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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
As hipóteses não era muitas, mas no fim ficamos com a sensação de que seriam maiores que aquelas em que todos, incluindo os jogadores, acreditávamos. Não foi um jogo por aí além, mas foi um jogo em que na maior parte do tempo Portugal esteve por cima e criou oportunidades suficientes para ganhar pelos tais 4 golos de diferença.
Tal como aconteceu desde o primeiro dia, faltou sorte, aquela tal estrelinha de que tantas vezes se fala e que normalmente acompanha os campeões.... é claro que a sorte é muitas vezes o resultado de muito trabalho, mas não me parece que hoje tenha faltado vontade e trabalho.
Paulo Bento apostou de inicio num meio campo diferente e acertou em cheio, o Gana só a meio da primeira parte conseguiu ter algum controlo do jogo, de resto, Portugal foi superior, só não conseguiu traduzir em golos as oportunidades criadas.
Cristiano Ronaldo marcou finalmente um golo neste mundial, foi considerado o melhor em campo e Portugal foi eliminado com 4 pontos.
No outro jogo do grupo, a Alemanha entrou cheia de vontade de resolver, marcou um golo e ficou-se por aí, a vitória por um zero era mais que suficiente e até servia aos dois. Os Estados Unidos ficaram com os mesmos 4 pontos que Portugal, classificam-se graças aos 4-0 da Alemanha a Portugal.
Nos outros jogos do dia, a Argélia empatou com a Rússia 1-1 e com isso, surpreendentemente mandou os Russos de volta a casa.
A Bélgica, a jogar com 10 desde o meio da primeira parte por expulsão do portista Defour, ganhou por 1-0 a uma Coreia do Sul cheia de vontade mas muito pouco esclarecida.
Jorge Soares
Este tem sido um mundial com muitos golos, à falta de um jogo para o encerramento da primeira jornada, só três jogos em 16 tiveram menos que três golos, não há dúvida que este está a ser o mundial do futebol de ataque.
Um dos jogos que não tiveram golos foi o Brasil - México que terminou empatado a zero mas que não deixou de ser um hino ao futebol e um verdadeiro espectáculo tanto dentro como fora das quatros linhas, nas bancadas completamente cheias adeptos Brasileiros e Mexicanos conviveram e desfrutaram o jogo misturados e num ambiente de festa do principio ao fim.
Dentro das quatro linhas o Brasil teve mais posse de bola e mais ataques, sendo que o homem do jogo foi Ochoa, o Guarda redes da selecção Mexicana, que brilhou com um punhado de defesas impossíveis. Mas o México com um posicionamento em campo irrepreensível soube controlar a situação e mesmo sem descurar a defesa não deixou de colocar em sentido os defesas e o guarda redes do Brasil, Júlio César, que mesmo ao cair do pano negou o golo ao México com uma grande defesa.
Este foi o segundo jogo para ambas equipas, o México confirmou o que já tinha mostrado contra os Camarões, o Brasil mostrou hoje muito mais futebol do que tinha mostrado no jogo inaugural contra a Croácia e apesar do empate fez juz ao seu favoritismo.
No Primeiro jogo do dia a Bélgica apesar de ter começado a perder, terminou por marcar dois golos nos últimos minutos e deu a volta ao resultado. O jogo foi praticamente de sentido único com a Argélia a defender com unhas e dentes o seu golo e a Bélgica a atacar praticamente do principio ao fim do jogo.
Ontem os Estados Unidos, que marcaram um dos golos mais rápidos da história dos mundiais e estiveram a vencer desde o minuto 1, venceram o Gana por 2-1. O Gana que principalmente na segunda parte teve inúmeras ocasiões, empatou aos 82 minutos. Infelizmente para Portugal, o empate era mesmo o melhor resultado para nós, os Estados Unidos marcaram aos 86 minutos e terminaram por vencer o jogo.
Este mundial para além do mundial dos muitos golos, é também o mundial dos mudanças de resultados e dos golos ao cair do pano.
Com uma jornada decorrida este está a ser sem dúvida um mundial digno do país do futebol, com estádios cheios, muitos golos, excelentes espectáculos e muita alegria.
Jorge Soares
"Manter alguém a respirar durante 17 anos simplesmente porque está ligado a uma máquina fará algum sentido? qual? na esperança de um milagre?, na esperança que a medicina evolua tanto que seja possível refazer o funcionamento do cérebro? E nesse caso, onde está o limite do aceitável?, 20 anos?, 30?... 50? "
Escrevi o parágrafo acima em 2009 neste post a propósito da morte por eutanásia de Eluana, uma jovem mulher que "vivia" há 17 anos em estado vegetativo.
Hoje na Bélgica foi aprovada por maioria uma lei que alarga a possibilidade de Eutanásia aos menores de idade. Se olharmos para este assunto sem preconceitos e perspectivas morais e/ou religiosas, a eutanásia não é mais que o direito a podermos escolher se queremos viver e morrer com dignidade.
Para mim é claro, todos temos direito a viver com um mínimo de dignidade, quando esse direito não está garantido e quando a vida se resume a um enorme sofrimento sem mais perspectivas que esperar que a morte siga o seu caminho, deveríamos ter direito a escolher não continuar a viver em sofrimento.
Evidentemente isto deveria ser válido para qualquer pessoa sem importar condição social, credos, religiões ou idade. Eluana teve que esperar 17 anos para poder morrer, entretanto os seus familiares viveram 17 anos na dependência de um ser querido que estava ali mas que na realidade era como se já estivesse morto, respirava porque havia uma máquina que lhe insuflava ar para os pulmões, e porque havia outra máquina que de forma completamente artificial a alimentava, será isto viver?
Não fosse a Eutanásia e Eluana podia continuar ali ligada ás máquinas indefinidamente, poderia até viver muito mais que os seus familiares, chegaria uma altura em que simplesmente estaria ali, sem que ninguém desse por ela, é isso viver? É isso que queremos para os nossos seres queridos? E será que é isso que podemos alguma vez querer para os nossos filhos?
Só podemos saber como vamos reagir às coisas quando realmente passarmos por elas, espero sinceramente nunca ter que tomar uma decisão destas com nenhum dos meus seres queridos, mas sou completamente a favor do direito à vida e à morte com dignidade por isso aplaudo com ambas as mãos a aprovação desta lei na Bélgica, espero que algum dia este assunto se possa discutir por cá.
Jorge Soares
Mão amiga (obrigado Flor) fez-me chegar o seguinte texto que o Rui Tavares publicou na sua coluna do Público e no seu blog Rui Tavares.net, independentemente de não ser completamente verdade que a Bélgica não tivesse governo, na altura tinha um governo de transição que mudava cada seis meses, nos deixa a pensar sobre a forma como funciona esta coisa dos mercados e da economia global.
Por certo neste momento a Bélgica já tem governo...
A vingança do Anarquista
Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.
Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem, — como explica John Lanchester num artigo da última London Review of Books — a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há dezasseis meses sem governo.
Ou melhor, corrijam essa frase. Não é “apesar” de estar sem governo. É graças — note-se, graças — a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.
A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível viver melhor sem ele.
Isto é mais do que uma curiosidade.
Vejamos a coisa sob outro prisma. Há quanto tempo não se ouve um governo ocidental — europeu ou norte-americano — dar uma boa notícia? Se olharmos para os últimos dez anos, os governos têm servido essencialmente para duas coisas: dizer-nos que devemos ter medo do terrorismo, na primeira metade da década; e, na segunda, dizer-nos que vão cortar nos apoios sociais.
Isto não foi sempre assim. A seguir à IIa. Guerra Mundial o governo dos EUA abriu as portas da Universidade a centenas de milhares de soldados — além de ter feito o Plano Marshall na Europa onde, nos anos 60, os governos inventaram o modelo social europeu. Até os governos portugueses, a seguir ao 25 de abril, levaram a cabo um processo de expansão social e inclusão política inédita no país.
No nosso século XXI isto acabou. Enquanto o Brasil fez os programas “Bolsa-Família” e “Fome Zero”, e a China investe em ciência e nas universidades mais do que todo o orçamento da UE, os nossos governos competem para ver quem é mais austero, e nem sequer pensam em ter uma visão mobilizadora para oferecer às suas populações.
Ora, os governos não “oferecem” desenvolvimento às pessoas; os governos, no seu melhor, reorganizam e devolvem às pessoas a força que a sociedade já tem. Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.
No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo, um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário (contra o governo).
Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para que servem eles.
Rui Tavares
Eurodeputado Independente
A Bélgica é um país que tem sensivelmente a mesma população de Portugal, e um terço do nosso território, é lá na capital Bruxelas que se encontra a sede do governo da União Europeia e curiosamente, é um país que está desde Junho sem governo.
Os dois partidos mais votados representam cada um uma fracção da população, os Flamengos da Flandres e os Valões Francófonos, defendem ideias e interesses diferentes e não há negociação que os acerque. Estão assim há oito meses e a mim quer-me parecer que quer de um lado quer do outro, há cada vez mais gente a acreditar que não tarda muito a Bélgica passará a ser uma mera recordação do passado e haverá dois novos e pequenos países no centro da Europa.
Mas porque é a Bélgica noticia?, porque ao fim de 8 meses sem resultados nas negociações, houve uma Senadora belga de nome Marleen Temmerman , que farta de tanta indecisão e de tantas negociações para nada, se saiu com a seguinte:
A ideia é que as/os respectivos conjugues dos negociadores os deixem a "pão e água" até que eles se decidam a entrar em acordo para formarem um governo, terá entrado em vigor o fim de semana passado. Não há noticias de fumo branco nas negociações, também não sabemos se o marido da Senadora faz parte dos negociadores, mas a julgar pela fotografia da senhora.... ficamos na duvida, será castigo ou alivio?
Por cá já se fala em Moção de censura, cheira-me que não tarda muito a termos eleições e quem sabe negociações... será que por cá o Sexo, ou a falta dele, também serviria para resolver a crise politica?
Jorge Soares