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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de Esquerda Net
Disclaimer, eu sou ateu, Deus não existe, ponto final (vão ler o post), dito isto, vamos ao que interessa.
Gosto muito mais do cartaz do Outdoor do que deste, é de igualdade que se fala, a promulgação da lei que permite a adopção por casais do mesmo sexo é um marco, todos gostaríamos que fosse o fim da desigualdade e da discriminação, sabemos que é só mais um passo, um passo muito importante, mas também que falta muito por fazer.
É assim que entendo o cartaz com a imagem de Jesus Cristo: é uma pedrada no charco, uma forma de chamar a atenção.. e não há dúvida que o conseguiu, com esta imagem e todo a poeira e o barulho levantados, não há forma que o país passe ao lado do assunto.
Evidentemente há por aí muita gente que se sente ofendida, não percebo porquê, pensei que a indignação com os infiéis era coisa de muçulmanos radicais... vai-se a ver e há católicos radicais por cá... esperemos que não tenham armas debaixo das batinas.
A meio da tarde, num comentário do Facebook sobre a imagem li o seguinte:
"O mundo será um dia melhor quando a maioria das pessoas perceber que a ofensa é da responsabilidade de quem se sente ofendido. Se uma pessoa não se sentir ofendida, não existe ofensa... e qualquer pessoa se pode sentir ofendida com qualquer coisa, tenha ou não tenha havido intenção de a ofender! A dificuldade de aceitar críticas e a falta de sentido de humor é demasiadamente limitativa e uma coisa muito triste."
Para quem é crente, Cristo deveria representar a fé e a tolerância, não é nada de novo, mas hoje, uma vez mais, ficou à vista que 2000 anos de religião católica conseguiram que esses princípios sejam letra morta, bastou uma imagem e uma frase para percebermos isso.
Ainda por cima é suposto ser verdade, para quem acredita, ele teve mesmo dois pais... e uma mãe ... virgem!
Jorge Soares
Imagem de aqui
Manuel Clemente, diz ter dificuldade em acreditar que o filho de um casal homossexual apreenda o valor da complementaridade entre sexos. Entrevistado pela SIC a poucos dias de ser feito cardeal.
Alguém me explica o que tem a ver complementaridade entre sexos com o assunto? Para dirigente de uma instituição que insiste em relegar as mulheres a um papel inferior não só dentro da própria instituição igreja como em toda a sociedade, está-me a parecer que Manuel Clemente está longe de poder dar lições sobre a complementaridade entre sexos a alguém.
A complementaridade entre sexos ensina-se em casa, como na escola e na vida, não será de certeza por não se viver numa casa onde há um homem e uma mulher que se deixará de aprender, há milhares de exemplos de adultos que se criaram com duas mulheres, dois homens, só uma mulher ou um homem, que são bem criados e bem formados e que o podem atestar.
Por outro lado há por aí muita gente que foi criada no âmbito do que a igreja chama uma família normal que não faz a menor ideia do que isso é... caso contrário a igreja católica já teria percebido que o papel da mulher e do homem na sociedade não é o da menoridade face ao homem e já teria desistido de relegar as mulheres para um lugar secundário... e basta ouvir o que diz Manuel Clemente aqui
Jorge soares
Imagem retirada do Ponte Europa
João César das Neves no DN
Obscurantismo? Promoção aberta da sodomia? Mas este senhor lê o que escreve? Para ele o tema da adopção por casais do mesmo sexo, não devia ser discutido pois diz respeito a umas poucas centenas de indivíduos homossexuais casados.... e lá por serem poucos não tem direitos porquê? E as crianças que com eles vivem são menos que as outras porquê? E lá por terem gostos sexuais diferentes dos dele tem menos direitos porquê?
Quem lê o artigo completo fica com a ideia que todos os males do mundo são o resultado da revolução sexual, não fosse a invenção da pílula e o mundo seria perfeito, não haveria divórcios, os casamentos seriam todos perfeitos, a natalidade seria altíssima e não haveria no mundo pessoas sozinhas.
Segundo ele a liberdade sexual é um mito, que é utilizado pelos liberais deste mundo para fazer revoluções que só servem para destruir famílias....Está-se mesmo a ver que para ele o mundo perfeito era aquele em que os casamentos eram combinados pelos pais, o sexo era uma vez por semana e só para fazer filhos e depois de os ter a mulher tinha era que estar em casa a tratar dos filhos e das refeições do marido e claro, ir à missa todos os dias.
Há muito tempo que não lia tantas parvoíces juntas, e custa-me entender como é que um jornal como o DN, que eu tinha por sério, dá voz a alguém que parece que entrou numa máquina do tempo algures a meio do século XIX e aterrou no meio da Lisboa do século XXI.
Na realidade não é de estranhar, foi este mesmo senhor que disse que "A maior parte dos pensionistas não são pobres, fingem" ou "É criminoso subir o salário mínimo" ou ainda "Esta crise é uma oportunidade de bondade, de caridade e de solidariedade"... entre outras coisas que não fosse o tom sério com que ele fala e escreve, fariam dele o humorista perfeito.
Alguém me explica em que século vive este senhor?
Jorge Soares
Artigo 13.º
Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
Retirado de Constituição da Republica portuguesa
Já o disse várias vezes, mas vou repetir uma vez mais, porque é que é necessário discutir não sei quantas vezes uma coisa que é um direito previsto na constituição?
Para que serve termos uma constituição se depois há quem se empenhe em fazer tábua rasa do que lá está escrito?
Isto faz algum sentido?
Jorge Soares