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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem de aqui
Eu sou do tempo em que havia exame final na (então) 4ª classe, lembro-me perfeitamente do dia do exame, na mesma escola mas noutra sala e com outro professor, lembro-me de o ter achado muito fácil e da boa nota.
Curiosamente não me lembro de o facto de haver um exame final, para muitos dos meus colegas de escola era mesmo o final dos seus estudos, ter mudado o que quer que fosse nos meus hábitos de estudo, na altura não havia aulas de apoio, ATL ou explicações.
Não sou contra avaliações, sou profundamente contra o exame final do primeiro ciclo e contra tudo o que dele se fez nos últimos anos.
A escola é efectivamente para aprender e os alunos devem habituar-se a serem avaliados, pela vida fora, mesmo depois do percurso escolar, somos avaliados muitas vezes, o que não me parece é que porque há um exame final em lugar de ensinar se treine as crianças para que consigam passar num exame.
Não me parece que tenha alguma lógica que crianças de 9 e 10 anos, mesmo tendo aproveitamento no dia a dia cheguem ao 4º ano e passem a ter horas e horas de explicações de matemática e português só porque no fim do ano vai haver um exame.
O exame nacional tornou-se num excelente negocio para as editoras, alguns colégios, os ATL's , centros de explicações e milhares de explicadores.
As editoras publicam livros e manuais específicos para ensinar a resolver exames. Na Páscoa e durante os fins de semana, as crianças passaram a ficar encerradas em colégios e centros de estudo especificamente a aprender a resolver exames, que sentido é que isto faz?
O que é que se ganha ao tratar assim crianças de 9 e 10 anos que deveriam aproveitar os tempos livres para, em primeiro lugar, serem crianças?
Como disse no inicio sou a favor das avaliações, mas não me parece que no fim do primeiro ciclo faça algum sentido um exame nacional, a avaliação deve ser feita no dia a dia e com testes periódicos, mas testes que se adaptem à realidade de cada criança e ao ambiente escolar em que ela está inserida.
Que sentido faz avaliar da mesma forma os alunos de um colégio de Lisboa em que as crianças são levadas à escola pelo chofer, com os de uma aldeia qualquer do interior do país?
Como é que se pode ter no mesmo ranking e avaliar da mesma forma, os alunos dos melhores e mais caros colégios do país com escolas inseridas em bairros sociais?
Durante anos e anos não houve exames no fim do primeiro ciclo, curiosamente todo o mundo fala da geração mais preparada de sempre em Portugal, o exame fez-lhe falta para quê?
Além de mais, como diz ali no muro da fotografia, aprovar não é aprender!
Jorge Soares