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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Sol
A noticia é do Sol e começa assim:
A escola Gracemor Elementary School, no Kansas, EUA, está a ser alvo de duras críticas. Em causa está o castigo que foi aplicado a Dakota Nafzinger. Este de menino de 8 anos nasceu com uma doença chamada Anoftalmia Bilateral. Ou seja, Dakota nasceu sem os dois olhos. A bengala que usava – que, segundo o site da Fox, era propriedade da escola – foi lhe retirada depois de alegadamente ter batido noutra criança no autocarro da escola.
É verdade que uma criança é uma criança e que não é por ser cega que esta deve deixar de ser castigada, mas convenhamos que há castigos e castigos, nenhum de nós consegue sequer imaginar o que é enfrentar o mundo sem o poder ver, sem ter a percepção do que nos rodeia. Ninguém imagina o que esta criança tem que enfrentar todos os dias para se poder movimentar num mundo que no geral foi pensado para quem consegue ver.
O motivo que levou Dakota a bater no seu colega de viagem não está explicado em nenhuma das várias noticias sobre este assunto que li em sites americanos, mas lutas entre crianças de oito anos é a coisa mais normal do mundo, Retirar a bengala a uma criança cega é a mesma coisa que retirar os olhos a uma criança que veja, o que imagino que não passará pela cabeça de ninguém.... espero.
Mas mais triste que a noticia, é ler alguns comentários no site do SOL, há gente que deve ter estopa em lugar de cérebro.. de certeza absoluta.
Jorge Soares
O post de ontem foi longo, muito longo, e mesmo assim não deu para contar tudo.
Depois de ficarmos ambos completamente abalados, decidimos que não lhe íamos dar mais motivos para se fazer de vitima, depois daquilo tudo não houve palmadas, só castigos.. isto apesar de eu achar que a ele os castigos lhe passam ao lado.
Ficou instituído que até nova ordem não saia do quarto senão para ir à escola e para as necessidade básicas, e quando lá estava tinha que estar ocupado em algo produtivo, ou seja, ler, estudar ou dormir. Nada de brinquedos e nada de brincadeiras.
No Sábado à tarde estava convidado para uma festa de anos, de manhã ouviu a mãe falar da festa com a irmã, e o diálogo foi mais ou menos assim:
-Eu vou à festa?
-Não, claro que não, estás de castigo, por isso não podes ir.
-Estou de castigo porquê?
Dizem os livros que com crianças hiperactivas os castigos tem que ser imediatos e não podem durar muito tempo, passados um ou dois dias eles já deixaram para trás o motivo, já não sabem porque estão de castigo e este torna-se um motivo de preocupação e até revolta. Acho que ficou provado que os livros tem razão.
Ontem depois de escrever o post estive a pensar no assunto e decidi retirar o castigo... até porque o que sinto é que não está a ter qualquer efeito nele e ele aproveita qualquer ocasião para estar a brincar ou a fazer tudo menos o que é suposto.
Há bocado não pude deixar de me rir, a minha filha mais velha estava a perguntar à mãe a partir de que idade é que pode ter namorado.. a mãe disse que a partir dos 16... ela tentou negociar e descer para os 15..... esta minha filha é um achado.. não sei se devo ficar contente ou preocupado..raio de coisa que é a vida.
Jorge Soares
Ando há uns dias para falar deste tema, tenho andado às voltas e está difícil, a Anabela tem falado no assunto no Abigai, neste post a propósito da hiperactividade e neste outro a propósito de mais um daqueles estudos parvos que costumam aparecer e onde se chega à brilhante conclusão.. que as crianças mentirosas serão adultos com maior sucesso que as honestas.
Lembro-me de ser criança e de ser bastante mentiroso, já não me consigo lembrar a propósito de quê, mas lembro-me perfeitamente de mais de uma situação em que menti descaradamente aos meus pais... e o que é mais incrível, lembro-me de uma situação em que teria 7 ou 8 anos e estar a mentir aos meus pais e sentir-me estranho porque estava a mentir, mas insistia na mentira até ao fim.
Porque o fazia?, Num Post que tinha como titulo Disciplina vem do latim Discerne, aprender falei da minha relação com o meu pai e uma das coisas de que falei foi da disciplina pelo medo. Estes dias estive a olhar para trás e voltei até aquela altura, a verdade é que o que me fazia mentir era o medo.
Já houve alturas em que fui duro com os meus filhos, especialmente com o N., não é fácil lidar com uma criança que passa a maior parte do tempo a fazer asneiras, como a Anabela tão bem explica no seu blog, uma criança hiperactiva é uma criança que exige muito de nós e nem sempre sabemos lidar com a situação. É claro que quanto mais são as asneiras mais são os castigos, as crianças hiperactivas não conseguem controlar os seus impulsos, no fim a solução é a mentira.. mas eles são crianças, nós somos os adultos, nós é que temos que pensar no assunto e tentar dar a volta... porque eles não conseguem mesmo.
Hoje sei que o N. mente porque tem medo dos castigos e também sei que na vida não há volta atrás, só há futuro e tentar não repetirmos os erros do passado. Ser uma criança que mentia não fez de mim um adulto mentiroso.. talvez tenha feito de mim um pai mais exigente com os meus filhos... mas nunca é tarde para aprendermos com os nossos erros e passarmos a ser melhores como pessoas e como pais.
Jorge Soares
Hoje foi dia da segunda dose da vacina, da primeira vez a coisa não tinha corrido lá muito bem e consta que o berreiro foi de deixar as enfermeiras surdas, lá me preparei mentalmente para a coisa e depois de pagar os 75 Euros (!!!!!!!???????) na farmácia, fui para o centro de saúde com a criancinha.
Depois de tirar a senha esperei uns 15 minutos e fomos chamados, no gabinete estavam duas senhoras de bata branca, uma sentada ao computador e outra de serviço às vacinas... foi a primeira vez que vi uma enfermeira com secretária privada...
- Que miúda tão gira, quantos meses tem?
- Ela vai fazer 3 anos
Uma miúda que entra pelo gabinete dentro pelo próprio pé, toda sorridente, a dançaricar e a deitar charme fora.. está-se mesmo a ver que tem meses...
- Mostre lá o bracinho direito
Peguei nela ao colo e puxei a manga para cima, quando apareceu a agulha a D. percebeu o que vinha, mas já era tarde, movimento rápido e já está.. práticamente nem chorou e passado um minuto já estava a dançaricar cá fora....
E com isto já passou mais de um mês... sabem uma coisa, era capaz de me habituar a esta vida... a miúda vai lindamente, sempre sorridente e feliz... cada vez mais teimosa é verdade, mas imagino que isso faz parte.
Antes do almoço passamos pelo parque infantil, duas mães falavam sobre as diabruras das suas criancinhas. .e sobre as palmadas e os castigos. A D. não é uma criança nada problemática, ultimamente tem a tendência para tentar fazer birras, comigo não vai a lado nenhum, normalmente deixo-a chorar até que ela percebe que não é assim que consegue o que quer, outras vezes a coisa resolve-se com uma palmada, como quando ela decide esticar o corpo como um carapau para evitar que eu a prenda na cadeirinha do carro.
As duas mães estavam de acordo em que não se devia bater nas criancinhas, deve-se sempre utilizar os castigos, estou de acordo, mas há crianças e crianças. Cá em casa durante muito tempo tentamos utilizar o método da pausa, colocávamos uma cadeira no corredor e o castigo era ir-se sentar para a cadeira durante um bocado para acalmar... a coisa deixou de funcionar quando passaram a ser necessárias duas cadeiras uma em cada ponta do corredor e eles implicavam um com o outro quando estavam ambos de castigo... e principalmente quando o N. passou a estar mais tempo na cadeira que a brincar.
Os castigos são sem dúvida importantes e acredito que com muitas crianças funcionem, ... com as nossas não funcionaram lá grande coisa...
Jorge Soares