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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Fiz um post com esta fotografia e com o poema copio em baixo no meu outro eu, o Momentos e olhares, a Mafalda deixou-me um comentário que me deixou a pensar, ela disse o seguinte:
Sabes Jorge acho que encontraste nesta tua viagem a Cabo Verde, algo de muito diferente, algo que muito te disse e marcou. Algo que fará sempre parte das tuas boas recordações. Algo que talvez às vezes te traga nostalgia, mas algo que verdadeiramente amas.
Vê-se e sente-se em todas as tuas fotos.
Estarei a ver mal?
Acho que estás a ver perfeitamente bem Mafalda
Haverá algo que nos marque mais que um filho? a Mafalda tem razão, as minhas fotografias de Cabo verde, pelo menos as que escolhi para colocar no blog, transmitem uma enorme serenidade, talvez porque os locais e os momentos fotografados eram na sua generalidade locais e momentos serenos, talvez porque eu apesar de tudo, estava sereno, talvez porque a forma como se está, como se vive por lá e apesar de todas as dificuldades, é serena.
Apesar de que todos dizemos que é o sonho que comanda a vida, a verdade é que para a generalidade das pessoas são raros os momentos em que conseguimos concretizar um sonho, há que recordar que eu fui a Cabo Verde para concretizar um sonho... e esse sonho começou a concretizar-se mal chegamos lá.... e haverá algo que nos dê mais serenidade que ver o maior dos sonhos da nossa vida realizado?
Sim, tenho saudades de Cabo Verde, de cada momento, cada pormenor, cada segundo, do lugar, da luminosidade, das pessoas, da calma do pôr do sol.. saudades, muitas... mesmo muitas.
Criança Eterna
Vi nos voos dos pássaros
O entardecer escapar-se por entre
Os traços verdes do arvoredo.
Sob os olhos do anoitecer uma alma
Amparada no florir de um beijo
Em instantes de sol e doçura;
Um coração a sangrar por nada ter
Para dar e tudo perder e um homem
Que toda a sua riqueza consigo transporta.
E vi sombras de fogo num peito,
Uma alegria descontente em horas
Que são minutos quando dois corpos
Em seu leito se enamoram; e vi bolsos
De mar e de luz no desassossego
E em tudo vi a criança eterna…
Vi-me a mim.
De Alves Bento Belisário in, Inquietudes, pág. 38 (2005)
Para quem não leu, leiam, os meus postais de Cabo Verde
Jorge
Estava eu em casa com a perna levantada como mandaram os médicos e a Ana apareceu no messenger, a conversa foi mais ou menos assim:
Ana:Olá Jorge
Eu:Olá Ana
Ana:Como estás?
Eu:Optimo, e tu?
Ana:Viste a minha frase do messenger?
A frase de que se fala é a seguinte:
"Amigos são aquelas pessoas raras que nos perguntam como estamos e depois ficam à espera da resposta"
Acho que a Ana pensou que eu não estava a ser sincero com ela, se eu estou em casa com um pé aparafusado, como é que posso estar óptimo? ela não disse, mas acho que foi isso que pensou.
Na verdade a Ana tem alguma razão, todos temos uma pergunta e uma resposta padrão para quando encontramos alguém. Na realidade quando perguntamos "como estás", o ultimo que estamos à espera é ouvir um rol de lamentações, o "estou bem obrigado", é mesmo o que pretendemos ouvir.
Por outro lado, quantos de nós somos capazes de despejar os nossos problemas à primeira pessoa que nos pergunta "Como estás?", mesmo que seja um amigo?
Vivemos numa sociedade em que cada vez estamos mais voltados para o nosso interior, não estamos dispostos a dar ou a receber de modo a que o "Como estás hoje" seja mais que uma mera formalidade.
E quantas vezes o nosso estado de espirito é tal que o que queremos é que nem nos perguntem nada, o silêncio e a companhia são o que pretendemos mesmo?
Sabes Ana, tens toda a razão.... mas naquele dia, eu estava mesmo óptimo....dadas as circunstancias.
Jorge
PS:Imagem retirada da internet