podemos exigir que se cumpram as leis e que elas façam o seu trabalho como deve ser?

 

É claro que há uma resposta simples para tudo isto.... porque as pessoas que estavam a participar naquela conversa querem ser pais...e pelos vistos neste país quem reclama, quem exige que se cumpram as normas, quem levanta ondas, deixa de ter direito a ser pai... pelo menos parece que é essa a conclusão que retiram os candidatos à adopção ... pelo menos foi isso que eu percebi no fim de ler os mais de 30 mails que compunham aquela conversa.....

 

Desculpem-me todas as pessoas que participaram...mas é muito triste.

 

Há uns dias escrevia um post em que se falava de sermos um povo triste, nos comentários eu tentei dar o meu ponto de vista e dizer que não o somos, afinal, se calhar tenho que me render à evidência, eu estou enganado, além de tristes, somos medrosos e parvos. Sim, somos, porque isto não é uma característica só dos candidatos à adopção, é uma característica geral, somos incapazes de fazer valer os nossos direitos, limitamo-nos a olhar para o lado... pior, muitas vezes pactuamos com as situações, deixamos ir para não nos chatearmos, deixamos andar para não sairmos escaldados, entretanto, a incompetência e o desleixo seguem o seu caminho e quem reclama é tildado de mal educado ou de ter mau feitio.... Depois falamos muito, deitamos  a culpa ao  governo, ou a alguém, a culpa nunca é nossa.. na verdade, nós somos os culpados, porque somos nós que deixamos andar, somos nós que não reclamamos, que não exigimos.

 

É triste, mas a conclusão que eu tiro, é que temos os funcionários públicos que merecemos, temos os serviços que exigimos, e como não somos capazes de exigir mais... nunca teremos mais!

 

Jorge

 

publicado às 21:57


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