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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Reacção de uma criança ao encontrar pela primeira vez um casal gay e tentar entender essa relação. Reparem bem na reacção dele e na conclusão que ele retira da situação.
É curioso como uma criança consegue simplificar e desmitificar algo que a tantos adultos lhes faz confusão.
Jorge Soares
Li no Público, A Teresa e a Helena casaram (uma com a outra), li e ouvi muita gente, muitos arautos da desgraça que achavam que esta união entre dois seres humanos que simplesmente querem seguir a sua vida com os mesmos direitos que todos os demais, seria o fim do sagrado sacramento do matrimónio. Pois eu, heterossexual casado e pai de filhos, não sinto nada, minto, sinto alegria por elas, não as conheço de lado nenhum, mas consigo sentir a alegria daqueles momentos em que se faz justiça, em que as coisas são como devem ser, nem mais, nem menos.
É claro que haverá muita gente com azia, toda aquela gente que previa o fim da instituição casamento, o fim das relações normais, o fim da família... mas a azia é algo que tem cura fácil, e o mundo segue, e o meu casamento seguirá como até aqui, tão válido como qualquer outro e tão moral e justo como o delas.
Hoje Portugal conseguiu provar ao mundo que pode ser um país tão justo como outro qualquer, um país que sabe respeitar o direito dos seus cidadãos a serem iguais, nem mais nem menos, só iguais, porque elas são iguais a mim, iguais aos meus filhos, iguais a ti...pronto, está bem, elas tem alguns gostos diferentes, mas quem não os tem?
Li no Ionline que vão continuar a lutar, agora querem adoptar, prevejo uma luta bem mais difícil, porque ao contrário do casamento em que uma lei fez tudo mudar, na adopção não é só de uma lei que se trata, na adopção é de pessoas que estamos a falar, pessoas que apesar de todas as normas e leis, decidem quem pode ou não ter filhos... mesmo que mudem esta lei parva que dá direitos com uma mão e os tira com a outra, ninguém muda a mentalidade retrógrada da maioria das pessoas deste país.
Ainda a semana passada uma mãe contava que as assistentes sociais lhe tinham dito que o facto de ela já ser mãe a mandaria para o fim da lista, porque os casais jovens e sem filhos estão sempre primeiro, isto apesar de não existir lei nenhuma que diga tal coisa. Para a segurança social a única lei que conta é o livre arbítrio dos seus funcionários.
Sou a favor da adopção por qualquer pessoa com capacidade para amar e criar um filho, mas prevejo um caminho muito difícil para este ou outro casal homossexual. Terão que esperar 4 anos para poderem entregar a candidatura, mesmo que já vivam em união de facto há 10 anos, ninguém lhes vai aceitar a candidatura antes dos 4 anos de casadas, depois, e no caso de a lei já ter mudado, passarão muito tempo a ser avaliadas, quase de certeza serão aprovadas, e depois, estarão anos, 5, 6, 7.. os anos que forem precisos até desistirem ou atingirem o limite de idade e nunca adoptarão... É claro que irão perguntar, reclamar, apresentar exemplos de casais que se inscreveram depois delas... de nada lhes vai servir, porque em ultimo caso há a resposta tipo... a resposta que cala qualquer reclamação: a adopção consiste em encontrar os pais certos para a criança e não o contrário. .... acreditem gostava sinceramente de estar enganado, mas as mentalidades não se mudam por decreto.
Jorge Soares