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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Hoje é dia de São Martinho, dia de comer castanhas e de provar o vinho, não guardo grande memória de magustos, na Venezuela não havia castanhas e num país em que é verão o ano inteiro, nunca ninguém ouviu falar do verão de São Martinho.
Na verdade, para mim este dia recorda-me uma enorme solidão, estava em Lisboa, vivia num quarto, lembro-me de ser dia de São Martinho e ir do IST para São Bento a pé. Não sei porquê, mas recordo-me de uma Rua de São Bento completamente deserta, talvez por isso dei por mim a pensar que naquele momento os meus pais estariam em casa a festejar o dia e a comer castanhas. Senti uma enorme solidão, uma sensação de não ser de ali, nem de lá, de não ser de lado nenhum.
Este é um dia de lendas, há a lenda do Santo, que no inicio era soldado e que um dia de Novembro, muito frio e chuvoso, estando em França ao serviço do Imperador, ia Martinho no seu cavalo a caminho da cidade de Amiens quando, de repente, começou uma terrível tempestade. A certa altura surgiu à beira da estrada um pobre homem a pedir esmola.
Como nada tivesse, Martinho, sem hesitar, pegou na espada e cortou a sua capa de soldado ao meio, dando uma das metades ao pobre para que este se protegesse do frio. Nessa altura a chuva parou e o Sol começou a brilhar, ficando, inexplicavelmente, um tempo quase de Verão.
Imagem minha do Momentos e Olhares
Diz a tradição que no dia de São Martinho é dia de comer castanhas e de provar o vinho, eu não guardo grande memória de magustos, na Venezuela não havia castanhas e num país em que é verão o ano inteiro, nunca ninguém ouviu falar do verão de São Martinho.
Na verdade, para mim este dia recorda-me uma enorme solidão, estava em Lisboa, vivia num quarto, lembro-me de ser dia de São Martinho e ir do Técnico para São Bento a pé. Não sei porquê, mas recordo-me de uma Rua de São Bento completamente deserta, talvez por isso dei por mim a pensar que naquele momento os meus pais estariam em casa a festejar o dia e a comer castanhas. Senti uma enorme solidão, uma sensação de não ser de ali, nem de lá, de não ser de lado nenhum.
Este é um dia de lendas, há a lenda do Santo, que no inicio era soldado e reza "que um dia de Novembro, muito frio e chuvoso, estando em França ao serviço do Imperador, ia Martinho no seu cavalo a caminho da cidade de Amiens quando, de repente, começou uma terrível tempestade. A certa altura surgiu à beira da estrada um pobre homem a pedir esmola.
Como nada tivesse, Martinho, sem hesitar, pegou na espada e cortou a sua capa de soldado ao meio, dando uma das metades ao pobre para que este se protegesse do frio. Nessa altura a chuva parou e o Sol começou a brilhar, ficando, inexplicavelmente, um tempo quase de Verão".
Na estrada que vai da Bemposta para Oliveira de Azemeis e que passa por Palmaz, antes de chegar ao cruzamento para Alviães, há uma quinta com castanheiros, disse há, porque ela ainda lá está, é um lugar de uma beleza rara com uma vista incrível sobre a Ria de Aveiro, que vai desde o farol da Barra até o Furadouro. Uns metros mais acima havia um terreno com dois castanheiros de melhor qualidade, as castanhas eram maiores, assim como o muro que era necessário subir para lá chegar.
Não consigo precisar que idade teria na altura, imagino que 7 ou 8 anos, a minha idade da liberdade. Tínhamos aulas de manhã e tirando uma ou outra ajuda no amanho dos campos, a tarde era por nossa conta, andávamos livres por ali. No Outono era certo e sabido que as incursões aos castanheiros eram obrigatórias.
O grupo era o do costume, o Quim Faianca, o meu primo Rogério e eu, a estratégia também era mais ou menos a do costume e já utilizada muitas vezes por outros reguilas de ocasião. Alguém levou os sacos plásticos no bolso, entramos pela parte de trás, onde está a capela do São Gonçalo, fizemos uma surtida pelos ouriços espalhados pelo chão e saímos pela parte da frente, directamente para a estrada, sacos na mão bem pesados das castanhas.
Correu bem a coisa, entramos e saímos sem que ninguém desse por nós. Já na estrada passamos pelos outros castanheiros, como a coisa estava a correr bem, decidimos brincar com a sorte, afinal ali as castanhas eram maiores.... com maior (eu) ou menor dificuldade (eles), lá subimos mais um muro e toca a apanhar mais castanhas.
Estávamos tão concentrados na apanha e nos ouriços que nem demos pela chegada do Mário dos pés tortos, o caseiro do terreno, que de repente desata a gritar connosco, larápios de ocasião. O homem tinha os pés tortos, mas ou porque estava muito perto, ou porque estávamos mesmo distraídos, quando demos por ele estava em cima de nós, arrancamos a correr..... eu sempre fui lento, e com o saco na mão ainda mais, parece que me estou a ver, quando achei que estava quase a ser caçado, larguei o saco e as castanhas e só parei em casa, nem me lembro como saltei o alto muro.
O homem ficou com as castanhas e passado um ou dois dias já a minha mãe sabia a historia, à custa de que as castanhas não eram todas dali lá me safei da coça... mas ainda hoje não posso ver o raio do homem dos pés tortos, que não tinha nada que ficar com as castanhas que eram da outra quinta.
Jorge
PS:Fotografia minha, vista do são Gonçalo para a Ria, do lado direito estão os castanheiros... que ainda existem
Chegou o Outono, ...bom, quase que com este sol o que apetece é passear na praia, mas enfim.
Ontem ao fim da tarde fomos à baixa de Setúbal, íamos comprar castanhas assadas, dizem as minhas princesas que as castanhas boas são as que se compram na rua, bem assadas, quentinhas e embrulhadas em folhas rasgadas das páginas amarelas. 2 Euros por uma dúzia de castanhas é o mais parecido que eu conheço com um assalto à mão armada, o que vale é que o Outono é curto!
Eu sugeri que fossemos a pé, mas o resto da família achou que isso era muito cansativo, depois dizem que eu estou gordo, eles são uns preguiçosos e eu é que engordo, lá fomos de carro.
Chegados à baixa, cade os vendedores de castanhas? Nem na praça do Bocage, nem na praça da misericórdia, nem frente ao supermercado, nada, não há castanhas assadas para ninguém. Como é dia dos mortos, devem ter ido para os cemitérios. No fim fomos ao supermercado e comprei castanhas cruas que vou assar e comer em casa. Não fosse o Outono envergonhado, assava as castanhas, abria uma garrafa de tinto e sentava-me no chão frente à lareira acesa a comer castanhas e a beber vinho tinto........pode ser que chova!
Hoje fiz o jantar.
Frango à minha moda (receita minha)
Ingredientes:
1 Frango cortado em 8
1 Tomate maduro
1 Cenoura
1 Cebola
Meio Pimento verde
Alhos
Especiarias (Cominhos, ervas aromáticas, pimenta e 1 malagueta) ao gosto
1 Caldo Knorr
Azeite
1 copo de Vinho Branco
Ponha o azeite, os alhos picados, as especiarias e o frango numa panela e deixe alourar.
Ponha tudo o resto na centrifugadora, centrifugue até ficar um liquido bem passado.
Depois do frango alourado junte o liquido centrifugado, deixe ferver e baixe o lume para o mínimo, deixe apurar durante uma hora
Sirva com arroz branco, ou com massa, ou com batatas cozidas, ou ......com o que quiser.
Bom apetite.
Jorge