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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Era de certeza disto que falavam alguns políticos quando diziam que havia portugueses a viver acima das suas possibilidades e por isso o país está como está.
"Juízes confrontam Gil Martins com facturas de restaurantes de centenas de euros, várias delas datadas do mesmo dia mas passadas em localidades diferentes."
A resposta ás questões dos juízes foi a seguinte:
“O meu tecto de despesa eram 80 milhões de euros. Com um estalar de dedos, sem ter de justificar nada a ninguém”.
E pelos vistos o senhor gastou uma boa parte desses milhões todos em telemóveis, computadores, televisores, refeições em restaurantes de luxo, tudo isto para ele, para a família e amigos. Só com a família e amigos é que se consegue ter seis refeições no mesmo dia à custa do erário público, em locais tão distintos como Coimbra, Espinho, Aveiro e Cadaval.
Curiosamente o que vemos todos os anos é que os incêndios alastram por falta de meios e morrem bombeiros porque combatem incêndios com equipamentos que quase equivalem a ir para o fogo despidos.
Gil Martins é acusado de ter desviado cerca de 118 mil euros dos fundos do dispositivo de combate a incêndios para pagar despesas suas, de familiares e de amigos, 70 mil dos quais gastos em refeições, muitas delas em restaurantes de luxo.
Quando nos perguntamos porque está o país na situação em que está basta olhar para casos como este para se perceber, havia e há de certeza muita gente a governar o país como se algures existisse um poço sem fundos onde ir buscar mais dinheiro para se malgastar, no fim o resultado é o que temos.
Resta saber o que sairá deste julgamento e se o país será de alguma forma ressarcido pela má gestão e pelo desbaratamento do dinheiro que deveria servir para que os bombeiros tivessem meios adequados para trabalhar.
No limite este senhor devia ser acusado de homicídio pelas morte de cada um dos bombeiros dos últimos anos, quem sabe quantas vidas teriam sido salvas se esses 80 milhões de euros tivessem sido gastos em formação adequada e em material de protecção.
Jorge Soares
Imagem do Facebook
O calendário em que aparecem alguns bombeiros de Setúbal, para além de se ter tornado num dos principais assuntos das redes sociais, está-se a tornar um sucesso de vendas e até já virou noticia de telejornal. À partida o objectivo está cumprido e está garantida uma verba apreciável para solidariedade, objectivo final da iniciativa.
A ideia, muito bem conseguida, era angariar fundos para numa época em que todas as ajudas são poucas, doar algum dinheiro à Cáritas diocesana de Setúbal. Acontece que esta instituição decidiu que não aceita o dinheiro, pelos vistos alguém achou que as fotografias não são decentes e portanto o dinheiro não é bom.
Os valores e princípios das pessoas não se discutem, pelos vistos para os responsáveis da Cáritas Diocesana bombeiros em tronco nu representam uma indecência, mas touros a serem perseguidos por cavalos, a serem massacrados com ferros e em sofrimento para deleite de uns quantos, já não representam problema nenhum.
Para mim é ao contrário, os bombeiros são sem dúvida nenhuma das pessoas que merecem mais respeito e admiração neste país, já as touradas representam o que de mais arcaico e bárbaro existe em Portugal.
Haverá de certeza muitas instituições em Setúbal e no país menos hipócritas e puritanas que a Cáritas, instituições que pensem em primeiro lugar nas necessidades das pessoas que pretendem ajudar e só depois nos preconceitos e puritanismos de quem as dirige, esperemos que o exemplo destes bombeiros seja seguido pelas restantes corporações do país e isso resulte em muito dinheiro para ajudar quem realmente precisa.
Para quem estiver interessado em comprar o calendário, fica o link para a Página do Facebook dos bombeiros de Setúbal
Jorge Soares
Imagem do Público
"Não quero que me mandem psicólogos para o quartel, quero que mandem pessoas para limpar as matas, quero que multem quem não limpa as matas, quero que mudem as leis por outras que sirvam para melhorar a floresta."
Luís Brandão Na RTP.
Luís Brandão é comandante dos bombeiros voluntários de Valença, corporação a que pertencia Fernando Reis, o bombeiro que morreu hoje em resultado de queimaduras que sofreu no combate a um incêndio no dia 29 de Agosto. É o sétimo bombeiro que morreu este ano em resultado do combate aos incêndios.
Vídeo aqui
Update: Hoje morreu o oitavo bombeiro, estava internado com queimaduras graves desde 1 de Agosto, era da corporação de Miranda do Douro
Jorge Soares
Imagem do Pontos de Vista
Hoje morreu mais um bombeiro em resultado dos combates ao fogo que tem assolado o nosso país, é o sexto desde o inicio do verão... ainda estamos no inicio de Setembro e o calor continua.
Tinha escrito o texto a seguir há quinze dias atrás quando ainda estava na ressaca das férias, infelizmente desde então as coisas só pioraram.
E mais um ano, e mais um verão, e há coisas que não mudam, só pioram. Não faço ideia se a área ardida aumentou ou não, mas não restam duvidas que ao nível humano este estará a ser um dos piores anos, se não me engano, é o terceiro bombeiro que morre este ano no combate a incêndios... e o verão e o calor ainda não terminaram.
Há pouco ouvia o ministro da administração interna a dizer que todos os meios estão no terreno, que há dezenas de aviões e helicópteros a combater os incêndios... e acredito que seja verdade. Na realidade não passam de palavras que já ouvimos repetir muitas vezes, por ministros deste governo, do anterior e do anterior. São palavras que ouvimos todos os anos quando acordamos um dia e damos com o país uma vez mais a arder.
Palavras, só palavras, que servem para mostrar serviço no momento, a realidade é que mal caem as primeiras chuvas do Outono, todos esquecemos essas palavras .. até ao ano a seguir, quando tudo se repete e voltam as palavras.
De que vão servir estas palavras à família da bombeira que morreu hoje a lutar contra o fogo?, e aos seus colegas que ficaram feridos, e a todos os restantes que ano trás ano morrem ou ficam com marcas do fogo para sempre?
Quando será que haverá um ministro que chegue ao mês de Janeiro e em lugar de assinar contratos de aluguer de helicópteros e aviões, assine decretos que obriguem à prevenção?
Quando será que haverá um governo que faça cumprir as leis e obrigar os proprietários a limpar as matas antes do verão?
Quando será que haverá um presidente de uma Câmara municipal que em lugar de vir nestas alturas para os meios de comunicação culpar a coordenação e a falta de meios dos bombeiros, virá assumir as suas responsabilidades pela falta de limpeza das matas e dos caminhos do seu concelho?
Todo o mundo sabe que o problema dos incêndios em Portugal não está na falta de bombeiros ou de meios, o problema está na falta de prevenção, na falta de limpeza das matas, na falta de acessos às matas, na falta de consciência sobre a importância da sua manutenção.
Todos os anos ouvimos dizer que é impossível combater os fogos porque para além da falta de acessos, a quantidade de combustível acumulada é tal que não há como os apagar, mas a realidade é que a única vez que a grande maioria das matas é limpa é quando há um incêndio.. e ninguém faz nada para mudar esta situação.
Update: Não há duvida que muitos destes incêndios, se calhar a maioria, são provocados para alimentar a industria do fogo e a que s eaproveita dele, mas nada disso contraria o que disse acima, matas limpas não ardem ou se é com fogos fácilmente controláveis, não é por acaso que apesar dos milhares e milhares de incêndios que ocorrem todos os anos, muito raramente estes afectam as matas que são propriedade das celuloses.
Quantos bombeiros tem que morrer para que as coisas mudem?
Imagem do Público
E mais um ano, e mais um verão, e há coisas que não mudam, só pioram. Não faço ideia se a área ardida aumentou ou não, mas não restam duvidas que ao nível humano este estará a ser um dos piores anos, se não me engano, é o terceiro bombeiro que morre este ano no combate a incêndios... e o verão e o calor ainda não terminaram.
Há pouco ouvia o ministro da administração interna a dizer que todos os meios estão no terreno, que há dezenas de aviões e helicópteros a combater os incêndios... e acredito que seja verdade. Na realidade não passam de palavras que já ouvimos repetir muitas vezes, por ministros deste governo, do anterior e do anterior. São palavras que ouvimos todos os anos quando acordamos um dia e damos com o país uma vez mais a arder.
Palavras, só palavras, que servem para mostrar serviço no momento, a realidade é que mal caem as primeiras chuvas do Outono, todos esquecemos essas palavras .. até ao ano a seguir, quando tudo se repete e voltam as palavras.
De que vão servir estas palavras à família da bombeira que morreu hoje a lutar contra o fogo?, e aos seus colegas que ficaram feridos, e a todos os restantes que ano trás ano morrem ou ficam com marcas do fogo para sempre?
Quando será que haverá um ministro que chegue ao mês de Janeiro e em lugar de assinar contratos de aluguer de helicópteros e aviões, assine decretos que obriguem à prevenção?
Quando será que haverá um governo que faça cumprir as leis e obrigar os proprietários a limpar as matas antes do verão?
Quando será que haverá um presidente de uma Câmara municipal que em lugar de vir nestas alturas para os meios de comunicação culpar a coordenação e a falta de meios dos bombeiros, virá assumir as suas responsabilidades pela falta de limpeza das matas e dos caminhos do seu concelho?
Todo o mundo sabe que o problema dos incêndios em Portugal não está na falta de bombeiros ou de meios, o problema está na falta de prevenção, na falta de limpeza das matas, na falta de acessos às matas, na falta de consciência sobre a importância da sua manutenção.
Todos os anos ouvimos dizer que é impossível combater os fogos porque para além da falta de acessos, a quantidade de combustível acumulada é tal que não há como os apagar, mas a realidade é que a única vez que a grande maioria das matas é limpa é quando há um incêndio.. e ninguém faz nada para mudar esta situação.
Quantos bombeiros tem que morrer para que as coisas mudem?
Jorge Soares
A culpa será dos incendiários, de quem lhes paga em nome de interesses mais ou menos obscuros, ou de quem não limpa a floresta como expliquei neste post a propósito dos incêndios em Oliveira de Azeméis. A culpa será do calor, da incúria de quem tem atitudes irresponsáveis e deploráveis, ou como dizia alguém nos comentários ao meu post, poderá ser simplesmente uma forma de a natureza se renovar...
No fim, como todos os anos a culpa morrerá solteira, com as primeiras chuvas de Setembro por entre as cinzas começará a aparecer o verde da renovação e simplesmente esquecemos o inferno do verão... pelo menos até ao próximo verão e até ao próximo inferno. À medida que o verde desponta na floresta queimada serão esquecidos os problemas, a falta de meios, a má coordenação, a falta de acessos, tudo.... A vida segue, e nós tentaremos seguir com ela.... quase todos, porque há pelo menos 2 pessoas para quem a vida não segue, para os dois bombeiros que já morreram no combate ao inferno, a vida não segue, a vida terminou ali.. no combate.
Perderam-se duas vidas, para além de muita floresta e de alguns bens, perdeu-se uma parte do futuro do nosso país. A floresta renasce, renova-se, os bens substituem-se por outros... as vidas que se perderam não se recuperam nunca. Nesta altura deveríamos todos fazer um exame de consciência, parar para pensar.... o que fazer para evitar que estas coisas aconteçam?
"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra?"
Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias
Um enorme bem haja a todos os bombeiros que dia a dia arriscam as suas vidas para proteger as nossas e o nosso futuro..e por favor, tenham cuidado!
Jorge Soares