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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
Devo ser das poucas pessoas neste país que nunca tinha estado na Quarteira e fiquei agradavelmente surpreendido, é agradável chegar ao Algarve e para variar encontrar um lugar arrumado, com construção organizada, com uma avenida de praia convertida em calçadão e que pelo menos nesta altura não está invadida por esplanadas e vendedores.
Gostei, da cidade, dos jardins junto à praia, da praia, dos apoios de praia, até do mercado do peixe.., os preços não eram lá muito convidativos, mas o peixe tinha um aspecto fresco que até apetecia comprar.
O parque de campismo é gerido pela Orbitur, o que à partida garante que os preços não são lá muito acessíveis, mas também garante limpeza, organização e pouca confusão.
Já o ano passado me tinha acontecido encontrar em pleno Verão Algarvio um parque de campismo, o de Sagres de que falei aqui, praticamente vazio. O da Quarteira não estava vazio, mas estava muito longe de estar cheio. Não sei como será lá mais para o meio do verão, mas nesta altura parece ser frequentado principalmente por campistas estrangeiros e principalmente com autocaravanas. Conta também com mais de 100 bungalows, ainda que de novo os preços não sejam lá muito convidativos.
O parque que é enorme, tem excelentes condições e fica a uns 10 minutos a pé da praia, mas a sua principal atracão é sem dúvida a piscina que podemos ver ali na fotografia, enorme, rodeada de um excelente relvado e diz quem lá entrou que a água está a uma excelente temperatura... eu confesso que aproveitei mais o relvado que tem a toda a volta, para colocar a leitura em dia.
Para além da piscina o parque conta com um restaurante razoável, bar, supermercado, parque infantil e até uma discoteca ao ar livre.
Em resumo, gostei muito da cidade, a maior parte do resto das cidades algarvias deveria pôr os olhos na Quarteira para perceber como deveria ser todo o Algarve. E gostei do parque de campismo, é de certeza uma excelente opção para quem gosta de acampar e do Algarve, eu vou de certeza voltar, na Primavera ou no Outono.
Já agora, se alguém da Orbitur por aqui passar, que tal darem uma volta ao vosso Site? Eu sei que que o vosso negócio não é a informática ou a internet, mas tal como nós cá em casa, já há muita gente a planear as suas férias pela internet e um site apelativo, fácil de entender e utilizar ajuda muito a conquistar clientes... o vosso é de fugir.
Jorge Soares
Imagem de aqui
É mais uma daquelas noticias que se enquadrará naquele Custe o que custar de Passos Coelho, segundo o Correio da Manhã na escola EB1 número 2 da Quarteira, uma criança foi impedida de almoçar na cantina escolar porque os seus pais ainda não tinham pago os cerca de 30 euros da mensalidade da alimentação.
A criança de 5 anos terá ficado sentada a ver os colegas almoçar, tendo a direcção da escola impedido uma das funcionárias de pagar a refeição da criança do seu própiro bolso.
Eu juro que tento, mas não consigo entender qual a lógica de uma medida destas, haverá de certeza outras formas de obrigar os pais a pagar as refeições sem exercer uma violência deste tipo sobre uma criança. Como é que alguém que consegue deixar uma criança de 5 anos a passar fome na escola pode ser responsável pela gestão de uma escola? Se fossem os pais a deixar a criança sem almoçar em casa o caso seria motivo de queixa á comissão de protecção de menores, sendo a directora de uma escola ficará simplesmente impune?
É a pessoas destas que entregamos todos os dias os nossos filhos? Já há neste momento na Internet uma petição a exigir o afastamento de Conceição Bernardes directora do agrupamento de escolas Dr.ª Laura Ayres, em Loulé... mas é mesmo necessária uma petição, será que não há alguém no ministério da educação que olhe para estes casos e veja que isto não pode acontecer?
Será que deixar crianças a passar fome faz parte das novas regras da Troika, como se educam crianças com fome?
Jorge Soares
Update: Parece que há muita gente com dúvidas sobre a veracidade da notícia, a versão da directora do agrupamento pode ser vista aqui. Não é suficiente para eu mudar de opinião sobre a atitude tomada: não deixar que uma criança de 5 anos coma junto das outras crianças como forma de represália aos pais por estes não pagarem a dívida é imoral e incompreensível.
Toda esta conversa acerca do Algarve e de parques de campismo, fez-me recordar um post que escrevi já lá vão uns quatro anos... como hoje é um daqueles dias em que não me apetece mesmo pensar muito e a maioria dos leitores daquele tempo já por cá não mora.... recordar é viver...
A carta!
Eu gosto do Algarve fora de época e fora da confusão, naquele ano fomos acampar no mês de Abril para o parque de campismo da Praia da Luz, já lá vão uns dez anos, já não me lembro de muitos detalhes, sei que duas ou três noites terminei a dormir no chão, tínhamos um colchão de ar que teimava em esvaziar-se e foi uma complicação para o reparar... que nos bares da praia da luz não éramos lá muito bem vindos, falávamos português e os empregados olhavam de lado, um dia entramos num bar em Lagos e a empregada não falava português, só inglês! Fomos ao cinema... mas não me lembro do filme.
O parque de campismo era só para nós, que me lembre na maior parte dos dias éramos nós e algum casal de holandeses. Foi uma semana muito calma e relaxante.
Na semana seguinte voltei ao trabalho, na Quarta-feira a minha mãe ligou-me para o escritório, já era estranho ela estar-me a ligar para lá, mas pelo tom de voz, imaginei que algo estranho se estava a passar, a conversa foi mais ou menos assim:
-Jorge, tu conheces alguém no Algarve?
-Que eu saiba não, mas estive lá a semana passada.
-Estiveste donde?
-Estive na zona de Lagos.
-.....
-Então, o que é que se passa?
-Há... é que chegou uma carta para ti...e o código postal é de Lagos!
-Uma carta para mim?... humm , se calhar deixei lá alguma coisa...
Comecei a achar a historia absurda, mesmo que tivesse deixado lá alguma coisa, como é que eles iriam enviar uma carta para uma aldeia de Oliveira de Azeméis se eu moro em Setúbal?
-Sabes, é uma carta de uma mulher.... -diz a minha mãe.
-De uma mulher?, mas eu não dei a morada de aí a ninguém!
Aqui começou a fazer-se luz sobre o motivo da minha mãe me ligar para o emprego e não para casa...
Naquela altura no lugar donde moram os meus pais, as ruas não tinha nomes, e os carteiros entregavam as cartas pelos nomes das pessoas, e acreditem ou não, há mais dois Jorge Soares.......
-Isso de certeza que não é para mim, já perguntou se não é para nenhum dos outros fulanos que tem o meu nome?
-Já perguntei... e eles dizem que não conhecem ninguém no Algarve... e como tu lá estiveste... que é que eu faço?
-Bom, se não é para eles..... abra!
Ela abriu, e aqui a coisa piorou, era um postal daqueles mais que sugerentes e com palavras ainda piores, lá me explicou o que dizia.... fiquei sem palavras..... imaginei que alguém me estaria a fazer uma brincadeira ...a minha mãe não achou piada nenhuma e nem quero imaginar o que ficou a pensar. Passei o resto do dia a matutar quem sabia que eu tinha estado no Algarve e sabia a morada dos meus pais.. e a verdade é que não consegui lembrar-me de ninguém.
Cheguei a casa e contei à P. que levou aquilo na brincadeira, a esta altura eu já não estava a achar piada, depois de muita conversa com a minha mãe, a carta foi para a lareira, a P. diz que não me volta a deixar ir à casa de banho do campismo... era os únicos momentos em que não estávamos juntos.
Passados uns 15 dias, um dos meus xarás apareceu de mansinho a perguntar pela carta. Cada vez que nos lembramos disto, a P.goza comigo e diz que quando vamos acampar, eu não posso ir sozinho lado nenhum... para depois não chegarem cartas.
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Quando a minha meia laranja me falou deste fim de semana no Parque de campismo de Sagres tive as minhas dúvidas, parques de campismo de praia no Verão em Portugal é coisa que não costumo recomendar a ninguém, ora, parque de campismo em Julho no Algarve é coisa para me deixar não de um mas de dois pés atrás.
Lembro-me sempre de um fim e semana que passei há uns anos em Junho na Galé, ou do pessoal lá de Oliveira de Azeméis que no inicio de Junho ia montar as tendas para o parque de campismo da Praia da Torreira para marcar lugar para o Mês de Agosto... das histórias que eles depois contavam em Setembro é melhor nem me lembrar.
Quando no Sábado chegamos e me deparei com um parque de campismo quase às moscas nem queria acreditar. É verdade que Sagres já tem mais a ver com a Costa Vicentina que com o Algarve em si, mas não deixa de ser Algarve.
O parque tem boas condições, é um parque de pinhal, como todos os parques da Orbitur não tem residentes permanentes nem o aspecto de bairro de lata que infelizmente caracteriza a maior parte dos parques de campismo de praia deste país. Tem imensas sombras e espaço para montar a tenda sem incomodar ou ser incomodado pelos vizinhos mais próximos é o que não falta.
As infra-estruturas não são das mais modernas mas são funcionais , as casas de banho são espaçosas e sempre impecavelmente limpas, tem bar restaurante e supermercado.
Como pontos negativos, destaco a falta de uma piscina e o mau estado do que eles chamam o parque infantil, um lugar com areia e onde restam vestígios ferrugentos do que já terão sido baloiços e outros divertimentos para crianças.
De resto, Sagres tem algumas das mais bonitas praias em que já estive no Algarve, é claro que o vento constante não ajuda, mas em que outro lugar do Algarve se podem encontrar em Julho praias onde estacionar não é problema já seja para o carro ou para a toalha?.. Quanto à temperatura da água nesta altura... pois, também não vi muita gente a tomar banho... mas não se pode ter tudo!
Jorge Soares
O tema já não é nada actual, mas não o vou deixar passar, principalmente porque este fim de semana lembrei-me do senhor presidente e das suas palavras, que foram:
“Os portugueses devem fazer turismo no seu próprio país. é uma ajuda preciosa para ultrapassar a situação difícil em que o país se encontra. Turismo no estrangeiro significa importações de serviços e consequentemente agravamento da dívida externa de Portugal, que é um dos nossos maiores problemas”
Não vou discutir aqui se ele deveria ou não ter tiradas destas, só de pensar que o primeiro ministro britânico ou o amigo Zapatero tenham uma tirada destas, dá-me arrepios na espinha... mas pronto, estamos em pré campanha e estas coisas caem bem. O que eu queria discutir aqui é se devemos ou não dar ouvidos ao senhor.
Este fim de semana voltei ao Alentejo, vejamos em que condições fazemos turismo em Portugal. Não sei se já repararam, mas o Alentejo é caro que se farta, qualquer turismo de habitação médio custa muito mais de cem Euros por noite e com 3 crianças... a alternativa era tentar os bungalows dos parques de campismo. Custam quase o mesmo dos turismos de habitação.. e mesmo assim foi difícil arranjar vagas.
No Domingo passamos pela praia, é verdade que poderia ter escolhido outra, mas aquela era próxima e estava bem assinalada na estrada. Lá chegados o que verificamos: Um bar de praia que funciona a gerador e que não tem água corrente, uma praia com bastante gente mas que apesar de ter um bar e portanto um concessionário, não é vigiada. No fim paguei um euro por um café... e vim-me embora, ali não havia condições.
É bonito querermos passar férias em Portugal, mas é preciso ver se o país nos dá condições para tal. É claro que o cenário que descrevo não é o geral, há excelentes praias na costa alentejana.. mas é verdade que o Alentejo é muito caro, é difícil arranjar alojamento e há muito por fazer para ser uma região que atraia as pessoas.
Mas falemos das férias em si, orgulho-me de conhecer o país todo, de norte a sul, de Sagres a Bragança, por norma tenho férias repartidas sendo que os 15 dias de Agosto são quase sempre a acampar... e no verão acampar com o mínimo de condições é no estrangeiro. 99% dos parques de campismo deste país não cumprem as normas, a maior parte do tempo são uma espécie de bairro de lata formado por caravanas às quais as pessoas vão juntando coisas até que se convertem numa casa de férias barata. No verão estão superlotados e sem as condições mínimas para acampar. No pouco espaço que resta do bairro de caravanas amontoam-se as tendas em qualquer espaço livre, sem regras e sem o mínimo respeito por quem está à volta. Basta passar a fronteira e tudo isto muda como por arte de magia, em Espanha as normas cumprem-se, as entradas são limitadas, o espaço é respeitado..e não há bairros de caravanas nos parques... porque o espaço é para acampar.
Meus senhores, não basta pedir aos Portugueses que passem férias em Portugal, é preciso primeiro ver se há condições para isso. Não se pode pedir aos portugueses que passem férias cá quando fica mais barato ir às Caraibas, ou ao Sul de Espanha.. e já nem vou falar do profissionalismo e da forma de atender que encontramos por cá... disso já falei aqui e aqui
Mas foi engraçado perceber que todos os nossos politicos vão passar férias por cá... pelo menos foi isso que disseram na televisão... Pois, está bem.
Jorge Soares
Imagem da internet
Durante pouco mais de um ano a crise não saiu das nossas vidas, crise, desemprego, empresas em falência técnica, salários em atraso, crise, empresas que fecham, crise, crise nas vendas de carros, crise nos empresários hoteleiros, crise nas empresas publicas, crise nas empresas privadas .... enfim, crise em todo lado... mas, eis senão quando (estava mortinho por utilizar esta expressão) parece que o espírito natalício resolveu o problema, senão vejamos:
Hoje no público, a noticia era esta:
Uma das coisas engraçadas dos Blogs dos SAPO, é que estão ligados com o SAPO noticias, isto faz com que cada vez que a malta escreve algo sobre um concelho qualquer do país, durante umas horas o post aparece listado na página do SAPO noticias de esse concelho.
Quando eu no outro dia escrevi aquele post sobre o livro de reclamações no café em Portimão, eu sabia que o post ia aparecer na página dos Sapo Noticias de Portimão, ou seja, aqui. E também sabia que havia alguma probabilidade de que alguém de Portimão viesse cá parar ... o que evidentemente não me impediu de contar o que se passou nem de emitir a minha opinião. A coisa foi em Portimão, mas podia ter sido em Faro, em Lisboa, em Bragança ou no Porto... eu tinha feito o mesmo e da mesma maneira.
Nada me move contra o Algarve ou os Algarvios, sou sim contra o mau serviço e a falta de profissionalismo e tenho por norma reclamar os meus direitos quando sinto que estão a ser escamoteados, como foi o caso. Pelos vistos há pessoas que quando são mal servidas se limitam a virar as costas e a não voltar ao sitio, cada um é como é, eu não sou assim, porque se eu me limitar a virar as costas, como alguém sugeriu, o que vai acontecer é que tudo vai continuar da mesma forma, ou seja, mal.
Eu não reclamo por capricho ou mau feitio, reclamo porque acho que todos temos direito a receber um serviço de qualidade pelo dinheiro que pagamos,,,, e só reclamando e exigindo os nossos direitos podemos fazer com que as coisas melhorem. A si Teresa Sena, o conselho que lhe dou é que quando voltar a Setúbal e for mal servida, faça como eu, reclame.. talvez assim quando lá voltar as coisas não sejam tão más.
O Algarve é uma região que vive principalmente do Turismo e os turistas só voltam se forem bem servidos, e isso é válido para todos os turistas, estrangeiros e Portugueses..e nesse sentido falta muito por fazer. No Sábado à noite fui jantar a um restaurante no Carvoeiro, a historia dava para um post com algum humor, talvez um destes dias, hoje só vou referir que o comportamento dos empregados foi de tal ordem que pela primeira vez em muito tempo vi pessoas levantarem-se das mesas e irem-se embora sem consumirem, e eram estrangeiras, para não falar de outras pessoas nem se chegaram a sentar e se foram embora ao serem ignorados completamente..e não, o restaurante não estava cheio. E nós só não nos fomos embora porque estávamos com duas crianças esfomeadas e já tínhamos comido as entradas.
Não nos vamos enganar, o maior problema do Algarve é a falta de profissionalismo nos serviços, um empregado de restaurante que vira as costas aos clientes e os deixa a falar sozinhos a meio do pedido é um mau profissional, o mesmo empregado que fica chateado com o colega porque este atendeu uma mesa e o mostra de tal modo que este se despede na hora, é um mau profissional... e isto é verdade no Algarve, em Aveiro ou em qualquer lugar do mundo.
Que me lembre nunca tinha apagado um comentário neste blog... há sempre uma primeira vez para tudo na vida, o blog é dos leitores e todas as opiniões são bem vindas, mas o insulto fácil e a má educação eu não tolero. O blog vai permanecer com os comentários anónimos moderados.... e já agora, recordo que em todos os comentários é guardado o IP do computador de onde foi feito.. se não sabem o que é e para que serve, investiguem.
Jorge Soares
PS:Imagem minha
PS2:Como devem imaginar, este post vai aparecer no sapo noticias de muitas cidades...foi de propósito
Fui passar 4 dias ao Algarve, por norma só vou tão para Sul em épocas em que não há muito calor e sobretudo grandes confusões.. e claro que cada vez que lá vou, além de algumas cores mais para o bronzeado, traigo sempre que contar.. esta vez não podia ser excepção.
No Sábado o dia acordou meio farrusco, bastantes nuvens e até alguns pingos... passageiros, que o sol por ali nunca anda muito longe. Chegamos a Portimão e o tempo não convidava muito à praia, pelo que optamos por um passeio pelo circuito pedonal que fizeram da parte de cima da Praia da Rocha. Passado um bocado decidimos tomar um café e entramos no primeiro sitio que não falava de beans and bacon, que tinha aspecto de estar aberto e ter café expresso.
Mal entrei reparei no intenso cheiro a cigarro, a minha primeira ideia foi que tinha entrado num sitio onde era permitido fumar, um rápido olhar em volta desfez as duvidas, lá estavam bem visíveis os anúncios vermelhos... Proibido Fumar. Ao lado de um desses anúncios estava sentado um senhor de cinzeiro na mesa e cigarro na mão, que conversava alegremente com uma senhora na mesa do lado... que também fumava.
Comentei para a empregada que nos servia os cafés que as leis no Algarve deviam ser diferentes do resto do país. Ela lá me explicou que isso eram coisas da patroa.. que ela deixava os clientes fumarem. Comentei que achava mal e que se os anúncios estavam lá deviam ser cumpridos.
Entretanto, o senhor que ouvia a conversa, puxou de outro cigarro e ficou a olhar para mim descaradamente. Aqui foi quando surgiu o meu mau feitio e pedi o livro de reclamações. A empregada chamou a patroa.. que adivinhem lá.. era a senhora que conversava com o dito senhor e que estava a fumar também.
A conversa foi surreal... mas terminou assim:
-Minha senhora eu quero o livro de reclamações.
-Na verdade eu não sei onde está.
-Não sabe?
-Não, não me consigo lembrar, quem tratava disso era o meu marido, ele faleceu e eu não me lembro onde ele o guardava.
-A senhora tem ali o anuncio do livro, eu quero reclamar, a senhora tem que me apresentar o livro.
-Sim, eu tenho o livro..mas não me lembro onde ele está.
-Nesse caso, eu vou chamar a policia.
-Chame!
É claro que ela não me conhecia, porque se conhecesse sabia que eu estava a falar a sério, passado uma meia hora eu voltei lá com a policia... e achava eu que entretanto o livro teria aparecido... engano meu. O certo é que o senhor se tinha mudado com os cigarros para a esplanada e os cinzeiros tinham desaparecido das mesas. Mas nem com a policia e a ameaça de multa a dobrar, o livro apareceu. O que apareceu foram muitas lágrimas e uma história de fazer chorar as pedras da calçada... e claro, ela não viu ninguém a fumar lá no café, a única que estava a fumar era ela... não sabia ela que eu tinha a máquina na mão e tinha registado em primeira mão a prova do crime.
Segundo o policia, casos como este são às dezenas, pelos vistos no Algarve alguns comerciantes acham que as leis que fazem lá por Lisboa não são para cumprir.. não conhecem é o meu mau feitio.
Mas o dia não se ficou por aqui... que ao jantar a coisa também foi de morrer a rir... bom, se não fosse triste.. mas disso falo noutro dia.
Jorge
Domingo à tarde, num bar com esplanada numa praia do Algarve. Estou sentado na esplanada a ler o meu livro, as crianças brincam na areia.
Distrai-me do livro com a chegada de uma trupe, mãe e três filhos, eu diria 4, 5 e 7 anos. A senhora falava inglês com sotaque britânico, loira, mini-saia e olhos azuis turquesa.
O primeiro que me chamou a atenção foi que o miúdo do meio vinha a andar calmamente com a chucha (chupeta) na boca e um boneco que alguma vez tinha sido um macaco de peluche, com aspecto de ter sido arrastado de Inglaterra até aqui pelo chão, leia-se "a desfazer-se aos bocados", numa mão. A miúda tinha as unhas dos dedos dos pés e das mãos pintadas do mesmo vermelho sangue das da mãe, mas tinha a chucha na boca.
Sentaram-se na mesa do lado da minha, o miúdo do meio o primeiro que fez quando se sentou foi pousar a chucha em cima da mesa e pôr-se a chuchar o saleiro, depois, espalhou sal pela mesa, voltou a pegar na chucha e ia comendo sal da mesa com o dedo.
Para o mais velho veio um leite com chocolate, que rapidamente ele entornou para a mesa, a mãe foi buscar um pano, ele ficou sentado impávido e sereno , a ver o leite com chocolate a cair da mesa para os calções e as pernas, enquanto ia bebendo directamente da mesa com os dedos para a boca.
Aqui foi quando a P. se virou para mim e disse: e queixamo-nos nós dos nossos!
Jorge
PS:Fotografia minha.... tirada mais ou menos da mesma esplanada de que falo acima.
Eu gosto do Algarve fora de época e fora da confusão, naquele ano fomos acampar no mês de Abril para o parque de campismo da Praia da Luz, já lá vão uns dez anos, já não me lembro de muitos detalhes, sei que duas ou três noites terminei a dormir no chão, tínhamos um colchão de ar que teimava em esvaziar-se e foi uma complicação para o reparar... que nos bares da praia da luz não éramos lá muito bem vindos, falávamos português e os empregados olhavam de lado, um dia entramos num bar em Lagos e a empregada não falava português, só inglês! Fomos ao cinema... mas não me lembro do filme.
O parque de campismo era só para nós, que me lembre na maior parte dos dias éramos nós e algum casal de holandeses. Foi uma semana muito calma e relaxante.
Na semana seguinte voltei ao trabalho, na Quarta-feira a minha mãe ligou-me para o escritório, já era estranho ela estar-me a ligar para lá, mas pelo tom de voz, imaginei que algo estranho se estava a passar, a conversa foi mais ou menos assim:
-Jorge, tu conheces alguém no Algarve?
-Que eu saiba não, mas estive lá a semana passada.
-Estiveste donde?
-Estive na zona de Lagos.
-.....
-Então, o que é que se passa?
-Há... é que chegou uma carta para ti...e o código postal é de Lagos!
-Uma carta para mim?... humm , se calhar deixei lá alguma coisa...
Comecei a achar a historia absurda, mesmo que tivesse deixado lá alguma coisa, como é que eles iriam enviar uma carta para uma aldeia de Oliveira de Azeméis se eu moro em Setúbal?
-Sabes, é uma carta de uma mulher.... -diz a minha mãe.
-De uma mulher?, mas eu não dei a morada de aí a ninguém!
Aqui começou a fazer-se luz sobre o motivo da minha mãe me ligar para o emprego e não para casa...
Naquela altura no lugar donde moram os meus pais, as ruas não tinha nomes, e os carteiros entregavam as cartas pelos nomes das pessoas, e acreditem ou não, há mais dois Jorge Soares.......
-Isso de certeza que não é para mim, já perguntou se não é para nenhum dos outros fulanos que tem o meu nome?
-Já perguntei... e eles dizem que não conhecem ninguém no Algarve... e como tu lá estiveste... que é que eu faço?
-Bom, se não é para eles..... abra!
Ela abriu, e aqui a coisa piorou, era um postal daqueles mais que sugerentes e com palavras ainda piores, lá me explicou o que dizia.... fiquei sem palavras..... imaginei que alguém me estaria a fazer uma brincadeira ...a minha mãe não achou piada nenhuma e nem quero imaginar o que ficou a pensar. Passei o resto do dia a matutar quem sabia que eu tinha estado no Algarve e sabia a morada dos meus pais..e a verdade é que não consegui lembrar-me de ninguém.
Cheguei a casa e contei à P. que levou aquilo na brincadeira, a esta altura eu já não estava a achar piada, depois de muita conversa com a minha mãe, a carta foi para a lareira, a P. diz que não me volta a deixar ir à casa de banho do campismo...era os únicos momentos em que não estávamos juntos.
Passados uns 15 dias, um dos meus xarás apareceu de mansinho a perguntar pela carta. Cada vez que nos lembramos disto, a P.goza comigo e diz que quando vamos acampar, eu não posso ir sozinho lado nenhum... para depois não chegarem cartas.
Jorge Soares
PS:Imagem retirada da internet....