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Deus não existe, ponto final!

por Jorge Soares, em 10.12.15

solidao.jpg

Imagem retirada da internet

 

O post de ontem deu muito que falar, pelos vistos um ateu é capaz de chatear muita gente (tanta intolerância) e gerar muitas  opiniões, já que estamos numa de recordações, o texto seguinte é de 11 de Dezembro de 2008 (aqui).

 

A propósito do post sobre o natal que escrevi há dois dias, recebi o seguinte comentário por email:

 

 "Espertinho o menino!...  "como é o vosso natal, falem-me do vosso natal..." ;-)) Ora nega lá que o que esperas mesmo é ver aí a malta  a dissertar sobre o primeiro parágrafo..."

 

O primeiro parágrafo falava sobre o facto de eu ser ateu e de "deus não existe, ponto final". A minha amiga Linda achou que o resto do post era para encher e que o verdadeiro motivo era este... pois não, a minha ideia era tentar perceber os sentimentos das pessoas sobre o natal... aquele parágrafo era só para explicar o contexto do meu sentimento sobre o natal.

 

Mas ela dizia mais, dizia o seguinte:

 

"Sabes que eu acho um nadinha pretensioso esse teu jeito de afirmar; "sou ateu, Deus não existe e ponto final"

Na minha modesta opinião, alguém que como tu, perentóriamente, se afirme assim, tem de provar que Deus não existe."

 

Qualquer tentativa de demonstração da existência ou não de deus é tempo perdido, porque algures vai esbarrar no "É uma questão de fé"... e isso é algo que não tem discussão. Sou sincero, eu não consigo perceber qualquer argumento que comece ou termine em, "é uma questão de fé", e portanto resta-me um só caminho, deus não existe, ponto final.

 

Fui batizado e educado na religião católica, catequese e comunhão solene incluida. Um dia dei por mim a pensar que aquilo não fazia sentido, primeiro deixou de fazer sentido tudo o que dizia respeito à igreja, a católica ou qualquer outra, aquele deus capaz de perdoar e de castigar, Jesus, a virgem, os santos, a criação, o pecado, nada fazia sentido. Com o tempo o próprio conceito de deus deixou de fazer sentido.

 

Dei por mim a pensar que as pessoas precisam de um deus porque se sentem sós, porque não conseguem encontrar carinho e apoio em quem os rodeia. O conceito de deus existe porque falhamos como seres humanos, porque não somos capazes de ajudar e apoiar as pessoas que estão à nossa volta. Muita gente se escuda na fé, vão à igreja, rezam, acreditam, mas não são capazes de dar um bocadinho de si para tornar mais leve e mais feliz a vida de quem os rodeia. Deus é tantas vezes a ultima esperança, porque já batemos a muitas portas e elas não se abriram, porque já apelamos a muitos sentimentos e só recebemos o vazio como resposta, ou porque já batemos tantas vezes com a cabeça na parede e não fomos capazes de aceitar a ajuda que se nos oferecia, que já não há quem seja capaz de nos ajudar.... nessa altura, deus é a resposta. Quando todas as pessoas à nossa volta nos falharam ou quando nós próprios falhamos, resta-nos a fé.

 

Devemos ter fé sim, mas é em nós, nas nossas capacidades e nas das pessoas de quem gostamos e devemos ter a humildade de suficiente para aceitar que somos simplesmente humanos e que por vezes precisamos de ajuda. A vida é dar e receber, mas é dar e receber de seres humanos como nós, não de um qualquer deus. Os primeiros humanos chamavam deus a tudo o que não conseguiam explicar, com o tempo tudo se foi explicando, agora, chamamos deus à nossa solidão.

 

Pronto, e agora podem dissertar à vontade.... sobre, deus não existe, ponto final!

 

           NATAL
"Leio o teu nome
Na página da noite:
Menino Deus...
E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e ser menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?
Todos dias nascem
Meninos pobres em currais de gado.
Crianças que são ânsias alargadas
De horizontes pequenos.
Humanas alvoradas...
A divindade é o menos."
 
Miguel Torga 
(Obrigado Linda)

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:32

Conto - O amanhecer em quarto estranho

por Jorge Soares, em 07.06.14
O amanhecer em quarto estranho
Acordei e logo, percebi que meu corpo estava dolorido. Pensei que tinha apanhado. Então abri os olhos. Olhei ao redor e tentei reconhecer onde eu estava. Aquele quarto não me era familiar. Com certeza não era o meu. As estantes brancas, organizadas com livrões e enfeites e alguns bichinhos. Não era de alguém muito próximo. Eu conhecia o quarto das pessoas próximas a mim.
Não caí em desespero. Permaneci calmo. Afinal, não era a primeira vez que acordava em lugar estranho, e tampouco seria a última. Além disso o quarto era limpo e eu estava bem confortável. Uma cama excelente.  Diferente de acordar na rua, com o corpo gelado e sujo.
Fechei os olhos novamente. Esforçava-me para tentar lembrar o que tinha acontecido na noite anterior. Aos poucos algumas imagens surgiam.
Lembro-me que saímos para comer alguma coisa, mas era apenas uma desculpa para bebermos. Assim que chegamos no restaurante, pedimos algumas cervejas. Jantamos e continuamos bebendo. Acho que era próximo da  meia-noite, quando uma das meninas, que nos acompanhava, a mais bonitinha, disse que queria dançar. Eu não queria dançar. Não gosto de dançar. Mas ela era bem bonitinha e eu já tinha bebido algumas, achei que fosse uma boa ideia.
Cara, como ela era bem bonitinha. Bonita mesmo. Seu nome era Amanda. No fundo, eu sabia que não tinha nenhuma chance com ela, mas diabos um trago faz a gente pensar que pode tudo; faz acreditar que sonhos impossíveis são possíveis. Era certo, que em estado sóbrio ela nunca ficaria com um cara tímido e gordo, com uma barba de meses no rosto. Não sou muito propenso a fazer barba. Acho que os pelos em nossos corpos são naturais. Não gosto dessa estética plástica que nos impõem uma limpeza total dos pelos no corpo, com um esforço em tentar esconder a sujeira da humanidade. Às vezes, me pergunto, onde esta a sujeira da humanidade? Também não gosto de textos limpos demais, não me refiro só a linguagem, me refiro àqueles com um mundo cor de rosa, onde tudo se encaixa, tudo é perfeitinho. Menininho se apaixona pela menininha, se casam tem filhos e nunca falta dinheiro ou comida. Sempre estão felizes. Fico pensando que porra é isso!!?? Fico indignado. Talvez, por isso que eu gosto mesmo, é de acordar com do velho Johnnie e um texto do Bukowski.

 

Carlos Carreiro

 

Retirado de Samizdat

publicado às 20:36

O natal, afinal, o que é o natal?

por Jorge Soares, em 22.12.13

Bom natal

 

 

Este post da Manu deixou-me a pensar, o post e os comentários, assim como este da Rita. Ao contrario da maioria das pessoas, eu não tenho grandes recordações do natal da minha infância, por muito que tente não me consigo lembrar de nenhuma prenda... mentira, lembro-me que havia sempre um chapéu de chuva de chocolate... curiosamente lembro-me dos carrinhos e camiões, dos legos e demais brinquedos de moda que os meus primos recebiam.. e que invariavelmente eu invejava quando no dia 25 nos encontrávamos em casa da minha avó.

 

Quer isto dizer que os meus natais eram tristes? não, claro que não, eram simplesmente os natais humildes das pessoas humildes, em minha casa havia árvore de natal, presépio e luzinhas, e havia batatas e bacalhau e bolo rei... mas o facto de haver menos consumismo, menos prendas,  menos coisas, fazia do meu natal de então um natal melhor que o de hoje? É que por vezes fico com a sensação que assim é, que o natal de hoje como tem muitas coisas, muitas prendas, muita comida, muito consumismo, é mau.

 

Lendo os comentários ao post da Manu ficamos com a sensação que as pessoas  resistem a ser felizes,  a aceitar que um natal cheio de coisas, cheio de prendas, cheio de consumismo é um natal mau... não é natal, porquê? O que tem de mal que as pessoas possam comprar, dar prendas, partilhar?

 

Eu olho para trás e resisto-me a pensar que o natal dos meus filhos seja pior que os meus, não, resisto a acreditar que o facto de que os meus filhos tenham tudo aquilo que eu sonhava e não podia ter seja mau... eu sou muito feliz porque ao contrário dos meus pais, eu posso dar-me ao luxo de comprar para os meus filhos muitas coisas.

 

As pessoas dirão que se perdeu o significado do natal... pois a isso eu respondo que o natal, para além de ser quando o homem quiser, também significa o que quisermos. Eu sou ateu, evidentemente não festejo o nascimento de um menino numa manjedoura, mas festejo o momento, a presença da família, se quiserem, festejo a alegria de poder ter um natal, de poder comer, comprar, gastar.... porque o natal já era natal antes de supostamente ter nascido um menino algures a Oriente... e como vão as coisas, daqui a 3 ou 4 gerações já poucos pensarão nesse menino, mas aposto que o natal continuará a ser festejado.. e espero que com muito mais luz, muito mais festa... muito mais alegria...

 

Jorge Soares

publicado às 22:55

10 anos de Sapo Blogs

 

Os blogs do SAPO fazem 10 anos, e isso é sem duvida nenhuma digno do maior destaque.

 

Em 2007 quando um pouco ao acaso criei este blog, estava longe de imaginar tudo o que estava por trás deste mundo, hoje, mais de seis anos passados, depois muitos blogs criados para mim, para outras pessoas, para grupos de pessoas, este tornou-se um ponto de encontro e o meu vicio diário.

 

Ainda sou do tempo em que muitas vezes as coisas encravavam, dos dias em que era muito complicado escrever os posts, já seja porque os servidores estavam lentos, porque o dicionário matava os textos ou porque as tags faziam tudo parar.... felizmente tudo isso é passado e hoje temos uma plataforma estável, fiável  e de confiança.

 

Não é por acaso que mais de metade dos meus contactos no Facebook são pessoas da blogosfera e mesmo de pessoas que não tendo blog conheci porque me contactaram devido a alguma coisa que escrevi aqui... é que como costumo dizer, as pessoas dos blogs são especiais...

 

Por trás de tudo isto há uma excelente equipa que com uma enorme simpatia,paciência  e disponibilidade, está sempre  disposta a ajudar, desde aqui deixo um enorme abraço a toda a equipa dos blogs e os meus parabéns para eles e para todos os bloguers, porque uns só fazem sentido se os outros existirem

 

Um brinde ao SAPO e  a quem com o seu trabalho e dedicação diária faz isto funcionar, um brinde a todos nós... e claro, que sejam muitos mais anos.

 

Jorge Soares

publicado às 20:49

2013, 365 oportunidades de ser feliz

por Jorge Soares, em 31.12.12

365 oportunidades para ser feliz

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

 

 

 

Todos sabemos que não vai ser fácil, mas não se esqueçam de ser felizes, em 2013 ou em qualquer outro ano

 

Jorge Soares

publicado às 12:56

Vamos todos fazer por isso?

por Jorge Soares, em 30.12.12

Meta para o ano novo?.. ser feliz

 

Imagem do Pontos de Vista 

 

Não vai ser fácil, mas vamos todos tentar fazer por isso?

 

O meu desejo de ano novo para todos os que por aqui costumam passar é esse, nunca desistas de procurar a felicidade!

 

Jorge Soares

publicado às 21:21

Conto, Malandro não estrilha, muda de esquina!

por Jorge Soares, em 26.02.11
Malandro

 

Leonardo raramente saía, e quando o fazia preferia a companhia dos amigos, decididamente, não tinha o hábito nem gostava de sair sozinho pela noite.

 

Sentou-se e logo o Sérgio se debruçou sobre a pequena mesa que os separava para lhe dizer algo sem que os clientes mais próximos ouvissem:

Sabes de quem é esta merda? Sei! E então que me dizes? Sem o deixar responder continuou: já viste o dinheirão que a puta fez à conta dos papalvos que recebia lá em casa, enquanto o Jacinto ia trabalhar?
Estás a querer dizer que ela, a Verinha… - Sim pá, a puta andava nas lides enquanto o Jacinto ia trabalhar, tanto assim, que quando o gajo soube pirou-se que nunca mais ninguém o viu. Vendo que ele não reagira continuou: agora olha, o resultado está à vista, vê bem o dinheirame que a puta fez!
Calma Sérgio, tens a certeza do que estás a dizer? Estás a medir bem o que dizes? Então pá, estás a fazer-te de parvo ou quê, ela morava no teu prédio, com certeza também lá foste e agora estás a ver para onde foi a massa, mas é mesmo assim, esquece essa merda que a gaja vem aí.

 

Hoje, tinha-se aventurado a entrar naquele bar que abrira a semana passada a dois quarteirões da sua casa. Inicialmente, a ideia era ver o aspecto com que ficara, comer qualquer coisa e regressar a casa ainda a horas de acabar aquele trabalho que tinha de ser entregue amanhã sem falta na reunião das nove.

Olá Leonardo, afinal sempre veio ver o meu barzinho! Claro Verinha, o tempo não é muito e eu não costumo sair à noite, só a minha querida me faria quebrar os hábitos, mas olhe, já estou arrependido. Não me diga isso Leonardo, e fazendo um gesto que abarcava toda a casa perguntou: está assim tão mau? Leonardo então, olhando de frente o Sérgio respondeu: Não Verinha, o bar até está melhor do que alguma vez pensei, agora a Verinha é que merecia outra sorte com os clientes.


Nesse momento já ela acompanhava o seu olhar na direcção do Sérgio, este, sentindo-se incomodado mostrou intenção de se levantar, mas Leonardo agarrando-lhe o braço obrigou-o a permanecer, e olhando para Vera continuou: Diga-me aqui só para nós que muito a estimamos, como é que as cartas lhe renderam tanto dinheiro? Vera, compreendeu de imediato as intenções de Leonardo e decidiu entrar no jogo.
Que isto não saia daqui, só vos conto a vocês porque são pessoas honestas e acredito que saibam guardar um segredo, bem, o Leonardo está mais ou menos a par, mas o Sr. não sabe e eu vou-lhe contar em atenção a ele: aquela clientela que eu tinha, era tudo gente abastada como sabe o Leonardo, homens de negócios que nada faziam sem eu lhes deitar as cartas, depois, como eu os orientava nas aplicações que faziam na bolsa, foram passando a palavra aos amigos mais chegados, estes a outros e sabem como são estas coisas, até que, me apareceu lá em casa um industrial do norte, o merceeiro como lhe chamo, e o coitadinho estava desesperado porque os negócios lá por Espanha estavam a ir de mal a pior, eu deitei-lhe as cartas e dei-lhe alguns conselhos que o levaram a ter de novo êxito, ele como retribuição, deu-me um chorudo cheque com que abri aqui o barzinho, e foi assim.

Mas o inesperado aparece quando menos se espera e as coisas não aconteceram assim.

Leonardo olhou então para o Sérgio, que a essa altura já parecia um tomate e disse: A Verinha seria uma grande amiga se deitasse as cartas para nós, que também somos filhos de gente e precisamos de alguma sorte, isto se o Sérgio concordar como é evidente. Sérgio, que até aí permanecera calado e com os olhos enfiados no copo de cerveja, ainda tentou perguntar se o tal merceeiro era aquele gajo dono da - , mas Leonardo fazendo-lhe sinal para se calar, assentiu de imediato com um gesto de concordância, dizendo: esse mesmo em que estás a pensar.


Vera medindo bem a situação e depois de pensar um pouco, disse que sim, que lhes lançava as cartas, mas que seria a última vez que o fazia, é que, tinha começado a ficar assustada com a sua capacidade para interpretar tudo o que as cartas lhe diziam, por isso, queria pôr de parte aquela actividade, esta seria portanto a ultima vez e só o fazia em consideração ao Leonardo, mas agradecia que este nunca mais lhe pedisse o mesmo. Dito isto, pediu-lhes para entrarem na salinha privada que ficava no fundo do bar, que ela já lá iria com o Tarot.

Mal entrou, e ainda os seus olhos tentavam absorver a decoração do lugar, ouviu o seu nome gritado de uma mesa no fundo da sala. Olhou, e viu a mão levantada do Sérgio, seu vizinho de rua que o convidava a aproximar.

Leonardo e Sérgio, acomodaram-se na sala, e enquanto esperavam por Vera, Leonardo foi-lhe dizendo, se ele agora tinha percebido a razão de tantos homens visitarem a casa de Vera, este, consternado, dizia que sim, que pensara ser outra coisa, que nunca imaginara uma coisa daquelas e por aí adiante, até Vera chegar com as cartas.


Contou-as e verificou que estavam as 78 necessárias, baralhou-as, e perguntou qual queria ser o primeiro. Leonardo prontificou-se de imediato, começariam com ele. Vera, mostrou então o que sabia fazer e Sérgio bebia as palavras com que Vera acompanhava o ritual, como se, de um ser divino e omnipotente se tratasse, até chegar a sua vez.

 

Depois de baralhadas as cartas, Vera disse-lhe em tom muito sério e de olhos nos olhos: Tome atenção, eu não sei muito bem como isto funciona, mas funciona, agora, o mais importante é que acredite em tudo o que lhe vou dizer através das cartas, depois é consigo, que eu lavo daí as minhas mãos. Sérgio assentiu de imediato com um abanar de cabeça, só queria que Vera começasse logo, e ouviu com sofreguidão todas as banalidades que ela lhe dizia, até ao momento em que parou e se mostrou muito pensativa. Leonardo perguntou em tom preocupado: Não é aquilo que eu estou a pensar, pois não? Vera continuou calada, voltou a mexer nas cartas, baralhou de novo e voltou a lançá-las, voltando a ficar calada com os olhos fixos na mesa. 
Leonardo perguntou com voz assustada: É a torre que te preocupa? Vera olhou para ele com as mãos a tremer e disse: A Torre e a Caveira, eu sabia que nunca mais deveria mexer-lhes, e agora? Nesta altura, Sérgio, que ora olhava para um, ora olhava para outro, quis saber o que é que se passava, o que é que as cartas tinham de tão mau? Vera mostrava-se relutante, Sérgio insistia, queria saber, fosse lá o que fosse, tinha o direito de saber já que era com ele.


Leonardo, tomando o comando da conversa disse: deixe Verinha, eu digo-lhe, a culpa é minha que o meti e a si nesta encrenca, a Verinha não se preocupe, só fez o que sabe fazer, não tem culpa das coisas serem o que são, a Verinha é simplesmente o saber interpretativo das cartas, um veículo, nada mais. Virando-se então para Sérgio, com cara de pesar e depois de alguns segundos a pensar como lhe daria a noticia, disse-lhe: A Torre com a Caveira, representam a morte à pergunta que a Vera lhes fez, e a ti, saiu-te duas vezes, não há que enganar.

Sérgio estarrecido balbuciou: E agora, o que é que eu faço? Deve haver uma maneira, ela que faça a pergunta de outra forma? Não há nada a fazer, respondeu Leonardo, não há como fugir. O meu conselho é que tenhas cuidado com tudo, até a atravessares a rua para não seres atropelado. Dito isto, baixou a cabeça e elevou as mãos que se enterraram nos cabelos.


Sérgio levantou-se em estado de choque, branco como a cal, balbuciou qualquer coisa imperceptível e saiu.

Passados uns minutos e depois de terem a certeza que ele tinha desaparecido, desataram numa gargalhada pegada, recordando os tempos em que se divertiam a pregar estas partidas, aos bicéfalos anácronos dos seus colegas de liceu. Mas isso, era quando a Verinha ainda se chamava Rafael, tinha sido antes da operação de mudança de sexo que ela fizera na Holanda, mas também ninguém sabia, ela só mudara para o seu prédio depois disso acontecer e o Jacinto nunca o diria a ninguém. Ainda recordaram como ela se tinha livrado dele, quando decidiu deixar a prostituição. A ideia de lhe dizer que tinha Sida devido à vida que levava, tinha sido sua.

Por volta das cinco da madrugada, Leonardo despediu-se de Vera e saiu. Enquanto percorria os dois quarteirões que o separavam de casa, olhou para a janela do Sérgio que ficava logo no primeiro, constatando com um sorriso sacana, que a luz 

 

Retirado de Rua dos contos

publicado às 21:03

you need to get off facebook

por Jorge Soares, em 27.01.11

 

 

Como para ficar a pensar....

 

publicado às 21:25

Oups, a minha mãe adicionou-me como amiga no facebook
Imagem de aqui

Não, não foi a minha,... eu só achei o titulo engraçado.

O Facebook é a rede do momento e a mim quer-me parecer que veio para ficar, por acaso sou daqueles que acha que a maioria das pessoas não tem muita consciência da forma exagerada como ali se expõe. Estive a verificar e tenho a bela soma de 159 "amigos", ao contrário da maioria das pessoas, entre eles não  se contam colegas de escola ou de faculdade, na sua maioria são pessoas dos blogs, pessoas que me lêem ou que gostam das minhas fotografias, pessoas do mundo da adopção e alguns, muito poucos, colegas de trabalho. Na sua grande maioria são pessoas com as que nunca estive pessoalmente e que para meu grande espanto, colocam ao meu alcance e ao alcance do mundo,  as mais variadas informações e fotografias do seu dia a dia, suas, dos seus filhos e familiares.

A maioria dos pais não sabe muito bem como encarar a entrada na internet e nas redes sociais dos seus filhos, eu sou mais do estilo, se não podes vencê-los, une-te a eles. A R. tem Facebook há muito tempo e não só a ajudei como a incentivei, assim como a tentei incentivar a manter o blog actualizado... aí tive menos sucesso. No mundo em que vivemos é impossível manter as crianças longe das tecnologias, elas fazem parte do seu dia a dia e são cada vez mais importantes na sua formação, podemos tentar evitar, colocar regras, tentar vigiar.. não vale a pena, nós não vamos poder estar sempre presentes.. o mais sensato é explicar, alertar e dar liberdade.

Com o Facebook temos a coisa facilitada, se queremos saber o que se passa por lá enviamos um pedido de amizade e passamos a ver, a presença dos pais terá de certeza um efeito dissuasivo nos excessos, não é que vá a impedir que eles sejam cometidos, mas  pelo menos irá de certeza evitar o escárnio da sua divulgação pública... com o pai a ver ninguém publica fotografias comprometedoras de certeza absoluta.

Ou seja, ainda não tem uma conta no Facebook? Aposto que os seus filhos têm, sabe o que se passa por lá?, quem são os amigos? o que se conta? o que se mostra? está à espera de quê?, mande um convite, afinal, que melhor amigo que os pais? Se calhar vai descobrir muitas facetas com as que nem sonhava...e pode sempre fazer novos amigos...

Jorge Soares.

publicado às 22:11

O bom rapaz de cantanhede que afinal mata pessoas

 

Hoje foi a reunião na escola da R., como a P. tinha ido ontem à do N. a mim calhou-me esta, foi uma reunião pacifica, a directora de turma é daquelas que faz a festa toda, dá a música, atira os foguetes e apanha as canas, mas é pacifica e a coisa até correu bem.

 

O ponto alto da reunião foi quando se tratou do tema da educação sexual, a coisa até estava a correr bem, até que alguém tocou o tema da homossexualidade e é claro o assunto do momento que também ia pacifico até que uma das mães  decide sair-se com a seguinte:

 

-Vejam lá o que aconteceu com aquela pobre criança, que se deixou levar pelas más influências e vejam no que deu.

 

É claro que ante uma afirmação destas eu não me podia calar,

 

-Criança, mas qual criança?

-Criança sim, porque ele era uma criança que se deixou influenciar

-Mas ele não tinha 21 anos?, isso não é uma criança, é um adulto que sabe bem o que quer.

-Não, ele era uma criança e deixou-se levar na conversa daquele tipo.

 

Aqui a professora entendeu que a coisa ia descambar e mudou rapidamente de assunto.

 

Eu não conhecia o Carlos Castro de lado nenhum, juro, nem sabia que o senhor  existia, muito menos o Renato Seabra, muito menos da sua orientação sexual, mas a mim há uma coisa que me parece clara, independentemente do que estavam lá a fazer, se eram ou não namorados, estavam ali dois adultos e um matou o outro de uma forma que tem contornos de sadismo.

 

Não sei como, mas tal como aquela mãe na reunião da escola, há muita gente que parece que vê o morto como culpado e o assassino, que até já confessou,  como a vitima. Parece que o facto de um ser homossexual e o outro um bom rapaz de Cantanhede faz as coisas mudar... deve ser da distância, Nova Iorque é muito longe e em inglês, agressão, morte violenta e castrado, dizem-se de outra forma.

 

Eu juro que já tentei, mas depois de tudo isto eu não consigo ver mais que alguém que morreu e alguém que matou, quanto ao facto de o assassino confesso ser um bom rapaz, espero que ninguém me leve a mal, mas o que define se alguém é boa ou má pessoa não é a opinião que os outros querem fazer passar, são os actos... e a mim não há quem me convença que quem mata com estes requintes de malvadez, é boa pessoa.

 

Jorge Soares

publicado às 21:55


Ó pra mim!

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