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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
"allahu akbar", deus é grande, foram estas as palavras que ficaram na memória das pessoas antes de começarem os disparos num dos atentados múltiplos de esta noite em Paris....
60 mortos contabilizados até agora, não se sabe quantos feridos, entre 60 a 100 pessoas sequestradas numa sala de espectáculos, são estes os números do terror numa noite de sexta-feira em Paris.
Por vezes temos a tendência de olhar para o mundo em que vivemos e dar por garantido que não há volta atrás, que a época em que se matava e morria em nome de deus e da religião era algo que tinha acontecido no passado e que não voltaria a acontecer,... depois acontecem estas coisas e percebemos que afinal parece que não aprendemos nada.
Durante o dia a noticia tinha a ver com a morte cirúrgica, de um senhor que ficou conhecido pela forma despiadada como fazia o papel de carrasco do estado islâmico, pelos vistos do outro lado não há mortes limpas nem inocentes, todos somos culpados e merecemos morrer,.. 60 mortos, há de certeza batalhas na Síria e no Iraque onde participam centenas de soldados e onde não morre tanta gente...
Há uns dias, depois da queda do avião Russo, alguém me dizia que passou a ter medo de andar de avião, há pouco no Facebook alguém se mostrava assustado ante a perspectiva de ter que viajar a uma cidade europeia. Parece que começamos a tomar consciência de que esta guerra nos afecta a todos e não é algo que só acontece na televisão?
De repente acordamos para uma dura realidade, ninguém em lado nenhum está livre que um maluco armado em mão de um deus qualquer, desate disparar.
Será que é nestas alturas que ficamos a perceber o que sentem os refugiados e o que os faz correr e fugir em busca de um lugar qualquer onde se possa viver longe de atentados, armas, tiros e fanáticos religiosos?
Quando vamos deixar de olhar para os nossos umbigos e perceber que o que está a acontecer é um problema do mundo inteiro e não da Síria e do Iraque?
Jorge Soares
Imagem do Público
O senhor ali da fotografia é um dos supostos autores dos atentados de Boston, está neste momento internado num hospital da cidade, foi capturado após um cerco policial que envolveu mais de 9000 mil homens e de uma caça ao homem que levou as autoridades americanas de porta em porta durante quase 24 horas.
Na realidade não foi nada disto que levou à sua captura e à morte do seu irmão, o suposto cúmplice no atentado que causou 3 mortes e muitas dezenas de feridos. Não sei se repararam mas não demorou mais de uma ou duas horas desde o momento em que foram divulgadas as imagens captadas pela câmara de vigilância de uma loja em que se podiam ver os dois rapazes com as mochilas às costas, e o momento em que a policia os cercou e capturou o mais velho dos irmãos.
O que realmente permitiu o deslindar do caso foi a existência da câmara de vigilância a apontar para a rua, o resto foi fácil e no dia a seguir a meio da manhã na maioria dos jornais do mundo tínhamos não só os nomes de ambos os jovens, como toda a sua história de vida e até fotografias do mais velho na companhia de amigos e da sua bonita namorada e até já sabíamos que esta era meia portuguesa. Ainda estou para perceber como é que um terrorista mantém assim a sua vida nas redes sociais.
A existência de câmaras de segurança a apontar para os espaços públicos há muito que gera discussões, mas curiosamente neste tipo de coisas a sociedade americana é muito mais permissiva que a nossa. Em Portugal há até algumas Câmaras Municipais com o investimento feito e até com os aparelhos montados, mas sem permissão para a sua utilização.
Nos Estados Unidos as autoridades utilizaram as imagens para capturar os dois culpados dos atentados, em Portugal não se podem utilizar imagens nem gravações como meios de prova a menos que a sua captação tenha sido autorizada por um juiz.. ou seja, do pouco que eu percebo de leis, por cá aquelas filmagens eram ilegais.
Toda a discussão sobre a utilização de videovigilância em espaços públicos se tem centrado em volta dos direitos fundamentais dos cidadãos, mas será que neste momento alguém nos Estados Unidos e até no resto do mundo, acha que ao serem filmados a colocar as bombas que mataram e feriram muitas pessoas em Boston se atentou no que quer que fosse contra os direitos dos dois criminosos?
Há países como a Inglaterra ou a Espanha em que a videovigilância nos espaços públicos é uma realidade e até tem sido dada como responsável pela diminuição da criminalidade. Até agora não li em lado nenhum que os cidadãos destes países sintam diminuídas as suas liberdades, não estará na altura de em Portugal repensarmos este assunto?
Vivemos numa era tecnológica em que com um simples telemóvel se consegue fotografar ou filmar e no mesmo segundo colocar online para o mundo inteiro ver o que quer que seja, estamos sempre a ser fotografados ou filmados, nem é preciso o cenário descrito por Orwell no seu 1984 em que o estado era omnipresente e via tudo, neste momento todo o mundo vê tudo e basicamente estamos sempre a ser filmados.
Jorge Soares
Hoje a meio da tarde, deitado ao sol do Alentejo, dei por mim a pensar que já estive em Nova Iorque, em Londres e em Madrid, três cidades que foram vitimas de atentados da Alqaeda.
Estive em Nova Iorque em 2007, era Dezembro, estava muito frio, não fui ao Ground Zero e não me lembro de ter pensado nos atentados. Em Madrid foi diferente, talvez porque fui com toda a família e cheguei de comboio à estação de Atocha, um dos locais onde explodiram as bombas. Não falamos do assunto, mas lembro-me de ter sentido um friozinho no estômago.. O mesmo friozinho que senti quando cheguei a Londres há uns dias e fui de metro do aeroporto para o Hotel e nos dias seguintes quando ia no metro e dava por mim a lembrar-me do assunto.
É verdade que não deixamos de viver, mas somos humanos e o que aconteceu nestas três cidades não deixa de nos marcar.
O Onze de Setembro para além do enorme número de vidas que ceifou, foi para todos nós o acordar para um mundo diferente, desde o fim da guerra fria que se vivia uma calma aparente. Os atentados acordaram-nos para a realidade e para guerras e receios diferentes.
Entretanto muitas coisas mudaram, de repente todos passamos a ser presumíveis terroristas com tudo o que isso significa: andar de avião é um suplício, visitar monumentos, museos e até igrejas implica quase sempre ser sermos vistos, revistados e vasculhados. Gastaram-se biliões de dólares em segurança, invadiram-se países, mudaram-se governos e regimes. Morreram perto de 3000 pessoas no dia 11 de Setembro de 2001, entretanto nas guerras geradas por esse dia, só americanos já morreram mais de 7000 soldados.Será que tudo isto nos faz sentir mais seguros?
A verdade é que não, como dizia alguém numa das muitas reportagens que vi ou li, andar numa cidade e ver soldados ou policias armados até aos dentes não nos faz sentir mais seguros, só nos recorda que o perigo é latente e que as ameaças podem vir de qualquer lado.
Um mundo seguro é aquele em que não são necessários policias armados até aos dentes, nem scanners corporais nos aeroportos, nem revistas nas entradas dos museus. A existência de tudo isto 10 anos depois da queda das torres só significa que todas as guerras, que todos os mortos que ocorreram entretanto, serviram para muito pouco, estamos muito longe, talvez cada vez mais longe, de ganhar a guerra ao terrorismo e ao terror que este semeia em todos nós.
Jorge Soares
Imagem do Público
terrorismo
Imagem do Público
E de repente, a crise, a dívida soberana, os jogos de palavras do primeiro ministro, os mercados, tudo passa para segundo plano, porque há algo que está acima de tudo isto... vidas humanas, muitas vidas.
A esta hora ainda não se sabe quantas pessoas morreram na Noruega, nem quem são os responsáveis por tanta barbárie, certo é que voltou o terror dos atentados, das mortes de inocentes, numa guerra que nunca terá vencedores, só vencidos.
A Noruega é um dos paraísos a Norte, um forte aliado dos Estados Unidos e um país de uma importância extrema a nivel politico e diplomático, foi em Oslo que por exemplo nasceram as ultimas negociações de paz para o médio Oriente.
À primeira vista estes atentados não tem a assinatura típica dos grupos radicais islâmicos, estes costumam ser sobretudo em áreas com muita gente e com muitos inocentes, os atentados de Oslo parecem ter um objectivo mais especifico, o primeiro ministro da Noruega e já há quem fale de grupos locais anti sistema.
Independentemente de quem sejam os autores ou os seus objectivos, o terrorismo não é nem pode ser uma arma politica, não passa de um crime horrendo que na maior parte dos casos é perpetrado contra inocentes....e devemos pensar que ninguém está livre, esta vez foi na Noruega, a próxima quem sabe onde será.
Jorge Soares
Imagem do Público
justiçar - Conjugar
(justiça + -ar)