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Calor... está muito calor

por Jorge Soares, em 11.08.10


Gaivotas em Albarquel

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Faltam precisamente dois dias, dois longos dias, está muitissimo calor, depois de jantar fomos à praia, a Albarquel a mesma da fotografia, , chegamos lá eram quase 9 da noite, o termómetro do carro marcava 30 Graus e no areal havia muitíssima gente, do mar soprava uma brisa suave, demos um passeio junto à água e ainda deu para tirar umas fotografias enquanto as crianças brincavam na areia.

Tem estado um calor insuportável, ontem estavam 40 Graus em Loures às 6 da tarde, hoje estavam 35, e em Setúbal não estava melhor, a maioria das pessoas acha que isto é bom tempo, eu não, é insuportável... mesmo. No próximo Sábado rumamos a norte, este ano as férias vão ser repartidas entre a Galiza e o Minho, bem a norte, longe das confusões e do calor que faz a sul.

Agora, boa música, Cairo na versão do Projecto Seda.




Letra

Ponto de passagem

Cidade internacional

Os espiões vão de viagem

Joga-se o xadrez mundial

 

aaah, tudo é diferente

aaah, no cairo quente

 

 

Desfilar de presidentes

Diplomatas elevados

Todos querem noites quentes

E não ficarem queimados

 

 

aaah, tudo é diferente

aaah, no cairo quente

 

{Refrão}:

 

Cairo

Distante, Cairo

Excitante, Cairo

Apaixonante

 

Isto é o

Cairo

Distante, Cairo

Excitante, Cairo

Apaixonante

 

 

Capitão do mistério

Terra de aventureiros

Já ninguém parece serio

É um local de guerrilheiros

 

aaah, tudo é diferente

aaah, no Cairo quente

 

{Refrão}

 

 

Ponto de passagem

Cidade internacional

Os espiões vão de viagem

Joga-se o xadrez mundial

 

aaah, tudo é diferente

aaah, no cairo quente

Jorge Soares







publicado às 22:18

Setúbal: Feira de Santiago

por Jorge Soares, em 26.07.10

 

Feira de Santiago

Imagem minha do Momentos e olhares

 

Quando estiverem a ler isto estarei ..... , quando estiverem a ler isto quem sabe quanto tempo terá passado?.. dias?, meses?, anos?.. esta é uma frase muito utilizada nos blogs, mas a verdade é que não faz mesmo sentido nenhum, é uma figura de estilo que se utiliza para posts pré-publicados. O correcto seria: na hora em que costumo estar a escrever o post do dia, estarei.... a voar para algum lado, de papo para o ar a apanhar sol numa qualquer praia tropical, a caçar gambozinos algures, ou seja, a fazer qualquer coisa que não é muito habitual.

 

Bom, na hora em que costumo escrever o post do dia, normalmente por volta das 22 horas mais coisa menos coisa, eu hoje estarei a aproveitar as magnificas noites do verão de Setúbal para visitar a Feira de Santiago

 

 

"De 24 de Julho a 8 de Agosto decorre mais uma edição da emblemática Feira de Sant’iago, desta vez dedicada ao Centenário do Vitória Futebol Clube e da República.


Com 428 anos, a Feira de Sant’iago encontra este ano uma renovada estrutura organizativa e de gestão do espaço no Parque Sant’iago, nas Manteigadas.


A Câmara Municipal de Setúbal e a Associação Parque Sant’iago investem assim num certame que irá oferecer aos visitantes novos espaços no recinto bem como proporcionar um programa de espectáculos mais diversificado e orientado para as famílias.

A feira mais antiga do sul do país está rejuvenescida e aguarda a sua visita."

 

Por estes lados está muito calor mesmo... e eu não estou lá muito inspirado para a escrita, deve ser porque já estou a pensar nas bifanas com cerveja bem gelada, ou nos churros recheados, ou nas farturas com muito açúcar e canela.. ou... não fiquem com inveja, dêem uma olhadela ao programa da Feira, aqui e  apareçam!

 

Jorge Soares

PS:Eu juro que tentei encontrar uma fotografia do cartaz da feira.... não encontrei mesmo, o site está muito giro, é funcional, bem construído.... mas podia ter uma imagem do cartaz da feira!!!!!

publicado às 21:00

Conto: Calor - José Saramago

por Jorge Soares, em 17.07.10

Rio

 

Imagem de Florbytes

 

O rapaz vinha do rio. Descalço, com as calças arregaçadas acima do joelho, as pernas sujas de lama. Vestia uma camisa vermelha, aberta no peito, onde os primeiros pêlos da puberdadecomeçavam a enegrecer. Tinha o cabelo escuro, molhado de suor que lhe escorria pelo pescoço delgado. Dobrava-se um pouco para a frente, sob o peso dos longos remos, donde pendiam fios verdes de limos ainda gotejantes. O barco ficou balouçando na água turava, e ali perto, como quem espreita, afloraram de repente os olhos globulosos de uma rã. O rapaz olhou-a, e ela olhou-o a ele. Depois a rã fez um movimento brusco, e desapareceu. Um minuto mais e a superfície do rio ficou lisa e calma, e brilhante como os olhos do rapaz. A respiração do lodo desprendia lentas bolhas de gás que a corrente arrastava. No calor da tarde, os choupos altos vibraram silenciosamente, e de rajada, como uma flor rápida que do ar nascesse, uma ave azul passou rasando a água. O rapaz levantou a cabeça. No outro lado do rio, uma rapariga olhava-o, imóvel. O rapaz ergueu a mão livre e todo o seu corpo desenhou o gesto de uma palavra que não se ouviu. O rio fluía, lento.
O rapaz subiu a ladeira, sem olhar para trás. A erva acabava logo ali. Para cima, para além, o solcalcinhava os torrões dos alqueives e os olivais cinzentos. Metálica, dura, uma cigarra roía o silêncio. À distância, a atmosfera tremia.
A casa era térrea, acachapadabrunida de cal, com uma barra de ocre violento. Um pano de parede cega, sem janelas, uma porta onde se abria um postigo. No interior, o chão de barro refrescava os pés. O rapaz encostou os remos, limpou o suor ao antebraço. Ficou quieto, escutando as pancadas do coração, o vagaroso surdir do suor que se renovava na pele. Esteve assim uns minutos, sem consciência dos rumores que vinham da parte de trás da casa e que se transformaram, de súbito, em guinchos lancinantes e gratuitos: o protesto de um porco preso.
Quando, por fim, começou a mover-se, o grito do animal, desta vez ferido e insultado, bateu-lhe nos ouvidos. E logo outros gritos, agudos, raivosos, uma súplica desesperada, um apelo que não espera socorro.
Correu para o quintal, mas não passou da soleira da porta. Dois homens e uma mulher seguravam o porco. Outro home, com uma faca ensaguentada, abria-lhe um rasgo vertical no escroto. Na palha brilhava já um ovóide achatado, vermelho. O porco tremia todo, atirava gritos entre as queixadas que uma corda apertava. A ferida alargou-se, o testículo apareceu leitoso e raiado de sangue, os dedos do homem introduziram-se na abertura, puxaram, torceram, arrancaram. A mulher tinha o rosto pálido e crispado. Desamarraram o porco, libertaram-lhe o focinho, e um dos homens baixou-se e apanhou os bagos, grossos e macios.
O animal deu uma volta, perplexo, e ficou de cabeça baixa, arfando. Então o homem atirou-lhos. O porco abocou, mastigou sôfrego, engoliu. A mulher disse algumas palavras e os homens encolheram os ombros. Um deles riu. Foi nessa altura que viram o rapaz. Ficaram todos calados e, como se fosse a única coisa que pudessem fazer naquele momento, puseram-se a olhar o animal que se deitara na palha, suspirando, com os beiços sujos do próprio sangue.
O rapaz voltou para dentro. Encheu um púcaro e bebeu, deixando que água lhe corresse pelos cantos da boca, pelo pescoço, até os pêlos do peito que se tornaram mais escuros. Enquanto bebia, olhava lá fora as duas manchas vermelhas sobre a palha. Depois, num movimento que parecia de cansaço, tornou a sair de casa, atravessou o olival, outra vez sob a torreira do sol.
A poeira queimava-lhe os pés. e ele, sem dar por isso, encolhia-os, para fugir ao contacto escaldante. A mesma cigarra rangia, em tom mais surdo. Depois a ladeira, a erva com o seu cheiro de seiva aquecida, a frescura entontecedora debaixo dos ramos, o lodo que se insinua entre os dedos dos pés e irrompe para cima.
O rapaz ficou parado, a olhar o rio. Sobre um afloramento de limos, uma rã, parda como a primeira, de olhos redondos sob as arcadas salientes, parecia estar à espera. A pele branca da goela palpitava. E a boca fechada fazia talvez uma prega de escárnio. Passou tempo, e nem a rã nem o rapaz se moviam. Então o rapaz, desviando a custo os olhos, como para fugir a um malefício, viu no outro lado do rio, entre os ramos baixos dos salgueiros, aparecer a rapariga. Outra vez, silencioso e inesperado, passou sobre a água o relâmpago azul.
Devagar, o rapaz tirou a camisa. Devagar se acabou de despir, e foi só quando já não tinha roupa nenhuma no corpo que sua nudez, lentamente, se revelou. Assim como se estivesse curando uma cegueira de si mesma. A rapariga recuou para a sombra dos salgueiros e com os mesmos gestos lentos se libertou do vestido e tudo quanto a cobria. Nua sobre o fundo verde das árvores.
O rapaz olhou uma vez mais o rio. Círculos que alargavam e perdiam na superfície calma, mostravam o lugar onde a  mergulhara. Então, porque o Verão queimava e era urgente negar o escárnio, o rapaz meteu-se à água e nadou para a outra margem, enquanto o vulto branco da rapariga se escondia entre os ramos.

 

José Saramago

Retirado de Contos de Aula

publicado às 21:00


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