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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha
Amanhã discute-se na assembleia da República a alteração da lei dos casamentos, há quem ache que se discute o casamento, há quem ache que se discute a família, há até quem tenha feito da adopção um cavalo de batalha.... eu continuo a achar que se discute a discriminação e o direito a ser diferente.
Entretanto a vida segue, e há tantas outras coisas mais importantes com que nos deviamos preocupar, andou um batalhão de pessoas a recolher assinaturas nas igrejas, no futebol, nos centros comerciais, tanta energia que se podia ter gasto de alguma forma bem mais útil.. porque todos sabemos que as assinaturas não vão servir para nada.
No DN online podemos ler o seguinte
Entre as 10.00 e as 22.00 de domingo foram encontrados mortos nove idosos, sete homens e duas mulheres, que viviam sós.
"Janeiro e Fevereiro levam e o velho e o cordeiro", diz o adágio popular a admitir que aqueles meses são os mais ameaçadores para a vida dos idosos. Mas as nove mortes, sete homens e duas mulheres, que a PSP registou entre as 10.00 e as 22.00 de domingo apresentam características que violam a ordem natural da existência humana. Uns morreram abandonados, outros em situação de solidão, outros provavelmente às mãos de gente criminosa, e outros porque os desespero ditou o fim da linha.
Enquanto o país monta um circo em volta de algo que nem devia ser tema de discussão, há quem morra de solidão.....
«Morrer é só não ser visto.»
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Fernando Pessoa
Jorge Soares
Hoje fomos brindados com estas pérolas:
É evidente que tudo isto vem a propósito do facto de o Sócrates ter dito que ia colocar na sua agenda politica a aprovação de uma lei que irá permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Há uma coisa que eu ainda não percebi, porque é que é necessária uma lei para dizer com quem alguém se pode ou não casar? se eu me pude casar com quem entendi e não tive que dar cavaco a ninguém..porque é que há portugueses que não o podem fazer? em que é que eu sou mais que outra pessoa qualquer?
Porque é que existe uma lei que a mim me permitiu casar sem problemas e não o permite a outra pessoa qualquer só porque tem gostos diferentes dos meus?...sim, porque é de gostos que estamos a falar, porque as preferências sexuais não passam disso, gostos, preferências.
Tudo isto não passa de discriminação, e até entendo que a igreja entre nestas cruzadas, afinal há umas centenas de anos a igreja católica especializava-se em torturar seres humanos e as pessoas eram queimadas na fogueira por muito menos que isto. Mesmo nos dias de hoje, a igreja prefere que a epidemia da sida alastre pelo continente africano a permitir a utilização de um simples preservativo, condenando assim à morte centenas de milhar de pessoas.
No outro dia neste post do blog Vila Forte, e ante este meu comentário:
Se é contra qualquer tipo de casamento, eu percebo... eu também sou, não me parece que seja um papel assinado que faz a diferença nem me torna dono ou súbdito de ninguém.
Se só é contra o casamento entre homossexuais, desculpe lá, isso é discriminação, não percebo o que é que a orientação sexual de alguém tem a ver com o seu direito de se juntar e casar com quem lhe apetecer. Tenho uma filosofia de vida em que acho que os meus direitos terminam exactamente onde começam os direitos dos outros, e se eu não perguntei a ninguém se me podia casar ou não, não percebo porque é que alguém só por ter uma orientação sexual diferente da minha o deve fazer.
O autor do post respondeu-me o seguinte:
É descriminação? Como dizia alguém claro que sim! Mas caramba quem é que não é descriminado? Todos os dias em dezenas de situações?
Ora, é nisto que estamos a cair.... a discriminação é algo normal.... está visto, o anormal sou eu!
Jorge Soares